Esquizofonia



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densidade e intensidade, uma cartografia que se define por funções e 
matérias informais, ou seja, o diagrama não faz distinção de forma “entre 
um conteúdo e uma expressão, entre uma formação discursiva e uma 
formação não-discursiva” (43). No diagrama o que interessa não é a 
forma, já que ele não é estrutural mas as relações de forças, relações 
estratégicas, multipontuais e difusas, que passam por todos os pontos ou 
“antes por toda e qualquer relação entre um ponto e outro”(44). Essas 
relações de forças o definem como móvel e não-localizável, aquilo que 
está entre a causa e o efeito, a ação e a reação, o que afeta e é afetado.  
 
Segundo Deleuze “todo diagrama é uma multiplicidade espaço-
temporal”(45), e se diferencia da estrutura “na medida em que as alianças 
tecem uma rede flexível e transversal, perpendicular à estrutura vertical, 
definem uma prática, um procedimento ou uma estratégia distintos de 
qualquer combinatória, e formam um sistema físico instável, em perpétuo 
desequilíbrio, em lugar de um ciclo de troca fechado”(46). Ele age como 
uma causa imanente, causa dos agenciamentos concretos, uma causa que 
atualiza seu efeito ou que se deixa atualizar pelo efeito que a diferencia.  
 
“Se os efeitos atualizam é porque os relacionamentos de forças ou de 
poder não são senão virtuais, potenciais, instáveis, evanescentes, 
moleculares, e somente definem possibilidades, probabilidades de 
interação, na medida em que eles não entram num conjunto macroscópio 
capaz de dar uma forma à sua matéria fluida e à sua formação 
difusa.”(47) 
 
Os diagramas surgem para quebrar os dados figurativos e probabilísticos. 
São marcas livres, ao acaso, traços involuntários, irracionais, não 
representativos, não ilustrativos, não narrativos. “Mas não são 
significativos nem significantes de antemão: são traços assignificantes. 
São traços de sensação, mas de sensações confusas (as sensações 
confusas que trazemos ao nascer, dizia Cézanne)”(48). Essas marcas 
quase cegas e mudas, embora nos façam ver e falar(49), adquirem vida 
própria e passam a não mais depender da nossa vontade, nem da nossa 
visão. Introduzem um outro mundo dentro do mundo da figuração e 
retiram o “quadro” da organização ótica que o tornava figurativo de 
antemão(50). Muitas vezes, contudo, com o intuito de fugir do figurativo, 
da representação, o diagrama é tão sobrecarregado que torna-se 
inoperante, o que o faz permanecer no figurativo (51). A função do 
diagrama é “sugerir” e introduzir “possibilidades de fato”(52).  
 
O design como expressão diagramática é movente, instável, mutante, 
difuso, não reproduz modelos preexistentes mas os inventa ou reinventa, 
desfaz conceitos existentes e faz emergir novos conceitos, conceitos 
inesperados que surgem do improvável dentro de um campo de 
possibilidades, ou introduz possibilidades de fato. Pois, segundo Deleuze,  
 
“(...) o diagrama é profundamente instável ou fluente, misturando 
incessantemente matérias e funções de maneira a constituir mutações. 
(...) Ele não funciona nunca para representar um mundo preexistente, 
produz um novo tipo de realidade, um novo modelo de verdade.” (53) 
 
O design deixa de representar uma marca, um produto para se apresentar 
enquanto qualidade que subsiste entre o real e o imaginário, o visível e o 
invisível, o sonoro e o não-sonoro, sem passado nem presente mas 
e(ntre) um e outro. Passa a ser, portanto, uma potência de produção e 


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não mais reprodução. 
 
NOTAS 
1. Émile BRÈHIER, La Théorie des Incorporels dans L’ancien Stoicisme, p.49 
 
2. Gilles DELEUZE e Felix GUATTARI, O que é a Filosofia?, p. 153 
 
3. Pierre LEVY, O que é o Virtual?, p. 15 
 
4. Ibidem, p. 21 
 
5. Emanuel PIMENTA, Real virtual, 1996. Cf. 
http://www.asa-
art.com/edmp/edmp3.htm
 
 
6. Gilles DELEUZE e Felix GUATTARI, O que é a Filosofia?, p. 215 
 
7. Michel SERRES, Filosofia Mestiça, p. 04 
 
8. Dorival Campos ROSSI, Transdesign, folias da linguagem, anarquia da 
representação: um estudo acerca dos objetos sensíveis, p.109 
 
9. Michel SERRES, Filosofia Mestiça, p. 04 
 
10. Ibidem. 
 
11. Ibidem, p.12 
 
12. Gilles DELEUZE, Conversações, p.61 
 
13. Michel SERRES, Filosofia Mestiça, p. 13 
 
14. Ibidem, p.14 
 
15. Ibidem, p.13 
 
16. Gilles DELEUZE e Félix GUATTARI, Mil Platôs, capitalismo e 
esquisofrenia, V.1, p.37 
 
17. Gilles DELEUZE, A Dobra, Leibniz e o Barroco, p. 175 
 
18. Ibidem. 
 
19.Gilles DELEUZE e Félix GUATTARI, O que é a Filosofia?, p.272 
 
20. Ibidem. 
 
21. Ibidem, p. 273 
 
22. Win WENDERS, In Janela da Alma, documentário, Dir. João JARDIM, 
Brasil, 2001 
 
23. Ken WILBER, Uma nova perspectiva sobre a realidade, In O paradigma 
Holográfico e outros paradoxos: uma investigação nas fronteiras da 
ciência, p.13 
 
24. Ibidem, p.12 
 
25. Ibidem. 
 
26. Gilles DELEUZE, A Dobra, Leibniz e o Barroco, p. 18 


196 
 
 
27. Ken WILBER, Uma nova perspectiva sobre a realidade, In O paradigma 
Holográfico e outros paradoxos: uma investigação nas fronteiras da 
ciência, p.17 
 
28. Gilles DELEUZE, A Dobra, Leibniz e o Barroco, p. 14 
 
29. Ibidem, p.15 
 
30. Gilles DELEUZE e Félix GUATTARI, Mil Platôs, capitalismo e 
esquisofrenia, V.1, p.25 
 
31. Ibidem. 
 
32. Ken WILBER, Uma nova perspectiva sobre a realidade, In O paradigma 
Holográfico e outros paradoxos: uma investigação nas fronteiras da 
ciência, p.13 e 14 
 
33. Gilles DELEUZE, Conversações, p.156 
 
34. Ibidem. 
 
35. Gilles DELEUZE, A Dobra, Leibniz e o Barroco, p.114-115 
 
36. Ibidem. 
 
37. Essa idéia do “espaço do olho que escuta” foi lançada pelo compositor 
François BAYLE (Cf. Musique acusmatique. Proposition...positions, 1993) a 
partir do conceito de música acusmática, denominação atual de música 
eletroacústica que, segundo Rodolfo CAESAR (Cf. A escuta como objeto de 
pesquisa
http://www.ufrj.br/lamut
), tem sido preferida por grande parte 
dos compositores “pelo modo de apresentação em concertos sem apoio 
da visualidade”. 
 
38. Gilles DELEUZE, Mil Platôs, capitalismo e esquisofrenia, V.5, p 181 
 
39. Ibidem, p.185 
 
40. Gilles DELEUZE, Mil Platôs, capitalismo e esquisofrenia, V.1, p 42 
41. Gilles DELEUZE, Foucault, p.59 
 
42. Ibidem, p. 58 
 
43. Ibidem.  
 
44. Ibidem, p.61  
 
45. Ibidem, p.59 
 
46. Ibidem, p.60 
 
47. Ibidem, p.62 
 
48. Gilles DELEUZE, Francis Bacon, logique de la sensation, 1981.  
 
49. Gilles DELEUZE, Foucault, p.58  
 
50. Gilles DELEUZE, Francis Bacon, logique de la sensation, 1981. 
 
51. Ibidem.  
 


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