História 8º ano



Yüklə 0,59 Mb.
səhifə3/42
tarix09.08.2018
ölçüsü0,59 Mb.
#62162
1   2   3   4   5   6   7   8   9   ...   42
. Acesso em: 7 abr. 2015.

Iotti

Explorando a imagem

a) Faça uma descrição da charge. O que mudou de uma cena para outra?

b) O personagem representado na charge é um capitalista liberal. Por que ele muda seu discurso na segunda cena?

Veja as respostas das questões nas Orientações para o professor.


Página 28

Explorando o tema

Veja nas Orientações para o professor subsídios para trabalhar essa seção com os alunos.



A historicidade dos conceitos

Ao utilizar um conceito, é muito importante levar em conta a sua historicidade. Quando dizemos que um conceito tem historicidade, isso quer dizer que ele possui um significado que depende da época e do lugar onde é utilizado.

É necessário reconhecer a historicidade dos conceitos, pois, dessa forma, eles se tornam específicos e são aplicados com coerência para se referir a uma determinada época ou contexto histórico.

O conceito de cidadania e sua historicidade

Analisar o conceito de cidadania é uma boa forma de verificar a historicidade dos conceitos.

Atualmente, entendemos a cidadania como um conjunto de direitos e deveres dos indivíduos de um país que são garantidos por lei. Esses direitos estão divididos em três grupos: direitos civis (direito à liberdade, à propriedade e à igualdade perante a lei), direitos políticos (direito à participação do cidadão no governo da sociedade, diretamente ou elegendo seus representantes), e direitos sociais (direito à educação, ao trabalho, à saúde, ao lazer e à aposentadoria).

Exercer a cidadania, tendo consciência de seus direitos e deveres, é essencial para o convívio na sociedade contemporânea. De forma geral, nas atuais sociedades democráticas, o exercício pleno da cidadania se resume à igualdade civil e política.



Figura 22

Ostrakons, fragmentos de cerâmica usados para votação em Atenas, na Grécia Antiga.

Ostrakon. 450-323 a.C. Cerâmica. Museu de Ágora, Atenas (Grécia). Foto: PSA/Glow Images

A cidadania, entretanto, nem sempre foi compreendida dessa forma. Em Atenas, na Grécia Antiga, por exemplo, cerca de 2500 anos atrás, a cidadania era exercida somente pelos homens atenienses com idade acima de 18 anos. Mulheres, estrangeiros e escravos não eram considerados cidadãos, portanto não gozavam dos mesmos direitos que os atenienses: não podiam votar, não tinham o direito de reivindicação, não participavam das decisões da comunidade.

Na época da Revolução Francesa, iniciada em 1789, os revolucionários criaram um documento chamado Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que tinha como finalidade estabelecer os direitos e os deveres dos cidadãos. Todos os homens, independentemente de sua origem étnica ou de lugar de nascimento, foram considerados cidadãos. As mulheres, no entanto, mesmo participando ativamente da revolução, não tiveram seus direitos políticos garantidos pela declaração, ficando excluídas do direito ao voto.



Figura 23

Símbolo da Revolução de 1789, a bandeira da França possui três cores: azul, que representa o Poder Legislativo, branca, que representa o Poder Executivo, e vermelha, que representa o povo.

Mark HerreidShutterstockGlow Images
Página 29

Ser cidadão no Brasil

Na história do Brasil, vários fatores limitaram o desenvolvimento da cidadania. A herança colonial de escravidão, a grande propriedade rural e a falta de investimentos na educação, entre outros fatores, dificultaram o desenvolvimento dos direitos básicos que compõem a cidadania. Até mesmo o regime republicano, instaurado no Brasil em 1889, manteve a restrição do direito ao voto às mulheres e aos analfabetos.



Figura 24

Titulo de eleitor.

Captura via escaner

Ao longo do século XX, a população brasileira conquistou vários direitos, por exemplo, direito ao salário mínimo, jornada de trabalho de oito horas diárias, férias anuais remuneradas e assistência médica, além da universalização da educação e direito de voto às mulheres. Apesar desses avanços, em alguns períodos a população brasileira perdeu direitos políticos, principalmente durante o Estado Novo (1937-1945) e a ditadura militar (1964-1985).



Como exercer sua cidadania
Ana Cristina Pessini (Ed.). São Paulo: BEĨ, 2003.
O livro aborda diversas questões relacionadas ao exercício da cidadania em nosso cotidiano.

Com a Constituição de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, e a volta do regime democrático, após vinte anos de ditadura militar, a cidadania no Brasil avançou com a restituição dos direitos civis e políticos. Para que a cidadania continue a avançar, é necessário combater as desigualdades sociais, melhorando a distribuição de renda no país, além de aumentar os investimentos em educação.



A Declaração Universal dos Direitos Humanos

Em meados do século XX, ocorreu uma grande ampliação nos debates em torno da ideia de cidadania. Após o trauma de duas guerras mundiais, em que Estados se utilizaram institucionalmente de práticas genocidas, foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), um organismo internacional que hoje engloba quase todas as nações do mundo. Em 1948, a ONU ratificou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, cujo objetivo era afirmar definitivamente o respeito inviolável à dignidade humana.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos consagrou internacionalmente os direitos básicos que compõem a cidadania (direitos civis, políticos e sociais). Desse modo, todos os Estados-membros dessa organização são legalmente responsáveis pelo respeito à cidadania de seus povos, sob pena de sofrer sanções da ONU.

Figura 25

Eleanor Roosevelt, a primeira dama dos EUA, com o texto da Declaração escrito em espanhol, 1949.

World History Archive/Alamy/Latinstock

a) O que significa afirmar que os conceitos apresentam historicidade?

b) Para você, o que é cidadania?

Veja as respostas das questões nas Orientações para o professor.


Página 30

Atividades

Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.



Exercícios de compreensão

1. A partir da definição do conceito de História, cite alguns exemplos de objetos de estudo para os historiadores. Justifique sua resposta.

2. Explique o que é tempo cronológico e tempo histórico. Qual é a diferença entre esses conceitos?

3. Qual a importância das fontes para os estudos históricos? Cite exemplos de fontes históricas.

4. “Não existem verdades absolutas na História.” Explique essa frase.

5. Explique o que é o livre consentimento e a livre concorrência.

Expandindo o conteúdo

6. O historiador nunca deve cometer o erro do anacronismo, isto é, atribuir aos sujeitos históricos do passado razões e sentimentos gerados no presente. O historiador deve respeitar a historicidade dos conceitos que ele utiliza para analisar os processos históricos.

Leia o texto.

Cada um de nós tem sua história, que começa muito antes do momento do nascimento e antes mesmo do nascimento de nossos pais. Carregamos as vivências de toda a nossa família e, por extensão, de toda a humanidade. Isso também acontece com a realidade em que vivemos: o mundo de hoje é resultado de uma longa trajetória, de ideias, avanços, retrocessos, perdas e conquistas que se sucederam ao longo de milênios. [...]

A compreensão do que é cidadania, [por exemplo], esteve (e está) absolutamente condicionada aos costumes e à estrutura política, econômica, social e religiosa vigente. Os grupos que gozavam dos direitos podiam ser, conforme a época, o dos militares, dos nobres, dos religiosos, dos comerciantes ou dos donos de terras. Inexistia [na Antiguidade] o princípio de igualdade para todos, tal como o conhecemos hoje. Mesmo entre os “não cidadãos”, os escravos, havia heterogeneidade. Um escravo da Antiguidade, por exemplo, podia ser das mais diferentes nacionalidades e tipos físicos — eram sobretudo prisioneiros das terras conquistadas — e sofrer mais ou menos diretamente com a falta de direitos. Já no século XVII, os escravos eram essencialmente negros africanos, e o tráfico negreiro era uma atividade comercial como outra qualquer — das mais rentáveis, aliás — em grande parte do continente americano colonizado por europeus.

Esses exemplos nos convidam a refletir sobre nossa condição de cidadãos hoje. Conhecer os capítulos mais antigos dessa história, como numa viagem dentro de uma máquina do tempo, nos ajuda a compreender nosso papel nela agora e, se não garante que não cometeremos erros, nos dá pistas para que possamos nos perguntar (e responder): como me relaciono no mundo em que vivo? Sou de fato cidadão no meu tempo?

Ana Cristina Pessini (Ed.). Como exercer sua cidadania. São Paulo: BEĨ Comunicação, 2003. p. 138. (Entenda e aprenda).


Página 31

a) O mundo atual tem alguma relação com os acontecimentos passados? Explique.

b) O que o texto afirma sobre o conceito de cidadania?

c) Qual é a diferença entre a escravidão na Antiguidade e a escravidão do século XVII?

d) Você se considera um cidadão de seu tempo? Por quê?

7. A charge a seguir foi produzida pelo cartunista brasileiro Angeli em 2005, época em que houve uma grande polêmica relacionada à demarcação de terras indígenas no Brasil. Nessa polêmica havia dois grupos principais defendendo posições opostas. Um grupo afirmava que os indígenas, que eram os primeiros habitantes do Brasil, tinham direitos sobre as terras onde viviam, e que precisavam de grandes reservas para conseguir manter seu modo de vida tradicional. Outro grupo argumentava que as reservas indígenas atrasariam o desenvolvimento do país, pois elas prejudicariam os grandes fazendeiros, dificultando a expansão de seus latifúndios, além de ferir os interesses econômicos dos madeireiros e das empresas mineradoras. Observe a charge.

Figura 26

© Angeli. Folha de S.Paulo. 24/02/2005

Angeli. Folha de S.Paulo, São Paulo, 24 fev. 2005. Opinião, p. A2.

a) Descreva as duas cenas. Qual é o personagem representado? Quais são as semelhanças e as diferenças entre os dois momentos representados na charge?

b) Em sua opinião, o autor defende qual posição na discussão dos direitos indígenas sobre as terras onde eles viviam? Justifique sua resposta.
Página 32

8. As pessoas e as sociedades se transformam no decorrer no tempo. Para analisar essas transformações, é necessário levar em conta o tempo histórico, que permite ao historiador fazer comparações e verificar o que mudou e o que permaneceu de uma época para outra. As imagens a seguir retratam a região central da cidade do Rio de Janeiro em dois momentos: no século XIX e no século XXI. Observe.

Figura 27

A

Aqueduto de Santa Teresa e casario da Lapa, por volta de 1859.



Victor Frond. c. 1859. Litogravura. Coleção particular

Figura 28

B

Aqueduto da Lapa, em 2008.



Renata Mello/Tyba

a) Quando foi produzida a fonte A? E a fonte B?

b) Quanto tempo se passou entre a produção da fonte A e a da fonte B?

c) Quais foram as transformações que ocorreram nesse local ao longo do tempo?

d) Quais foram as permanências?
Página 33

9. No dia 3 de outubro de 1931, o jornal Folha da Manhã publicou uma notícia relacionada à maneira de contar o tempo. Veja.

Figura 29

Jornal Folha da Manhã. 03/10/1931



a) Qual é o título dessa notícia? E o subtítulo?

b) Quando foi assinado o decreto nº 20466? Quem o assinou?

c) O que esse decreto determinou?

d) Quais os argumentos utilizados para justificar a assinatura desse decreto?

e) De acordo com o decreto, qual seria o período em que estaria em vigor a “hora do verão”? Reescreva no caderno a frase que lhe permitiu chegar a essa conclusão.

f) Atualmente, existe no Brasil alguma lei semelhante à que foi apresentada nessa fonte histórica? Qual?

Refletindo sobre o capítulo

Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre o capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor seja informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.

Agora que você finalizou o estudo deste capítulo, faça uma autoavaliação de seu aprendizado. Verifique se você compreende as afirmações a seguir.

• Por meio do estudo da História, podemos entender melhor a realidade em que vivemos.

• Todo ser humano é um sujeito histórico.

• O tempo histórico pode ter diferentes durações.

• Fonte histórica é toda a produção humana que pode fornecer informações sobre o passado, que serve à construção do conhecimento histórico.

• Os conceitos históricos sofrem modificações ao longo do tempo.

Após refletir sobre essas afirmações, converse com os colegas e o professor para certificar-se de que todos compreenderam o conteúdo trabalhado neste capítulo.
Página 34

capítulo 2 - O Antigo Regime
Página 35

Veja nas Orientações para o professor algumas dicas, sugestões e/ou informações complementares para enriquecer o trabalho com os assuntos deste capítulo.



Durante a Idade Moderna, o Absolutismo se consolidou em diversos reinos europeus. Nesses reinos, desenvolveu-se uma série de práticas políticas, econômicas e sociais que ficaram conhecidas como Antigo Regime. Entre as características desse período se destacaram a concentração do poder nas mãos do rei e a rígida divisão da sociedade em três grupos: o clero, a nobreza e o restante da população, dividida em camponeses e burgueses.

Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os colegas sobre as questões a seguir.

Figura 1

A família francesa Penthièvre foi representada na pintura de Jean-Baptiste Charpentier, em 1768.

Jean-Baptiste Charpentier. 1768.. Óleo sobre tela. 176 x 256 cm. Museu do Palácio, Versalhes (França). Foto: Art Images Archive/Glow Images

Figura 2

Camponês francês pagando impostos ao seu senhor. Gravura de Pierre-Philippe Choffard, 1761.

Pierre-Philippe Choffard. 1761. Gravura. Biblioteca Nacional da França, Paris (França)

Aproveite as imagens e questões das páginas de abertura para ativar o conhecimento prévio dos alunos e estimular seu interesse pelos assuntos que serão desenvolvidos no capítulo. Faça a mediação do diálogo entre os alunos de maneira que todos participem expressando suas opiniões e respeitando as dos colegas.

Veja as respostas das questões nas Orientações para o professor.

A Que camada social francesa você acha que foi representada na pintura da página ao lado? Como você chegou a essa conclusão?

B De que forma podemos perceber a diferença social na França a partir da imagem acima? Comente.

C O que as pessoas da imagem da página ao lado estão fazendo? E o camponês da imagem acima? Estabeleça uma relação entre as duas situações representadas.
Página 36

A formação do Antigo Regime

A crise do sistema feudal, iniciada a partir do século XI, contribuiu para a formação do Antigo Regime.



O sistema feudal

Entre os séculos V e XV, o sistema feudal foi predominante na Europa. Nesse período, a maioria da população europeia vivia na área rural e trabalhava na produção agrícola. Os servos, como eram chamados os camponeses, deviam fidelidade aos grandes proprietários de terra e, em troca, recebiam deles proteção e permissão para trabalhar na terra.

Os proprietários rurais eram chamados de senhores feudais. Eles eram nobres que recebiam dos reis um grande lote de terras — o feudo — e ficavam comprometidos a garantir a defesa do território. Conforme os senhores feudais foram aumentando suas propriedades e o número de camponeses sob sua proteção, eles ficaram mais poderosos e adquiriram certa autonomia em relação ao rei.

Figura 3

Castelo de Mariemont, pintura de Bruegel de Velours, 1612.

Bruegel de Velours. 1612. Óleo sobre painel (detalhe). Museu de Belas Artes de Dijon (França)



A crise do feudalismo

A partir do século XI, houve um aumento da produção agrícola, além de um rápido crescimento da população e do número de moradores nas cidades. A produção artesanal também cresceu com muitos artesãos trabalhando na fabricação de tecidos de lã, ferramentas, joias, sapatos e objetos de madeira. O excedente agrícola e os produtos artesanais eram comercializados entre os feudos e também com povos de outros continentes.



Excedente agrícola: quando uma comunidade produz mais alimentos do que o necessário para sua alimentação, há excedente agrícola, que pode ser comercializado.

Nessa época, os comerciantes, também chamados de burgueses, foram se tornando mais numerosos e mais influentes na economia medieval. Inicialmente, os burgueses ocupavam uma posição social intermediária. Porém, devido ao desenvolvimento das atividades urbanas no final da Idade Média, eles tiveram condições de prosperar e enriquecer, passando a ocupar uma posição destacada na sociedade. As cidades foram se tornando importantes centros comerciais e, com isso, os burgueses conquistaram maior autonomia em relação aos senhores feudais. Essas transformações sociais acabaram provocando uma profunda crise no sistema feudal.


Página 37

A burguesia e a nobreza apoiam o rei

Nesse contexto de crise do sistema feudal, parte da nobreza e alguns grandes mercadores buscaram a proteção e o apoio dos reis.

Os burgueses passaram a apoiar os reis para que eles promovessem mudanças que estimulassem as relações comerciais. O sistema feudal impunha diversos empecilhos ao desenvolvimento do comércio e não havia, por exemplo, uma moeda nem um sistema de pesos e medidas unificados.

Figura 4

Moeda de ouro italiana, século XV.

Museu Arqueológico Nacional de Nápoles (Itália) Foto: De Agostini/A. Dagli Orti/Getty Images

Os reis estimularam os negócios burgueses desfazendo parte desses empecilhos feudais. Com isso, conseguiram arrecadar mais impostos, enriquecendo seus reinos e fortalecendo seu poder.

Com os recursos vindos dos impostos, os reis passaram a manter uma administração centralizada. Os cargos das instituições administrativas do governo foram ocupados, em sua maioria, por nobres, possibilitando a eles a manutenção de diversos privilégios. Dessa maneira, assim como os burgueses, parte da nobreza tornou-se dependente do rei.

Figura 5

Burgueses realizando trocas comerciais. Iluminura, século XV.

Escola de Jean Fouquet. Séc. XV. Biblioteca Nacional da França, Paris (França)

A alta e a baixa burguesia

A burguesia não era um grupo social homogêneo. Havia a alta burguesia e a baixa burguesia. A alta burguesia era composta, principalmente, por grandes comerciantes e banqueiros. A baixa burguesia, por sua vez, era composta por pequenos comerciantes.


Página 38

A centralização política

O apoio da burguesia e de parte da nobreza fortaleceu o poder dos reis e possibilitou, gradativamente, a centralização política dos reinos, que foram se constituindo em Estados, ou seja, grandes extensões territoriais que tinham suas próprias leis e um governo forte e centralizado.

A criação de exércitos permanentes, disciplinados e fiéis ao Estado e a imposição de uma única língua e uma religião oficial também foram imprescindíveis para a conquista da soberania desses territórios. Todos esses elementos estão presentes na formação dos Estados modernos.

Outra inovação importante dessa época foi a retomada do princípio da propriedade privada, que pertencia ao Direito Civil Clássico, também conhecido como Direito Romano. Na economia, esse sistema jurídico servia aos interesses da burguesia comercial e manufatureira. No plano político, ele privilegiava a ideia de um líder governando com plenos poderes, o que atendia à crescente centralização política na figura do rei durante o processo de formação dos Estados modernos.



Figura 6

Bala de canhão, século XVIII.

Séc. XVIII. Coleção particular. Foto: Mediagram/Shutterstock/Glow Images

Figura 7

Soldados do exército francês treinando o uso de um canhão. Repare, ao fundo, as fileiras de canhões e as pilhas de munição. Vista do porto de Toulon, pintura de Claude-Joseph Vernet, 1755.

Claude-Joseph Vernet. 1755. Óleo sobre tela (detalhe). Museu Nacional da Marinha, Paris (França)

Esse contexto histórico europeu ficou conhecido, especialmente na França, como Antigo Regime e se estendeu entre os séculos XVI e XVIII.

Por causa do grande poder exercido pelos reis, as monarquias europeias desse período ficaram conhecidas como monarquias absolutas e o conjunto de práticas políticas estabelecidas pelos monarcas foi chamado de Absolutismo.
Página 39

O mercantilismo

A partir do século XVI, muitos Estados modernos adotaram determinadas práticas econômicas que mais tarde ficaram conhecidas como mercantilismo. Sua principal característica era a forte intervenção do Estado na economia.

As práticas mercantilistas foram adotadas no contexto da expansão marítima europeia. Durante esse período, houve um grande crescimento do comércio e a criação de um mercado mundial, fortalecendo a economia dos Estados europeus.

Apesar das variações de um país para outro, os objetivos comuns dos Estados centravam-se na acumulação de metais preciosos, como ouro e prata. Essa prática ficou conhecida como metalismo.



Figura 8

Balança comercial positiva

Balança comercial negativa

Exportação Importação

Gilberto Alicio

O governo também se empenhava em manter a balança comercial positiva, diminuindo as importações do país. Isso era alcançado por meio de políticas protecionistas impostas pelo Estado, que cobrava altos impostos sobre os produtos estrangeiros a fim de proteger a produção nacional.

Outra característica importante do mercantilismo era o colonialismo, ou seja, a exploração de colônias localizadas principalmente na América e na Ásia. Nessas colônias, os reinos europeus obtinham produtos valiosos, como especiarias e metais preciosos.

Desse modo, o mercantilismo complementou e fortaleceu o poder do rei, ao mesmo tempo em que beneficiou a burguesia nascente, frequentemente associada aos empreendimentos do Estado.



Figura 9

Indígenas trabalhando nas minas de prata de Potosí, cidade colonial espanhola na América. Gravura de Theodor de Bry, 1590.

Theodor de Bry. 1590. Gravura. Academia das Ciências de Lisboa (Portugal). Foto: Album/akg/North Wind Picture Archives/Latinstock

Permanências do feudalismo

Apesar da centralização do poder pelo rei, havia permanências do sistema feudal que limitavam essa prerrogativa real. Os senhores feudais mantiveram grupos armados sob seu comando e continuaram cobrando impostos dos camponeses que trabalhavam em suas terras. Além disso, a propriedade agrária continuou sendo, até o século XVIII, a principal fonte de prestígio político e poder econômico, além de permanecer nas mãos da nobreza.


Página 40

Uma sociedade dividida

A sociedade europeia do Antigo Regime era dividida em três camadas sociais.



O primeiro estado

Durante o Antigo Regime, a sociedade europeia era dividida em camadas sociais distintas. As pessoas faziam parte de uma camada social de acordo com suas condições políticas e financeiras. Na França, por exemplo, as camadas sociais eram chamadas de estamentos ou estados.

O primeiro estado era composto pelo alto e pelo baixo clero. O alto clero era formado por nobres que se tornavam religiosos e recebiam os títulos de bispos, arcebispos e abades. Já o baixo clero era constituído por padres de origem popular.

Figura 10

Os membros do alto clero exerciam funções administrativas e eram responsáveis pela educação das crianças da nobreza. Esses religiosos não pagavam impostos e legitimavam o poder absoluto do rei, que em retribuição doava-lhes grandes propriedades de terra.



Figura 11

Os membros do baixo clero viviam nas vilas e nas cidades, próximos à população pobre. Eles eram responsáveis por prestar assistência espiritual às pessoas humildes.



O segundo estado

Príncipes, duques, condes e barões formavam o segundo estado. Essa camada social, também chamada de nobreza, era a menos numerosa do Antigo Regime, porém a que mais gerava custos para o restante da população.

No Antigo Regime, os membros da nobreza tinham muitos privilégios, pois era comum que as pensões e os cargos administrativos fossem distribuídos principalmente entre eles. Além disso, assim como os clérigos, os membros do segundo estado não pagavam impostos. A nobreza, na época do Antigo Regime, era dividida em três grupos: cortesã, togada e provincial.

Togada: que usa toga, roupa utilizada por magistrados.

Figura 12

A nobreza cortesã era aquela que costumava viver na Corte juntamente com a família real. Ela recebia do rei cargos administrativos do Estado e altas pensões.



Figura 13

A nobreza togada era formada principalmente por magistrados. Essas pessoas, em sua maioria, eram descendentes de burgueses enriquecidos que haviam comprado títulos de nobreza.



Figura 14

A nobreza provincial era composta por nobres decadentes que buscavam, por meio de casamentos arranjados, manter sua posição social.

Ilustrações: Art Capri
Página 41

O terceiro estado

O terceiro estado era a camada mais numerosa e diversificada da sociedade do Antigo Regime. Todos aqueles que não eram membros do clero ou da nobreza faziam parte desse grupo.

Dessa forma, essa camada era composta, por exemplo, por burgueses, artesãos, camponeses e pessoas livres pobres. Os membros do terceiro estado eram os que pagavam a maioria dos impostos e taxas, como os cobrados pela Coroa e pela Igreja.

Figura 15

Os burgueses eram principalmente os comerciantes. Além de desenvolver atividades mercantis, muitos deles se tornavam banqueiros.



Figura 16

Os artesãos produziam utensílios domésticos, roupas, sapatos, rodas para carroças e outros objetos.



Figura 17

Os camponeses eram os responsáveis pelos trabalhos nas áreas rurais, produziam diversos tipos de alimentos e parte da matéria-prima utilizada pelos artesãos.



Figura 18

Os pobres livres, muitas vezes, eram desempregados. Essas pessoas perambulavam pelas ruas oferecendo diferentes serviços à população. Além disso, havia muitos mendigos.

Ilustrações: Art Capri
Página 42

O Absolutismo ibérico

A centralização do poder na Espanha e em Portugal impulsionou a expansão marítima desses Estados e a conquista de territórios.



A formação do Estado moderno espanhol

No final do século XV, o casamento de Isabel I, do Reino de Castela, com Fernando II, do Reino de Aragão, permitiu a unificação política de boa parte do território espanhol. Fernando e Isabel procuraram transformar as regiões de fronteira em domínios da Coroa e, assim, manter um controle maior sobre o território.

Eles estabeleceram a sede de seu governo na região de Castela e deram início a um movimento de expansão territorial. Uma das principais realizações desses reis foi promover, em 1492, a expulsão dos últimos muçulmanos que ainda permaneciam em Granada, região Sul da península Ibérica. Por esse motivo, Fernando e Isabel ficaram conhecidos como “reis católicos”.

Figura 19

A península Ibérica no final do século XV

0° 40° N


Mar Mediterrâneo

OCEANO

ATLÂNTICO

0 160 km


N

O L

S

CASTELA

GRANADA

ARAGÃO

NAVARRA FRANÇA

PORTUGAL

Lisboa


Barcelona

E. Cavalcante

Fonte: HILGEMANN, Werner; KINDER, Hermann. Atlas Historique. Paris: Perrin, 1992.

O Absolutismo espanhol

No século XVI, a Coroa espanhola deu grande incentivo financeiro à expansão marítima e investiu na colonização de territórios distantes. A Espanha tornou-se um poderoso império, com colônias na América, na Ásia e na África. Nessa época, o regime absolutista espanhol se fortaleceu, apesar das várias guerras travadas entre espanhóis e outras nações europeias, como Inglaterra, Países Baixos e Suécia.

No século seguinte, o Absolutismo espanhol continuou fortalecido, principalmente devido à intensa exploração de metais preciosos na América, que favoreceu o governo espanhol e a política econômica do metalismo.

A sociedade espanhola do Antigo Regime, assim como nos outros Estados absolutistas, era dividida em três camadas. A primeira camada era composta pelo clero, a segunda, pela nobreza, e a terceira camada era formada por burgueses, camponeses, artesãos e pessoas pobres. Este último grupo era o mais numeroso da Espanha.



A chegada dos europeus à América

Os “reis católicos” espanhóis incentivavam a expansão marítima e financiaram a expedição do navegador Cristóvão Colombo. Em 1492, Colombo chegou a um continente, até então desconhecido pelos europeus, que receberia o nome de América.


Página 43

O Absolutismo em Portugal

O Absolutismo português começou a ganhar força no século XV, quando D. João II assumiu o trono português e reforçou a centralização do poder em suas mãos. Esse rei incentivou a expansão marítima de Portugal, contratando navegadores experientes e negociando com investidores para que eles financiassem a construção de navios.

Durante o governo de D. João II foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que dividia o recém-descoberto continente americano entre Espanha e Portugal.

Em 1495 subiu ao trono português o rei D. Manuel I, que melhorou a organização do Estado, o que possibilitou maior concentração de poderes na figura do monarca.

D. Manuel I, conhecido como “o Venturoso”, continuou incentivando as navegações e, durante seu reinado, os portugueses chegaram ao Brasil, à Índia, à China e ao Japão, tornando-se importantes comerciantes de especiarias na Europa. Foi também nesse período que a Coroa portuguesa iniciou a colonização do Brasil.

A União Ibérica

No final do século XVI, o reino português enfrentou uma crise sucessória que provocou a união das Coroas portuguesa e espanhola.

Esse período, em que os dois reinos foram governados pelo rei da Espanha, foi chamado de União Ibérica e durou até 1640. No entanto, mesmo sob o governo da Espanha, Portugal continuou sendo um reino absolutista, pois o rei espanhol também centralizava o poder nos moldes do Antigo Regime.

Figura 20

D. Manuel I. Pintura de autor anônimo, século XVI.

Séc. XVI. Coleção particular. Foto: G. Dagli OrtiDe Agostini/Glow Images

Enquanto isso... no Brasil

Na mesma época em que os portugueses começaram a vender na Europa as mercadorias que eles compravam na China e no Japão, a Coroa portuguesa instalou no Brasil o Governo-geral, com sede em Salvador. Nessa ocasião, o português Tomé de Souza foi nomeado para ser o primeiro governador-geral da Colônia.

Ao instalar o Governo-geral, a Coroa portuguesa tinha como objetivo centralizar e organizar a administração da Colônia, exercendo um maior controle sobre as atividades ali desenvolvidas.

Figura 21

Gravura do século XVI representando a baía de Todos-os-Santos e a cidade de Salvador.

Séc. XVI. Gravura. Coleção particular. Foto: IBL Collections/ip Archive/Glow Images
Página 44

O Absolutismo inglês

O Absolutismo inglês vigorou do século XV ao XVII.



Um Absolutismo diferente

O início do Absolutismo inglês é datado do final do século XV, quando Henrique Tudor assumiu o trono inglês e procurou centralizar o poder em suas mãos, além de investir na melhoria da frota naval de seu país.

Na inglaterra, o Absolutismo apresentou elementos que o diferenciaram dos demais Estados absolutistas da Europa. Desde o século XIII, o poder dos reis ingleses foi limitado pela Carta Magna, documento que instituiu um Parlamento que governava juntamente com o rei. No período absolutista, no entanto, o Parlamento inglês foi fechado diversas vezes e, assim, vários reis conseguiram exercer o poder absoluto.

Elisabeth
Direção de Shekhar Kapur, 1998. (124 min).
Filme que aborda o governo de Elisabeth I, rainha absolutista da Inglaterra.

Figura 22

Henrique Tudor no Parlamento. Ilustração em pergaminho de The Wriothesley Garter Book, século XVI.

Autor desconhecido. Séc. XVI. Papel velino. Royal Collection Trust, Londres (Inglaterra). Foto: Her Majesty Queen Elizabeth II, 2015/Bridgeman Images/Easypix

A Carta Magna

De acordo com a Carta Magna, assinada em 1215 pelo rei João Sem Terra, o monarca era obrigado a governar com o Parlamento, que era uma assembleia formada por representantes da nobreza. Assim, sempre que o rei queria aprovar novas leis ou aumentar os impostos, precisava da aprovação dos parlamentares.



Figura 23

Reprodução da edição da Carta Magna, de 1225.

Henry III. 1225. Papel velino. Coleção particular. Foto: Art Images Archive/Glow Images
Página 45

O Absolutismo francês

Foi na França que o Absolutismo alcançou sua expressão máxima.



O Absolutismo francês no século XVIII

Na época do Antigo Regime francês, o poder estava fortemente centralizado nas mãos do rei. Era ele quem controlava a economia e o desenvolvimento comercial do Estado. Ele também era responsável pela defesa do território e pela elaboração das leis.

Na França, o Antigo Regime atingiu seu auge durante o reinado de Luís XIV, entre os anos de 1661 e 1715. Esse monarca, conhecido como “Rei Sol”, foi o que melhor incorporou o ideal do poder absoluto. Foi atribuída a ele a famosa frase “o Estado sou eu”.

No século XVIII, os comerciantes franceses se sentiam prejudicados com o controle do rei sobre a economia e o comércio. Nesse período, começaram a surgir as primeiras indústrias na França e, assim como os comerciantes, os industriais também estavam insatisfeitos com as práticas mercantilistas do Estado, pois elas dificultavam o desenvolvimento industrial. Apesar disso, os comerciantes e industriais franceses enriqueciam cada vez mais e reivindicavam maior participação nas decisões políticas.

A nobreza, por sua vez, vivia à custa dos impostos pagos pelos membros do terceiro estado, recebendo pensões e outros favores. Esses nobres recusavam-se a colaborar com qualquer reforma administrativa ou fiscal que limitasse seus privilégios, e, por isso, eles impediam a aprovação de leis que estendessem o pagamento de impostos a todos os habitantes do reino.

Castelo e parque de Versailles
Esse site apresenta várias imagens do Palácio de Versalhes, que passou a ser o centro da Corte francesa no século XVII, tornando-se um símbolo do Absolutismo francês. Veja em:


Yüklə 0,59 Mb.

Dostları ilə paylaş:
1   2   3   4   5   6   7   8   9   ...   42




Verilənlər bazası müəlliflik hüququ ilə müdafiə olunur ©genderi.org 2024
rəhbərliyinə müraciət

    Ana səhifə