1 de maio de 2011
Meses atrás tive a felicidade de ver meu computador pessoal deixar de
funcionar devido a uma pane incurável de suas memórias. A idade trouxe
para meu equipamento e instrumento de trabalho a doença; meu PC estava
com Alzheimer.
Mas ainda possuía meu notebook trabalhando diariamente. Forte e
jovem, suportou a escrita de um romance inteiro, a reescrita de contos e
poemas, a preparação de materiais didáticos, horas incessantes de audição
de músicas e gravações de fi lmes, além de uma e outra navegada na rede de
computadores.
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A cada 15 - Homero Gomes
Entretanto, até mesmo os peixes pequenos são pegos. Estou, por isso,
resgatando os primeiros anos como aprendiz de escritor, quando preenchia
meus cadernos e blocos com poemas e contos, com ideias e sonhos de
grandeza.
Meu ateliê pegou fogo, mas nenhuma fumaça se fez. Não adiantaria
água nem bombeiros, nada entrou em combustão. Nenhum dos aparelhos
está na garantia e não tenho nenhum número para solicitar a presença de
um técnico.
Será que minhas máquinas de escrever ainda respiram? Ou ainda
sobrevivem por aparelho na UTI de decoração da casa? Ao menos, possuo
canetas e um sofá confortável.
Homero Gomes
(Curitiba/PR, 1978). É escritor. Autor dos trabalhos
ainda inéditos Sísifo Desatento (contos) – fi nalista do Sesc de Literatura edição
2007 –, Jamé Vu – que está sendo publicado via internet –, Mímesis (poemas
- prosa poética) e Silêncio de Caronte (poemas) – que possui versão online no
site português TriploV. Colaborou com Rascunho, Cult, Germina Literatura,
Cronópios, Ficções, entre outros. É editor de JAMÉ VU: www.jamevu.tumblr e
edita também do blogue juvenil PARALELO UM: www.paralelo-um.blogspot.
com. Foi colunista-fundador do coletivo O Bule em 2010; é colunista do site
Página Cultural desde 2010: www.paginacultural.com.br e colabora com o
portal Mundo Mundano desde 2011: www.mundomundano.com.br.
Contato: homero.gomes@gmail.com