História 8º ano



Yüklə 0,59 Mb.
səhifə6/42
tarix09.08.2018
ölçüsü0,59 Mb.
#62162
1   2   3   4   5   6   7   8   9   ...   42

Página 74

Atividades

Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.



Exercícios de compreensão

1. O que foi o Iluminismo?

2. Como as ideias científicas do século XVII influenciaram os pensadores do Iluminismo?

3. Explique a importância da Enciclopédia para o movimento iluminista.

4. Quais eram as críticas que alguns filósofos iluministas faziam à Igreja?

5. Em que acreditavam os deístas?

6. Quais aspectos do Absolutismo os pensadores iluministas mais criticavam?

7. O que Montesquieu pensava a respeito do despotismo? O que esse pensador considerava necessário para se instituir um bom governo?

8. Quais eram as principais ideias sobre o governo de um Estado segundo o filósofo John Locke?

9. O que foi o despotismo esclarecido?

10. Quem foi o marquês de Pombal? Como as medidas tomadas por ele afetaram o Brasil?

11. Qual era a opinião de Adam Smith sobre a organização econômica de um Estado?

Expandindo o conteúdo

12. Entre os séculos XVI e XVIII, desenvolveu-se, em alguns Estados europeus, um importante comércio de livros. Esse comércio tinha o objetivo de popularizar a leitura das obras produzidas naquela época e foi liderado por editores e impressores de textos. Um dos mais importantes acervos de livros populares foi a Biblioteca Azul. Leia o texto a seguir.

[...] Os registros existentes sobre [...] livros, saídos da região de Troyes, na [França], apontam para a importância de um movimento, [na época do Iluminismo,] que tinha o objetivo de levar textos impressos às camadas mais populares da sociedade. Esse processo não foi simples, mas teve a Biblioteca Azul como um dos principais impulsos.

[Os editores da Biblioteca Azul acreditavam que os] livros deveriam chegar a todas as camadas da sociedade, ampliando o público de leitores, em um período em que somente às elites cabiam os livros. Mas, como dar às massas condições de conhecerem e interpretarem textos? Um processo de adaptação foi operado no texto de obras apropriadas pela Biblioteca Azul, reescritos em uma [linguagem] diferente daquela de seus destinatários originais. Com isso, diversas vezes era grande a distância entre a primeira publicação do material e sua entrada na Biblioteca Azul.
Página 75

Brochuras normalmente encapadas em papel (nem sempre azul) e com um custo de produção de menos de um centavo por exemplar (o preço de revenda era maior, mas ainda acessível), os livros azuis se tornaram progressivamente, entre 1660 e 1780, um elemento particular da cultura camponesa. Textos de ficção cômica, conhecimentos úteis e exercícios de devoção agradaram de forma imediata às camadas popular e rural. A Biblioteca Azul constituiu-se de um acervo que buscava o leitor — ia até ele e isso foi um ponto importante para seu sucesso: as distâncias entre livro e leitor foram encurtadas pelos mascates. Não era mais preciso ir às cidades para ler. A leitura chegou ao campo. [...] A difusão desses livros era feita por diferentes revendedores, sedentários ou itinerantes, que pudessem atingir a todas as clientelas possíveis. [...]

Adriana Maria Loureiro. A nova ordem do livro – II parte: textos ao alcance de todos. Extraído do site: . Acesso em: 5 maio 2015.

a) O que os editores da Biblioteca Azul faziam para possibilitar à população a leitura e o entendimento dos textos?

b) Quais eram os tipos de textos publicados pela Biblioteca Azul?

c) Como era feita a distribuição dos livros?

d) Você considera importante o hábito da leitura? Por quê?

13. Apesar do aumento na impressão e distribuição de livros e da difusão das ideias iluministas, grande parte da população europeia do século XVIII continuava analfabeta. Observe a imagem ao lado, que representa um escrivão público, profissional que escrevia cartas para as pessoas analfabetas.

Figura 26

O escrevente público, autor desconhecido, gravura do século XVIII.

Autor desconhecido. Séc. XVIII. Gravura. Biblioteca Nacional da França, Paris (França)



a) O que o homem representado está fazendo? Por quê?

b) O que a mulher representada está fazendo? Por quê?

c) O que essa gravura revela sobre a sociedade europeia no século XVIII?

d) Quais dificuldades uma pessoa que não sabe ler e escrever enfrenta na sociedade atual?

e) Qual o índice de analfabetismo no Brasil? Se necessário, pesquise.
Página 76

14. O texto a seguir traz a definição de despotismo esclarecido. Leia-o.

Despotismo esclarecido: expressão empregada para designar governos que, no século XVIII, procuraram conciliar o regime absolutista com ideias e providências governamentais “iluminadas”, isto é, nascidas da luz e da razão.

Influenciados pelos pensadores e filósofos ligados ao movimento chamado Iluminismo, alguns governantes levaram a efeito em seus países uma série de reformas no plano social, político, econômico e religioso. [...]

A doutrina do despotismo esclarecido não foi aplicada da mesma maneira nos reinos e principados que a adotaram. No conjunto, porém, ela caracteriza-se pelas mesmas tendências; a notar, prioritariamente, que esses governantes foram sempre muito ciosos da sua autoridade. Suas reformas, politicamente, refletiram nítida feição centralizadora, jamais abrindo mão das próprias iniciativas. No plano social, os déspotas esclarecidos proclamaram-se adversários dos privilégios, convindo assinalar que vários deles lutaram contra a nobreza ou o clero, ao mesmo tempo em que procuravam adotar medidas mais liberais. Entretanto, não raro, o rigor com que puseram em prática essas medidas acabou por ampliar sua própria autoridade. Ao realizar reformas, esses soberanos tinham como objetivo primordial menos beneficiar os seus súditos do que reforçar o poder do Estado e, com isso, o seu próprio poder. [...]

O despotismo esclarecido foi também exercido por ministros; o marquês de Pombal, em Portugal, é um exemplo. Não obstante, os protótipos de déspotas esclarecidos foram José I, da Áustria, Frederico II, da Prússia, e a czarina russa Catarina. O despotismo esclarecido foi obra de soberanos e dignitários e somente floresceu enquanto eles viveram. Representou uma experiência política importante, no sentido de renovar a Monarquia absoluta. De curta duração, foi desenvolvido em países reconhecidamente atrasados com relação aos principais Estados europeus.

Antonio Carlos do Amaral Azevedo. Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p. 140.



Figura 27

Déspotas esclarecidos, como Catarina da Rússia, procuravam adotar algumas ideias iluministas. Ao lado, a czarina conversa com Diderot. Gravura de autor desconhecido, século XIX.

Séc. XIX. Gravura. Coleção particular. Foto: Leemage/Corbis/Latinstock

Czarina: título dado à soberana russa.

a) O que foi o despotismo esclarecido? Em que século ele vigorou?

b) Quais foram as medidas tomadas pelos déspotas esclarecidos no plano social?

c) De acordo com o texto, qual era o “objetivo primordial” dos déspotas esclarecidos?
Página 77

15. O texto a seguir foi publicado na Enciclopédia, organizada por Diderot e D’Alembert. Leia-o.

Se um comércio dessa natureza pode ser justificado por um princípio moral, então não há crime, por mais atroz que seja, que não possa ser legitimado [...] Nem os homens nem sua liberdade podem ser objetos de comércio; não podem ser vendidos nem comprados [...] Não há, portanto, nenhuma dessas infelizes pessoas consideradas unicamente como escravos que não tenha o direito de ser declarada livre.

Marvin Perry. Civilização Ocidental: uma história concisa. 3. ed. Trad. Waltensir Dutra; Silvana Vieira. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 307.

a) A que comércio o texto se refere?

b) Qual é a opinião dos autores sobre esse comércio?

No Brasil

16. Os princípios defendidos pelos filósofos do Iluminismo tiveram grande repercussão no Brasil. Muitos princípios da atual Constituição brasileira, promulgada em 1988, por exemplo, estão baseados em pressupostos iluministas. Leia abaixo alguns trechos da nossa Constituição. Depois, reescreva esses trechos em seu caderno, relacionando cada um deles a um dos pensadores iluministas indicados no quadro abaixo. Complemente sua resposta acrescentando outras ideias propostas por esses pensadores.

a) Art. 1º [...] Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos [...].

b) Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

c) Art. 5º — IX: é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.

Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. 35. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 3; 6. (Saraiva de Legislação).

Montesquieu

Voltaire

Rousseau


Refletindo sobre o capítulo

Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre o capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor seja informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.

Agora que você finalizou o estudo deste capítulo, faça uma autoavaliação de seu aprendizado. Verifique se você compreende as afirmações a seguir.

• Os filósofos do Iluminismo procuravam entender a natureza e a sociedade por meio da razão.

• Os princípios iluministas influenciaram diferentes movimentos sociais, entre eles a Revolução Francesa.

• No Brasil, os princípios iluministas influenciaram na Conjuração mineira e na Conjuração Baiana.

• Muitos filósofos iluministas fizeram duras críticas à Igreja.

• Os sistemas políticos e econômicos do século XVIII também foram influenciados pelas ideias iluministas.

Após refletir sobre essas afirmações, converse com os colegas e o professor para certificar-se de que todos compreenderam o conteúdo trabalhado neste capítulo.
Página 78

capítulo 4 - A Revolução Americana
Página 79

Veja nas Orientações para o professor algumas dicas, sugestões e/ou informações complementares para enriquecer o trabalho com os assuntos deste capítulo.



As Treze Colônias inglesas na América conquistaram sua independência em meados do século XVIII. Esse processo, conhecido como Revolução Americana, foi marcado por diversos conflitos entre ingleses e colonos americanos. Ao final dos conflitos, a Revolução Americana deu origem ao primeiro Estado republicano e democrático das Américas.

Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os colegas sobre as questões a seguir.

Aproveite as imagens e questões das páginas de abertura para ativar o conhecimento prévio dos alunos e estimular seu interesse pelos assuntos que serão desenvolvidos no capítulo. Faça a mediação do diálogo entre os alunos de maneira que todos participem expressando suas opiniões e respeitando as dos colegas.

Veja as respostas das questões nas Orientações para o professor.

Figura 1

Monte Rushmore, Dakota do Sul, Estados Unidos, 2015. Nesse monumento, inaugurado em 1946, estão esculpidos os rostos de quatro presidentes estadunidenses, da esquerda para a direita: George Washington (primeiro presidente dos EUA), Thomas Jefferson (autor da Declaração de Independência dos EUA), Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln.

Nagel Photography/Shutterstock/Glow Images

Figura 2

Facsímile da Declaração de Independência dos Estados Unidos, 1776.

Arquivos Nacionais e Administração de Registros, Washington (EUA). Foto: Susan Law Cain/Shutterstock/Glow Images

A Converse com os colegas sobre o que você já sabe sobre o processo de independência dos Estados Unidos.

B A Declaração de Independência, de 1776, é um documento considerado de grande importância para a história dos Estados Unidos. Você sabe por quê? Comente.
Página 80

Os ingleses na América

A partir do século XVII, os ingleses iniciaram a colonização de territórios na América do Norte.



Os primeiros colonos na América do Norte

Os ingleses fizeram as primeiras tentativas de colonizar territórios na América ainda no início do século XVI. Essas primeiras tentativas, no entanto, fracassaram.



Figura 3

Domínios ingleses na América

OCEANO


ATLÂNTICO

Grandes


Lagos

0 230 km


71° O 39° N

N

O L

S

Geórgia


Virgínia

Carolina do Norte

Carolina do Sul

Pensilvânia

Massachusetts (Maine)

Nova


Iorque

New Hampshire

Massachusetts

Rhode


Island

Connecticut

Nova Jersey

Delaware


Maryland

Colônias do Norte

Colônias do Centro

Colônias do Sul

E. Cavalcante

Fonte: BLACK, Jeremy (Ed.). World History Atlas. Londres: Dorling Kindersley, 2005.

Somente a partir do século XVII a atividade colonizadora ganhou força, principalmente por meio da atuação das companhias de comércio, que organizaram a migração de colonos para a América. Esses imigrantes eram de origem variada, incluindo desde famílias burguesas perseguidas por sua religião até camponeses miseráveis que haviam sido expulsos de suas terras. Além dos ingleses, migraram para a América irlandeses, escoceses, franceses e alemães.

Em uma grande faixa no litoral leste da América do Norte, foram fundadas treze colônias, que são comumente divididas em colônias do Norte, do Centro e do Sul.



Figura 4

Colonos ingleses na América do Norte, no início do século XVII. Peregrinos indo à igreja, pintura de George Henry Boughton, 1867.

George Henry Boughton. 1867. Óleo sobre tela. Coleção particular. Foto: Akg-Images/Latinstock
Página 81

As Treze Colônias

As colônias do Norte foram povoadas, em grande parte, por puritanos perseguidos na Inglaterra, como os tripulantes do navio Mayflower, que fundaram a colônia de Massachusetts em 1620. A sociedade que se formou nessas áreas era dominada por líderes puritanos e sua economia era baseada na pequena propriedade familiar, onde se praticava a agricultura e a pecuária para o sustento dos colonos e o comércio do excedente.



Puritanos: calvinistas ingleses que migraram para a América para fugir das perseguições religiosas que aconteciam na Inglaterra.

As atividades que ofereciam maiores lucros eram a pesca e a caça. Os peixes eram salgados e exportados e as peles de animais eram beneficiadas e vendidas entre os colonos ou enviadas para a Europa. Nessa região também foram desenvolvidas a extração de madeira, a construção naval, a produção de utensílios agrícolas e a fabricação de tecidos.

A exploração das colônias do Sul, por sua vez, teve início com a fundação de Jamestown, na Virgínia. Nessas áreas, o clima mais quente e a qualidade do solo eram propícios à produção de artigos tropicais, como o tabaco, a cana-de-açúcar e o algodão. A economia dessas colônias consistia na produção monocultora em grande escala, voltada para o mercado externo.

Figura 5

Réplica do Mayflower em Plymouth, Massachusetts. Fotografia de 2013.

Marcio Jose Bastos Silva/Shutterstock/Glow Images

A Revolução Americana

Observe, na linha do tempo a seguir, os principais fatos ocorridos durante a Revolução Americana.



Figura 6

1750 1760 1770 1780 1790



1756

Início da Guerra dos Sete Anos, entre Inglaterra e França.



1764

Lei do Açúcar e Lei da Moeda.



1773

Festa do Chá de Boston.



1774

Leis Intoleráveis e Primeiro Congresso Continental.



1776

Declaração de Independência das Treze Colônias.



1781

Após seis anos de conflitos, o exército inglês é derrotado.



1783

Inglaterra reconhece a independência dos EUA.



1787

É promulgada a Constituição dos Estados Unidos da América.



1765

Lei do Selo (abolida em 1766).



1770

Massacre de Boston.



1775

Início das guerras pela Independência das Treze Colônias inglesas.



1778

A França reconhece a independência dos EUA.


Página 82

O comércio triangular

No século XVIII, ocorreram importantes trocas comerciais nas rotas marítimas que ligavam a Inglaterra, as colônias da América do Norte e a África.



Trocas comerciais

Conhecido como comércio triangular, as atividades comerciais estabelecidas entre a Inglaterra, as colônias da América do Norte e a África formavam uma rede de trocas interdependentes. A África fornecia mão de obra escrava para o trabalho nas colônias. A matéria-prima produzida nas colônias americanas, principalmente pela mão de obra escrava, era enviada para a Inglaterra, que, por sua vez, a transformava em produtos manufaturados. Esses produtos eram enviados para colônias americanas, para serem vendidos, e também para a África, para serem trocados por escravos. Observe o mapa a seguir.



Figura 7

O comércio triangular (século XVIII)

OCEANO ATLÂNTICO

0 1 020 km

Golfo do México

Equador

N

O L

S

Peles, tabaco, corantes, açúcar e algodão



Rum, tecidos, armas e joias

Ferro, tecidos e armas

JAMAICA

INGLATERRA



FRANÇA

ESPANHA


PORTUGAL

Liverpool

Richmond

Charleston

Mobile

Nova Iorque



Bristol

Gorée


Escravos

Escravos


Cacheu

Cabo da Costa do Marfim

LIBÉRIA

Rota de comércio de escravos



Rota de matérias-primas das colônias inglesas

Rota de produtos manufaturados da Inglaterra

E. Cavalcante

Fonte: BLACK, Jeremy (Ed.). World History Atlas. Londres: Dorling Kindersley, 2005.



Enquanto isso... no Brasil

Na segunda metade do século XVIII, a comercialização dos produtos brasileiros na Europa era controlada pelas companhias de comércio, que organizavam frotas para o transporte marítimo de mercadorias.

Nessa época, vários cultivos foram desenvolvidos, como os de tabaco, algodão e cacau; mas o principal produto brasileiro continuou sendo o açúcar. Também tinham grande importância o ouro e os diamantes.

Havia comerciantes do Rio de Janeiro e de Pernambuco que negociavam produtos diretamente com portos da costa africana. Era proibido pela Coroa portuguesa que a Colônia comerciasse direto com outras regiões, mas isso ocorria de maneira ilegal.


Página 83

História em construção

Colônias de exploração e de povoamento

Veja nas Orientações para o professor subsídios para trabalhar essa seção com os alunos.

Os Estados Unidos estão entre os países mais desenvolvidos do mundo. Já os países da América Latina ainda se encontram entre os mais pobres. Quais seriam as explicações para diferenças tão grandes no desenvolvimento?

Na década de 1940, o historiador brasileiro Caio Prado Júnior procurou explicar o desenvolvimento desigual entre os países americanos com base em dois tipos de colônias implantadas na América: as colônias de exploração e as colônias de povoamento.

De acordo com esse historiador, nas colônias de exploração teria ocorrido uma intensa exploração das riquezas com grande utilização de mão de obra escrava. Os colonos portugueses ou espanhóis que se estabeleceram nessas colônias desejavam enriquecer rapidamente e retornar à Europa. Esses seriam alguns dos fatores que explicariam o baixo desenvolvimento socioeconômico do Brasil e de outros países da América Latina.

Por outro lado, nas colônias de povoamento os colonizadores pretendiam morar definitivamente na América, por isso passaram a desenvolver atividades com o objetivo de atender às suas próprias necessidades, cultivando alimentos para seu próprio consumo, instalando manufaturas e construindo escolas para seus filhos. Esses seriam alguns dos motivos que, de acordo com Caio Prado Júnior, explicariam o maior desenvolvimento de regiões como os Estados Unidos e o Canadá.



Figura 8

Casas de colonos ingleses na América do Norte. Xilogravura colorida à mão, autor desconhecido, século XIX.

Séc. XIX. Xilogravura. Coleção particular. Foto: Album/Akg/North Wind Picture Archives/Latinstock

No entanto, para explicar essas diferenças, cada vez mais os historiadores têm questionado a simples oposição entre colônias de exploração e de povoamento. Para o historiador Ciro Flamarion Cardoso, por exemplo, para analisar melhor o processo de colonização é preciso entender as especificidades de cada uma das colônias e seus respectivos colonizadores.

Um dos fatores fundamentais dessa análise é a questão da organização do sistema colonial. A colonização realizada por portugueses e espanhóis teria sido muito mais centralizada e organizada do que a colonização empreendida pelos ingleses. Assim, por se desenvolverem sem a rígida administração da metrópole, os moradores das Treze Colônias tiveram melhores condições de se organizar a partir de seus próprios interesses, o que teria favorecido seu desenvolvimento econômico e social.

Pode-se concluir, contudo, que apenas o estudo das formas de colonização não é suficiente para explicar o desenvolvimento desigual entre os países da América.

Veja as respostas das questões nas Orientações para o professor.

a) Como Caio Prado Júnior explicou as diferenças entre os Estados Unidos e a América Latina?

b) Por que atualmente a classificação criada por Caio Prado Júnior é considerada insuficiente para explicar o desenvolvimento desigual dos países da América?
Página 84

O processo de independência das Treze Colônias

O descontentamento dos colonos diante da intervenção do governo britânico deflagrou o processo de independência das Treze Colônias.



A Guerra dos Sete Anos

A Guerra dos Sete Anos envolveu vários Estados europeus e também as suas áreas coloniais na América e na Ásia. Nesse conflito, a Inglaterra aliou-se à Prússia para enfrentar as forças francesas, austríacas, suecas e russas. A disputa por áreas coloniais na América e na Ásia, travada entre Inglaterra e França, fez com que o conflito entre os colonos franceses do Canadá e os colonos ingleses das Treze Colônias começasse antes mesmo dos conflitos na Europa.



Prússia: reino localizado na região centro-norte da Europa que, no século XIX, foi incorporado ao Império Alemão.

Figura 9

Cartaz de recrutamento de soldados franceses para lutar na Guerra dos Sete Anos, 1757.

1757. Poster. Museu do Exército, Paris (França). Foto: White Images/PSA/Glow Images

Na América, os conflitos ocorreram tanto nas colônias do Norte quanto nas do Sul. Os ingleses foram vitoriosos e, por meio do Tratado de Paris (1763), receberam o Canadá francês e a Flórida espanhola. As colônias inglesas se viam agora livres da ameaça de um ataque francês ou espanhol em suas fronteiras, uma situação positiva para a sua expansão.



Figura 10

Os colonos da América do Norte também foram incentivados a se unir para lutar contra os colonos franceses durante a Guerra dos Sete Anos. Junte-se ou morra, desenho feito por Benjamin Franklin por volta de 1754, publicado no jornal Gazeta da Pensilvânia.

Benjamin Franklin. c. 1754. Coleção particular. Foto: Everett Historical/Shutterstock/Glow Images

Estados Unidos: a formação da nação
Leandro Karnal. São Paulo: Contexto, 2007.
Esse livro apresenta a trajetória histórica dos Estados Unidos da América e propõe uma reflexão sobre o processo de formação desse país.
Página 85

As consequências do conflito

Com o fim do conflito, a Inglaterra, mesmo sendo a grande vitoriosa, encontrava-se em difícil situação financeira, com seu tesouro esgotado devido às despesas de guerra.

Para aumentar as receitas e pagar as dívidas, o Parlamento britânico aumentou a intervenção econômica nas colônias. Na tentativa de reforçar sua política mercantilista, a Inglaterra impôs uma série de leis (Acts), que causaram grande descontentamento entre os colonos. Veja.

• A Lei do Açúcar (Sugar Act), de 1764, consistia na regulamentação do comércio do melaço e do açúcar nas colônias. Essa lei determinava que os colonos deveriam comprar esses produtos apenas nas Antilhas inglesas, a fim de evitar o contrabando. Além disso, fixava tarifas sobre outros produtos importados pelos colonos.

• A Lei da Moeda (Money Act), também de 1764, proibia a emissão de papéis de crédito usados como moeda nas colônias, restringindo sua autonomia financeira.

• A Lei do Selo (Stamp Act), de 1765, determinava que fossem selados e, portanto, taxados, todos os documentos oficiais, declarações, jornais e demais publicações feitas nas colônias.



Os Filhos da Liberdade

Para fazer frente às pressões inglesas, os colonos se organizaram em associações secretas, como a dos Filhos da Liberdade. Suas principais funções eram articular a comunicação entre os colonos, divulgar as ideias iluministas e criticar as arbitrariedades da Metrópole. As mulheres também participaram do movimento, planejando e fiscalizando os boicotes aos produtos ingleses.



O Massacre de Boston

Com a imposição das leis inglesas nas colônias, vários protestos ocorreram em diferentes cidades, entre elas Boston, em Massachusetts.

Em meio a um desses protestos, um incidente que ficou conhecido como Massacre de Boston acabou servindo de propaganda revolucionária contra a Inglaterra. O incidente ocorreu em março de 1770, quando uma multidão de colonos que protestava contra as novas leis foi alvejada por soldados britânicos, resultando em cinco mortos e vários feridos.

O tiroteio ocorreu praticamente no mesmo momento em que Frederick North, o novo primeiro-ministro britânico, sob pressão dos colonos, revogava a maioria das leis, com exceção da que incidia sobre o comércio de chá.



Figura 11

Tropas britânicas atirando contra a multidão, em Boston. Panfleto publicado por Paul Revere, 1770.

Paul Revere. 1770. Gravura. Coleção particular. Foto: Everett Historical/Shutterstock/Glow Images
Página 86

A Festa do Chá de Boston

O comércio do chá levou a crise em Boston ao extremo. Em 1773, o governo britânico aprovou uma lei que beneficiava a Companhia das Índias Orientais, uma empresa de Londres, isentando-a do pagamento de impostos sobre o chá exportado e garantindo a essa companhia o monopólio sobre o comércio desse produto na América.

Isso abria um precedente para que a Coroa inglesa estabelecesse monopólios em outras atividades comerciais. Em protesto, os colonos de Boston, organizados pela Assembleia de Massachusetts, disfarçaram-se de indígenas e invadiram os primeiros navios carregados de chá que chegaram ao porto, lançando sua carga na água.

Figura 12

Os Filhos da Liberdade estiveram envolvidos nas ações que culminaram na Festa do Chá de Boston, representada nessa imagem. Litogravura colorida de autor desconhecido, 1789.

Autor desconhecido. 1789. Litogravura colorida. Coleção particular

As Leis Intoleráveis e o Primeiro Congresso Continental

Como represália às manifestações dos colonos, o Parlamento britânico tomou algumas medidas que nas colônias ficaram conhecidas como Leis Intoleráveis: interdição do porto de Boston até que os colonos indenizassem os prejuízos causados pela Festa do Chá; intervenção em Massachusetts, que foi convertida em colônia real; e a restrição do direito de reunião entre os colonos.



Indenizar: cobrir um prejuízo, compensar uma perda.

Os colonos, por sua vez, reuniram-se ilegalmente em uma assembleia, formando o Primeiro Congresso Continental, organizado na Filadélfia, na Pensilvânia, em março de 1774, contando com representantes de todas as colônias, com exceção da Geórgia.

Sua primeira medida foi a criação de uma Associação Continental, juntamente com o plano de não importar nem consumir produtos ingleses, além de proibir qualquer exportação de produtos americanos para a Inglaterra. O resultado foi uma drástica redução das importações de produtos britânicos, demonstrando a eficácia da associação como instrumento de pressão econômica e política. Assim, crescia o abismo entre as colônias e a Inglaterra.
Página 87

A independência

As Treze Colônias inglesas foram as primeiras colônias americanas a se declararem independentes de sua metrópole.



O Segundo Congresso Continental

Em 1775, os líderes das Treze Colônias se reuniram novamente na Filadélfia para decidirem a respeito de seu posicionamento político perante a Inglaterra. Até aquele momento, as opiniões favoráveis à separação política da metrópole não eram unânimes.

Nessa reunião, no entanto, foi decidido que os colonos declarariam sua independência e, se fosse necessário, declarariam guerra aos ingleses. George Washington, um grande proprietário de terras e de escravos, foi nomeado comandante das tropas americanas e, por fim, foi escolhida uma comissão responsável por elaborar a Declaração de Independência das Treze Colônias, que ficou pronta em quatro de julho de 1776.

A Declaração de Independência

A Declaração de Independência das Treze Colônias determinava que as colônias passariam a ser estados livres e independentes da Inglaterra, e que cada uma delas teria autonomia para aprovar suas próprias leis.

Além disso, esse documento determinou que, se o governo não respeitasse os direitos do cidadão, poderia ser deposto e substituído. A declaração, no entanto, não considerava cidadãos os escravos, as mulheres e os estrangeiros.

Figura 13

Sino que ficava na Câmara Estadual da Pensilvânia. Em 1776, o sino foi tocado para convocar a população para a leitura da Declaração de Independência. Atualmente, é conhecido como Sino da Liberdade, um dos principais símbolos da Revolução Americana.

Salão da Independência, Filadélfia (EUA). Foto: Edwin Verin/Shutterstock/Glow Images

O Patriota
Direção de Roland Emmerich, 2000. (165 min).
Filme ambientado no contexto das lutas de independência das Treze Colônias americanas, que narra a história do personagem Benjamin Martin e de sua família.
Página 88

O apoio francês

Interessado em enfraquecer o poder da Inglaterra, o governo francês decidiu auxiliar os colonos em seu processo de independência.

Nessa época, no entanto, a França atravessava uma grave crise econômica. A crise foi intensificada devido aos gastos decorrentes do apoio financeiro e militar dado às colônias americanas. Além dessa crise, as ideias republicanas, difundidas pelos colonos americanos e divulgadas na Europa pelos soldados franceses que lutaram na América, acabaram por influenciar um dos mais importantes acontecimentos da história da França: a Revolução Francesa de 1789.

Figura 14

O Tratado de Amizade e Comércio, de 1778, demonstra o apoio do rei francês aos Estados Unidos.

1778. Coleção particular. Foto: Roger-Viollet/TopFoto/Keystone

A conquista da independência

Com a Declaração de Independência, os conflitos entre estadunidenses e ingleses intensificaram-se. Sob o comando de George Washington, os estadunidenses enfrentaram o exército inglês e, com apoio militar e econômico da França, conseguiram importantes vitórias. Esses conflitos duraram cerca de seis anos, até que, em 1781, o exército inglês foi derrotado e expulso da América.



Figura 15

Moradores de Nova Iorque derrubam a estátua do rei Jorge III, da Inglaterra. Gravura de Andre Basset, século XVIII.

Andre Basset. Séc. XVIII. Gravura. Biblioteca do Congresso, Washington (EUA)

Explorando a imagem

• O que a estátua do rei Jorge III representa para a população estadunidense?

Por que as pessoas da imagem estão derrubando o monumento? Explique.

Veja a resposta da questão nas Orientações para o professor.


Página 89

A Constituição dos Estados Unidos da América

No ano de 1787, os líderes da independência convocaram uma reunião entre os representantes dos treze estados americanos. Essa reunião, que ficou conhecida como Convenção da Filadélfia, tinha o objetivo de elaborar o texto constitucional para a nova nação. Após quatro meses de discussões, foi aprovada a Constituição dos Estados Unidos da América.



Figura 16

Alegoria da Constituição dos Estados Unidos. Xilogravura de artista desconhecido, 1787.

1787. Xilogravura. Coleção particular. Foto: Album/Akg-Images/Latinstock

De acordo com a Constituição, os poderes do país seriam divididos em Executivo, Legislativo e Judiciário.

• O Poder Executivo ficaria a cargo do presidente, eleito por um período de quatro anos e responsável por organizar e regular o comércio, manter um exército permanente e administrar as terras públicas.

• O Poder Judiciário seria desempenhado pela Suprema Corte, que ficaria responsável pela interpretação e aplicação das leis.

• O Poder Legislativo, encarregado de elaborar as leis, seria exercido pelos membros da Câmara dos Representantes e do Senado, que representavam a população de cada um dos estados. Esses parlamentares eram eleitos por meio do voto popular, no entanto, nem todos os estadunidenses tinham o direito de votar. Para ser eleitor, era necessário ter uma determinada renda anual. Além disso, as mulheres, os estrangeiros e os escravos não podiam participar das eleições.

Figura 17

Fac-símile da Constituição dos Estados Unidos da América, de 1787. A expressão “ We the people ” significa “Nós, o povo”. O uso dessa frase no início da Constituição estadunidense pretende reafirmar que era o povo quem estava ditando os artigos e as normas ali estabelecidas.

Arquivos Nacionais e Administração de Registros, Washington (EUA). Foto: B Christopher/Alamy/Latinstock

A importância da Constituição

A Constituição estadunidense foi muito importante, pois estabeleceu as bases para a formação da primeira república da história da América.

Por essa razão, a Constituição dos Estados Unidos da América influenciou não somente alguns Estados europeus, mas também as demais colônias americanas, que se inspiraram nela para instituir os pilares de suas próprias leis.
Página 90

O Estatuto dos Direitos

Em 1791, alguns governadores dos estados americanos apontaram a necessidade de incluir novos artigos na Constituição. Essas emendas foram chamadas de Estatuto dos Direitos (Bill of Rights) e foram consideradas fundamentais para a formação do país. Entre as emendas propostas, estavam a garantia da liberdade de culto, de expressão, de imprensa e de reunião, além da legalização do porte de armas pela população civil.

Artigo I. O Congresso não legislará no sentido de estabelecer uma religião, nem proibindo o livre exercício de uma; nem cerceando a liberdade de palavra, ou de imprensa, ou o direito do povo a reunir-se pacificamente, e de dirigir ao Governo petições para a reparação dos seus agravos. Artigo II. Sendo necessária a existência de uma milícia bem organizada à segurança de um Estado livre, o direito do povo de possuir e portar armas não poderá ser impedido.

[...]


Estatuto dos Direitos. Extraído do site: . Acesso em: 28 out. 2014.

Figura 18

Reprodução de uma página do Estatuto dos Direitos com anotações dos governadores estadunidenses, 1791.

Arquivos Nacionais e Administração de Registros, Washington (EUA). Foto: Bettmann/Corbis/Latinstock

O sujeito na história

Thomas Paine

Thomas Paine (1737-1809) teve importante participação na independência dos Estados Unidos. Nasceu na Inglaterra, onde trabalhou como cobrador de impostos e dono de mercearia.



Figura 19

Thomas Paine. Pintura de John Wesley Jarvis, 1807.

John Wesley Jarvis. 1807. Óleo sobre tela. Thomas Paine Memorial House, New Rochelle (EUA). Foto: Granger/Glow Images

Em 1774, mudou-se para a Pensilvânia, colônia inglesa na América do Norte. Na colônia, como jornalista, publicou vários artigos defendendo o fim da escravidão e a libertação imediata do domínio inglês. Seus textos foram amplamente lidos e influenciaram diretamente a opinião de muitos colonos.

Durante as guerras de independência, alistou-se como secretário militar. Para motivar moralmente os soldados, escrevia frases como: “quanto mais difícil o conflito, mais glorioso é o triunfo”. Também incentivou a união das colônias depois da guerra, sendo um dos primeiros a divulgar a expressão “Estados Unidos da América” para se referir à nova nação.

Por causa de suas convicções políticas, em 1792 ele voltou à Europa para participar como parlamentar na Revolução Francesa.


Página 91

As contradições pós-independência

Com a promulgação da primeira Constituição dos Estados Unidos, foram garantidos vários direitos aos cidadãos estadunidenses, entre eles, o direito à vida e à liberdade individual. Entretanto, esses direitos não se estenderam a toda a população.

Uma das principais contradições da Constituição estadunidense foi a manutenção da escravidão. Por mais de um século após sua promulgação, o regime de trabalho escravo vigorou no país. Nesse período, o número de escravos aumentou vertiginosamente, fazendo com que a população escrava nos Estados Unidos fosse a maior da América. A primeira nação a garantir legalmente a liberdade individual foi, portanto, a mesma que manteve cativa grande parte de sua população.

Outro grupo populacional numeroso que não foi beneficiado pela Constituição dos Estados Unidos foi o dos indígenas. Eles foram os primeiros habitantes da região, mas tiveram suas terras tomadas e foram massacrados pelos colonizadores.

Leia o texto.

Para os índios, a independência foi negativa pois, a partir dela, aumentou-se a pressão expansionista dos brancos sobre os territórios ocupados pelas tribos indígenas.

Para os negros escravos, foi um ato que em si nada representou. Temos notícia de um grande número de fugas durante o período da Guerra de Independência. Thomas Jefferson declarou que, em 1778, a Virgínia perdeu 30 mil escravos pela fuga. [...]

Leandro Karnal. Estados Unidos: a formação da nação. São Paulo: Contexto, 2007. p. 94. (Repensando a história).



Figura 20

Africano escravizado fugindo pelo rio Ohio, na Virgínia, após a independência. Xilogravura colorida à mão, século XIX.

Séc. XIX. Xilogravura. Coleção particular. Foto: Album/Akg/North Wind Picture Archives/Latinstock

A Lei do Povoamento e a Marcha para o Oeste

Além de não terem garantido o direito à cidadania, os indígenas continuaram a ser explorados após a independência. Em 1862, o governo estadunidense criou a Lei do Povoamento, na qual vendia as terras indígenas para pessoas dispostas a colonizálas.

As terras vendidas ficavam na região oeste do país, por isso esse evento ficou conhecido como Marcha para o Oeste.

Figura 21

Cartaz do início do século XX anunciando a venda de terras indígenas no oeste dos Estados Unidos.

Departamento do Interior dos Estados Unidos. 1911. WGBH Fundação Boston, Boston (EUA)
Página 92

Os africanos na América do Norte

Os africanos escravizados na América do Norte exerceram grande influência cultural.



Escravidão

Muitos africanos foram levados para a América do Norte para trabalharem como escravos. O primeiro navio negreiro, partindo da África, chegou em 1619 na região da Virgínia.

Todas as colônias da América do Norte receberam escravos, mas a região sul foi a que recebeu o maior número. Isso acontecia porque nessa região se desenvolveram diversas plantações, como de tabaco e algodão, e elas precisavam de um grande número de mão de obra.

Estimase que entre 1619 e 1860 foram levados cerca de 400 mil negros para os Estados Unidos.



Figura 22

Africano escravizado trabalhando na colheita de algodão na América do Norte. Detalhe de ilustração, cerca de 1863.

c. 1863. Cartão ilustrado. Coleção particular. Foto: Everett Historical/Shutterstock/Glow Images

Intercâmbio cultural

Os africanos não tinham permissão para cultivar livremente as tradições culturais de seus lugares de origem, como a dança, a religião, os rituais, a culinária e a música. Por isso, ao longo do tempo, incorporaram costumes e tradições das colônias inglesas na América do Norte.

Um exemplo do intercâmbio cultural é a religiosidade. Os africanos, muitos deles seguidores do islamismo ou praticantes de religiões animistas, incorporaram práticas do cristianismo, religião dos colonizadores europeus. Na música também ocorreu o intercâmbio cultural. Ritmos e instrumentos indígenas, europeus e africanos se misturaram e deram origem a novos estilos musicais.

Portanto, na América do Norte houve uma importante troca de tradições culturais e, até os dias de hoje, a matriz africana da sociedade estadunidense é bastante forte.



Figura 23

Família de africanos escravizados cantando e dançando em Nova Iorque, 1700. Xilogravura colorida à mão, autor desconhecido, século XIX. A música era um elemento muito presente na cultura africana e influenciou profundamente a música estadunidense.

Séc. XIX. Xilogravura. Coleção particular. Foto: Album/Akg/North Wind Picture Archives/Latinstock
Página 93

A matriz cultural africana na América do Norte

A matriz cultural africana pode ser facilmente percebida na América do Norte nos dias de hoje, por exemplo, na alimentação, no vestuário, na dança e na música.

A influência cultural africana na América do Norte favorece o trabalho com o tema pluralidade cultural. Veja sugestões para trabalhar com esse tema nas Orientações para o professor.

Figura 24

Marcia Milgrom Dodge. 2009. Teatro Neil Simon, Nova Iorque (EUA). Foto: Walter McBride/Retna Ltd./Corbis/Latinstock

Com o fim da escravidão, muitos ex-escravizados que se apresentavam em espetáculos populares passaram a incorporar ao piano ritmos musicais de origem africana, dando origem ao ragtime. Hoje, esse estilo musical é considerado um dos precursores do jazz. Cantores se apresentam durante o show Ragtime, Nova Iorque, Estados Unidos, 2009.

Figura 25

Win Mcnamee/DPA/ZUMA Press/Glow Images

O ritmo musical conhecido como blues, desenvolvido nas primeiras décadas do século XX, tem origem nas tradições afrodescendentes. O canto dos escravizados em ambientes coletivos de trabalho, como forma de protesto e resistência cultural, estimulou o desenvolvimento da musicalidade expressiva, melancólica e dramática, que deu origem ao blues. Apresentação de B. B. King, considerado um ícone do blues estadunidense. Fotografia tirada em Washington, Estados Unidos, 2012.

Figura 26

Kevin Winter/Getty Images

Criado por alunos afrodescendentes de algumas universidades estadunidenses, o stepping é um ritmo musical que busca preservar as raízes africanas que são um importante componente da identidade desses estudantes. O ritmo da dança é marcado por coreografias e sonoridades extraídas do próprio corpo, com a utilização das mãos, pés, braços e também da voz. O uso desses elementos corporais é uma clara influência das danças africanas no stepping. Steppers se apresentam em Los Angeles, Califórnia, 2006.

Figura 27

Art Images Archive/Glow Images

O jazz é um estilo musical que passou por muitas transformações ao longo do século XX. Com origem na região sul dos Estados Unidos, em Nova Orleans, a partir de uma combinação de diversos estilos, o jazz também possui matriz africana. Uma das características do jazz é o improviso e a espontaneidade. Banda de jazz de Nova Orleans, Estados Unidos, 2011.
Página 94

Explorando o tema

Veja nas Orientações para o professor subsídios para trabalhar essa seção com os alunos.



Indígenas na América do Norte

Quando os ingleses chegaram à América do Norte, milhões de indígenas já a habitavam. A população indígena da América do Norte era composta por diferentes povos, como os omahas, os pawnees, os iowas e os sioux. Cada um desses povos tinha seu próprio modo de vida, sua forma de organização social e seus costumes.

Os sioux, um dos povos indígenas mais numerosos, dedicavamse principalmente à caça como meio de subsistência. A carne do bisão era muito importante em sua alimentação. Desse animal, os sioux também extraíam a pele, que era usada na confecção de tendas, roupas e calçados.

Figura 28

bigjom jom/Shutterstock/Glow Images



O massacre de indígenas

Figura 29

Indígenas sioux em gravura de George Catlin, século XIX.

George Catlin. Séc. XIX. Gravura. Biblioteca Nacional, Paris (França). Foto: Mary Evans Picture Library/Easypix

Em poucas décadas de colonização, o número de indígenas caiu drasticamente, pois muitos deles foram mortos durante as guerras de conquista ou por causa da disseminação de doenças trazidas pelos europeus.

Leia a seguir o relato de um indígena, escrito originalmente em inglês, sobre a conduta dos colonizadores.

Buscaram por todos os lados bons terrenos, e quando encontravam um, imediatamente e sem cerimônias se apossavam dele; nós estávamos atônitos, mas, ainda assim, nós permitimos que continuassem, achando que não valia a pena guerrear por um pouco de terra. Mas quando chegaram a nossos territórios favoritos — aqueles que estavam próximos das zonas de pesca — então aconteceram as guerras sangrentas. Estaríamos contentes em compartilhar as terras uns com os outros, mas esses homens brancos nos invadiram tão rapidamente que perderíamos tudo se não os enfrentássemos... Por fim, apossaram-se de todo o país que o Grande Espírito nos havia dado...

Leandro Karnal. Estados Unidos: a formação da nação. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2007. p. 58. (Repensando a história).
Página 95

Indígenas sioux e a luta por direitos

Desde a chegada dos europeus, o povo sioux e seus descendentes vêm lutando para manter suas terras e seus direitos nos Estados Unidos. Em 1851, foi estabelecido um acordo entre o governo e os sioux para delimitar as terras que seriam ocupadas por eles.

Foram criadas então reservas sioux nos estados de Dakota do Norte, Dakota do Sul, Nebrasca e Montana.

Como os conflitos por terras não acabaram e pelo fato de minérios terem sido descobertos na região, outros acordos foram criados, diminuindo cada vez mais as terras dos sioux. Atualmente, eles detêm apenas alguns territórios áridos e inóspitos, no estado de Dakota do Sul.

Os sioux se dividem em três grupos principais: dakotas, nakotas e lakotas. De acordo com dados do ano 2000, os sioux formam uma população de aproximadamente 153 mil pessoas.

Figura 30

Christopher ElwellShutterstockGlow Images



Figura 31

Filtro dos sonhos, amuleto de origem lakota.

AgainstarShutterstockGlow Images

a) De acordo com o relato indígena apresentado na página 94, qual foi a atitude dos colonizadores em relação à terra dos indígenas?

b) Por que é importante garantir a posse de terras às populações indígenas?

Veja as respostas das questões nas Orientações para o professor.



Figura 32

Indígenas sioux com trajes típicos, em Dakota do Sul, EUA, 2012.

Fotomontagem de Camila Ferreira formada pelas imagens Doug Jamesr/Shutterstock/Glow Images, Digital Media Pror/Shutterstock/Glow Images e Jose Gilr/Shutterstock/Glow Images
Página 96

Atividades

Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.



Exercícios de compreensão

1. Quais eram as principais características das colônias inglesas do Norte? E das colônias do Sul?

2. Explique como funcionava o comércio triangular.

3. O que foi o Massacre de Boston? Por que ele aconteceu?

4. Explique o que foi a Festa do Chá de Boston.

5. O que eram as Leis Intoleráveis? Como os colonos reagiram a essas leis?

6. Escreva um pequeno texto sobre a Declaração de Independência das Treze Colônias.

7. Sobre a Constituição dos Estados Unidos da América, responda às questões abaixo.

a) Quando ela foi aprovada?

b) Como ela estabeleceu a divisão dos poderes do Estado?

c) O que foi o Estatuto dos Direitos?

d) Por que essa Constituição é considerada importante?

8. Qual foi o papel desempenhado por Thomas Paine no processo de independência dos Estados Unidos?

Expandindo o conteúdo

9. Leia o texto a seguir sobre a Constituição estadunidense.

De muitas formas o texto constitucional é inovador. Começa invocando o povo e falando dos direitos, inspirados em [John] Locke. A Nação americana procurava assentar sua base jurídica na ideia de representatividade popular, ainda que o conceito de povo fosse, nesse momento, extremamente limitado.

Já no início da Constituição encontramos a expressão: “Nós, o povo dos Estados Unidos...”. Quem eram “nós”? Certamente não todos os habitantes das colônias. A maior parte dos “americanos” estava excluída da participação política. O processo de independência fora liderado por comerciantes, latifundiários e intelectuais urbanos. Com a Constituição, cada estado, por exemplo, tinha a liberdade de organizar suas próprias eleições. [...]

Por seu caráter bastante amplo, a carta magna dos Estados Unidos assegurou a sua durabilidade. [...] A Constituição norte-americana estabelece princípios gerais e suficientemente vagos para garantirem sua estabilidade e permanência. À Suprema Corte dos Estados Unidos iria caber, no futuro, o papel de interpretar a Constituição e decidir sobre a constitucionalidade ou não das leis estaduais e das decisões presidenciais.

Leandro Karnal. Estados Unidos: a formação da nação. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2007. p. 91-2. (Repensando a história).

a) Por que o texto da Constituição dos Estados Unidos é inovador?

b) Quais grupos sociais foram excluídos da “igualdade de direitos” estabelecida nos Estados Unidos?
Página 97

10. Observe a imagem a seguir, que representa uma plantação de algodão.

Figura 33

E

B



D

C

A



F

Plantação de algodão no Mississippi, pintura de William Aiken Walker, 1883.

William Aiken Walker. 1883. Óleo sobre tela. Coleção particular. Foto: Art Images Archive/Glow Images



a) Identifique no quadro abaixo as descrições dos elementos destacados na imagem. Em seguida, reescreva essas descrições no caderno, associando cada uma delas à letra correspondente na imagem. Veja o exemplo: A - plantação de algodão.

plantação de algodão

meio de transporte utilizado para carregar o algodão colhido

fábrica têxtil escravos colhendo o algodão

criança acompanhando a mãe na colheita

proprietário da terra



b) Agora, produza um texto com base na imagem apresentada. Nele, descreva quais pessoas foram representadas; o que essas pessoas estão fazendo; que roupas estão vestindo; a paisagem; as construções etc. Procure incluir no texto alguns aspectos do cotidiano das pessoas representadas. Depois de pronto, troque seu texto com o de um colega e verifiquem quais são as semelhanças e as diferenças entre eles.

Passado e presente

11. Leia o texto a seguir, publicado logo após Barack Obama ter sido eleito presidente dos Estados Unidos.

Barack Obama foi eleito nesta terça-feira [4/11/2008] o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. O fato está sendo considerado histórico, por conta do passado de racismo do país. [...] A segregação racial nos EUA começou a ser legalizada por iniciativa de alguns estados, pouco após a abolição da escravidão, que ocorreu em 1865, com o fim da Guerra Civil Americana.


Página 98

[...] “A partir dos anos 1880 e 1890, começaram a surgir leis que separavam brancos e negros em tudo”, explicou Diane Morrow [professora da Universidade da Georgia]. No Sul dos EUA, onde a escravidão era defendida, essa separação foi mais forte e os direitos civis dos negros, cada vez mais suprimidos. Cada raça passou a ter bairros, escolas, cinemas e transporte próprios. [...]

Na mesma época da abolição, nasceu a Ku Klux Klan, organização que defendia a restauração da supremacia branca no país. Em contrapartida, começam a surgir também os movimentos de direitos civis, que durante o século XX tiveram um papel importante no combate à discriminação racial.

O ônibus de Montgomery

[...] Iniciativas individuais de alguns cidadãos também foram decisivas para a igualdade racial. É o caso de Rosa Parks, uma costureira de Montgomery, Alabama, que ganhou projeção em 1955.

Naquele ano, ainda valia a separação de brancos e negros nos assentos dos ônibus do Alabama. Aos brancos estavam reservados os assentos da frente e, aos negros, os de trás. Se os assentos estivessem preenchidos e um branco entrasse no ônibus, o negro da fileira mais dianteira deveria levantar e ceder-lhe o lugar.

É o que deveria ter feito Rosa Parks, que voltava do trabalho num ônibus lotado. Mas ela se recusou a ceder o seu lugar a um branco. “Vou ter que mandar prendê-la”, respondeu o motorista do ônibus. “Então faça isso”, disse a costureira.



Figura 34

Rosa Parks é presa após o episódio do ônibus de Montgomery, Alabama, 1955.

Universal History Archive/Getty Images

Na noite em que Parks foi presa, os movimentos de direito civil começaram a articular um boicote ao sistema de ônibus de Montgomery. O episódio teve tanta repercussão que, no ano seguinte, a corte do Alabama declarou inconstitucional a segregação racial nos meios de transporte.



Martin Luther King

O boicote de Montgomery foi organizado na igreja de um pastor batista chamado Martin Luther King, que chegou a ser preso durante o episódio. Ele admirava a ideia da resistência pacifista de Gandhi e os pensamentos de Henry David Thoreau, que defendia o direito a desobedecer leis injustas e más.

Luther King aplicou o método da desobediência civil para pedir leis igualitárias nos EUA, e por isso ganhou o Nobel da Paz em 1964. Até 1968, quando foi assassinado, ele discursou mais de 250 vezes pela igualdade, incluindo aí seu famoso discurso, feito em Washington, em 1963: “Tenho um sonho que meus quatro filhos viverão, um dia, em um país onde não sejam julgados pela cor de sua pele, e sim por seu caráter”. [...]
Página 99

Legislação

Só em 1964 [...] o presidente Lyndon B. Johnson aprovou a lei de direitos civis que vale até hoje nos EUA. A lei proibia a discriminação em lugares públicos e autorizava o governo dos EUA a processar qualquer estado que promovesse a segregação racial. No ano seguinte, o National Voting Rights Act passou a proibir os estados de impor qualquer restrição racial aos eleitores.

Desde então, aos poucos, os negros foram ascendendo na política e na sociedade norte-americana. É o caso de Kwame Kilpatrick, [ex-] prefeito de Detroit [...]. Na ocasião de um aniversário da morte de Rosa Parks (o ícone de Montgomery), Kilpatrick disse: “ao sentar-se [no ônibus], ela promoveu um levante. Só estou onde estou por causa dela”. Talvez Barack Obama também.

Paula Adamo Idoeta. Saiba por que a eleição de Barack Obama como presidente dos EUA é histórica. Extraído do site:


Yüklə 0,59 Mb.

Dostları ilə paylaş:
1   2   3   4   5   6   7   8   9   ...   42




Verilənlər bazası müəlliflik hüququ ilə müdafiə olunur ©genderi.org 2024
rəhbərliyinə müraciət

    Ana səhifə