A educação é a prática mais humana, considerando-se a profundidade e a amplitude de sua influência na existência dos homens



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Na segunda metade do século )O(, na América Latina, fez-se um grande esforço pela expansão cio ensino. Todavia, os governos obscurantistas, as ditaduras, o colonialismo e a dependência econômica impossibilitaram maiores avanços. O atraso educacional é verificável pelos altos índices de analfabetismo associados à pobreza generalizada. O reconhecimento dessa situação está estampado na própria Constituição Brasileira, promulgada em 5 de outubro de 1988, em seu artigo 60 das Disposições Transitórias, que impõe-se o Poder Público o desenvolvimento de todos os esforços, com mobilização de todos os setores organizados da sociedade e com a aplicação de. pelo menos, cinqüenta por cento dos recursos do Ministério da Educação, para a eliminação do analfabetismo e a internalização do ensino fundamental em dez anos. Os esforços da Unesco, embora tivessem por limite o fato de não servirem senão como vagas recomendações aos países membros, tiveram algum impacto nos países do chamado Terceiro Mundo, sobretudo naqueles que avançaram no caminho da democracia e do socialismo. Receberam desses países maior acolhimento, demonstrando que só numa sociedade democrática, popular e socialista a educação recebe o tratamento que lhe é devido, Mesmo assim, apesar de todos os esforços internacionais, muitos países não conseguiram eliminar o analfabetismo. Hoje existem no mundo 900 milhões de adultos analfabetos e 100 milhões de analfabetos em idade escolar. Isso levou a Unesco a proclamar a última década deste milênio) de 'Década da Alfabetização".

C) O DESAFIO TECNOLÓGICO E A ECOLOGIA

Em 1969. McLUHAN (1911-1980) previu que a evolução das tecnologias modernas traria várias conseqüências à educação. A educação opera com a linguagem escrita e a nossa cultura atual vive impregnada por uma nova linguagem: a linguagem cio rádio e da televisão. Sem esses meios, o indivíduo do nosso tempo vive isolado, num analfabetismo funcional e social. É por isso que nas favelas pode faltar leite mas não faltará um rádio e uma televisão. os sistemas educacionais ainda não sentiram ou, pelo menos, não conseguiram avaliar o poder da comunicação audiovisual. Ao mesmo tempo que os meios de comunicação de massa realmente informam, também podem bitolar, banalizar a cultura e servir de anestesia espiritual. No Brasil, nas eleições presidenciais de 1989, as primeiras depois de 29 anos, foi a televisão que acabou decidindo qual seria o candidato vencedor. O terrível poder da televisão, sobretudo num país onde 80% dos

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eleitores não possui quatro anos de escolaridade, não pode ser ignorado pelos educadores. Nesse ponto, as críticas de McLuhan estão corretas: trabalhamos ainda com recursos tradicionais, sem apelo. É preciso mudar profundamente nossos métodos para reservar ao cérebro humano o que lhe é peculiar: a capacidade de pensarem vez de desenvolver a memória. A função da escola consistirá em ensinara pensar, a dominar a linguagem (inclusive a eletrônica), ensinar a pensar criticamente. O Japão é hoje um dos países que mais desenvolveu a tecnologia na educação. Entretanto, levado pelo) lirismo tecnológico, acabou construindo um sistema educacional dominado pelo medo. A tecnologia do Japão foi associada ao autoritarismo. O resultado foi muita eficiência do sistema em produzir mentes acríticas e frustrações, alcoolismo. Para escapar da obediência absoluta que as grandes empresas exigem de seus funcionários, da obsessão pelo sucesso, do conformismo, da subserviência à ordem mantida pela violência simbólica, da agressividade e da competição, os educadores japoneses estão tentando achar caminhos de superação do seu modelo) educacional que leva anualmente tantas crianças e jovens ao suicídio. A maior preocupação) deles está em expandir a criatividade, o trabalho em equipe e em humanizar as relações inter e intraescolares. Fritjof Capra, professor da Universidade da Califórnia, considera que a era atual atravessa um momento de transição e crise em ritmo) bastante acelerado. E, sendo assim, é necessária uma revisão dos valores culturais vigentes na nossa sociedade para transpor esta fase. Segundo ele, a visão do mundo e o sistema de valores que estão) na base de nossa cultura tiveram diferentes concepções ao longo da nossa evolução) histórica. A partir das mudanças revolucionárias ocasionadas pela física moderna, uma nova e consistente visão) do) mundo começa a surgir. Os cientistas se mostram interessados nas implicações filosóficas da física moderna e estão) tentando melhorar sua compreensão) da natureza da realidade. Ainda, para ele, a economia atual caracteriza-se pelo enfoque reducionista e fragmentário típico da maioria das ciências sociais. Os economistas não reconhecem que a economia é um dos aspecto)s de todo um contexto ecológico e social. Os sistemas econômicos estão em contínua mudança e evolução, dependendo) dos mutáveis sistemas ecológicos e sociais em que estão) implantados. A evolução de uma sociedade está ligada a mudanças no sistema de valores que serve de base a todas as suas manifestações. Uma das conseqüências mais importantes da mudança de valores no final da Idade Média foi a ascensão do capitalismo.



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Marx reconheceu que as formas capitalistas de organização social aceleraram o processo de inovação tecnológica e aumentaram a produtividade material, e previu que isso mudaria as relações sociais.

O crescimento econômico e tecnológico é considerado essencial por todos os economistas e políticos, embora já esteja claro que a expansão ilimitada num ambiente finito só pode levar ao desastre. Segundo Capra, o homem é dependente do meio ao qual está ligado. Assim, sua atividade será modelada por influências ambientais. Apesar de o homem ser totalmente dependente do meio ambiente, ele possui condições de adaptar-se ao meio ou modificá-lo de acordo com suas necessidades. Para que haja bom estado de saúde, é fundamental a inter-relação entre corpo, mente e meio ambiente. O desequilíbrio entre estes fatores tem como conseqüência a doença. O organismo é influenciado por estímulos internos e externos que podem gerar sintomas físicos, emocionais ou mentais. A nutrição, por exemplo, tem influência direta sobre o estado físico, que por sua vez influencia o estado mental e emocional. De acordo com essa nova concepção de ver o mundo como sistema equilibrado, a educação tem como papel reformular e transmitir os conhecimentos da nova era. Um dos maiores críticos atuais do tecnicismo é o filósofo alemão JURGEN HABERMAS (1929), autor da "teoria da ação comunicativa". Para ele a teoria deve ser crítica e engajada politicamente. A técnica e a ciência surgiram sob a forma de uma nova ideologia que legitima o poder opressor. Os grandes problemas éticos e as grandes interrogações dos homens a respeito do significado de sua existência e da história são relegados a um segundo plano, pela ciência e pela técnica. É preciso recolocar o homem como o centro de "interesse" do conhecimento. Entre os filósofos da educação atual, na linha da Escola de Frankfurt, destacamos o alemão WOLFDIETRICH SCHMIED-KOWARZIK (1939), autor de Pedagogia dialética, de Aristóteles a Paulo Freire (1983). No conjunto de sua obra, ele discute principalmente a relação entre teoria e prática na história das idéias pedagógicas.

D) OS PARADIGMAS HOLONÔMICOS

Entre as teorias surgidas nesses últimos anos, despertaram o interesse dos educadores os paradigmas holonômicos, ainda mal definidos. Pág. 275

Nessa perspectiva podemos incluir as reflexões de Edgar Monin, autor de O enigma do homem, que se insurge contra a razão produtivista e a racionalização moderna, propondo uma "lógica do vivente", isto é, um princípio unificador do saber, do conhecimento em torno do homem, valorizando o seu cotidiano, o pessoal, a singularidade, o acaso e outras categorias como decisão, projeto, ruído, ambigüidade, plenitude, escolha, síntese, vinculo e totalidade. Essas seriam as novas categorias dos paradigmas que se chamam holonômicos porque etimologicamente "bolos", em grego, significa "todo", e os novos paradigmas procuram não) perder de vista a totalidade. Mais do que a ideologia, a utopia teria essa força de resgatar a totalidade do real.

Para os defensores dessas novas teorias, os paradigmas clássicos (identificados no positivismo e no marxismo) lidariam com categorias redutoras da totalidade da realidade. Já os paradigmas holonômicos pretendem restaurar a totalidade do sujeito individual, valorizando a iniciativa, a criatividade, o micro, a singularidade, a complementaridade, a convergência. Para ele, os paradigmas clássicos sustentam o sonho milenarista de uma sociedade plana, sem arestas, onde nada perturbaria um consenso sem fricções. A aceitação do homem contraditorial permite manter, sem pretender "superá-los", toldos os elementos da complexidade da vida, que é, segundo Jung, um "jogo duplo" (com a morte). Os holistas sustentam que são o imaginário, a utopia e a imaginação) os fatores instituintes da sociedade. Recusam uma ordem que aniquila o desejo, a paixão), olhar, a escuta. Os enfoques clássicos banalizam essas dimensões da vida porque sobrevalorizam o macroestrutural, o sistema, onde tudo é função ou efeito das superestruturas socioeconômico)políticas ou epistêmicas, lingüísticas, psíquicas.

Para esses novos paradigmas a história é essencialmente possibilidades onde o que vale é o imaginário - Gilbert Durand e CORNELIUS CASTORIADIS (1922) -, o sentido do outro - PAULO FREIRE (1921) a tolerância - K.ARLJASPERS (1883-1969) -, a estrutura de acolhida -PAUL RIC~EUR (1913) -, o diálogo - MARTIN BUBER (1878-1966) -, a autogestão - CELESTIN FREINET (1896-1966) -, a desordem - Edgar Monin -, a paixão - MARILENA CHAUI (1941) -, a ação comunicativa -JURGEN HABERMAS (1929) -, a radicalidade - AGNES HELLER (1929) -, a empatia - CARL ROGERS (1909-1987) -, a esperança - ERNEST BLOCH (1885-1977) -, a alegria - GFORGES SNYDERS (1916) -, a unidade do homem contra as unidimensionalizações - HERBERT MARCUSE (1908-1980).

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Nem todos esses autores citados, evidentemente, aceitariam enquadrar-se nos paradigmas holonômicos; não podemos negar as divergências existentes entre eles. Contudo, os que sustentam os paradigmas holonômicos, como o professor José Carlos de Paula Carvalho e Maria Cecilia Sanchez Teixeira, da Universidade de São Paulo, procuram buscar na unidade de contrários, na cultura contemporânea, um sinal dos tempos, uma direção do futuro, encontrando nesses e em outros autores uma aproximação que aponta um certo caminho comum e que eles chamam de pedagogia da unidade.

E) ESCOLA ÚNICA (PARA TODOS) E POPULAR (NOVO CONTEÚDO

Falar em futuro da educação não é fazer futurologia. Trata-se de, à luz da história anterior da educação, antever os próximos passos associando teoria pedagógica e prática educacional a uma análise sócio-histórica. Observando o desenvolvimento educacional do século XX podemos afirmar que os países socialistas alcançaram um alto grau de desenvolvimento da educação e os países capitalistas estão) em crise na educação. Enquanto os países socialistas já ultrapassaram a fase da centralização) burocrática da educação e procuram hoje desformalizar o ensino público, os países capitalistas dependentes, do chamado Terceiro Mundo, tentam se desobrigar de ministrar educação para todos, com políticas privativas e elitistas. Nesses países, a educação pública volta a ser uma das reivindicações populares como do período que antecedeu a Revolução Francesa. Para deixarem de ser países de "Terceiro Mundo" como pejorativamente se costuma dizer, será necessário que eles invertam as prioridades e passem a investir massivamente nas políticas sociais. A educação nesses países tornou-se instrumento de luta e de emancipação, associando a luta social com a luta pedagógica. Não se trata mais de reforçar apenas a escola única, burocrática, uniformizadora que é a essência da teoria educacional burguesa. Uma educação para todos não pode ser conseqüência de uma concepção elitista: os privilégios não são estendidos, mas eliminados, se quer atingir a democracia. A democracia na educação, quantitativa e qualitativamente, não pode ser um ato de pura "recomendação", como pretendiam O)S teóricos da educação da década de 70. A educação), instrumento da paz, é 0) resultado) da luta, do movimento popular. Hoje, diversas organizações de educadores, em muitos países, estão se desenvolvendo no sentido de fortalecer suas entidades, contribuindo assim para uma nova concepção da educação que não seja fruto da elaboração teórica de algum pensador, filósofo

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ou especialista da educação. Essa nova concepção-realização da educação já está se dando concretamente na luta pela conscientízaçào popular e pela organização dos trabalhadores na educação) e na cultura. Entre essas organizações podemos apontar a CMOPE (Confederação Mundial das Organizações de Profissionais do Ensino) e, na América Latina, as confederações nacionais de professores e a Flatec (Federação Latino-americana de Trabalhadores na Educação) e na Cultura). As alternativas educacionais populares serão o resultado de uma luta pela organização do poder popular. Essa luta não dispensa, porém, a criação e a invenção (pedagogia da imaginação) de novos meios educacionais, da incorporação das conquistas da ciência, da técnica e da tecnologia. A informatização da educação, a educação à distância, o envolvimento dos meios de comunicação, a ampliação) dos meios não-formais e não-convencionais de educação parecem despertar enorme esperança de desenvolvimento da educação nos países latino-americanos. O enfrentamento conjunto e solidário de todos 0)8 nossos problemas tem sido apontado como o fator mais importante nessa luta pela educação e pela cultura. Dentro dessa perspectiva já surgem sistematizações teóricas novas que não aniquilam as experiências passadas no campo educacional, mas trazem um discurso novo, superando o conteudismo e o políticismo: é a criação de uma escola uniforme (não uniforme), crítica e participativa, autônoma, es paço de um sadio pluralismo de idéias onde o ensino não se confunde com o consumo de idéias. Essa escola única e popular não seria a escola padronizada e doutrinadora, como na concepção burguesa onde o objetivo era a disciplinação da classe trabalhadora e a formação de dirigentes da classe dominante. Essa escola busca o desenvolvimento onilateral de todas as potencialidades humanas, hoje possível graças à concorrência de muitos meios dentro e fora da escola, mas ainda possibilitado) apenas a uma minoria. "Escola" significa etimologicamente "lazer", "alegria". Esse é o ideal da escola: a alegria de construir o saber elaborado), na expressão de Georges Snyders. Essa base filosófica, universal, coloca num novo patamar as novas correntes e tendências do pensamento) pedagógico, divididas por questões políticas, questões metodológicas, questões epistemológicas. Por isso falasse hoje mais em "perspectivas" do que em tendências". As tendências limitam, dividem; as perspectivas somam, integram. Situando o fenômeno da educação não mais pág. 278



nas questões políticas (como queria o iluminismo), não mais nas questões científicas (como queria o positivismo), não mais nas questões metodológicas (como queria o escolanovismo), essa nova concepção da educação fundamenta-se na antropologia. Nessa nova concepção é possível encontrar a síntese o fundamento perdido abaixo da montanha de numerosas teorias e métodos acumulados historicamente. Eles passam a ganhar outro sentido.

TENTATIVA ECLETICA A CIDADE EDUCATIVA Em 1970, Ano Internacional da Educação, a Unesco criou uma Comissão Internacional para o Desenvolvimento da Educação para estudar os problemas educacionais da maior parte dos países e apresentar estratégias de superação. A Comissão defendeu o princípio da Educação Permanente como fundamento da educação do futuro. Essa estratégia. recomendada a todos os países do mundo indistintamente (daí o seu ecletismo), funda-se em 21 princípios: 1. A educação permanente deve ser a pedra angular da política educacional nos próximos anos, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento, para que todo indivíduo tenha oportunidade de aprender durante toda a sua vida, 2. A educação deve ser prolongada durante toda a vida, não se limitando apenas aos muros da escola. Deve haver urna reestruturação global do ensino. A educação deve adquirir dimensões de um movimento popular. 3. A educação deve ser repartida por uma multiplicidade de meios. O importante não é saber que caminhos o indivíduo seguiu, mas o que ele aprendeu e adquiriu. 4. É necessário abolir as barreiras que existem entre os diferentes ciclos, graus de ensino, assim como da educação formal e não-formal. 5. A educação pré-escolar deve figurar entre os principais objetivos da estratégia educacional dos anos vindouros. É um requisito importante de toda política educativa e cultural.

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6. A educação elementar deve ser assegurada a todos os indivíduos. Deve ter um caráter prioritário entre os objetivos educacionais. 7. O conceito de ensino geral deve ser ampliado de forma a englobar os conhecimentos socioeconômicos, técnicos e práticos. Devem ser abolidas as distinções entre os diferentes tipos de ensino: científico, técnico, profissional. A educação deve ter um caráter simultâneo entre o teórico, o tecnológico, o prático e o manual. 8. A educação tem a finalidade de formar os jovens não num determinado ofício, mas oferecer recursos para que eles possam adaptar-se às diferentes tarefas, tendo um aperfeiçoamento contínuo, na medida em que evoluem as formas de produção e as condições de trabalho. 9. A formação técnica deve distribuir-se entre escolas, empresas e educação extra-escolar. 10. No que diz respeito ao ensino superior, há necessidade de uma ampla diversificação das estruturas, dos conteúdos e dos alunos, abrindo acesso às categorias sociais daqueles que ainda não podem freqüentar as universidades. 11. Os diferentes tipos de ensino e as atividades profissionais devem depender de modo exclusivo dos conhecimentos, da capacidade e das aptidões de cada indivíduo. 12. A educação de adultos, escolar e extra-escolar, deve ocupar dentro dos objetivos um caráter primordial da estratégia educacional nos próximos anos. 13. A alfabetização deve deixar de ser um momento e um elemento da educação de adultos; pelo contrário, deve articular-se com a realidade socioeconômica do país. 14. A ética da educação deve fazer do indivíduo um mestre, agente do seu próprio desenvolvimento cultural. 15. Os sistemas educacionais devem ser planejados, levando-se em conta todas as possibilidades que as novas tecnologias oferecem, como a televisão, o rádio, etc. 16. A formação dos educadores deve levar em conta as novas funções que eles irão desempenhar. 17. Qualquer função do educador deve ser exercida com dignidade, devendo-se reduzir de forma gradual a hierarquia mantida entre as diversas categorias docentes: professores de 1º e 2ºgraus, professores de ensino técnico, nível superior, etc.



18. A formação dos docentes deve ser profundamente modificada para que seu trabalho seja mais o de educadores que o de especialistas em transmissão de conhecimentos. 19. Além dos educadores profissionais, deve-se recorrer a auxiliares e profissionais de outros domínios como: operários, técnicos, executivos, bem como a alunos e estudantes, com o objetivo de que eles também instruam outros e tenham a compreensão de que toda a aquisição intelectual deve ser repartida.

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20. O ensino deve adaptar-se ao educando e não submetem-se a regras preestabelecidas, 21. Os educandos, jovens e adultos, deverão exercer responsabilidades como sujeitos não só da própria educação mas também da empresa educativa em seu conjunto.

ANÁLISE E REFLEXÃO

1. Por que e com que objetivo foi criada o Unesco.

2. Explique o que é educação permanente e educação comparada.

3. Para você, dos 21 princípios recomendados pela Unesco, quais são os mais importantes Por quê?

A EDUCAÇÃO DO NOSSO TEMPO

PIERRE FURJER (1931) nasceu na Suíça. Estudou filosofia e pedagogia, licenciando-se em filosofia e em educação. Especializou-se em literatura comparada em Lisboa, Zurique e Recife. Lecionou português, durante seis anos, no ensino secundário suíço. Depois de doutorar-se em filosofia da educação, trabalhou durante seis anos na América Latina. Primeiro no Brasil, realizando pesquisas no campo do analfabetismo e da cultura popular; depois na Venezuela, avaliando a contribuição da educação de adultos para o desenvolvimento cultural nacional. Atualmente, é professor de Educação Comparada e de Planejamento Educacional na Universidade de Genebra e dirige as pesquisas das disparidades regionais do desenvolvimento da educação no Programa Nacional de Pesquisas da Suíça. Foi muito lido na década de 60 no Brasil, onde introduziu o conceito de Educação Permanente e de andragogia (pedagogia da educação de adultos). Furter é adepto do pensamento utópico de Ernest Bloch. Mas não é um pensamento místico u mero devaneio poético, pois baseia-se na reflexão e no estudo. Sem utopia, sem projeto, não há pedagogia, não há sentido. Através da reflexão sobre o presente e o passado o homem ode reinventar o futuro. O "princípio esperança" escola de uma existência vivida em função do futuro. É o princípio instituinte do futuro humano. 'ara o educador, a utopia é uma forma de ação e não uma mera interpretação da realidade. Autor de grandes obras. Principais obras: Educação e reflexão, Educação e vida, Diolétka da esperança.

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Vejamos, primeiro, um exemplo óbvio. Quando, hoje, se fala de educação dos adultos, nem sempre se vê que, para esta educação ser possível, se torna necessário admitir uma concepção bastante nova da maturidade. Se a educação do adulto tem sentido, é porque o adulto continua aprendendo. Não é mais possível, pois, dividir a vida humana em duas partes distintas: o tempo da aprendizagem (da infância até a adolescência e o tempo da maturidade, onde se goza do aprendizado. Assim a própria noção de maturidade torna-se indefinida, chegando mesmo a desaparecer, segundo certos autores, dando lugar à noção de maturação contínua. Ainda mais, se o adulto é, também, um ser aperfeiçoável, perfectível, mesmo dentro dos seus limites e da limitação que a capitalização das suas experiências impõe, então é o futuro do adulto que muda profundamente. A associação estreita que se costuma fazer entre a idade e o declínio das forças é discutível e discutida, de tal modo que, pura o homem de hoje, a cada idade, abrem-se novas perspectivas, novas e decisivas possibilidades de se realizar e de se aperfeiçoar. A concepção tão comum do "oslerismo" segundo a qual a velhice é forçosamente uma degenerescência, deve ser eliminada, por ser uma visão pessimista não científica do curso da vida humana. Ao contrário, as recentes pesquisas, nesta nova ciência que é a gerontologia, demonstram largamente que o 'oslerísmo é um mero mito e que estamos longe de haver esgotado as possibilidades de readaptação e de criação do homem, mesmo quando está velho. (...)

A ideologia da imortalidade

Se o homem nasce imaturo, o que é, aliás, a concepção habitual, então) 0) importante para ele é atingir, O) mais depressa possível, sua maturidade, Uma vez adquirido o que lhe faltava, isto é, os bens cuja presença pode ser controlada por uma série de provas ou de exames, então o período anterior só terá interesse no aspecto histórico ou biográfico. Esta definição da criança como um homem imaturo' eqüivale rigorosamente à definição. também negativa, do adulto analfabeto, como alguém a quem falta algo que a educação lhe pode dar A educação terá, exatamente, a função social de completar o homem, até ele receber tudo o que é necessário. O processo educativo será, antes de qualquer outra coisa, urna transmissão (1(2 algo que torna o homem maduro. Normalmente, este algo é definido como cultura e, portanto, pode ser designado como uma verdadeira 'bagagem cultural'. Será um 'haver" que se sobrepõe à realidade anterior e que pertencerá ao homem como um capital, do qual vai desfrutar e que vai entretê-lo. Como, nesta perspectiva, o resultado da educação não pertence ao existir do homem. mas lhe é imposto, então) o educador tem, pelas artimanhas da pedagogia,


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