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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p.                2014 

 

 



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ESTUDO SOBRE A TOMADA DE DECISÃO E A RACIONALIDADE LIMITADA DE 

SIMON 

 

José Carlos Pereira da Costa Júnior



E-mail: jcjunior40@yahoo.com.br 

 

Recebido em: 28/10/2014 – Aprovado em: 05/11/2014 – Publicado em: 06/11/2014

 

 



RESUMO 

 

Nas  teorias  organizacionais  há  uma  busca  por  elementos  que  possam  auxiliar  ao 



tomador  de  decisão  minimizar,  de  forma  considerável,  os  efeitos  da  racionalidade 

limitada,  conforme  proposta  por  Simon  (1957).  Com  o  presente  estudo  temos  o 

objetivo  de  relacionar  o  processo  de  tomada  de  decisão  e  a  racionalidade  limitada 

de  Simon  considerando  seus  fundamentos  e  elementos  mais  importantes.  Para 

tanto,  levantamos  os  elementos  do  processo  decisório  que  contribuem  para  a 

tomada  de  decisão;  em  seguida,  vimos  que  o  indivíduo  decidia  segundo  a 

racionalidade  absoluta  do  modelo  da  economia  clássica.  Adiante  apresentamos  o 

modelo  da  racionalidade  limitada  de  Simon,  que  sobrepôs  ao  modelo  clássico  da 

economia  e  demonstrou  as  limitações  que  o  indivíduo  e  as  organizações  possuem 

no  processo  de  tomada  de  decisão.  Restam  ainda  outros  estudos  com  o  fim  de 

demonstrar  a  relevância  dos  recursos  computacionais  na  relação  da  racionalidade 

limitada de Simon e a tomada de decisão. 

 

PALAVRAS-CHAVE:  Processo  decisório,  tomada  de  decisão,  racionalidade 

absoluta, racionalidade limitada. 

 

ABSTRACT 

Organizational  theories  there  is  a  search  for  elements  that  can  help  the  decision 

maker  to  minimize,  to  a  considerable  extent,  the  effects  of  bounded  rationality,  as 

proposed by Simon (1957). With this study we aim to relate the process of decision 

making and bounded rationality of Simon considering its fundamentals and the most 

important elements. To do so, raise the elements of decision making that contribute 

to decision making; then we saw that even Simon's theory, the prevailing theory that 

the  individual  decided according  to  the  absolute  rationality  of the model  of  classical 

economics.  Below  we  present  the  model  of  bounded  rationality  of  Simon,  which 

overlapped the classical model of the economy and demonstrated the limitations that 

individuals  and  organizations  have  in  the  decision  making  process.  There  are  still 

                                                      

1

 

José  Carlos  Pereira  da  Costa  Júnior  é  Graduado  em  Direito,  Pós-Graduado  em  Direito 



Público  Material,  Mestrando  em  Gestão  de  Organizações  e  Sistemas  Públicos  na  UFSCAR-

SP.


 


 

ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p.                2014 

 

 



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other  studies  in  order  to  demonstrate  the  relevance  of  computational  resources  in 

relation to Simon's bounded rationality and decision making. 

 

KEYWORDS: Decision-making process, decision making, absolute rationality, limited 

rationality. 

 

INTRODUÇÃO 

 

No  mundo  organizacional,  assim  como  no  meio  social,  o  homem  vive 



constantemente  tomando  decisões.  Esse  processo  possui  grande  relevância  no 

meio acadêmico devido aos diversos elementos que atuam sobre o indivíduo que o 

realiza, seja por interesse próprio ou em favor da organização da qual faz parte. 

 

Neste  trabalho  veremos  que  o  processo  de  tomada  de  decisão  e  o 



entendimento  de  seus  elementos  e  fatores  assumem  importância  fundamental  nas 

teorias  organizacionais.  Nesse  campo  do  conhecimento  Herbert  Simon  é  figura  de 

destaque, sobretudo, no processo decisório e solução de problemas relacionados à 

estrutura e funcionamento das organizações. 

 

É  nossa  intenção  mostrar,  também,  como  o  avanço  nas  pesquisas  levaram 



Simon  e  outros  estudiosos  à  investigação  do  funcionamento  do  cérebro  humano  e 

de sua capacidade cognitiva. Os resultados dessas pesquisas e o entendimento da 

influência  dos  elementos  sociais  sobre  o  tomador  da  decisão  levaram  à  teoria  da 

racionalidade limitada defendida por Simon e seus seguidores nas décadas de 1940 

e  1950.  O  modelo  defendido  por  Simon  fundamenta-se  na  capacidade  limitada  do 

processo  cognitivo  do  ser  humano  que,  segundo  ele,  decide  de  forma  limitada  por 

impossibilidade  física  de  processar  todas  as  informações  necessárias  para  uma 

decisão “ótima”.  

O  processo  decisório  pode  ser  entendido  como  sendo  a  definição  de  um 

problema,  o  levantamento  das  informações  que  envolvem  esse  problema,  feito  por 

meio  de  critérios  previamente  determinados  e  as  escolhas  feitas  pelo  indivíduo  ou 

uma organização para a solução desse problema. 

Como  parte  deste  contexto  e  para  fins  de  registro  histórico  abordaremos 

também  o  modelo  decisório  racional  da  economia  clássica,  contestado  por  Simon 

com a Bounded Rationality.  

 

Processo  Decisório  e  os  Elementos  que  Contribuem  para  a  Tomada  de 



Decisão 

 

O  processo  de  tomada  de  decisão  é  essencial  na  administração 



organizacional  e  apesar  de  toda  a  infraestrutura  e  recursos  alocados  em  qualquer 

organização, a tomada de decisão parte eminentemente de uma ação do indivíduo, 

do ser humano. 

Por conseguinte, a atuação do homem nesse processo, também, torna-se, ao 

longo dos tempos, foco de inúmeros estudos e pesquisas acadêmicas que procuram 

entender  como e  sob quais  circunstâncias  os  cidadãos e administradores agem no 

processo de tomada de decisão. Nesse sentido, o estudo do processo de tomada de 

decisão  toma-se  essencial  para  o  entendimento  do  desenvolvimento  e  das  formas 

de atuação das organizações (PEREIRA et al. 2010). 

O  homem  está  sempre  buscando  novas  ferramentas  e  novos  modos  de 

pensar  para  ajudá-lo  a  decidir.  Da  interpretação  das  vísceras  de  animais  à 



 

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inteligência  artificial  o  caminho  percorrido  é  longo  e  inusitado  (BUCHANAN  e 

O’CONNELL, 2006).  

Num primeiro momento,  isso  justifica porque  o  processo  decisório e  a forma 

como  o  indivíduo  e  as  organizações  agem  tornaram-se,  ao  longo  dos  tempos,  um 

dos  principais  focos  das  pesquisas  científicas.  A  despeito  disso,  Herbert  Simon 

(1987) apud Balestrin (2002, p.8), assevera que: 

Atualmente  um  dos  importantes  objetivos  da  pesquisa  científica  básica  é 

entender  como  a mente  humana,  com  ou  sem  a  utilização  do  computador, 

soluciona  problemas  e  toma  decisões.  A  psicologia,  economia,  estatística, 

matemática,  pesquisa  operacional,  ciência  política,  ciência  administrativa, 

inteligência  artificial  e  ciência  cognitiva,  tiveram  importantes  ganhos  em 

pesquisa,  principalmente  nesse  último  século,  por  buscar  compreender 

como o ser humano resolve problema e toma decisões. 

 

 

Simon  tornou-se  a  grande  referência no  campo da Teoria  das Organizações 



no que se refere à solução de problemas e à tomada de decisão. Suas contribuições 

avançaram por várias áreas do conhecimento, quanto mais ele aprofundava-se nas 

pesquisas motivado em desvendar como de fato e sob quais influências trabalha a 

mente humana no processo da tomada de decisão.  

 

Em análise da contribuição de Simon para as teorias organizacionais, Alsones 



Balestrin (2002) destacou:  

Em  1947  com  a  publicação  da  obra  admininistrative  behavior  Simon 

promove a teoria do comportamento administrativo. Suas idéias marcam um 

novo  período  na  ciência  social,  cujo  foco  de  atenção  recai  sobre  a 

preocupação  com  o  comportamento  humano  no  processo  de  tomada  de 

decisão e resolução de problemas organizacionais. Sua teoria faz uma forte 

crítica  a  alguns  dos  princípios  basilares  da  economia  neoclássica  e  da 

administração clássica (BALESTRIN, 2002, p.3) “grifo do autor”. 

 

Interessante  observar  que  vários  outros  autores  debruçaram-se  sobre  essa 



temática  a  partir  das  descobertas  de  Simon,  sobretudo,  nos  registros  de 

Administrative  behavior  (1947),  obra  apresentada  ao  público  por  Chester  Barnard

2



que  segundo  Motta  e  Vasconcelos  (2013),  pode  ter  sido  o  inspirador  de  Simon  no 



estudo desses temas. Para o Nobel de economia, tais temas são questões centrais 

nos estudos organizacionais, pois o trabalho “(...) que guia o curso da sociedade e 

suas organizações econômicas e governamentais – é trabalho, em grande parte, de 

solução de problemas e tomada de decisão” (SIMON apud BALESTRIN, 2002, p.3).  

Veremos adiante que, na busca por respostas sobre o processo da tomada de 

decisão,  os  teóricos  organizacionais  passaram  a  concentrar  suas  pesquisas  no 

indivíduo  tomador  da  decisão.  Assim,  os  elementos  emocionais,  cognitivos,  bem 

como os valores nos quais esse indivíduo acredita foram e são objeto de constante 

investigação no meio científico. 

 

A  respeito  dos  processos  decisórios  nas  organizações  e  do  modelo  da 



racionalidade limitada ou modelo Carnegie, os autores Motta e Vasconcelos (2013), 

entendem que os mecanismos cognitivos e sociais da tomada de decisão, enquanto 

objeto  de  reflexão  empírica,  é  que  permitiram  o  desenvolvimento  do  modelo  da 

racionalidade limitada proposto por Herbert Simon e seu grupo do Carnegie Institute 

of Technology nas décadas de 1940 e 1950. 

                                                      

2

 

Chester  Barnard  é  ex-Presidente  da  Rockefeller  Foundation  e  um  grande  teórico  das  organizações.  Escreveu 



sobre o processo decisório e propôs, nos anos 1930, várias análises precurssoras sobre motivação e liderança.

 



 

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Segundo aqueles autores, contrapondo a racionalidade absoluta subjacente à 



economia clássica, Simon conceitua que a racionalidade é sempre relativa ao sujeito 

que decide, enquanto esse modelo econômico confere aos tomadores de decisão a 

possibilidade  de  otimizar  suas  decisões  a  partir  do  conhecimento  de  todas  as 

opções disponíveis. 

Os estudos sobre o cérebro humano e sua atividade cognitiva preocupam-se 

em  saber  como  ele  promove  o  processamento  e  a  aplicação  das  informações 

recebidas  durante  o  processo  decisório. 

Os  psicólogos  cognitivistas  do 

processamento  da  informação  geralmente  analisam  a  maneira  como  as  pessoas 

solucionam  tarefas  mentais  difíceis  e  como  constroem  modelos  para  essas 

explicações 

(PEREIRA et al. 2010). 

 

Em  matéria  publicada  em  2006  sobre  a  tomada  de  decisão,  na  Harvard 



Business  Review,  os  escritores  Leigh  Buchanan  e  Andrew  O’connell  registram,  em 

seus escritos, o avanço da tecnologia, tratado na época como “inteligência artificial”, 

no  sentido  de  entender  o  funcionamento  desse  processo  a  partir  do  cérebro 

humano.  Segundo  estes  autores,  grandes  nomes  como  Simon,  que  depois  viria  a 

ganhar o Nobel, Newell, Guetzkow, Cyert e March encontravam-se fascinados pelo 

comportamento organizacional e pelo funcionamento do cérebro humano. 

 

Para  Buchanan  e  O’connell  (2006),  “a  pedra  filosofal  que  promoveu  a  fusão 



alquímica  das  idéias desse  grupo foi a  computação  eletrônica”. Essa  concentração 

de ideias e buscas por resultados para incrementar ainda mais a tomada de decisão 

produziram muitos avanços no campo da tecnologia, conforme os registros abaixo: 

Em  meados  da  década  de  1950  o  transistor  tinha  menos  de  dez  anos  de 

idade – e a IBM só lançaria o revolucionário mainframe 360 em 1965. Mas 

cientistas  já  indagavam  de  que  modo  as  novas  ferramentas melhorariam  a 

tomada  de  decisão  pelo  homem.  O  trabalho  desses  e  de  outros 

especialistas de Carbegie com pesquisas, Marvin Minsky no MIT e de John 

Mc-Carthy  em  Stanford,  produziu  os  primeiros  modelos  informatizados  da 

cognição  humana  –  o  embrião  da  Inteligência  Artificial  (BUCHANAN  e 

O’CONNELL, 2006).  

 

Gareth Morgan (1996), em seu livro Imagens da Organização, defende que o 



funcionamento  da  organização  depende  do  processamento  de  informações.  Neste 

sentido,  este  autor  entende  que  o  cérebro  é  um  sistema  de  processamento  de 

informações.  

Para  Morgan  (1996),  as  organizações  são  sistemas  de  informações,  assim 

como o é de comunicação, sendo também sistemas de “tomada de decisões” e que, 

para tanto, necessitam processar bem essas informações (MORGAN, 1996, p. 82). 

Sobre  a  tomada  de  decisão,  Morgan  reabre  a  discussão  segundo  a  qual  as 

organizações  nunca  podem  ser  perfeitamente  racionais,  porque  os  seus  membros 

têm  habilidades  limitadas  de  processamento  de  informações  (SIMON  apud 

MORGAN, 1996). 

 

Como  uma  “cadeia  de  informações”,  os  conhecimentos  acerca  do  processo 



decisório  e  seus  elementos  objetivos  e  subjetivos  alastraram-se  pelas  teorias 

organizacionais  e  delas  extrapolaram  chegando  de  forma  não  menos  interessante 

em  outras  ciências.  Nessa  busca  de  conhecimento  torna-se  relevante  retomar  o 

estudo da razão, ação racional desenvolvida pelo tomador da decisão no processo 

decisório.  

 

Ao  propor  a  teoria  da  racionalidade  limitada,  Simon  (1957),  o  fez  certo  das 



limitações  inerentes  ao  indivíduo,  devido  à  sua  reduzida  capacidade  cognitiva  de 

adquirir e processar as informações necessárias para decidir sobre a opção ideal na 




 

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solução  de  um  problema.  Com  isso,  o  Nobel  de  economia  contrapôs  um  dos 

fundamentos da economia clássica. Estamos falando da racionalidade “ilimitada” ou 

absoluta, própria do agente econômico, segundo os preceitos do modelo clássico da 

economia.  

 

O Modelo Decisório Racional da Economia Clássica 

 

Simon ganhou o Nobel em economia por ajudar a “empurrar” a economia da 



convencional  teoria  da  oferta  e  demanda  para  a  complexidade  do  mundo  real  da 

psicologia e da ciência comportamental (BALESTRIN, 2002). 

Parece contraditório que, ao confrontar a teoria clássica, Simon viesse a ter a 

relevância  do  seu  trabalho  reconhecida  com  o  Nobel  de  economia.  Mas,  ao 

apresentar  a  teoria  da  racionalidade  limitada,  ele  questiona,  ao  mesmo  tempo,  o 

modelo decisório racional que até então prevalecia, sobretudo, na economia. 

A  teoria  de  Simon  serviu,  inclusive,  para  que  as  teorias  organizacionais 

fossem mais consideradas na economia, como nos revela Pereira et al. (2010) com 

o texto abaixo: 

As  percepções  de  Simon  (1979b)  quanto  à  forma  em  que  as  limitações  do 

pensamento  humano  afetam  o  funcionamento  das  organizações  geraram 

um  nexo  fundamental  entre  a  economia  e  a  teoria  organizacional.  Suas 

ideias foram de encontro à visão dos economistas neoclássicos, que tinham 

os seres humanos como tomadores de decisões totalmente racionais, e da 

empresa como pouco mais do que um veículo para um empresário voltado 

completamente à maximização dos lucros (PEREIRA et al. 2010). 

 

Passamos adiante para entender resumidamente os fundamentos do modelo 



da “racionalidade absoluta” defendido pela economia clássica. 

Por  características  de  rigor  e  coerência,  a  racionalidade  está  intimamente 

ligada à ciência, que tem na razão uma forma de organizar o mundo e a própria vida 

do indivíduo (CARNEIRO, 2004). Vê-se, por esta conclusão, que a racionalidade na 

economia está ligada ao homem enquanto um ser racional – aquele que se distingue 

do animal pela sua capacidade de pensar. 

Em seus estudos, este autor conclui ainda que “para a teoria racionalista, de 

onde  deriva  a  Economia,  a  razão  do  homem  é  determinante  e  sua  vontade  é  livre 

para optar por qualquer modo de ação que siga sua racionalidade”.  

Neste  contexto,  "comportamento  racional"  seria  o  comportamento  que 

responde a  um propósito  e é  compreensível.  Já  o "comportamento  irracional"  seria 

aquele de natureza emocional, aleatório ou não compreensível (CARNEIRO, 2004). 

Sobre  o  modelo  da  racionalidade  limitada,  este  estudioso  destaca  que  para 

Simon o homem não é um maximizador, mas um "otimizador", ou seja, não busca o 

resultado máximo, mas um resultado que seja considerado satisfatório. 

Contrário ao pensamento de Simon que atribui à subjetividade do indivíduo e 

à influência do meio organizacional e social os fundamentos da decisão tomada por 

ele,  “a  economia  clássica  baseia-se  em  uma  concepção  absoluta  de  racionalidade, 

no sentido de que pressupõe, por parte do tomador de decisões, um conhecimento 

absoluto  de  todas  as  opções  disponíveis  de  ação”  (MOTTA  E  VASCONCELOS, 

2013).  Neste  sentido,  acrescentam  esses  autores  que,  de  acordo  com  critérios 

objetivos  por  ele  determinado,  o  tomador,  com  base  nesse  conhecimento  e  no 

processamento  das  informações  disponíveis,  pode  pesar  todas  as  opções  de  ação 

possíveis e escolher a opção “ótima”. 




 

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Segundo  a  teoria  da  economia  clássica  do  modelo  decisório  racional,  o 



processo estrutura-se em três etapas que em resumo são: identificação e definição 

dos  problemas;  elaboração  de  várias  soluções  para  os problemas  e  a  comparação 

exaustiva  das  consequências  de  cada  alternativa  de  ação,  de  acordo  com  critérios 

previamente estabelecidos. 

 

Fica claro que nesse modelo, há um criterioso investimento sobre o processo 



decisório e que a racionalidade absoluta na tomada de decisão parte do princípio de 

que os gerentes contam com todas as informações possíveis e disponíveis sobre o 

tema  antes  de  escolher  pela  melhor  alternativa  possível,  o  que  lhes  garante  a 

objetividade sobre a escolha. 

 

Motta  e  Vasconcelos  (2013,  p.96,  97),  criticam  o  modelo  da  racionalidade 



absoluta porque consideram que “esse modelo ignora a ambiguidade e a incerteza 

típica dos processos decisórios nas organizações”. 

Segundo Williamson, que  foi  aluno  de Simon  na  Carnegie  Mellon University, 

apud Zylbersztajn (2002), o conceito de racionalidade limitada é indispensável para 

a moderna economia das organizações. 

A  lição  que  a  economia  há  pouco  está  começando  a  aprender  é  que  uma 

teoria  não  pode  ser  construída  no  conforto  de  uma  poltrona  sem  dispor  de 

fundamentações empíricas fortes (BALESTRIN, 2002).  

 

O Modelo da Racionalidade Limitada de Simon e o Processo Decisório  

 

A  racionalidade  limitada  de  Simon  é  tida  por  muitos  como  um  dos  temas 



centrais  a  ser  considerado  nos  estudos  do  processo  decisório.  Para  melhor 

compreendermos  essa  teoria  havemos  de  considerar  elementos  objetivos  e 

subjetivos do comportamento humano. 

 

Sobre  as  contribuições  de  Simon  para  a  economia,  Zylbersztajn  (2002),  nos 



escreve  que  “Simon  (1972b)  define  racionalidade  limitada  como  o  comportamento 

que  objetiva  ser  racional,  mas  que  apenas  consegue  sê-lo  parcialmente, 

estabelecendo  um  conflito  com  o  pressuposto  de  hiper-racionalidade  da  economia 

neoclássica”.  

A  respeito  de  hiper-racionalidade,  este  mesmo  autor  acrescenta  que  ela  “é 

classificada  como  forma  semiforte  de  racionalidade,  em  contraste  com  a 

racionalidade  forte  centrada  na  maximização  do  lucro,  que  caracteriza  a  escola 

neoclássica,  e  a  racionalidade  orgânica,  que  caracteriza  a  escola  evolucionista” 

(ZYLBERSZTAJN, 2002). 

Analisando as contribuições de Simon para as teorias das organizações e as 

criticas  deste  autor  à  teoria  econômica  clássica,  Balestrin  (2002),  registra  o 

argumento  de  Simon,  segundo  o  qual  “as  pessoas  devem  considerar  que  os 

tomadores de decisão possuem habilidades limitadas para avaliar todas as possíveis 

alternativas  de  uma  decisão,  bem  como  lidar  com  as  consequências  incertas  da 

decisão tomada”, grifo do autor. 

Para  melhor  conceituar  a  racionalidade  limitada  como  explicada  por  Simon 

(1979b,  p.  505),  Pereira  et  al  2010  destacaram,  em  seu  texto,  três  aspectos  que 

limitam a racionalidade objetiva, sendo: 

O  comportamento  real  não  alcança  racionalidade  objetiva,  pelo  menos  por 

três aspectos diferentes: 

(1)  A  racionalidade  requer  um  conhecimento  completo  e  antecipado  das 

consequências  resultantes  de  cada  opção.  Na  prática,  porém,  o 

conhecimento das conseqüências é sempre fragmentário. 



 

ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p.                2014 

 

 



289 

(2)  Considerando  que  essas  conseqüências  pertencem  ao  futuro,  a 

imaginação  deve  suprir  a  falta  de  experiência  em  atribuir-lhes  valores, 

embora estes só possam ser antecipados de maneira imperfeita. 

(3)  A  racionalidade  pressupõe  uma  opção  entre  todos  os  possíveis 

comportamentos alternativos. 

No  comportamento  real,  porém,  apenas  uma  fração  de  todas  essas 

possíveis alternativas é levada em consideração (SIMON apud PEREIRA et 

al. 2010). 

 

 



No  modelo  da  “racionalidade  limitada”  proposto  por  Simon,  o  ser  humano  é 

concebido de modo mais  modesto  e  realista:  não  é  considerado  o  ser  onisciente e 

racional do modelo econômico clássico (MOTTA e VASCONCELOS 2013). 

 

O modelo Carnegie, como é também conhecido a “racionalidade limitada” de 



Simon, parte do pressuposto de que é impossível fisicamente ao indivíduo acessar e 

processar  todas  as  informações  possíveis,  além  do  elevado  custo  que  envolveria 

esse  processo.  Esse  modelo  defende,  ainda,  que  a  impossibilidade  está  na 

capacidade  limitada  do  processo  cognitivo  do  ser  humano  e  também  na 

impossibilidade do cérebro em processar as informações. 

 

O  conceito  de  racionalidade  limitada  (Bounded  Rationality)  abriga  ainda 



outras  limitações  do  processo  cognitivo  que  “são  os  aspectos  subjetivos, 

relacionados  às  experiências  anteriores  dos  tomadores  de  decisão  e  às  suas 

crenças”, acrescentam os professores Motta e Vasconcelos (2013, p.98). A respeito 

de  outras  influências  que  atuam  sobre  o  tomador  da  decisão  estes  autores 

enumeram os interesses políticos e sociais, fatores psicológicos e emocionais, além 

de pressões afetivas e motivações várias.  

Pensando  assim,  vê-se  que  os  elementos  emocionais  podem  influenciar  o 

indivíduo ou grupo de indivíduos a decidir sobre essa ou aquela opção mesmo que 

sejam contrárias às informações das quais dispõem no momento. “António Damásio 

recorre  ao  estudo  de  indivíduos  com  lesões  cerebrais  para  demonstrar  que  na 

ausência  de  emoção  é  impossível  tomar  qualquer  decisão”  (BUCHANAN  e 

O’CONNELL, 

2006).  

 

Podemos,  com  isso,  concluir  que  os  processos  perceptivo  e  cognitivo,  além 



dos  elementos  emocionais,  são  seguramente  fatores  a  serem  considerados  para 

uma melhor compreensão no processo de tomada de decisão humana. 

Segundo  Balestrin  (2002),  a  busca  por  uma  melhor  compreensão  do  real 

comportamento  humano  no  processo  de  tomada  de  decisão  e  resolução  de 

problemas  dentro  das  organizações  foi  a  preocupação  basilar  nas  pesquisas  de 

Simon.  Já  vimos  nos  tópicos  anteriores  que  o  Nobel  de  economia,  a  partir  dessa 

preocupação,  teoriza  sobre  uma  das  suas  principais  contribuições  acadêmicas  –  a 

tese da racionalidade limitada que debatemos acima.  

Seguindo  sua  crítica  à  economia  clássica,  no  seu  texto  do  Nobel,  Simon 

observa o seguinte: “nós temos visto que a teoria clássica leva sempre as mesmas 

conclusões e que os princípios da racionalidade perfeita são contrários aos fatos que 

realmente  ocorrem  no  processo  real  de  tomada  de  decisão”  (BALESTRIN,  2002, 

p.5). 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 



 

A  tomada  de  decisão  pode,  então,  ser  entendida  como  um  processo  de 

escolhas voltado para a resolução de um problema a partir da maior quantidade de 

informações  possíveis,  reunidas  e  processadas  pelo  agente  tomador  da  decisão. 




 

ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p.                2014 

 

 



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Neste  conceito,  vale  registrar  que,  além  do  tomador  de  decisão,  são  partes  desse 

processo  ou  influenciam-no,  os  objetivos  a  serem  atingidos;  os  critérios  e 

preferências considerados na escolha; a estratégia utilizada; os aspectos ambientais 

e sociais que envolvem o agente e o resultado ou decisão tomada. 

Vimos que a decisão racional da economia clássica foi contestada por Simon 

ao  defender  que  o  indivíduo  e  a  organização  decidem,  com  base  em  informações 

limitadas,  pela  reduzida  capacidade  física  do  tomador  da  decisão  em  adquirir  e 

processar informações. Para o modelo racional, o tomador de decisão possui todas 

as informações possíveis na ação e decide racionalmente maximizando os recursos 

na solução do problema. 

Já  o  modelo  da  racionalidade  limitada  tem  como  pressuposto  a  limitação 

física  do  tomador  da  decisão  em  obter  e  processar  todas  as  informações 

necessárias  à  tomada  da  melhor  decisão  para  o  problema;  além disso,  o  indivíduo 

responsável por este processo o conduzirá sob a influência dos fatores emocionais, 

sociais,  ambientais  e  orientado  pelos  seus  objetivos,  quando  se  tratar  de  decisão 

própria, ou orientado por critérios pré-definidos quando envolver a organização. 

Vimos que, para Simon apud Carneiro (2004), o homem, no modelo defendido 

por ele, atua mais como um “otimizador” dos recursos ao seu dispor no processo de 

tomada  de  decisão.  Vários  estudiosos  têm  levantado  dados  que  comprovam  a 

contribuição  dos  sistemas  de  informação  inteligentes  no  processo  de  tomada  de 

decisão.  Acreditamos  que  certamente  temos  muito  a  avançar  em  pesquisa  neste 

sentido, ou seja, até que ponto os sistemas de informação podem contribuir para o 

processo de tomada de decisão? Poderá a tecnologia desenvolvida em hardware e 

software levar o homem a decidir por uma racionalidade absoluta? 

 

REFERÊNCIAS 

 

BALESTRIN, A.  Uma análise  da  contribuição  de  herbert  simon  para  as  teorias 



organizacionais. REAd – Edição 28 Vol. 8 No. 4, jul-ago 2002. 

 

BUCHANAN,  L.;  O’CONNELL,  A.  Uma  breve  história  da  tomada  de  decisão



Publicada na edição de janeiro 2006 pela Harvard Business Review. 

 

CARNEIRO,  V.  J.  O  HOMEM  ECONÔMICO:  Uma  Critica  ao  Pressuposto  da 



Racionalidade  na  Teoria  Neoclássica.  Monografia  de  Conclusão  de  Curso 

apresentada  ao  curso  de  Ciência  Econômicas  da  Universidade  Estadual  de 

Campinas, sob orientação do Prof. Dr. Pedro Ramos. UNICAMP. CAMPINAS 2004. 

 

CHIAVENATO,  I.  Introdução  à  teoria  geral  da  administração:  uma  visão 



abrangente da moderna administração das organizações. Revisada e atualizada. 

Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. 

 

MACEDO,  M.  A.  S.;  FONTES,  P.  V.  S.  Análise  do  comportamento  decisório  de 



analistas contábil-financeiros: um estudo com base na teoria da racionalidade 

limitada.  RCC  –  Revista  Conteporânea  de Contabilidade.  Ano  6. V.1.  n.11.  jan-jun 

2009. 


 

MORGAN, G. Imagens da Organização. São Paulo: 1996. 

 



 

ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p.                2014 

 

 



291 

MOTTA,  F.  C.  P.;  VASCONCELOS,  I.  F.  G.  Teoria  Geral  da  Administração,  3ª 

edição revista – São Paulo: Cengage Learning, 2013. 

 

MOTTA,  F  C.  P.  Teoria  geral  da  administração:  uma  introdução.  São  Paulo: 



Pioneira, 1991. 

 

PEREIRA, B. A. D.; LOBLER, M. L.; SIMONETTO, E. O. Análise dos modelos de 



tomada de decisão sob o enfoque cognitivo. In: Rev. Adm. UFSM, Santa Maria, 

v. 3, n. 2, p. 260-268, mai./ago. 2010; 

 

ZYLBERSZTAJN,  D.  Organização  ética:  um  ensaio  sobre  comportamento  e 



estrutura  das  organizações.  Rev.  Adm.  Contemp.  vol.6  no.2  Curitiba  May/Aug. 

2002. 


 

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