Esquizofonia



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ao Vivo ou variações sobre a mesma sigla): "Isso então conecta 
profundamente a casualidade algorítmica com o resultado percebido e, 
ao desconstruir a idéia da dicotomia temporal entre intrumento e 
produto, permite que o código seja ativado como um processo artístico. A 
natureza de tais algoritmos generativos em funcionamento é que eles 
podem ser modificados em tempo real; tão rápido quanto a 
possível  compilação e execução, está presente o imediatismo da 
aplicação deste controle. Enquanto alguém pode alterar o banco de 
dados, é a própria modificação das instruções e do fluxo de controle 
dos  processos que contribue para a ação mais excitante desse meio" * 
 
live coding estrutura-se a partir de um processo recursivo de 
programação e reprogramação. Ao mesmo tempo que a interface 
geradora de audio é escrita pelo músico, está simultaneamente sendo 
compilada e executada, bem como gerando uma base visual que permite 
novamente sua programação. Esse feedback faz com que o processo seja 
mais completo que o utilizado na música gerativa (vide Brian Eno), pois ao 
invés de simplesmente deixar o código criar e modificar a si mesmo, 
permite a intervenção do músico em qualquer estágio da execução do 
programa. 
 
 
Além de PERL, outras sintaxes vem sendo criadas ou modificadas pra 
viabilizar a programação ao-vivo. 
SuperCollider
 é uma dessas linguagens 
para a síntese de audio que foi modificada para aceitar rotinas em real-
time, assim como 
ChucK
, desenvolvida por estudantes de Princeton. Essa 
última tive a oportunidade de testar após aplicar meus esparsos 
conhecimentos em UNIX e conseguir rodar alguma coisa pelo terminal do 
OSX. Obviamente meu progresso não foi além de alguns beeps que 
variavam a frequência randomicamente, mas já deu pra ter uma idéia das 
possibilidades da ferramenta. 
Pois chegou a hora de dizer 'chega de playback', nós queremos música 
eletrônica de verdade, composta e reproduzida in loco. "Nos dê acesso à 
mente do músico, ao instrumento humano completo," clama o 
Manifesto 
Lubeck04
, assustadoramente nos colocando mais próximos do tocar 
'minimono' representado em Freezone, conto de John Shirley presente na 
antologia cyberpunk Mirrorshades. Em vez de instrumentos, cabos 
correm pelo corpo tirando música de impulsos elétricos do artista - 
virtuose da mente
* No original: "It thus deeply connects algorithmic causality with the 
perceived outcome and by deconstructing the idea of the temporal 
dichotomy of tool and product it allows code to be brought into play as an 
artistic process. The nature of such running generative algorithms is that 
they are modified in real-time; as fast as possible compilation and 
execution assists the immediacy of application of this control. Whilst one 
might alter the data set, it is the modification of the instructions and 


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control flow of processes themselves that contributes the most exciting 
action of the medium." (Tradução do Rizoma) 
Fonte: Vertigo (
http://www.insanus.org/vertigo/arquivos/002425.html
). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MAESTROS ELÉTRICOS 
Simone Muniz
 
  
  
Ainda chegará o dia em que os djs do mundo inteiro precisarão ter 
carteira de músico para exercer a profissão. E não será um exagero. 
Afinal, faz tempo que a função de mixar sons ganhou status de arte em 
vários gêneros da música popular. Mas que tal ver um dj de hip-hop ou 
drum´n´bass que, ao entrar em sua cabine, começa a executar os 
movimentos sobre seu toca-discos com a ajuda de uma partitura? Pois 
isso já está acontecendo. Cansados de ser discriminados pelos teóricos da 
música, um grupo de djs de hip-hop americanos está desenvolvendo uma 
espécie de teoria do scratch - a técnica de extrair sons diferentes 
arranhando o disco para frente e para trás. Eles criaram uma espécie de 
representação escrita do movimento, uma verdadeira partitura de dj.  
 
Os donos dessa iniciativa fazem parte do Invisible Skcratch Picklz (a 
subcultura americana escreve scratch com k), um dos mais antigos grupos 
de djs de São Francisco. Entre os mais famosos, estão os djs Orbit, Q-Bert, 
A-Trak e 
Radar
. Tudo começou em julho do ano passado, quando eles se 
reuniram em uma grande conferência aberta chamada 
Skratchcon.
 A 
conferência se perpetuou num grande fórum de discussão que, com a 
ajuda da internet, está estabelecendo os padrões de notação musical dos 
ruídos do scratch. O resultado concreto são gráficos e símbolos que não 
se parecem em nada com partituras - lembram muito mais tabelas de 
medições de terremotos. Mas a música está toda lá. 
 
Mas a discussão em torno da transformação do scratch em música ainda 
está engatinhando. De fato, ainda não há como afirmar se a idéia vai 
vingar. Mas os integrantes do movimento já têm uma certeza: o 
aperfeiçoamento da música eletrônica é uma resposta dos djs aos 


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teóricos tradicionais da música, que perdem boa parte de sua vida 
estudando teoria, harmonia e prática musical e não encontram 
justificativa para um gênero que se utiliza apenas da intuição, da 
reciclagem e da colagem de idéias. "É um desafio para nós fazer com que 
pessoas mais velhas e mais conservadoras entendam que estamos 
fazendo um trabalho de artista nas nossas pick-ups e reconheçam isso 
como uma arte que tem seu lugar na história", 
diz
 em sua página, 
orgulhoso que só, o dj Radar, um dos líderes do Skcratch Picklz. 
 
No Brasil, o sentimento não é diferente. Para Pachu, dj da tradicional 
festa de hip-hop carioca Zoeira, na Lapa, o que muita gente ainda chama 
de barulho é um movimento musical consistente, que veio para fazer 
história, assim como o rock e o jazz. "O barulho é uma forma de as 
pessoas encontrarem coisas novas. No hip-hop, há uma corrida muito 
grande pela originalidade", explica. Outro dj brasileiro, Negralha, que toca 
com O Rappa, concorda com a necessidade de os djs valorizarem a 
própria categoria. "O que eu faço é música. Meu instrumento é o toca-
discos. Só que sinto uma grande dificuldade de ser reconhecido como 
músico", diz. 
 
Pachu vê a iniciativa dos colegas americanos do Scratch Pikles com bons 
olhos. "O dj faz percussão arrastando e empurrando a agulha. Por 
enquanto, ainda não há parâmetros. Qualquer forma de discussão é 
válida para que possamos aprender a trocar melhor a nossa informação 
musical", acredita. Para ele, teorizar a prática da discotecagem pode ser 
uma forma de valorizar os djs no mundo acadêmico da música. "Como 
não se exige nenhum conhecimento teórico-musical para ser dj, são 
poucos os que se aventuram no estudo da música eletrônica", conta 
Pachu. "Se criarmos uma nova linguagem, estaremos mais bem 
preparados para enfrentar a oposição e as críticas ao nosso trabalho. Só 
assim vamos crescer musicalmente", concorda Negralha.  
 
Fonte: Revista 2k (
www.02k.com.br
).   
    
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


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