O conceito de entimema na retórica de Aristóteles

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O conceito de entimema na retórica de Aristóteles

Aroldo Mira Pereira*

* aluno de Filosofia da Universidade Federal da Bahia

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Aristóteles compreende a retórica como a arte da persuasão, do convencimento do 

público   sobre   a   verdade   dos   argumentos   defendidos.   E   uma   vez   que   é   tarefa   da 

retórica persuadir, é necessário considerar não apenas o discurso como confiável, mas 

também a capacidade do orador de preparar os ouvintes. Suscitar paixões, emoções, 

sentimentos dos mais diversos nestes ouvintes é um artifício usado pelo orador em 

sua   tarefa   persuasiva.   Além   deste pathos,   o   processo   de   persuasão   também   deve 

considerar  o que  Aristóteles  chama  de ethos,  o caráter  do  orador,  que  precisa  ser 

adaptado   às   emoções   dos   ouvintes,   a   fim   de   alcançar   o   convencimento   destes. 

Analisa-se, então, o caráter em relação à idade (o jovem, o idoso e os que estão no 

auge da vida) e à fortuna (os nobres, os ricos e os poderosos). Um terceiro elemento 

inserido por Aristóteles em sua abordagem da racionalidade retórica foi o logos. Aqui 

se  encontra  o  que  Aristóteles  chamou  de  “corpo  da  persuasão”:   o entimema. Num 

embate discursivo, é o entimema funcionando como silogismo retórico, diferente do 

silogismo lógico, que permite inferir de premissas verdadeiras conclusões falsas ou de 

premissas falsas conclusões verdadeiras.   O convencimento do  público se  dará  não 

mais   pela   evidência   lógica   de   uma   prova,   mas   pela   capacidade   argumentativa   do 

orador.   O logos passa   a   ser   considerado   elemento   central   da   arte   persuasiva.   O 

retorno   à   clássica   obra   aristotélica   permite   perceber   tanto   o   desenvolvimento   da 

racionalidade   lógica,   geradora   da   ciência   moderna,   quanto   a   sinalização   da 

possibilidade de um outro aspecto para a linguagem, que dá ao discurso seu status 

persuasivo.   Na   contemporaneidade,   uma   racionalidade   discursiva   parece   encontrar 

lugar privilegiado em esferas diversas da vida cotidiana como política, ética e religião. 

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O objetivo desse trabalho, portanto, é investigar, na Retórica de Aristóteles, o conceito 

de entimema, compreendendo seu lugar no processo persuasivo.