Microsoft Word B. A. Gomes port



Yüklə 21,33 Kb.
Pdf görüntüsü
tarix14.12.2017
ölçüsü21,33 Kb.
#15566


Bernardino António Gomes 1768 – 1823 

 

Bernardo J. Herold 



Ana Carneiro 

 

 



Bernardino António Gomes nasceu em 1768, em Paredes 

de Coura. Em 1793, doutorou-se em Medicina pela 

Universidade de Coimbra, que havia sido reformada, em 

1772, pelo Marquês de Pombal, então Secretário de Estado 

de D. José I. 

 

De 1797 a 1810, Gomes exerceu as funções de médico 



naval, cargo que lhe deu a oportunidade de tomar contacto 

com os efeitos devastadores das doenças tropicais. Durante 

as suas longas estadas no Brasil, então uma colónia 

portuguesa, estudou diversas plantas medicinais. Entre 

1798 e 1822, publicou, em Portugal e no Brasil, vários 

relatórios descrevendo a morfologia, ocorrência e 

propriedades farmacêuticas de plantas brasileiras e 

portuguesas, bem como relatórios sobre a incidência e 

terapia de doenças infecciosas.  

Em 1812, juntamente com outros médicos, iniciou em Portugal a vacinação contra a 

varíola. Em 1817, foi nomeado Médico da Câmara Real, tendo acompanhado na viagem 

de Livorno ao Rio de Janeiro, a Princesa austríaca, Maria Leopoldina, que viria a 

contrair matrimónio com D. Pedro de Bragança, futuro D. Pedro I, Imperador do Brasil, 

aclamado em 1822.  

Bernardino António Gomes faleceu em 1823, em Lisboa. 

 

 



Contribuições científicas 

Os trabalhos publicados por Gomes tiveram eco na comunidade científica 

internacional, tendo alguns deles sido traduzidos para francês e/ou inglês, como é o 

caso do relatório de 1812, acerca do isolamento da cinchonina pura, da casca da quina. 

Este relatório baseou-se nas experiências realizadas no Laboratório da Casa da Moeda

por solicitação da Academia Real das Ciências de Lisboa. Gomes começa por uma 

introdução a esta matéria, revendo a literatura existente e referindo os trabalhos de 

Séguin, Maton e Duncan, prosseguindo depois com a apresentação dos seus próprios 

resultados. Em seguida, descreve o método de purificação, uma sofisticada 

recristalização, que mostra bem as suas aptidões de experimentalista. 

 

O mesmo trabalho também demonstra que Gomes estava a par dos recentes 



desenvolvimentos no domínio da química, o que não é surpreendente, na medida em 

que, na Universidade de Coimbra, existiam seguidores de química de Lavoisier, 

nomeadamente Tomé Rodrigues Sobral (1759 – 1829) e Vicente Coelho Seabra (1784 

– 1804), ambos ensinando no recém construído laboratório de química, quando Gomes 

frequentava a licenciatura em medicina. No entanto, a sua principal inspiração no que 

se refere, quer ao assunto, quer aos métodos de recristalização proveio, certamente, do 

mineralogista José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), Vice-Secretário da 

Academia das Ciências e director do laboratório da Casa da Moeda. Bonifácio, que, 

mais tarde, viria a ter um papel decisivo na independência do Brasil, tinha estudado em 

Paris e em Freiberg e nas suas viagens pela Áustria, Itália, Dinamarca e Suécia, tinha-

se relacionado com os mais eminentes naturalistas da época. Uma vez que era natural 



do Brasil, a procura de um substituo brasileiro para a quina do Peru, habitualmente 

usada no tratamento da malária foi, muito possivelmente, ideia sua. É sabido que 

Bonifácio frequentou os cursos de química e mineralogia de Antoine François de 

Fourcroy, em Paris, entre 1790 e 1791, e terá privado com o discípulo e colaborador 

deste, Louis Nicolas Vauquelin. 

 

As investigações de Gomes sobre a quina resultaram num primeiro artigo e num 



relatório elaborado por um grupo de quatro académicos do qual faziam parte Gomes e 

Bonifácio. Neste dois trabalhos, foram adoptados ao estudo da quina métodos 

desenvolvidos por Vauquelin. O prazo estabelecido pela Academia, por ordem da 

Secretaria de Estado da Guerra e da Marinha, não permitiu efectuar a completa 

recristalização da cinchonina. Foi precisamente esta parte do trabalho que viria a ser 

completada por Gomes e publicada em 1812. 

 

Apesar de Pelletier e Caventou terem reconhecido, posteriormente, que a 



recristalização da cinchonina pura realizada por Gomes constituía o isolamento do 

primeiro alcalóide puro, criticaram-no por não ter reconhecido a natureza básica deste 

composto. Esta afirmação é correcta na medida em que Pelletier e Caventou foram, na 

verdade, os primeiros a isolar os cloretos de cinchonina e outras bases azotadas, para 

as quais propuseram a designação de alcalóides. No entanto, a afirmação dos dois 

químicos franceses poderá ser questionada se consideramos que Gomes observou que 

a cinchonina pode ser dissolvida em ácido sulfúrico diluído e re-precipitada a partir 

desta solução pela adição de potassa (carbonato de potássio). Apesar de não explicitar 

que a cinchonina tinha, necessariamente, de ser uma base, Gomes ter-se-á apercebido 

deste facto, até porque os conceitos de ácido e de base já eram correntes na química 

deste período. 

 

 



Retrato de Bernardino António Gomes: "Cortesia da Associação Nacional das Farmácias. 

Imagem reproduzida a partir da obra J. P. S. Dias, A Farmácia em Portugal, Lisboa, Associação 

Nacional das Farmácias, 1994" 

 

 

Publicações 

  José Bonifacio de Andrada e Silva, Sebastião Francisco de Mendes Trigozo, 



João Croft, Bernardino Antonio Gomes, “Experiencias chymicas sobre a Quina 

do Rio de Janeiro comparada com outras”, Memorias de Mathematica e Physica 



da Academia Real das Sciencias de Lisboa, 3 (1812), 96 – 118, Parte 1. 

  Bernardino Antonio Gomes, “Ensaio sobre o Cinchonino, e sobre a sua 



influencia na virtude da quina, e d’outras cascas”, Memorias de Mathematica e 

Physica da Academia Real das Sciencias de Lisboa, 3 (1812), 96 – 118, Parte 1. 

 

 



Bibliografia 

  A. M. Amorim da Costa, "Thomé Rodrigues Sobral (1759-1829). A 



Química ao serviço da Comunidade" in História e Desenvolvimento da 

Ciência em Portugal, Publicações do II Centenário da Academia das 



Ciências de Lisboa, 1 (1986), 373-402  

  A.M. Amorim da Costa, Primórdios da Ciência Química em Portugal, Lisboa, 



Instituto de Língua e Cultura Portuguesa, 1984. 

  Anónimo, “Notícia da vida e trabalhos scientificos do medico Bernardino António 



Gomes”, Memorias da Academia das Sciencias de Lisboa, Classe de Sciencias 

Mathematicas Physicas e Naturaes, [Nova série] 2 (1857), 1 – 25, Parte I. 


  A. J. A. de Gouveia, “Vicente de Seabra and the chemical revolution in  

Portugal”, Ambix, 32-33 (1985), 97 – 109. 

  Carlos A. L. Filgueiras, "A Química de José Bonifácio", Química Nova, 9 (1986) 



264. 

  J. Pelletier, J. B. Caventou, “Recherches chimiques sur les Quinquinas”, Annales 



de Chimie et de Physique, 15 (1820), 289 – 365. 

  Bernardo J. Herold; Ana Carneiro, “Portuguese Organic Chemists in the 19th 



Century. The Failure to Develop  a  School in Portugal in spite of  International  

Links”, in Éva Vámos, ed., Proceedings da 4



th

 International Conference on 

History of Chemistry, Communication in Chemistry in Europe across Borders and 

across Generations, Budapeste, 3-7 Setembro de 2003, Budapeste, Hungarian 

Chemical Society, 2005, pp. 25-48 



 

Document Outline

  • Bernardino António Gomes 1768 – 1823 

Yüklə 21,33 Kb.

Dostları ilə paylaş:




Verilənlər bazası müəlliflik hüququ ilə müdafiə olunur ©genderi.org 2024
rəhbərliyinə müraciət

    Ana səhifə