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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Breve História da Psiquiatria Mineira




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O prof. Galba Velloso e equipe do Instituto Raul Soares na década de 1930.

Fonte: História da Psiquiatria Mineira. Joaquim Affonso Moretzsohn, 1989.



Em linhas gerais, a psiquiatria mineira seguiu a história da psiquiatria no Brasil, desde os tempos coloniais e imperiais, mas sempre manteve suas particularidades regionais, suas idiossincrasias, a presença de grupos distintos de profissionais em torno de ideias ou práticas. Contudo, sempre teve um papel relevante na psiquiatria nacional e diversos nomes de psiquiatras mineiros foram alguns dos pioneiros da medicina no País.  Inúmeros outros tiveram posição de grande destaque nacional, o que é motivo de admiração de todos. Tudo advindo de um intenso labor e pelo acúmulo de um patrimônio teórico, científico, filosófico, humanístico, de reconhecido valor.


Segundo Joaquim Affonso Moretzsohn, em sua História da Psiquiatria Mineira, de 1989, a psiquiatria passou por vários períodos históricos ou diferentes estágios a que denominou de: místico, medieval, orgânico, psicológico etc. Considera que esses períodos têm seus correspondentes na área hospitalar com suas fases asilar, carcerária, hospício, hospital, ambulatorial etc. Em Minas Gerais, as coisas não foram diferentes e, para ele, esses períodos podem ser classificados em:
1º. Período: “Antigo” – Anterior à criação da Assistência Psiquiátrica em Barbacena-antes de 1900.

2º. Período – “Medieval” – (Asilar) – Hospital Colônia de Barbacena: 1903.

3º. Período – “Renascentista” – (Hospitalar) – Instituto Raul Soares: 1922.

4º. Período – “Moderno” – (Casa de Saúde) – Casa de Saúde Santa Clara: 1937.

5º. Período – “Contemporâneo” – (Ambulatorial) – Introdução das drogas psicotrópicas e dos conceitos psicanalíticos: 1960.
A psiquiatria mineira no século XIX
Até quase a virada do século XIX para o XX, os doentes mentais eram recolhidos às cadeias públicas, ou enviados para Hospital Geral de Alienados (Hospício D. Pedro II), no Rio de Janeiro, já que havia um convênio do governo mineiro nesse sentido. Em Diamantina e São João Del Rei, haviam os chamados “anexos psiquiátricos” onde doentes mentais eram hospitalizados e tratados. Moretzsohn (p.9) considera que a primazia da assistência psiquiátrica em Minas Gerais pertence a São João Del Rei, já que o movimento psiquiátrico dos médicos do Rio de Janeiro foi posterior a ele. Na ocasião, faziam-se diagnósticos psiquiátricos, como a “monomania”, seguindo o modelo da escola francesa de Esquirol.

Figura de proa do período foi o Dr. Antônio Gonçalves Gomide (1770-1835). Nasceu na vila de Guarapiranga, atual Piranga, em Minas Gerais. Foi aluno do Seminário Diocesano de Mariana, quando aprendeu o latim, feito esse que lhe abriu as portas de estudos no exterior. Estudou na Universidade de Coimbra e, em seguida, diplomou-se em medicina na Universidade de Edimburgo, Escócia.

É considerado por muitos o primeiro psiquiatra do Brasil, sendo, seguramente, o primeiro de Minas Gerais. Foi autor de uma obra pioneira, em 1814, intitulada “Impugnação Analytica ao exame feito pelos Clínicos Antonio Pedro de Sousa e Manoel Quintão da Silva em uma rapariga que julgarão Santa na Capella de Nossa Senhora da Piedade da Serra“. Clóvis de Faria Alvim, citando Flamínio Fávero, (Moretzsohn, p.185), diz que este foi o primeiro documento médico-legal surgido no Brasil. Sobre Gomide, escreveu um belo artigo científico o meu caro amigo, o grande psiquiatra mineiro que há muito já se foi, Clóvis de Faria Alvim, em trabalho intitulado “Um precursor mineiro de psiquiatria brasileira”, na Revista da Universidade de Minas Gerais, em 1962. Ao abordar o caso de uma beata que teria se tornado supostamente “santa” e se instalado numa ermida no alto da Serra da Piedade, no início do século XIX, Clóvis de Faria Alvim exalta as qualidades científicas e intelectuais de Antônio Gonçalves Gomide discorrendo sobre o texto deste:
 “O opúsculo termina com uma breve exortação aos peritos, contendo ainda em apêndice, como já foi mencionado, um catálogo dos livros em que se encontram casos circunstanciados de catalepsia... Acreditamos suficientemente demonstrado que o Dr. Antônio Gonçalves Gomide, nascido em Minas, em 1770, possuía vastos conhecimentos de Patologia Mental, como era conhecido na época a nossa especialidade, podendo ser considerado, com justiça, o precursor da psiquiatria em nossa terra. Foi contemporâneo de Pinel e de Benjamim Rush, o patriarca da psiquiatria americana. Precedeu de alguns anos o famoso Dr. José Martins da Cruz Jobem, que na cidade do Rio de Janeiro, em 1830, bradou contra o modo desumano de tratamento dado aos alienados”.

In: ALVIM, Clóvis Faria. Um precursor mineiro da psiquiatria brasileira. Revista da Universidade de Minas Gerais. Belo Horizonte. n.12, p.234-250, 1962.


Antônio Gonçalves Gomide era considerado homem de profundo saber filosófico a ponto de ser chamado de “iluminista” por Paulo Gomes Leite (Moretzsohn, p.185). Sua instigante personalidade não o limitou à prática da medicina. Foi Juiz ordinário e de órfãos em Caeté, Membro da Assembleia Nacional Constituinte e senador do Império do Brasil, entre 1826 e 1835.
A psiquiatria mineira da primeira metade do século XX
Um dos mais importantes psiquiatras do período foi Joaquim Antônio Dutra (1853-1943). Diplomado em medicina pela Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, tornou-se clínico muito conhecido e respeitado na Zona da Mata mineira. Apesar de ter sido Deputado Provincial e Senador por Minas Gerais, sua grande contribuição à psiquiatria foi o fato de ter sido o diretor do Hospital Colônia de Barbacena, desde sua fundação, em 1903, até 1936, quando de sua aposentadoria.

Grande destaque teve Galba Moss Velloso (1889-1952), um psiquiatra “clássico”, diplomado no Rio de Janeiro. Veio para Minas Gerais após a inauguração do Instituto Raul Soares, em 1922. Foi um grande profissional, homem culto e brilhante, dirigiu o Instituto Raul Soares (IRS) por diversos anos. Reuniu à sua volta grande número de psiquiatras, médicos, literatos, amigos, colocando-se sempre no papel do líder científico e cultural. Foi Professor Livre-Docente na Faculdade de Medicina da UFMG, com tese sobre “Malarioterapia na doença de Bayle”, tratamento este que se tornara então uma das grandes conquistas da medicina. Foi o fundador e colaborador da revista “Arquivos de Neurologia e Psiquiatria”, onde publicou diversos artigos científicos. Foi um dos signatários do “Manifesto dos Mineiros”, em 1945, e, por isso, foi demitido do cargo de diretor do Instituto Raul Soares. Contudo, manteve a altivez e independência frente às adversidades políticas e às pressões (Moretzsohn, p.186).

Um dos nomes mais fulgurantes na psiquiatria mineira do período foi o prof. Ermelindo Lopes Rodrigues (1889-1971). Homem de vasta cultura e grande participação na psiquiatria nacional, antes de vir para Minas Gerais exerceu o Prof. Lopes Rodrigues as seguintes atividades (Moretzsohn reproduz em fac-símile a página de rosto da Primeira Memória Médico-Administrativa do Instituto Raul Soares, de 1930, p.131): "Interno do Hospício S. João de Deus (Bahia, 1919), Interno do Hospital Nacional de Alienados (Rio de Janeiro, 1920), Membro da Sociedade Brasileira de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal (1922), Docente-Livre de Clínica Psiquiátrica (por concurso) da Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro (1925). Prestou concurso para professor catedrático na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais (1926), tendo sido aprovado. Dirigiu esta por vários anos. Foi Diretor do Instituto Raul Soares (Belo Horizonte, 1929). Seu último cargo foi o de Diretor do Serviço Nacional de Doenças mentais na década de 1960". 

Moretzsohn também reproduz em seu História da Psiquiatria Mineira (p.132-133) o prefácio que o professor Lopes Rodrigues escreveu para a Primeira Memória. Encontramos aí a expressão das mágoas do eminente professor às críticas que sofria como diretor do IRS. Em sua opinião, o esforço de um diretor pode ser dividido em três partes: a primeira "se perde no vórtice dos relatórios, dos apelos oficiais, das insinuações, dos escritos e dos reclamos emergentes que dilataram noitadas, lavraram sobressaltos e fiaram meditações". Na segunda parte "se desfaz no vozeiro que lhe opõem as forças repulsivas onde ela se opera, isto é, o testemunho tarado que se irradia das coletividades psicopáticas, em cujos meandros parasitam aqueles que maltratam a consciência com autoridade". Na terceira, a sensação de dever cumprido "na mais difícil conduta humana: lidar com os que lidam com alienados".



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Prof. Lopes Rodrigues, na década de 1960, quando era Diretor do

Serviço Nacional de Doenças Mentais, no Rio de Janeiro.

Fonte: História da Psiquiatria Mineira. Joaquim Affonso Moretzsohn, 1989.

Vê-se que os problemas que a psiquiatra atual encontra nas suas mais diversas facetas, clínicas, administrativas, políticas, culturais e sociais, não são exclusivamente obra do presente, pois existem há muito, muito, tempo.

Atribui-se ao prof. Lopes Rodrigues, um papel secundário da cátedra de psiquiatria e de seu corpo docente nos eventos psiquiátricos do Estado, durante várias décadas, em função de estar ele sempre viajando, atendendo aos seus inúmeros compromissos, deixando seus compromissos profissionais em terras mineiras para segundo plano. Seus assistentes e professores Livres-Docentes não se sentiam à vontade para imprimir ao Departamento (nome que foi adotado muito mais tarde) uma ação mais presente e de liderança na psiquiatria mineira, ao contrário do que ocorria em outros estados, quando as universidades federais ou estaduais haviam há muito assumido papéis de liderança inconteste nas pesquisas, estudos e promoção de eventos científicos em sua jurisdição.

O prof. Zoroastro Vianna Passos (1887-1945), apesar de não ter sido psiquiatra, deixou importante contribuição em nossa história. Foi Chefe da Diretoria Geral de Assistência Hospitalar do Estado de Minas Gerais, e teve sob sua orientação todos os hospitais públicos psiquiátricos do estado.  Foi um dos fundadores da revista Archivos da Assistência Hospitalar do Estado de Minas, que representou papel de fundamental importância nas décadas de 1930/40 para a psiquiatria mineira.

Grande profissional foi Iago Victoriano Pimentel (1890-1962). Homem de grande saber e erudição, dedicado aos conhecimentos da psiquiatria humanista clássica de seu tempo, escreveu importante obra sobre psicologia aplicada à educação, que foi livro básico durante muitos anos na área da pedagogia. É considerado o primeiro tradutor de Freud no Brasil.

Um dedicado psiquiatra do período foi Moacir Martins Andrade (1910-1969), grande especialista em Psiquiatria Forense, onde se destacou, tendo sido psiquiatra da Penitenciária Agrícola de Neves. Foi um entusiasta do teste miocinético de Mira y López (PMK), cujo teste original enriqueceu com dados de suas próprias observações.

A psiquiatria infantil teve na figura de Antônio Bernardino Alves (1894-1971) o seu pioneiro em Minas Gerais. Foi o primeiro diretor do Hospital de Neuropsiquiatria Infantil, inaugurado em 1947.

A psiquiatria clássica alemã, organicista, teve em Silvio Ferreira da Cunha (1893-1972) sua última figura exponencial. Formou-se no Rio de Janeiro e, em Belo Horizonte, foi Diretor do Instituto Raul Soares. Posteriormente, foi Chefe do Serviço de Higiene Mental da Secretaria de Saúde.


A psiquiatria mineira na segunda metade do século XX
Importantes contribuições à nossa psiquiatria deram os seguintes médicos: Geraldo Roedel (1920-1975), profissional de grande cultura e inteligência, Heleno Coutinho Guimarães (1928-1977), José Jorge Teixeira (1899-1980), Aspásia Pires (1921-1980), a primeira psiquiatra do sexo feminino em Belo Horizonte, Odilon Dias Becker (1913-1982) e Flávio Neves (1908-1984).

O próprio autor da História da Psiquiatria Mineira, Joaquim Affonso Moretzsohn foi um profissional atuante e destacado em nosso meio. Entre suas credenciais se incluíam: ex-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais; membro titular da Academia Mineira de Medicina, do Instituto Mineiro de História da Medicina e da Academia Brasileira de Administração Hospitalar; membro titular da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. 

Não poderíamos neste trabalho deixar de escrever algo sobre dois grandes nomes da psiquiatria mineira de meados e segunda metade do século XX, os professores Clóvis de Faria Alvim e Paulo Saraiva.

O prof. Clóvis de Faria Alvim nasceu em Itabira, MG, em 1920, neto do grande político mineiro Cesário Alvim. Formou-se na Faculdade de Medicina de Minas Gerais (ainda não era Federal) em 1945, tendo se dedicado durante trinta anos ao trabalho intelectual na área teórica da psiquiatria, com incursões na história, no folclore, na literatura, na antropologia e na crítica literária. Possuidor de cultura invejável e profundo conhecedor da psiquiatria, foi autor de várias publicações científicas. Sua tese de Livre Docência de Psiquiatria intitulou-se Introdução ao Estudo da Deficiência Mental, tendo escrito um livro sobre o mesmo assunto. Foi também o responsável por um dicionário de termos psiquiátricos e psicológicos.

Colaborador da famosa educadora Helena Antipoff, professor universitário, fundador de associações psiquiátricas e psicológicas, pesquisador, Clóvis de Faria Alvim deixou obra de imenso valor como “Alguns aspectos da vida sexual dos índios brasileiros”, Um caso de esclerose tuberosaUm precursor mineiro da psiquiatria brasileira, O jovem Freud, O pensamento evolucionista em neuropsiquiatria e Assistência ao doente mental. Administrou cursos de psiquiatria infantil, tendo atuado no Serviço de Antropologia Criminal na Penitenciária Agrícola de Neves, no Instituto Pestalozzi, no Hospital de Psiquiatria Infantil e na Faculdade de Ciências Médicas. 

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Da esquerda para a direita: Drs. Javert Rodrigues, presidente da AMP, 


 Antônio Carlos Corrêa, prof. Neves Manta, da Academia de Medicina do

Rio de Janeiro e prof. Clóvis de Faria Alvim. Lançamento de meu primeiro

livro Introdução à Psiquiatria Reflexológica, março de 1976, 
Casa de Saúde Santa Maria, Belo Horizonte. 

Fui grande amigo do prof. Clóvis nos seus últimos anos de vida e sempre me fascinou sua cultura enciclopédica e eclética. Em uma das últimas vezes em que nos encontramos, eu estava na varanda em frente à Casa de Saúde Santa Maria, quando ele chamou-me a um canto e mostrou-me um livro que carregava debaixo do braço (ainda era uma obra vista com preconceito por diversos círculos mineiros). Tratava-se do Malleus Maleficarum (O Martelo das Feiticeiras), uma obra que entrou para a lista das mais infames de toda a história da humanidade. Por vários séculos este livro esteve no Index da Igreja Católica, tal o descalabro de suas propostas. Escrita por dois frades dominicanos austríacos, em 1486, ensinava a caçar bruxas, geralmente denunciadas por indivíduos que se mantinham no anonimato (os inquisidores sabiam quem eram), sem provas, com acusações infundadas contra pessoas inocentes. Na maioria das vezes, as denúncias eram motivados pela inveja ou o ciúme, e a Inquisição extraía delas confissões sob tortura. O livro descreve esses métodos de tortura destinados a “provar” com proficiência a condição de bruxas de suas vítimas, como julgá-las, e, finalmente, como entrega-las às autoridades seculares para que a sentença fosse cumprida, ou seja, para que elas fossem queimadas na fogueira. Este livro ficou em minha memória por mais de duas décadas, quando, há muitos anos, o adquiri e serviu-me como fonte valiosa em minhas pesquisas sobre os delírios na história. Faleceu o prof. Clóvis, em 1979, uma hora antes de proferir uma palestra na Casa de Saúde Santa Maria. Foi uma perda irreparável para a ciência mineira.


O prof. Paulo Saraiva nasceu em Belo Horizonte, em 1918, diplomando-se na Faculdade de Medicina em 1944, onde foi professor e defendeu tese de Livre-Docência intitulada O teste Rorcharch em psiquiatria infantil. Assim como seu grande amigo Clóvis Alvim, dedicou boa parte da vida ao estudo do sofrimento mental do ser humano. De cultura invejável, deixou obras como Problemas emocionais das crianças, O conceito de esquizofrenia, Estudo médico-psicológico de casos de deterioração mental, Medicina psicossomática, O teste Rorcharch e a personalidade epiléptica. 

Publicou vários artigos em revistas e jornais leigos como Psicologia da forma e método dialético, A Psicanálise, O complexo de Édipo, O Psicotécnico e a segurança no trânsito, A psicossomática, A memória, A narcoanálise, As psicoterapias, A personalidade epiléptica. Trabalhou em diversas instituições psiquiátricas e foi professor de psiquiatria na Faculdade de Ciências Médicas. 

Tive o privilégio de trabalhar muito próximo ao prof. Paulo Saraiva, pois lecionei psiquiatria a seu lado, na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, por vários anos, e também fomos sócios em nosso primeiro consultório e clínica, de 1971 a 1976. Ele, já um mestre consagrado com vasta clínica particular, sempre nutrira, em segredo, simpatias pelas teorias de Ivan Petrovitch Pavlov e sua neurofisiologia aplicada à Atividade Nervosa Superior e à psiquiatria. Nossa amizade perdurou por toda a vida. Eu nutria por ele uma profunda admiração e respeito filiais. Foi o prefaciador de meu primeiro livro: Introdução à Psiquiatria Reflexológica, em 1975, registro este que cultivo com muito orgulho. Sua memória será sempre por mim reverenciada, já que ele foi um dos profissionais mais íntegros, éticos e capazes que conheci. Seu saber enciclopédico se equiparava ao de seu grande amigo Clóvis de Faria Alvim. Faleceu em 1996, em pleno gozo de sua profícua carreira e em plena lucidez. Uma perda que gerou um vazio imensurável em toda a nossa comunidade psiquiátrica.

A tônica da assistência psiquiátrica em Minas Gerais era baseada em hospitalizações, até a década de 1960. Havia inúmeros hospitais estaduais como o Hospital Colônia de Barbacena, o Instituto Raul Soares, o Hospital Colônia de Oliveira, o Hospital Galba Velloso, o Hospital de Neuropsiquiatria Infantil e inúmeras clínicas psiquiátricas particulares. A ênfase era no tratamento hospitalar tanto na capital como no interior do estado. Um grupo de médicos se unia, alguns nem eram psiquiatras, e formavam uma instituição destinada a atender doentes mentais. Segundo Moretzsohn (p.145-169) podemos citar os seguintes hospitais, com suas respectivas datas de fundação e seu corpo clínico, em quatro décadas, em Belo Horizonte:


Casa de Saúde Santa Clara (1937).
Os fundadores foram os filhos do Dr. Cícero Ferreira (1861-1920), um dos fundadores da Faculdade de Medicina da UMG (posteriormente UFMG), em 1911. Foram eles: Drs. Ary, Blair e Ivan Ferreira e Dr. Necésio Tavares, ligado a eles por laços de parentesco. Foram diretores: Drs. Blair Ferreira, Ari Ferreira, Mário Cícero Ferreira, Leopoldo de Castro Ferreira, Hélio Tavares, Orlando Campos Ferreira, Breno de Castro Ferreira, Hélio Tavares Filho e, nos últimos anos, Carlos Eduardo Ferreira. Passaram pelo Santa Clara quase todos os psiquiatras de Belo Horizonte, dos quais podemos citar os mais antigos: Drs. Sandoval de Castro, Odilon Dias Becker, Fernando Velloso, Ivan Ribeiro e Hélio Tavares. Quando o hospital fechou as portas, no início da década de 1990, seu corpo clínico era composto pelos Drs. Adilson Alves Cabral, Aluízio Batista Moreira, Antônio Coura Macedo, Arnaldo Madruga Fernandes, Antônio Porcaro de Sales, Ana Ester Nogueira Pinto, Breno de Castro Ferreira Junior, Celso Levi, Carlos Eduardo Ferreira, Edgar Mello Magalhães, Eduardo Eustáquio Andrade, Eduardo Olímpio Viegas Vargas, Fábio Lopes Rocha, Fábio Mendonça Porto, Francisco Hugo Badaró, Geraldo Borges Júnior, Geraldo Megre Resende, Guilherme Brasil Lucena, Hélio Tavares Filho, Heron Fernando Lima Lopes, Irany Silva, Jarbas Alves Loureiro, Jansen Campomizzi, José de Assis Corrêa, José Roberto Buainain, José Ronaldo Procópio, Marcelo Ribeiro Vaz, Marcos André Menezes, Mário Catão Guimarães, Marcio Sampaio, Maria Auxiliadora Viana, Maria Arlete de Castro Andrade, Newton Figueiredo, Otávio Maia Saliba, Osvaldo Martins Ferreira, Ovídio Magalhães Santeiro, Porfírio Marcos Rocha Andrade, Samuel Lansky, Sálvio Luiz Moreira Penna, Sérgio Passos Ferreira, Sylvio Magalhães Velloso, Tatiana Guimarães T. Mourão, Zuleide Sousa Carmo Abijaodi.
Casa de Saúde Santa Maria (1947).

Fundada e dirigida pelo prof. Austregésilo Ribeiro de Mendonça, até seu falecimento nos fins da década de 1990. Atualmente é dirigida pelos seus filhos Solange Maria de Mendonça Campos e Austregésilo de Mendonça Filho. Desde o início, o Prof. Mendonça contou com a estreita colaboração de seu irmão, também psiquiatra, Dr. Antar Ribeiro de Mendonça (1911-1963). Um dos mais assíduos e íntimos colaboradores foi o Dr. Geraldo Rodrigues de Oliveira, que exerceu por muitos anos a atividade de médico clínico e psiquiatra. Também passaram pelo Santa Maria, onde internavam seus pacientes particulares, nomes consagrados da psiquiatria mineira: Drs. Galba Velloso, Silvio Cunha, Caio Líbano, José Cezarini, Fernando Velloso, Milton Gomes, Clóvis Alvim, Haley Bessa, Paulo Saraiva, Flávio Neves, Francisco Badaró, Ataulpho da Costa Ribeiro, José Pedro Salomão, Aloísio Batista Moreira e Helênio Coutinho Guimarães. Outros médicos, de outras especialidades, também fizeram história no Santa Maria: Drs. Otaviano Lapertosa Brina, Petrônio Monteiro Boechat, Manoel Bernardo dos Santos, Ari Moreira da Silva, José Araújo Barros, José Segundo da Rocha, José Rodrigues Lóes. De seu corpo clínico, por várias décadas, participaram: Drs. Austregésilo Ribeiro de Mendonça, Paulo Saraiva, Francisco Badaró, Raphael Mesquita, Solange Mendonça Campos, Austregésilo Mendonça Filho, Antônio Carlos de Oliveira Corrêa, Gustavo Fernando Julião de Sousa, Hilbene Rodrigues Galizzi, José Jacinto Chaves, José Nogueira de Sá Neto, Milton Ribeiro Sobrinho, Oliveiros C. Ribeiro, Otaviano Corrêa da Veiga Lima, Aloísio Batista Moreira, Maria Cristina Palhares, Maria Cristina Contigli, Otávio Gouvea Ferreira.


Clínica Pinel (1946).
Fundada pelos Drs. Geraldo Roedel, Joaquim Affonso Moretzsohn, Sandoval de Castro e Moacir Martins Andrade. Sua direção sempre foi colegiada, composta pelas famílias dos Drs. Moretzsohn e Sandoval de Castro, que adquiriram as cotas dos outros dois colegas. Já integraram ou integram o corpo clínico os seguintes psiquiatras: Drs. Vicente Soares, José Amaral de Castro, Raul Costa Filho, Antônio Afonso Morais Moretzsohn, Francisco Alberto Laender de Castro, Francisco de Paula Victor Pereira, Feliciano de Abreu e Silva, José Pedro Salomão, Neuza Carneiro Magalhães, José Carlos Câmara, Clóvis Figueiredo Sette Bicalho, Edgar Magalhães, José Nazário Gonçalves, Carlos Moretzsohn Ildefonso, Paulo Henrique Scarpa, Roberto Lage Pessoa, Adelson Sousa Pires, Júlio Cesar Valadares Roquete, Marcelo Vaz, Guilherme Brasil Lucena, Ovídio M. Almeida Jr., Ronan Rodrigues Rego, Watercides França, José Nogueira de Sá Neto, Antônio Roberto Vieira Guedes, Alberto André Delpino Mendonça, Raimundo Cabral, Kleber Lincoln Gomes, Jansen Campomizzi, José Ronaldo Procópio, Marcondes Franco da Silva, Lilian Antunes, Marília Mariani, Mauro Passos, Ronaldo Canals, Jeferson Perez Pereira, Eliana Costa e Silva, José de Assis Corrêa, Idário Valadares Bahia, Antônio Lopes Cançado Neto, Jarbas Loureiro, Sálvio Luiz Moreira Penna, Sílvio Monteiro Resende, Narcélio Laponez Silveira, Soter Ramos Couto, Aldorando Ricardo do Nascimento, Raimundo Ferreira Maciel, Antônio Osvaldo Aquino, Flávio Luiz Moretzsohn da Silva, Luiz Carlos Braga Pires, Valéria Fátima Moreira, Humberto Campolina França, Celso Luiz Cruz, Sandoval de Castro Filho, Claudio Lage Moretzsohn, Lucas Lage Moretzsohn, Graco de Nóbrega Cesarino Filho, José Maria Morais Alvarenga.
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