Esquizofonia



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turbulências e princípios gravitacionais. 
 
         Essa mutação acontece em tudo aquilo que percebemos
 
 
         Assim, recuperamos o sentido original das palavras "cogito" - agitar 
junto - e "intelligo" - selecionar entre. 
 
 
         Os empresários passam a adotar estratégias metabiológicas, 
tais  como os princípios dos ciclos de vida e a maior indústria planetária 
passa a ser a da comunicação. 
 
 
         Em menos de um século a principal atividade humana passou 
da  agricultura pela produção de utensílios e máquinas e transformou-se 
em algo invisível: a informação! 
 
 
         Essa mudança é tão radical - no seu sentido etimológico: raiz - que o 
valor atribuído à Revoluçao Industrial, como o principal paradigma de 
uma revolução social das proporções que caracterizou o Neolítico, perde 
o sentido em um planeta interativo. 
 
 
         A superpopulação mudou todo o tipo de relações humanas. 
 
 
         A mudança da música, da arquitectura, da literatura, da física ou de 
qualquer outro tipo de linguagem deveu-se ao "como" se passou a 
entender tais linguagens. Lembro-me de Werner Heinsenberg quando 
afirmava que o sentido das coisas que percebíamos estava no sentido da 
linguagem que utilizávamos. 
 
 
         As novas tecnologias de comunicação não apenas tranformaram a 
idéia de música ou de arquitetura como também alteraram radicalmente 
os princípios de combinação de idéias entre todos os campos. 
 
 
         Transformou-se o próprio princípio da criatividade! 
 
 
         Certa vez, John Cage disse que não mais precisava de um piano, pois 
tinha a Sexta Avenida à sua frente, bastava abrir a janela para ouvir. 
 
 
         Se ouvirmos com atenção o "ruído" da rua ele simplesmente deixa 
de ser "ruído". 
 
 


114 
 
         Em 1957, Colin Cherry - em um famoso paperOn Human 
Communication - demonstrava que o ruído era apenas o grau de 
interferência de um meio sobre a mensagem, ou seja: o seu design 
informacional. Hoje, refletimos com alguma estranheza sobre as 
dificuldades que os operadores de rádio tinham, durante a Segunda 
Grande Guerra, em decifrar comunicações interceptadas, pois havia o 
"ruído" - não o popularmente chamado "ruído de fundo" ou "chiado", 
mas simplesmente não se entendia tudo o que era dito. O "tradutor" 
precisava ter um talento especial para "preencher" certos vazios de 
informação produzidos pelo "meio" rádio. Isso nos acontece diariamente, 
por exemplo com o telefone. Entretanto, devido a um treinamento super 
intensivo, tornamo-nos grandes especialistas na tradução dos meios que 
utilizamos (como a televisão, os cds, os microcomputadores, telefones, 
rádios etc.). 
 
 
         Esse novo "ambiente" - no sentido da Inteligência Artificial - 
representa uma mutação do próprio ser humano. 
 
 
         Uma primeira abordagem sobre como tal "ambiente" vem 
acontecendo em relação à música poderia ser resgatado nos trabalhos de 
Hermann Helmholtz, principalmente no seu famoso livro On the 
Sensations of Tone, publicado pela primeira vez em 1885. Nele, Helmholtz 
transforma em método todos os princípios que viriam a constituir a base 
de desenvolvimento da música de Karlheinz Stockhausen, de Pierre 
Boulez, de Xenakis e de toda a Escola de Música Nova européia após 
1945. Pela primeira vez, Helmholtz "desenhou" um verdadeiro diagrama 
fractal do próprio som decompondo-o em series de harmônicos 
superiores e inferiores. Hermann Helmholtz desconstruiu a estrutura de 
frequências com tal rigor e método que somente várias décadas depois as 
suas descobertas viriam a possuir a prova gráfica produzida pelos 
espectrogramas. 
 
 
         Helmholtz foi o gerador de toda a escola européia de música 
contemporânea experimental pós-Segunda Guerra Mundial. Para essa 
"escola", muitas vezes classificada como fascista por geralmente 
estabelecer normas rígidas aos performers, o universo fractal é uma 
realidade há muito experimentada. Mas, obviamente, não se tratou de 
um movimento "fechado" nos estúdios de música eletrônica de Colônia. 
Outro dos maiores precursores da música experimental Européia foi 
Ferrucio Busoni que com o seu célebre "Ensaio para uma Nova Estética da 
Arte Musical", escrito em 1907, lançava algumas idéias que seriam 
resgatadas por Eric Satie, por Tohru Takemitsu e pelo próprio Cage. 
Busoni dizia: «Penso que caminhamos para o som abstrato, para uma 
técnica sem vínculos, para um ilimitado sonoro». Neste ensaio, 
curiosamente, Busoni referia-se sempre a Bach. 
 
 
         John Cage "desenhou" a ponte conectando diretamente essa 
tecnologia de pensamento à Natureza em seu modo de operar. Algo 
semelhante realizado por Edward Lorenz com a metereologia e a 
revelação dos atratores estranhos. 
 
 


115 
 
         Schoemberg dizia que o dodecafonismo era uma técnica que 
organizava "doze sons relacionados somente entre si", revelando um dos 
princípios de toda a concepção fractal: a autosimilaridade. E Anton 
Webern, em uma aula de 1933, resumia o pensamento de Schoemberg na 
seguinte frase: «A partir dessa simples idéia de dizer algo duas vezes, 
depois o mais frequentemente possível, desenvolveram-se os trabalhos 
de arte mais interessantes. Se quiserem, podemos dar um salto para a 
nossa época atual: a composição de doze sons baseia-se no princípio do 
retorno constante de uma certa sequência das doze notas: o princípio da 
repetição!». 
 
 
         Exatamente o que Freud sempre defendeu: a repetição! 
 
 
         Quem ler o brilhante texto de Freud "Sobre o Mecanismo Psíquico 
do Esquecimento" encontrará um esquema para o significado do 
esquecimento e da memória que poderíamos corretamente chamar de 
fractal. 
 
 
         Para Manfred Schroeder, «o conceito unificador que baseia os 
fractais, o caos e as leis físicas é a autosimilaridade». 
 
 
         É no mínimo curioso lembrar o fato de Plínio ter escrito uma história 
da arte como a história das invenções! 
 
         A minha questão é: o que é o futuro em um universo fractal? Tudo 
torna-se apenas uma questão de escala. 
 
 
         Será o tempo, mesmo diante da evidência dissipativa, puramente 
assimétrico? 
 
 
         Volto à casa de John Cage, e à sua janela. 
 
 
         Ao contrário dos compositores europeus, John Cage descobriu - 
muito cedo - que em um "ambiente" de natureza fractal os valores não 
são teleológicos, isto é, não são direccionais. Nao há, a priori, princípio 
meio e fim. Pollock fez o mesmo na pintura. Merce Cunningham o fez com 
a dança. 
 
 
         Onde está a fronteira precisa entre disciplinas em um mundo fractal? 
Ou ainda: qual é o "tamanho", ou o perímetro, real de tais disciplinas? 
 
 


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