197
52. Ibidem.
53. Gilles DELEUZE, Foucault, p.59
Para saber mais Cf. BORGES, Maria Lucília. Soundesign. São Paulo, 2003.
Dissertação (Mestrado em Comunicação e Semiótica), PUC/SP.
TERNURA DIGITAL
Vítor Belanciano
Computadores portáteis e ruídos digitais com fantasia, ternura e pop.
Uma síntese esquizofrênica e impossível? Alguns dos mais estimulantes
álbuns lançados este ano, como os dos Múm, Opiate, Daedelus, Laub ou
The Notwist, mostram que não. E que chegou a "indietrônica".
Os últimos anos da pop foram tempos, simultaneamente,
desconcertantes e brilhantes. O hibridismo e a fragmentação de gêneros
trouxeram consigo uma pluralidade tal que se tornou difícil acompanhar o
desenrolar dos acontecimentos. Pelo menos para o melômano menos
avisado.
Essa idéia de desordem, de algo em trânsito, está por detrás das
afirmações de Marius De Vries (produtor que trabalhou com Björk,
Massive Attack ou Madonna) quando este discorre sobre a última vintena
de anos da pop.
"Nos anos 80, a maioria das produções seguiam uma ordem rígida. Existia
um esquema puramente arquitetônico na forma como se uniam os
elementos sonoros de uma canção. Com o êxito de 'Blue Lines' essa
ordem foi-se diluindo e deu lugar à desordem. Uma desordem mais ou
menos ordenada".
Marius De Vries sabe do que fala. A música pop, tal como foi exposta em
álbuns capitais dos anos 90 como "Blue Lines" dos Massive Attack,
"Debut" de Björk ou "Screamadelica" dos Primal Scream, constituíam um
relato aberto onde a soma de elementos de uma série de gêneros (soul,
dub, hip-hop ou electro) formavam uma síntese ativa e criativa. Os sons e
os ritmos da eletrônica infiltravam-se na pop, contribuindo para a sua
198
renovação.
Não surpreende, por isso, que na atualidade uma série de projetos vindos
do universo "indie", como The Notwist, Lali Puna, Four Tet ou Console, se
sintam irremediavelmente atraídos por estruturas, melodias ou texturas
pop. Refletem, ainda, a influência confessa de grupos como os My Bloody
Valentine ou Stereolab, mas atribuem-lhe outras identidades através do
corte e costura digital.
O movimento contrário também é verdade. Isto é, a eletrônica
geométrica, apesar da sua aparência impenetrável, sente uma atração
irresistível pelas melodias. Pelo esboço da canção pop. Pela criação de
mundos, aparentemente, perfeitos. Como na pop, precisamente. Os
alemães Mouse On Mars nunca o assumiram completamente, mas foram
um dos primeiros projetos da facção eletrônica purista a colocar em
prática o escapismo idílico da pop em discos como "Vulvaland" (1994) e
"Iaora Tahiti" (1995), álbuns recheados de melodias e enfoques
atmosféricos que invocavam viagens sem fim.
Aliás, esta relação entre paraíso e máquinas tem outros agentes
privilegiados, como o trio inglês Plone, os projetos americanos Dntel e
Safety Scissors, os alemães Schlammpeitzigger ou Leila. Esta última
conseguiu desenvolver um universo heterodoxo em álbuns como "Like
Weather" e "Courtesy Of Choice", como se juntar as visões de Satie,
Marvin Gaye, Aphex Twin e Raymond Scott fosse o mais natural do
mundo.
Concluindo. Nos últimos anos a música eletrônica para escutar
aproximou-se da pop e a pop aproximou-se da eletrônica. Mas não é uma
eletrônica qualquer. É a eletrônica dos "clicks" e cortes digitais, dos ritmos
microscópicos, das melodias de caixa-de-música, dos ambientes "lo-fi".
Definitivamente, a micro-eletrônica dos computadores portáteis entrou
no universo pop.
Indietrônica
Existe quem chame "indietrônica" a esta nova forma de provocar sínteses
entre a música "indie" de guitarras e a eletrônica íntima saída de
computadores portáteis. Como todos os rótulos, também este é para ser
encarado com sentido crítico. Serve para sinalizar, nada mais, até porque
esta procura de comunicação entre eletrônica e pop não é nova.
Em grande parte, o interesse suscitado pela denominada "indietrônica"
residiu no sucesso de "Vespertine" de Björk. Na preparação do seu último
álbum, a cantora islandesa contou com a colaboração de Console e do
dinamarquês Opiate, e, mais tarde, na sua confecção, com as presenças
dos americanos Matmos e do inglês Herbert. Tudo gente das tecnologias
domésticas, dos portáteis e dos sons concretos.
Todos eles devem algo à técnica de "glitch" (utilização com fins estéticos
da sonoridade de CDs riscados, falhas de leitura de aparelhagens
eletrônicas, qualquer tipo de erro digital), iniciada pelos Oval e por alguns
dos projetos da editora Mille Plateaux na primeira metade dos anos 90.
Com efeito, num momento como o atual, onde quase toda a renovação
de conceitos artísticos parece passar pela relação com a tecnologia, é
interessante analisar a sonoridade inconfundível, baseada nos erros de
leitura digital, do alemão Markus Popp (Oval).
Construídos a partir de padrões rítmicos repetitivos e complexas texturas
melódicas, as composições de Markus Popp retomavam os detalhes
sonoros próprios de alguma música ambiental e antecipavam os
exercícios de reciclagem (como os clicks 'n'cuts), utilizados por algumas
199
das figuras das sonoridades contemporâneas.
Fundada numa sólida base teórica, a obra de Popp pretendia refletir
sobre o meio electrônico enquanto ferramenta - a manipulação sobre o
suporte físico da obra. Na música de Oval o processo é tudo e é colocada
ênfase na observação dos procedimentos técnicos utilizados na
elaboração.
Estes procedimentos, associados à popularização do computador portátil,
foram apreendidos de formas diversas. Entre os postulados terroristas e a
estética agressiva "glitchore" de Kid606 e a música concreta pop dos
Matmos existem mais diferenças do que semelhanças. O mesmo sucede
quando se fala das paisagens turvas, mas idílicas, da editora Plug Research
(Jeremy Dower, Dntel, Safety Scissors, Chessie) e da pop borbulhante da
alemã Morr Music (Lali Puna, Manual, Styrofoam). De comum, a
descoberta do conforto, rapidez e autonomia criativa que um bem
equipado Macintosh pode proporcionar quando colocado ao serviço de
sons analógicos, cortes digitais e sensibilidade pop. Subversiva, em alguns
casos, "retrô" noutros, mas sempre pop.
Na verdade, nada disto teria grande importância se alguns dos melhores
álbuns dos últimos tempos não refletissem estes mecanismos. Mas é isso
que acontece precisamente com discos como "Neon Golden" dos The
Notwist, "While You Were Sleeping" dos Opiate, "Invention" de Daedelus,
"Filesharing" dos Laub ou "Finally We Are No One" dos Múm. Discos onde
os ritmos batem ao ritmo do coração, entre as 80 e as 100 pulsações por
minuto. Onde as canções e os sonhos digitais parecem ter sido
concebidos por programadores de software.
"Indietrônica"? Pop com clicks, clicks com pop? A próxima vez que alguém
lhe falar do assunto já sabe. Como tudo no apressado "devir" da música
atual, pode não ser nada. Mas para já é um dos fatos de 2002.
Fonte : Vizzavi (
www.vizzavi.pt
).
200
TERRE THAEMLITZ: KARL GRRL
Major Eléctrico
Shintaro Tsuji criou em 1960 a marca Sanrio, protótipo de
empreendimento capitalista com uma boa intenção como face visível.
Lojas em todo o mundo vendem hoje uma gama de produtos como papel
de carta, autocolantes, mochilas, roupa, figuras 3D, etc.
“O objetivo de fornecer meios para enriquecer a comunicação
interpessoal é comum às atividades Sanrio em todos os continentes. A
oferta de presentes é o centro do nosso negócio – encaramos cada cliente
como dador de um presente, mesmo que seja a si próprio. Um pequeno
presente provoca um grande sorriso. Sanrio fornece um veículo para os
jovens e jovens de espírito exprimirem os seus sentimentos para com
amigos e família. Cada produto Sanrio transporta uma mensagem de
amizade e felicidade.“
Terre Thaemlitz ativou o canal de propaganda cor-de-rosa Sanriot em
2000, poucos meses antes de fixar residência no Japão, mas o copyright é
extensível a 1848, ano da publicação do Manifesto do Partido Comunista
por Karl Marx e Friedrich Engels. Ao plagiar diretamente a marca
japonesa, Thaemlitz pratica a apropriação cultural para mais uma vez
colocar questões sobre identidade e gênero. A fusão entre a galeria de
personagens Sanrio (Hello Kitty, Badtz Maru, Pekkle, Chococat, etc.) e o
panteão dos primeiros ideólogos comunistas (Marx, Engels, Rosa
Luxembourg) resulta numa ação de propaganda conduzida por
personagens híbridos como Hello Karl, Rosas Lucksome e Badtz-
Marukusu, unidos em torno da canção «Sex Workers Of The World
Unite!», espécie de versão sentimental da Internacional Comunista. No
Verão irregular de 2001 é possível adquirir t-shirts exclusivas (trademarx)
com slogans panfletários em genial inglês do Japão: “Why can’t all people
Sanriot community rich of peace?“
Thaemlitz, sempre irônico e com uma palavra ativa a dizer, cultiva ícones
inofensivos com uma postura subversiva. Vive apaixonadamente a sua
faceta de consumidor burguês traduzida na posse de objetos-fetiche
como a Honda Dream 305 de 1963 e o AMC Javelin SST 360 de 1971,
enquanto se declara admirador da ironia de Marx, o mais conhecido
crítico do Sistema Burguês. Através da sua editora Comatonse Recordings
produz música de intervenção ideológica/cultural/sexual, insurrecta,
cuidadosamente conceitual. Leiam na homepage sobre como a
remixagem de Terre para «Hold On To Yourself» (Daryl Hall & John Oates)
não ganhou o concurso a que se destinava e foi de novo remixada e
reprocessada para se tornar numa irreconhecível peça chamada «This
Closet Is Made Of Doors». Terre criou o alter-ego drag Miss Take, mas há
201
muito que saiu do armário para combater na guerra dos mundos.
(Flirt, Julho / 01)
Links:
www.sanrio.com
www.sanriot.com
www.comatonse.com
Fonte: Major Eléctrico (
www.majorelectrico.net
).
TRANSFORME O RUÍDO DO SEU BAIRRO EM UMA SINFONIA – Uma
jaqueta informatizada transforma o ruído ambiente das cidades em
música eletrônica
Angel Jiménez de Luis
Se uma cidade pudesse se transformar em música...Como soaria? Um
grupo de estudantes do Instituto Interativo e do Instituto Viktoria na
Suécia se propuseram a investigar isso. Com a ajuda da informática, eles
transformaram o ruído ambiente em uma melodia original e em
202
constante mudança. O projeto se chama Sonic City (Cidade Sônica) e se
encontra nesse limite difuso entre a arte e a tecnologia.
Uma jaqueta informatizada, equipada com sensores de ruído e de
proximidade, é o elemento chave de todo o processo. Quando o pedestre
a liga e passeia com ela pela rua, os ruídos das pisadas, a proximidade
com outros pedestres, as obras e o som do trânsito viram música através
de um sintetizador MIDI e um computador portátil integrados à roupa. O
resultado é escutado em tempo real graças a fones de ouvido ou é
gravado no disco rígido do computador.
“É um instrumento musical interativo completamente novo. Quando você
o leva ligado, entra num dueto musical com a cidade. O ambiente, os
encontros com pessoas conhecidas, as conversas...tudo participa da
música que escuta enquanto caminha. Trata-se de transformar um
simples passeio numa experiência criativa”, asseguram os responsáveis
pelo projeto. Os resultados das primeiros experimentos foram realmente
alentadores. Vestindo a jaqueta, os pedestres buscavam uma maior
interação com o entorno urbano, se aproximavam das pessoas, do
trânsito, das fontes de ruído, tentando conseguir melodias únicas e novas.
Os passeios foram gravados em vídeo e a música ficou registrada para sua
apreciação.
Agora, esses passeios e a música que criaram podem ser baixados a partir
do site do projeto. Não se parecem com a música convencional que a
maioria das pessoas escuta todo dia, mas muitos desses passeios musicais
poderiam facilmente passar por uma composição de Björk. O ritmo da
canção fica marcado pela velocidade do pedestre, e o resto dos
elementos que se encontra durante o passeio soa como notas sobra a
base melódica.
Além disso, o projeto saiu das frias ruas de Gotemburgo, onde forma
realizados os primeiros experimentos, para capturar o som de outras
cidades. Faz um mês que apresentaram o projeto no Instituto de Arte
Contemporânea (ICA) de Londres. O próximo grande sucesso da música
eletrônica talvez surja de um passeio pelo Hyde Park.
Tradução de Ricardo Rosas
Link: Sonic City (
www.viktoria.se/fal/projects/soniccity/
).
203
Outra página do projeto
(
www.tii.se/reform/projects/pps/soniccity/index.html
).
Fonte: El Mundo (
www.el-mundo.es
).
UM MANIFESTO DO MICRO RÁDIO
Tetsuo Kogawa
O micro rádio costumava ser um compromisso de se evitar usar
transmissores de alta potência por causa do orçamento ou da
regulamentação. O primeiro micro rádio deliberado começou em meados
dos anos 1970 na Itália. Como escreveu Felix Guattari, “des millions et des
millions d’Alice en puissance”, cerca de mil estações de micro rádios livres
apareceram junto com o movimento “Autonomia” na Itália e então
influenciaram outros países, especialmente a França. Na Austrália a
situação era diferente. Sob a esperta decisão do governo Whitlam, muitas
cidades começaram a ter um novo tipo de estações de rádio comunitárias
multi-linguísticas e multi-culturais no final dos anos 1970. No Japão, o
boom das “Mini-FMs” teve início no começo dos anos 1980. Era um tipo
totalmente diferente de micro rádio, rádio com transmissor de potência
literalmente micro. Era um milagre que um micro rádio deste tipo
realmente funcionasse como um rádio. Assim, a cena de micro rádio dos
anos 80 era uma mistura das rádios livres italianas com um novo
elemento do paradoxo tecnológico.
Depois do final dos anos 1980, micro estações “piratas” nos EUA entraram
numa nova batalha legal contra a autoridade, por reivindicações
populares: a Black Liberation Radio de Napoleon Williams em Illinois e
também a Free Radio Berkeley de Stephen Dunifer ficaram famosas. Em
2000, a FCC (Comissão Federal de Comunicações) lançou uma nova
categoria de licença, a “LPFM” (Low Power FM, FM de baixa potência).
Isto significa que o micro rádio nos EUA está institucionalizado e também
que aqueles que transmitem sem licença são considerados ilegais. O
sonho inicial do paraíso do micro rádio acabou. Mesmo um tal micro
domínio é agora controlado pelo sistema. Não seria nenhuma surpresa
204
pois atualmente todo o controle invade não só o espaço individual mas
também o cerebral. No entanto, ainda acredito que o micro rádio pode se
situar em níveis diferentes do espaço institucionalizado.
O que se pretende dizer com micro? No núcleo dos movimentos, deveria
ter implicado num significado diferente da mera extensão da potência de
transmissão e da área de serviço. Ele conota algo qualitativamente
diferente. Ser grande ou pequeno no tamanho físico não é tão
importante. Portanto, a mesma coisa que fazíamos num micro radio
poderia acontecer numa grande estação. O micro rádio é uma alternativa
às comunicações globais e às mídias de massas que poderia abranger o
planeta com qualitativamente a mesma e padronizada informação. Agora
que nosso espaço microscópico está sob vigilância, o micro rádio deveria
prestar atenção em áreas ainda mais micro, mas qualitativamente mais
“micro”. Para entender isso, você deve usar experimentalmente um
transmissor de muito baixa potência. Teoricamente, pode fazer a mesma
coisa com um transmissor de alta potência, mas isso vai enganar a sua
percepção do que é o micro, por que você tem sido circundado por
numerosas transmissões de alta potência. Temos de usar uma espécie de
“suporte fenomenológico” para perceber o que são as coisas.
A LPFM cobre até 100 watts. A “FM Comunitária” no Japão (que foi
legalmente introduzida como uma “Mini FM” institucionalizada) permite
10 watts agora (no início até 1 watt). Penso que mesmo estes níveis de
potência são demais para o micro radio. E quanto a um watt? E quanto a
menos de um watt? Uma tal estação de rádio de micro-potência só
poderia cobrir o raio de um bloco de rua ou um conjunto habitacional. Por
que não? Leon Theremin mostrou um exemplo mínimo de micro rádio.
Sua invenção é não só um instrumento musical mas também um micro
rádio.
Dada a era dos vários meios globais como as comunicações via satélite e a
internet, o micro rádio pode se concentrar em seu mais autêntico
território: o espaço da onda de rádio microscópica.
Por que você não vai a uma estação de rádio assim como vai a teatros? O
teatro de micro rádio poderia ser possível. As ondas de rádio cobrem
apenas um espaço de moradia. Isso é o bastante. Tenho organizado festas
de micro rádio. Isto é uma tentativa de converter um espaço em algo
qualitativamente diferente através de um micro transmissor.
Comecemos com nosso próprio espaço íntimo. A mudança num espaço
minúsculo poderia ressoar para espaços maiores, mas, sem mudanças
microscópicas, nenhuma mudança radical pode acontecer.
Os meios alternativos tendem a estabelecer sua própria “base caseira”
física. Mas, como argumenta Hakim Bey, a “base caseira” alternativa de
hoje só é relevante como “Zona Autônoma Temporária (TAZ)”. Há uma
outra forma: um método “em exílio”. Depois que a WBAI ficou controlada
pelo dinheiro comercial, alguns dos programas, tais como “Democracy
Now” começaram seu próprio programa com uma net.rádio e um micro
rádio. O “Democracy Now” alugou um espaço no Lower East Side de Nova
York e seu programa foi transmitido como “WBAI em exílio” (“WBAI in
Exile”). Penso que de certo modo o rádio radical sempre fez um bom
trabalho num certo tipo de “exílio”: Radio Veritas, Manila nos anos 1980,
e B92 nos anos 1990. A internet é basicamente um meio translocal.
Diferentemente do meio impresso, o espaço existe temporariamente e
está fora da posição geográfico-física. Quem se importa de onde você está
transmitindo? Você pode manter uma espaço “permanente” com seus
ouvintes contanto que você e seus ouvintes concordem em se comunicar.
Quando encontrei Amy Goodman do “Democracy Now” e perguntei se
seu estilo de usar o low-tech (suas instalações e espaço do estúdio)
205
poderia descender da cultura do micro rádio, ela negou minha pergunta
como se eu não tivesse apreciado bastante suas atividades. É claro que
não era isso o que queria dizer. Embora a WBAI esteja voltando
novamente a ser uma autêntica estação de rádio radical, a forma “em
exílio” de colaboração (onde micro unidades independentes em exílio
podem se ligar em conjunto) é muito mais nova e viável. Dadas as várias
tecnologias “globais” de conexão e retransmissão, o micro rádio é de
tamanho suficiente para uma unidade de estação de rádio.
Como um meio para cobrir áreas mais extensas, as ondas de rádio são
destrutivas e não-ecológicas. A rádio grande não é mais necessária. Cedo
ou tarde, as grandes e globais tecnologias de comunicação serão
integradas na internet. O rádio, a televisão e o telefone se tornarão nodos
locais para ela. Conseqüentemente, os globalistas descartarão tais meios
existentes. Um novo tipo de terminal multimídia conectando à internet
vai surgir. Então será o tempo em que o rádio e a televisão (e mesmo o
telefone) deverão reencontrar sua própria possibilidade emancipatória. A
estação de micro rádio vai reencontrar uma possibilidade de congregar
pessoas em espaços como o teatro e o clube. Ele não rejeitará os meios
globais mas os utilizará como meios de conexão e formação de rede. Pelo
micro-meio translocal, mesmo os meios globais poderiam se tornar
polimorfos e diferentes (não apenas nos conteúdos mas igualmente no
modo de fazer com que as pessoas se encontrem).
(24 de novembro de 2002 - 7 de maio de 2003)
Tradução de Ricardo Rosas
Link: Polymorphous Space, site de Tetsuo Kogawa
(
http://anarchy.k2.tku.ac.jp/
).
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