J
OSEPH
O
LIVER
L
ODGE
1851
-
1940
O nome de Sir Oliver Lodge constitui um dos mais
altos ornamentos das ciências modernas. Cientista inglês
nascido em Penkhull, Staffordshire em 12 de junho de
1851 e desencarnado em Amesbury em 22 de agosto de
1940. Professor de física do Colégio Universitário de Li-
verpool no período de 1881-1900; diretor da Universidade
de Birmingham em 1900 e professor em Oxford em 1903.
Trouxe importantes contribuições às teorias da eletricidade
de contato e eletrólise, da descarga oscilatória nas garrafas
de Leyde, da produção de ondas eletromagnéticas no ar e
introduziu melhoramentos do telégrafo sem fio.
Realizou experiência sobre diminuição de neblina por
meio de dispersão elétrica. Autor de vários tratados científicos e obras entre as quais desta-
camos: "Manual de Mecânica Elementar", em 1877; "Pioneiros da Ciência",em 1893; "Vida
e Matéria
", 1905; "Elétrons ou a natureza e propriedades da eletricidade negativa", 1907;
Ciência e Mortalidade
", 1908; "O éter no Espaço", 1909;"Além da Física ou a idealização
do mecanismo
", 1930.
A importância que o mundo deu à sua penetração pelo campo do espiritualismo e às ex-
periências rigorosamente controladas com que estudou o caso post-mortem do seu filho
Raymond, morto em uma trincheira de Flandres logo nos primeiros meses da primeira grande
guerra, geraram fortes controvérsias. O desvio da rota da ciência acadêmica o tornou alvo de
vigorosas agressões por partes de seus "colegas" de profissão. Mas ele tinha plena consciên-
cia dos riscos que enfrentava. Marchou para o circo à maneira dos mártires cristãos. Mas foi
sobretudo um mártir da ciência. Acusaram-no de ingênuo por aceitar afirmações do seu filho,
dando conta da existência de bebidas, cigarros, árvores e casas na vida espiritual. Era apenas
um pai desolado, que se entregava à dor natural da perda, diziam. No entanto, todos os que
investigam os problemas do após a morte, sabem que nos planos inferiores do mundo espiri-
tual a semelhança com o plano terreno é notória.
Oliver foi um exemplo vivo de coragem, ao dar testemunho de sua fé. Mas aquela fé
consciente, racional e até mesmo exigente, ensinada por Kardec. Não a fé cega, proveniente
da submissão medrosa e incondicional a princípios dogmáticos, mas fé que serve ao mesmo
tempo de fundamento à religião e à ciência. Esse tipo superior de fé exclui a crendice. Não é
uma graça que vem do alto, mas conquista do homem através da evolução. Por isso mesmo
não é apenas divina, mas tem duas faces: é humana e divina ao mesmo tempo. Os homens
cultos, em geral, e particularmente os homens de ciência, fogem da fé religiosa, mas não po-
dem escapar às garras lógicas da fé científica. Sir Oliver Lodge nos oferece um exemplo de-
cisivo da conjugação desses dois aspectos da Fé, que assim, com inicial maiúscula, é uma só,
como um rosto se compõe de duas faces. O personagem em pauta não foi somente um cien-
tista de talento e pai amoroso, foi sobretudo um homem de visão plena e apurado senso críti-
co, ao desviar sua atenção para pesquisas espirituais, desempenhando o difícil papel de van-
guardeiro de um tempo em que Ciência e Religião caminharão juntas pela mesma estrada da
vida.