Mestrado em Sociologia Relações de poder no campo família empresária



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Mestrado em Sociologia                         Relações de poder no campo família empresária
 
 
Jorge Rodrigues  
Página 47 
 
desenvolver  padrões  de  comportamento  empreendedor,  no  sentido  em  que  a  sua 
sobrevivência  depende  da  sua  capacidade  de  entrar  em  novos  mercados  com  produtos 
ou serviços inovadores (Ward 1987; Zahra et al. 2004), e tendem a ter as suas estruturas 
mais centralizadas na primeira geração (Chrisman et al. 2003), por isso, o processo de 
decisão  pode  ser  desenvolvido  mais  rapidamente.  Na  empresa  familiar  a  inovação  é 
considerada uma das dimensões mais importantes da  orientação empreendedora para o 
desempenho  a  longo  prazo,  em  conjugação  com  a  autonomia  e  a  proatividade 
(Nordqvist et Melin 2010). Para Casilhas et Moreno (2010, 283), a influência da família 
vai intensificar a influência da inovação sobre o crescimento e a mudança nas gerações 
das  empresas  familiares,  pode  aumentar  o  nível  de  capacidade  de  inovação  interna  e 
externa  (Zelleweger  et  Sieger  2010).  Os  indivíduos  com  carreiras  empreendedoras 
possuem  uma  alta  necessidade  de  realização,  estão  dispostos  a  correr  riscos  e, 
consequentemente, estão sujeitos a maiores esforços (McClelland 1962).  
 
2.3.2.1.4 Autonomia 
 
A autonomia é um comportamento de ação que expressa a independência do indivíduo e 
apresenta-se  por  um  comportamento  independente  do  empreendedor  e  pela  prática  de 
forte  liderança  por  parte  deste,  refletindo,  assim,  um  comportamento  autocrático 
(Lumpkin et Dess 1996). Trata-se da vontade do empreendedor em introduzir inovações 
por  meio  da  experimentação  e  de  processos  criativos  com  intuito  do  desenvolvimento 
de  novos  produtos  ou  serviços;  é  a  liberdade  concedida  a  equipas  e  indivíduos, 
incentivando-os  a  exercer  a  sua  criatividade  e  a  levar  em  frente  uma  ideia  até  à  sua 
concretização (Lumpkin et Dess 1996). É feita uma distinção entre autonomia interna e 
externa.  A  primeira  refere-se  à  capacidade  dos  indivíduos  dentro  de  uma  organização, 
enquanto  a  segunda  se  refere  aos  agentes  externos,  fornecedores,  clientes,  bancos  e 
outras  instituições  (Nordqvist  et  al.  2010).  A  autonomia  na  empresa  familiar  tende  a 
diminuir ao longo das gerações (Lumpkin  et Martin 2003) com as empresas familiares 
mais  antigas  a  exibirem  elevados  níveis  de  autonomia  externa  (Zelleweger  et  Sieger 
2010). Para Casilhas et Moreno (2010, 284) o envolvimento da família  empresária vai 
influenciar negativamente a influência da autonomia no crescimento. 
 
 
 


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Jorge Rodrigues  
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2.3.2.1.5 Agressividade competitiva 
 
A  agressividade  competitiva  define-se  pelo  comportamento  de  disputa  com  os 
concorrentes  por  posições  e  nichos  de  mercado.  É  fundamental,  como  condição  de 
sobrevivência  no  seu  mercado  de  atuação.  Assim,  o  ímpeto  de  forçar  a  entrada  num 
mercado e desafiar a concorrência pode ser  entendido como agressividade competitiva, 
e corresponde a uma forte postura ofensiva dirigida aos concorrentes (Lumpkin et Dess 
1996). Esta agressividade competitiva é realizada através do estabelecimento de metas 
ambiciosas de quotas de mercado e tomada de medidas ousadas para as alcançar, como 
a  redução  de  preços  ou  o  sacrifício  da  rentabilidade  (Venkatraman  1989).  Há  uma 
distinção  importante  entre  as  dimensões  proatividade  e  agressividade  competitiva,  as 
quais  têm  conceitos  distintos,  que  variam  de  acordo  com  o  desempenho  de  cada 
empresa.  A  proatividade  é  a  resposta  às  oportunidades,  enquanto  a  agressividade 
competitiva é a reposta às ameaças. Esta parece ser a menos relevante das dimensões da 
orientação empreendedora na empresa familiar (Martin et Lumpkin 2003). 
 
 
2.3.2.1.6 Redes de relações  
 
As redes de relações são diferentes das redes de contatos e não se confundem com estas.  
Nas primeiras importa a profundidade das relações, as quais pressupõem reciprocidade e 
envolvimento, enquanto nas redes de contatos o que importa são os contatos que temos, 
os  quais  podem  ser ativados  ou abandonados,  conforme  a  necessidade  (Giddens  2013, 
420-421; Lima 2003, 158). Assim, as redes de relações são uma forma de capital social 
que proporcionam o acesso a recursos a quem pertença a essas redes (Portes 1998, 12) 
pelo  que  assumem  relevância  no  campo  do  empreendedorismo,  na  medida  em  que  a 
construção  dos  seus  relacionamentos  as  tornam  imprescindíveis  para  a  entrada  em 
novos mercados, para a internacionalização dos negócios e, inclusive, para a sustentação 
das organizações (McClelland 1962; Basile 2012; Covin  et Miller 2014; Miller 2011). 
Em  particular,  as  grandes  organizações  dependem  cada  vez  mais  de  redes  de 
subcontratação, como forma de evitar a exposição a incertezas de mercado e aos custos 
de  inovação,  sendo  a  empresa  familiar  geradora  de  diferentes  formas  de  inovação, 
conforme a sua trajetória (Alvarez et al. 2006). A celebração de parcerias ou acordos de 
cooperação entre  as  organizações  ou indivíduos  apresenta-se  como  uma  das  principais 
práticas  dos  empreendimentos  inovadores  para  a  formação  das  redes  de  relações.  A 


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