A educação é a prática mais humana, considerando-se a profundidade e a amplitude de sua influência na existência dos homens



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ele, que é o seu objeto de estudo. Uma concepção científica do homem oferece possibilidades estimulantes. Ainda não vimos o que o homem pode fazer do homem.

SKINNER, Burrhis Frederic. Omito da liberdade. São Paulo, Summus, 1983.

ANÁLISE E REFLEXÃO

1 - De acordo com Skinner, onde estaria a diferença entre um reconhecido medíocre e um gênio?

2. Explique o fracasso dos professores, à luz da teoria behaviorista.

3. Comente estas palavras de Skinner:

"É difícil imaginar um mundo onde as pessoas vivam untas sem brigar, que se mantenham através da produção de alimentos, das habitações e do vestuário de que necessitem, que se divirtam e contribuam para o divertimento de outros na arte, na música, na literatura, nos jogos, que consumam só uma parte razoável dos recursos ambientais e acrescentem o menos possível à poluição, que não criem mais filhos além dos que possam criar de modo decente, que continuem a explorar o mundo a seu redor e a descobrir meios melhores de lidar com ele, e venham a se conhecer de forma precisa e, assim, administrem-se eficazmente". A EDUCAÇÃO NA ERA DA "ALDEIA GLOBAL" HERBERT MARSHALL McLUHAN (1911-1980), ex-professor de literatura inglesa no Canadá, professor em diversas universidades dos Estados Unidos e autoridade mundial em comunicação de massa, foi, sem dúvida, o pensador contemporâneo cujas idéias provocaram as maiores polêmicas dos últimos tempos. McLuhan foi um pensador de vanguarda que não temeu levar às últimas conseqüências suas formulações teóricos, as quais buscaram abarcar todas as implicações daquilo que singulariza o mundo de nossos dias: a complexa rede de comunicações em que está imerso o homem na era da eletrônica, da cibernética, da automação, que afeta profundamente sua visão e sua experiência do mundo, de si mesmo e dos outros. McLuhan, em seu livro A galáxia de Gutenberg, estudou a cultura manuscrita na Antigüidade e na Idade Média e daí partiu para a análise e a interpretação da cultura da página impressa, da cultura tipográfico, mostrando-nos até que ponto ela transformou a cultura oral anterior. Estudou a cultura da era eletrônica e o renascimento das formas orais da civilização. Em outro livro, Os meios de comunicação como extensões do homem, sustenta que a humanidade passou por três estágios: o mundo tribal, vivendo predominantemente no espaço acústico; o mundo destribalizado, sob a influência do alfabeto e do livro como extensões dos olhos, portanto do espaço visual; e o mundo retribalizado (aldeia global"), sob a influência dos meios de comunicação eletrônicos que dão uma predominância ao espaço acústico.

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Chegará o dia - e talvez este já seja uma realidade - em que as crianças aprenderão muito mais e com maior rapidez em contato com o mundo exterior do que no recinto da escola. "Por que retornar à escola e deter minha educação?', pergunta-se o jovem que interrompeu prematuramente seus estudos. A pergunta é arrogante, mas acerta no alvo: o meio urbano poderoso explode de energia e de uma massa de informações diversas, insistentes, irreversíveis. (...) A educação de massa é o fruto da era da mecanicidade. Ela se desenvolveu com o crescimento dos poderes de produção e atinge seu esplendor no momento em que a civilização ocidental chega ao máximo de divisão e de especialização, tornando-se assim mestra na arte de impor seus produtos à massa. O caráter fundamental desta civilização é tratar a matéria, a energia e a vida humana, dissecando cada processo útil em componentes funcionais, de maneira que possa reproduzi-los em tantos exemplares quantos desejar. Como pedaços de metal moldados se tornam as partes que compõem uma locomotiva, os especialistas humanos tornar-se-iam componentes da grande máquina social. Nestas condições, a educação era uma tarefa relativamente simples: bastava descobrir as necessidades da máquina social, e depois recrutar e formar as pessoas que responderiam a essas necessidades. A função real da escola era menos a de encorajar as pessoas a descobrir e aprender e, com isto, fazer de sua vida um progresso constante, que a de procurar moderar e controlar estes processos de maturação e evolução individuais. No entanto, o aparecimento das carreiras profissionais úteis, ou a formação de operários especializados, não constitui mais que uma pequena parte do sistema educacional, A todos os estudantes, mais, sem dúvida, aos de letras e ciências humanas que aos de ciências físicas e tecnologias, impunham-se "corpos de conhecimento" condicionados, estandardizados: vocabulários, conceitos, maneiras de abordar o mundo em geral. As publicações universitárias e profissionais mantêm uma contabilidade escrupulosa: cada noção, em cada domínio especializado, era catalogada. A especialização e a estandardização tiveram como conseqüência um mimetismo de todos os indivíduos e suscitaram uma ardente competição. Dentro deste contexto, a única maneira de um indivíduo se distinguir era fazer a mesma coisa que o seu homólogo, porém melhor e mais depressa. Na realidade a competição tornou-se a motivação primordial de educação tanto das massas quanto da sociedade. Puseram-se demarcações: graus e diplomas de todo tipo eram aureolados de um prestígio e de poderes desproporcionados com seu papel intrínseco, no final das contas, bastante limitados. Os poderes de produção tratavam a matéria com ajuda de moldes preestabelecidos,

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estandardizados; da mesma forma, a educação de massa tendia a tratar os estudantes como objetos a formar. No seu conjunto, instruir" significava empanturrar escolares passivos de um máximo de informações. O curso magistral (as aulas expositoras), o modo mais difundido na educação de massa, solicita do estudante um mínimo de engajamento. Este sistema, embora um dos menos eficazes que o homem jamais pôde imaginar, bastava num tempo em que só era solicitada uma pequena parte das faculdades de cada ser humano. Todavia, nenhuma garantia era dada quanto à qualidade dos produtos humanos da educação. Essa época terminou. Entramos mais depressa do que pensamos numa era fantasticamente diferente, A parcialização, a especialização, o condicionamento são noções que vão ceder lugar às de integralidade, de diversidade e, sobretudo, vão abrir caminho para um engajamento real de toda a pessoa. A produção mecanizada já está em parte submetida ao controle de substitutivos eletrônicos capacitados a produzir qualquer quantidade de objetos diversos a partir de um mesmo material. Hoje, pode-se considerar que a maioria dos automóveis americanos é, num sentido, puro produto de hábito, quando se sabe que um computador a partir dos dados fornecidos portal modelo de carro (mecanismo, cor, conforto, segurança, etc.) consegue fazer 25 milhões de versões diferentes e acabadas. E isto é apenas o começo. Quando as produções eletronicamente controladas estiverem totalmente aperfeiçoadas, será, praticamente, tão simples e barato produzir um milhão de objetos diferentes como realizar um milhão de cópias. Os únicos limites a que submeterão a produção e o consumo serão os da imaginação humana. Do mesmo modo, os novos meios ultra-rápidos de comunicação a grandes distâncias - rádio, telefone, televisão - estão em vias de unir os povos do mundo inteiro, numa vasta rede de circuitos elétricos, suscitando uma dimensão nova no engajamento do indivíduo em face dos acontecimentos, quebrando assim os quadros tradicionais que tornavam possível a especialização. Esta tecnologia que, pela sua natureza, desperta a necessidade imperiosa de uma forma nova de educação traz em si mesma os meios de consegui-la. Embora de capital importância, uma revolução das novas formas de educação não é, contudo, tão fundamental no que concerne à escola do amanhã quanto uma revolução nos papéis de aluno e professor. Os cidadãos do futuro) terão muito menos necessidade que hoje de ter formação e pontos de vista semelhantes, Pelo contrário, serão recompensados pela sua diversidade e originalidade. Eis por que toda essa necessidade experimentada, real ou imaginária, de uma instrução estandardizada pode provavelmente desaparecer e muito rapidamente. A primeira alteração sofrida pelo sistema escolar poderá abalar e destruir com um mesmo golpe todo o sistema educacional, incluindo a noção do professor todo-poderoso.



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O educador de amanhã será capaz de lançar-se à apaixonante tarefa de criar um novo âmbito escolar. Os estudantes circularão nele livremente, qualquer que seja o espaço a eles reservado: uma sala, um prédio, um conjunto de prédios ou ainda, como depois veremos, algo mais vasto. A tradicional dicotomia trabalho-lazer desaparecerá em função do engajamento cada vez mais profundo do estudante. O professor será enfim responsável pela eficácia de seu ensino. Atualmente ele dispõe da presença garantida de um auditório. Tem a certeza de encontrar a sala cheia e de manter seu cartaz. Os alunos que não apreciam o espetáculo são considerados fracassados. Pelo contrário, se os alunos se tornam livres para ir aonde melhor lhes pareça, a natureza e a qualidade desta experiência denominada educação escolar mudarão totalmente. O educador, então, terá realmente interesse em suscitar e mobilizar a atenção dos alunos. (...) A televisão ajudará os estudantes a explorar a realidade em grande escala: permitir-lhes-á observar um átomo, da mesma forma que os espaços interestelares; poderão analisar suas próprias ondas cerebrais; criar modelos artísticos, a partir da luz e do som; familiarizar-se com antigos ou novos costumes, etc, e tudo isto onde quer que eles estejam. A televisão será um instrumento do engajamento individual, da comunicação reciproca quer seja com outras pessoas, quer seja com outros sistemas sociais ou científicos. Não será utilizada, certamente, para apresentar cursos convencionais ou para imitar a atmosfera de uma sala de aula tradicional. O fato de que os cursos expositivos apareçam freqüentemente na televisão escolar mostra bem como a humanidade se dirige caoticamente para o futuro com os olhos fixos sobre um passado visto num retrovisor. Até agora cada novo canal de informações não fez senão veicular materiais caducos. No futuro, o estudante viverá realmente como explorador, como pesquisador, como caçador à espreita nesse imenso terreno que será seu universo de informações, e veremos surgir, revalorizadas, novas relações humanas. As crianças, mesmo muito novas, sozinhas ou em grupos, procurarão, por si mesmas, soluções para problemas nunca até então considerados como tais, E necessário distinguir esta atividade exploradora do "método por descobertas", preconizado por alguns teóricos, que não é, de fato, senão outro meio de condicionar as percepções e a imaginação das crianças. Os educadores do futuro não temerão as tentativas novas e as soluções inéditas, mas as valorizarão. Uma das primeiras tarefas será a de esquecer as velhas proibições que ferem a verdadeira originalidade. Depois disto a sua linha de conduta será relativamente simples: um olhar no retrovisor, quando sentirem real necessidade de uma referência ao passado, e o resto do tempo, com as mãos na direção, ficarão de olhos fixos sobre a extensão do presente e do futuro, cujos horizontes desconhecidos se revelarão a eles sem cessar. É evidente que a escola (instituição localizada num edifício ou num conjunto de edifícios) não conservará seu papel primordial, se não se adaptar às mudanças inevitáveis do mundo exterior. Assim posta, a experiência escolar pode-se tornar tão rica e atraente,

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que todo abandono eventual da parte dos alunos será exceção, e, pelo contrário, a escola atrairá cada vez mais adeptos entusiastas. Todavia, a escola assim concebida terá muros que, por mais transparentes que sejam, continuarão, apesar de tudo, a isolá-la do mundo, É evidente que a educação do futuro será contínua, pois se tratará menos de "ganhar" a vida, que de aprender a renovar a vida. Nos EUA cerca de 30 milhões de adultos continuam atualmente seus estudos e esse número tende a aumentar. Já agora, a universidade enquanto bastião se desintegra para abrir-se cada vez mais à comunidade. É mesmo possível que mais tarde cada cidadão seja atingido diretamente por suas atividades. Imaginemos uma universidade que oferecesse aos cidadãos toda uma gama de possibilidades de participação: desde a participação com tempo integral até a simples inscrição no 'serviço de informações" transmitidas a domicílio pelo canal de aparelhos eletrônicos. Ainda que poucos jornalistas ou reitores de universidades o percebam, as informações mais importantes de nosso tempo provêm dos centros de pesquisa e de altos estudos: descobertas científicas, novos métodos de trabalho, apreensões sensoriais, renovação das relações interindividuais, nova compreensão do valor do engajamento. A rede mundial de comunicações vai-se estender e melhorar. Serão introduzidos novos feedbacks (tomada de consciência do efeito real produzido no outro) levando a comunicação a se tornar diálogo antes que monólogo. Vai transpor o velho muro que separa a escola da vida cotidiana. Atingirá as pessoas onde elas estiverem. Sim, quando tudo isso for realidade, nós perceberemos que o lugar de nossos estudos é o mundo mesmo, o planeta de todos, A "escola-clausura" está a ponto de tornar-se 'escola-abertura" ou, melhor ainda, escola-planeta'. Um dia passaremos toda nossa vida na escola; um dia passaremos toda nossa vida em contato com o mundo, sem nada que nos separe. Nesse dia, educar-se será sinônimo de aprender a querer progredir, a melhorar; nesse dia educar não será sinônimo de formar e manter homens a meio caminho de suas possibilidades de desabrochamento, mas, ao contrário, abrir-se à essência e à plenitude da própria existência.

MLUHAN, H. M. Mutations 1990. Paris, Nome, 1969, p. 35-58. Tradução de Moacir Gadatti e Mouro Angelo Lenzi, ln Educação Municipal, São Paulo, Cortez, nº 5, novembro 1989.

ANÁLISE E REFLEXAO

1. O que pensa McLuhan sobre as aulas expositivas?

2. Exponha as principais idéias de McLuhan a respeito da influência dos meios de comunicação na educação.

3. No futuro, qual será o significado do ato de "educar-se"?

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A DESESCOLÃRIZACAO DA SOCIEDADE

IVAN ILLICH (1926) nasceu em Viena, estudou filosofia e teologia em Roma, onde ordenou-se padre. De descendência judia, fala fluentemente nove idiomas. Em 1956 chegou a Porto Rico como vice-reitor da Universidade Católica. É considerado um dos autores mais radicais e humanistas de nosso tempo. Radical não só pelo conjunto de suas idéias mas também pelos atitudes de vida. Fez uma denúncia orientadora para os países industrializados e uma advertência aos países do Terceiro Mundo, alertando quanto ao caos que o modo de produção, tal como se dá no Ocidente, tem gerado. Uma sociedade destruída, um homem desarraigado, uma desnaturalização e o indivíduo enclausurado em sua alienação, sua impotência e frustração. Com esta perspectiva, pode-se interpretar sua pretensão de estar fazendo uma investigação fundamentalmente política e subversiva. Suo crítica é também dirigida ao que ele chama de instituições do bem-estar social, ei escola faz parte desse bloco de instituições, com seu "estilo industrial" da elaboração de um produto toque é posteriormente "etiquetado" como "educação" e é vendido para todos os lados. Dentre suas principais investidas, faz uma crítica severa ao sistema escolar, como estrutura e produtora e justificadora do tipo de sociedade que vivemos, caracterizada fundamentalmente ela industrialização crescente e pelo ilimitado consumo a pedagogização da sociedade.

Perseguido pela Igreja, renunciou ao sacerdócio em 1969, depois de haver criado o CIDO( Centro Internacional de Documentação), um centro de debates dos problemas contemporâneos orno a energia, a saúde, a educação, a convivência, a poluição e a educação permanente. OS CONHECIMENTOS SÃO ADQUIRIDOS FORA DA ESCOLA Muitos estudantes, especialmente os mais pobres, percebem intuitivamente o que a escola faz por eles. Ela os escolariza para confundir processo com substância. Alcançado isto, uma nova lógica entra em jogo: quanto mais longa a escolaridade, melhores os resultados; ou, então, a graduação leva ao sucesso. O aluno é, desse modo, "escolarizado" a confundir ensino com aprendizagem, obtenção de graus com educação, diploma com competência, fluência no falar com capacidade de dizer algo novo. Sua imaginação é "escolarizada" a aceitar serviço em vez de valor. Identifica erroneamente cuidar da saúde com tratamento médico, melhoria da vida comunitária com assistência social, segurança com proteção policial, segurança nacional com aparato militar, trabalho produtivo com concorrência desleal. Saúde, aprendizagem, dignidade, independência e faculdade criativa são definidas como sendo um pouquinho mais que o produto das instituições que dizem servir a estes fins; e sua promoção está em conceder maiores recursos para a administração de hospitais, escolas e outras instituições semelhantes. (...) O sistema escolar repousa ainda sobre uma segunda grande ilusão, de que a maioria do que se aprende é resultado do ensino, O ensino, é verdade, pode contribuir para



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determinadas espécies de aprendizagem sob certas circunstâncias. Mas a maioria das pessoas adquire a maior parte de seus conhecimentos fora da escola; na escola, apenas enquanto esta se tornou, em alguns países ricos, um lugar de confinamento durante um período sempre maior de sua vida. A maior parte da aprendizagem ocorre casualmente e, mesmo, a maior parte da aprendizagem intencional não é resultado de uma instrução programada. As crianças normais aprendem sua primeira língua casualmente, ainda que mais rapidamente quando seus pais se interessam. A maioria das pessoas que aprendem bem outra língua conseguem-no por causa de circunstâncias especiais e não de aprendizagem seqüencial. Vão passar algum tempo com seus avós, viajam ou se enamoram de um estrangeiro. A influência na leitura é também, quase sempre, resultado dessas atividades extracurriculares. A maioria das pessoas que lê muito e com prazer crê que aprendeu isso na escola; quando conscientizadas, facilmente abandonam esta ilusão. (...) A desescolarização da sociedade implica um reconhecimento da dupla natureza da aprendizagem. Insistir apenas na instrução prática seria um desastre; igual ênfase deve ser posta em outras espécies de aprendizagem. Se as escolas são o lugar errado para se aprender uma habilidade, são o lugar mais errado ainda para se obter educação. A escola realiza mal ambas as tarefas; em parte porque não sabe distinguir as duas. A escola é ineficiente no ensino de habilidades, principalmente porque é curricular. Na maioria das escolas, um programa que vise a fomentar uma habilidade está sempre vinculado a outra tarefa que é irrelevante. A história está ligada ao progresso na matemática; e a assistência às aulas, ao direito de usar o campo de jogos. (...) Creio que o futuro promissor dependerá de nossa deliberada escolha de uma vida de ação em vez de uma vida de consumo; de nossa capacidade de engendrar um estilo de vida que nos capacitará a sermos espontâneos, independentes, ainda que inter-relacionados, em vez de mantermos um estilo de vida que apenas nos permite fazer e desfazer, produzir e consumir - um estilo de vida que é simplesmente uma pequena estação no caminho para o esgotamento e a poluição do meio ambiente, O futuro depende mais da nossa escolha de instituições que incentivem uma vida de ação do que nosso desenvolvimento de novas ideologias e tecnologias. Precisamos de um conjunto de critérios que nos permitirá reconhecer aquelas instituições que favorecem crescimento pessoal em vez de simples acréscimos. Precisamos também ter a vontade de investir nossos recursos tecnológicos de preferência nessas instituições promotoras do crescimento pessoal. (...) As escolas são fundamentalmente semelhantes em todos os países, sejam fascistas, democráticos ou socialistas, pequenos ou grandes, ricos ou pobres. Esta identidade do sistema escolar nos força a reconhecer a profunda identidade universal do mito, o modo de produção e o método de controle social, apesar da grande variedade de mitologias m que o mito é expresso.

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Em vista dessa identidade, é ilusório dizer que as escolas são, num sentido maL5 profundo, varíáveis dependentes. Isto significa que também é ilusão esperar que a mudança fundamental no sistema escolar ocorra como conseqüência da mudança econômica ou social convencional. Ao contrário, esta ilusão concede à escola - o órgão reprodutor de uma sociedade de consumo - uma imunidade quase inquestionável. (...) Um bom sistema educacional deve ter três propósitos: dar a todos os que queiram aprender acesso aos recursos disponíveis, em qualquer época de sua vida: capacitar a todos os que queiram partilhar o que sabem a encontrar os que queiram aprender algo deles e, finalmente, dar oportunidade a todos os que queiram tornar público um assunto a que tenham possibilidade de que seu desafio seja conhecido. Tal sistema requer a aplicação de garantias constitucionais à educação. Os aprendizes não deveriam ser forçados a um currículo obrigatório ou à discriminação baseada em terem um diploma ou certificado. Nem deveria o povo ser forçado a manter, através de tributação regressiva, um imenso aparato profissional de educadores e edifícios que, de fato, restringe as chances de aprendizagem do povo aos serviços que aquela profissão deseja colocar no mercado. É preciso usar a tecnologia moderna para tornar a liberdade de expressão, de reunião e imprensa verdadeiramente universal e, portanto, plenamente educativa. (...) Acredito que apenas quatro - possivelmente três - 'canais diferentes ou intercâmbios de aprendizagem poderiam conter todos os recursos necessários para uma real aprendizagem. A criança se desenvolve num mundo de coisas, rodeada por pessoas que lhe servem de modelo das habilidades e valores. Encontra colegas que a desafiam a interrogar, competir, cooperar e compreender; e, se a criança tiver sorte, estará exposta a confrontações e críticas feitas por um adulto experiente e que realmente se interessa por sua formação. Coisas, modelos, colegas e adultos são quatro recursos; cada um deles requer um diferente tipo de tratamento para assegurar que todos tenham o maior acesso possível a eles. Usarei o termo "teia de oportunidades" em vez de "rede" para designar modalidades específicas de acesso a cada um dos quatro conjuntos de recursos. A palavra "rede" é muitas vezes usada erroneamente para designar os canais reservados ao material selecionado por outros para doutrinação, instrução e diversão. Mas também pode ser usada para os serviços telefônicos e postais que são principalmente utilizados pelos indivíduos que desejam enviar mensagens uns aos outros. Oxalá tivéssemos outra palavra com menos conotações de armadilha, menos batida pelo uso corrente e mais sugestiva pelo fato de incluir aspectos legais, organizacionais e técnicos. Não encontrando tal palavra, tentarei redimir a que está disponível, usando-a como sinônimo de "teia educacional".

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ANÁLISE E REFLEXÃO

1. De acordo com Ivan Illich, de que maneira ocorre a maior parte da aprendizagem?

2. Comente:

"Creio que o futuro promissor dependerá de nossa deliberada escolha de uma

vida de ação em vez de uma vida de consumo...

3. Quais os três propósitos de um bom sistema educacional

* HUMANISMO SOCIALISTA

BOGDAN SUCH000LSKI (1907-1992) nasceu na Polônia. Doutorou-se em filosofia pela universidade de Varsóvia, onde, após algum temo no ensino secundário, veio a ser professor titular de pedagogia. Foi, desde 1958, diretor do instituto de Ciências Pedagógicas da mesma universidade. Membro de academias científicas polonesas, da Academia Internacional da História da ciência, do Conselho Diretivo da Associação Internacional das Ciências da Educação, foi um dos fundadores da Sociedade de Educação Comparada da Europa, criada em Londres, em 1961. Durante a ocupação alemã, foi um dos corajosos animadores da Universidade Clandestina. As obras que publicou constituem um testemunho de interesse pelas questões filosóficas da pedagogia nas suas relações com as situações sociais. No livro A pedagogia e as grandes correntes filosóficas, Suchodolski defendeu que é possível discernir na história do pensamento pedagógico luas tendências fundamentais: a da pedagogia formada na essência do homem, outra na existência. A síntese integradora dessas duas tendências isto na pedagogia socialista. Essa perspectiva ofereceu abertura para uma nova compreensão e uma nova leitura das grandes doutrinas pedagógicas. Partindo de uma teoria da natureza social do homem, preconizou a instauração do "sistema social de escala humana" em que a educação criadora desempenhe um papel essencial. Outras obras importantes do autor: Teoria marxista da educação e Pedagogia socialista. Pág. 301


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