Tratamento boçal e distância abissal no jornalismo
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- Africano
- Naim Campos
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Caxias do Sul - RS – 15 a 17/06/2017
Segundo a autora, em uma perspectiva positivista, a entrevista pode ser apenas um
modelo para obter respostas pré-pautadas por um questionário, a exemplo do que faz o
método científico. O jornalista ouve a fonte, mas não busca a compreensão humana. No
caso desta reportagem, todos os dados são aparentemente objetivos. Porém, quanta
subjetividade há nesta aparente objetividade? Tanto na reportagem em vídeo quanto o texto publicado no site, percebemos
muitos indícios de subjetividade e preconceito, ainda que possa não ser consciente.
Passou por repórteres e editores, tanto da TV quando do veículo online , e ainda assim
traz inúmeros aspectos para refletirmos. A página do G1 inclui o vídeo da reportagem da TV, conforme a figura abaixo.
Também há um frame, sendo que a reportagem em texto trata-se praticamente de uma
transcrição, como veremos na análise.
Figura 1: Imagem da reportagem publicada no G1 Santa Catarina
Transcrição da reportagem publicada pelo G1 Santa Catarina no dia 22 de 9
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Caxias do Sul - RS – 15 a 17/06/2017
novembro de 2014 às 11h45 e atualizada em 22 de novembro de 2014 às 16h06:
é preso suspeito de tentar estuprar duas estudantes na UFSC
Casos aconteceram durante uma festa em Florianópolis. Uma das vítimas
disse que mordeu o agressor e conseguiu fugir Naim Campos Do G1 SC Um africano foi preso em flagrante suspeito de tentar estuprar duas jovens
dentro do campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em
Florianópolis, entre a noite de sexta (21) e a madrugada deste sábado (22). Segundo a polícia, o homem de 28 anos tentou estuprar duas estudantes, de
19 e 22 anos. O homem de Cabo Verde e as duas garotas estavam em uma
festa no campus do bairro Trindade. De acordo com o setor de segurança da UFSC, minutos depois da primeira
tentativa frustrada, o jovem teria atacado outra estudante no bosque da
universidade. A primeira estudante ficou ferida no rosto. Ela também foi à
delegacia e denunciou o africano. Na Central de Polícia, o suspeito negou
as acusações. "Eu não tentei estuprar nenhuma delas. Como tu ia tentar
estuprar uma pessoa com no mínimo 500 pessoas ali? Como tu ia fazer
isso?", afirmou Claudino Brandão Lopes. Mesmo negando, diante do relato das vítimas, o suspeito foi autuado em
flagrante por estupro, já que pela lei não é necessário que o ato sexual seja
consumado para caracterizar o crime. A situação do africano ficou ainda
pior, já que ele está ilegal no Brasil por causa de documentação vencida. Ele
foi encaminhado para o presídio da Capital. De acordo com o agente de
segurança da UFSC, crimes são comuns durante as festas que acontecem
durante a madrugada no campus. (G1 SC - 22/11/2014 11h45 - Atualizado
em 22/11/2014 16h06) (grifos nossos) . No site , reportagem é assinada pelo repórter da RBS TV , que fez a matéria
originalmente para um dos telejornais da emissora. Há um autor da narrativa, embora
muitos outros tenham tido acesso e talvez interferido - ou não - na sua significação. No
caso da reportagem analisada, o texto é praticamente igual ao da TV, sem informações
adicionais.
A matéria foi veiculada no telejornal Bom Dia Santa Catarina . Na chamada da
reportagem, não há nenhuma referência à origem do suspeito. Porém, já no título da
versão online há a palavra "africano". Para dar referências de realidade, é comum os
textos jornalísticos citarem a nacionalidade, sobretudo quando esta é diferente do país
do público-alvo. Neste caso, porém, a nacionalidade, Cabo Verde, ficou em segundo
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