História 8º ano



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. Acesso em: 8 maio 2015.

• Caderno Legislativo da Criança e do Adolescente: . Acesso em: 8 maio 2015.

A valorização da mulher

Em todas as épocas históricas, houve mulheres que tiveram participação ativa na sociedade e obtiveram reconhecimento social. Mas a organização massiva das mulheres em defesa de seus direitos é um fenômeno recente. O reconhecimento de que a mulher tem direito à plena cidadania vem se construindo em um processo lento e difícil, acelerado principalmente com as conquistas sociais e políticas da segunda metade do século XX.


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O século XX já foi chamado de “século das mulheres”, momento em que o movimento de mulheres e, no interior deste, o movimento feminista, em suas múltiplas vertentes, viu muitas de suas reivindicações atendidas. Entretanto, se a cidadania pode ser pensada como o “direito de ter direitos”, ou seja, como igualdade e como eliminação de formas de hierarquias relacionadas ao “natural”, não podemos, ainda, considerar que o século XX tenha fornecido às mulheres a plena cidadania. Mas devemos reconhecer que algumas conquistas foram efetivadas. [...]

PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria. Igualdade e Especificidade. In: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi (Orgs.). História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2003. p. 293-4.

Um exemplo característico das conquistas femininas desse período foi a liberação da venda e divulgação de métodos contraceptivos e, em alguns países, a descriminalização do aborto, apesar da grande resistência dos países onde a moralidade religiosa exerce maior influência política. Com essas conquistas, as mulheres adquiriram um domínio inédito sobre seu corpo, puderam escolher o momento de ter filhos, ou mesmo não tê-los. Nos anos 1980, o movimento das mulheres investiu na luta contra as violências das quais elas eram alvos principais, exigindo punições rigorosas para crimes como o estupro e a violência doméstica.

Apesar desses avanços, atualmente as mulheres ainda são discriminadas, principalmente nas relações de trabalho, nas quais costumam receber salários mais baixos que os dos homens, mesmo exercendo funções idênticas. Hoje se sabe que essas diferenças na forma da sociedade encarar homens e mulheres são derivadas de valores sociais construídos historicamente. É nesse sentido que vêm sendo desenvolvidos nos últimos anos os chamados estudos de gênero, que compreendem as diferenças entre homens e mulheres com base em uma perspectiva histórica, vinculada às construções sociais. Leia o texto abaixo que explica com mais detalhes os estudos de gênero.

Os diferentes sistemas de gênero – masculino e feminino – e de formas de operar nas relações sociais de poder entre homens e mulheres são decorrência da cultura, e não de diferenças naturais instaladas nos corpos de homens e mulheres. [...]

Para as ciências sociais e humanas, o conceito de gênero se refere à construção social do sexo anatômico. Ele foi criado para distinguir a dimensão biológica da dimensão social, baseando-se no raciocínio de que há machos e fêmeas na espécie humana, no entanto, a maneira de ser homem e de ser mulher é realizada pela cultura. Assim, gênero significa que homens e mulheres são produtos da realidade social e não decorrência da anatomia de seus corpos. [...]

SECRETARIA Especial de Políticas para as Mulheres. Gênero e diversidade na escola: formação de professoras/es em Gênero, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais. Brasília: SPM, 2009. p. 39.

Portanto, consideramos que o mais importante para atingir a equidade de direitos é a criação de um espaço comum entre homens e mulheres, em que a diferença de identidades não seja motivo para a diferença de direitos, e a sala de aula é um local privilegiado para isso.
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O respeito aos idosos

Visando garantir o bem-estar das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, em 2003 foi aprovado o Estatuto do Idoso. Nele, uma série de leis busca promover o respeito, a autonomia, a integração e a participação efetiva dos idosos na sociedade brasileira.



Figura 41

Idoso canta uma canção para crianças em São Paulo, em 2013. A socialização entre crianças e idosos é benéfica para todos.

Fernando Favoretto/Criar Imagem

No momento em que ocorre o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, a criação do Estatuto demonstra uma crescente preocupação com a valorização do idoso no país. Apesar de representar um grande avanço, a existência do Estatuto não garante por si só a melhoria da qualidade de vida dos idosos no Brasil. Nesse sentido, a educação tem um papel relevante a cumprir, atuando na conscientização dos alunos sobre a importância das pessoas idosas em nossa sociedade.

Uma das principais maneiras de promover na sala de aula a valorização dos idosos é por meio da sociabilização entre pessoas idosas e alunos. Ao compartilhar seus conhecimentos e memórias, os idosos destacam o valor de suas experiências, auxiliam os professores a humanizar os conteúdos trabalhados em sala de aula e possibilitam aos alunos aprofundar o sentido daquilo que foi estudado.

Assim, a participação de idosos na vida escolar é uma questão fundamental. O primeiro passo para que ela ocorra é privilegiar uma gestão democrática da escola, prevendo, no projeto pedagógico, além da presença da comunidade na escola, um esforço para incluir a participação de pessoas idosas no processo de ensino-aprendizagem.



A inclusão na escola

Os direitos das pessoas com deficiência foram estabelecidos na Convenção de Guatemala, de 1998. O documento, ratificado pelo Brasil em 2001, estabelece que as pessoas com deficiência tenham direitos idênticos aos das demais. No caso das crianças em idade escolar, a própria Constituição da República proíbe qualquer unidade escolar de excluí-las. Assim, é necessário que as escolas se adaptem às necessidades desses alunos, cujas deficiências podem ser físicas, sensoriais ou mentais.

A adaptação passa pela adoção de práticas criativas na sala de aula e por mudanças no projeto pedagógico, mas existem orientações específicas para determinados casos de deficiência. As mudanças não são fáceis, e sua eficácia depende de vontade e empenho por parte dos profissionais envolvidos. Além da necessidade de algumas adaptações no ambiente escolar, principalmente para melhorar a acessibilidade, os professores precisam buscar orientação especializada, que deve ser fornecida pelo Estado. É importante também conversar com os respectivos pais e, principalmente, dar atenção especial a esses alunos. Quando os resultados começam a aparecer, não só o aprendizado deles progride, mas toda a comunidade escolar, no papel de cidadã, também.
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A avaliação

A importância da avaliação

A avaliação é um instrumento que o professor possui para diagnosticar, analisar, sistematizar e orientar suas ações pedagógicas. Entende-se a avaliação como um diálogo contínuo entre professor e aluno, uma vez que, quando elaborada em concordância com o conteúdo ensinado, serve como resposta concreta à prática do professor e ao processo de ensino-aprendizagem.

No contexto em que atua, deve estar claro para o professor que além de a avaliação ser importante, cujo processo deve ser contínuo e não se restringir a resultados, ela diagnostica os reais problemas na aprendizagem e colabora para a evolução do aluno.

Segundo Bonesi e Souza (2006, p. 134), a avaliação é definida como “o ato por meio do qual A e B avaliam juntos a prática implementada, as aprendizagens efetivadas, as conquistas erigidas, o desenvolvimento conquistado, os obstáculos encontrados ou os erros e equívocos porventura cometidos. Daí seu caráter dialógico”.

Assim, professores e alunos participam da avaliação, a qual só acontece efetivamente se as dificuldades, os erros e acertos fizerem sentido para a aprendizagem de ambos, como se fosse uma via de mão dupla para o ensino.

Nesse sentido, a avaliação deve ser compreendida como processo, instrumento de coleta de informações em que os alunos sistematizem e interpretem as informações obtidas, fazendo uma tomada de decisão e, principalmente, a descentralização do poder do professor. Caso os objetivos de ensino não condizerem com os resultados das avaliações, há incoerência tanto no instrumento quanto na prática avaliativa.

A avaliação é o espaço ideal para a mediação entre as alternativas de ensino do professor e os percursos de aprendizagem dos alunos. Sob esse enfoque, a avaliação centra-se na “forma como o aluno aprende, sem descuidar da qualidade do que aprende” (MÉNDEZ, 2002, p. 19), orientando o trabalho do professor e ajustando seu fazer didático para produzir desafios que se transformem em aprendizagem.

Durante muito tempo, as instituições escolares ministraram um tipo de ensino homogêneo e linear, que não considerava as particularidades de cada aluno no processo de aprendizagem. Nesse contexto escolar, a forma de avaliação predominante era unicamente a somativa, composta basicamente de provas escritas e focada na quantidade de saber acumulado, gerando exclusão de alunos que apresentavam dificuldades e que acabavam rotulados de incapazes.

Por outro lado, em uma aprendizagem heterogênea, não linear, a prática de avaliação mais adequada é a formativa, que considera o processo de aprendizagem tão importante quanto aquilo que se aprende. Assim, a prática pedagógica se torna reflexiva e transformadora, uma vez que exige dos professores uma postura ativa sobre as dificuldades dos alunos.
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Para que a avaliação não se torne uma forma de seleção e exclusão, focada apenas em princípios de eficiência e competitividade, é importante haver um canal de comunicação entre alunos e professor. Desse modo, os critérios da avaliação, seja formativa ou mesmo somativa, precisam ser apresentados e discutidos antes de sua aplicação para que o aluno saiba como e sob quais aspectos serão avaliados.



Figura 42

Adolescente realiza prova escrita em escola localizada na cidade de Boa Vista, em Roraima, em 2010. Tanto na avaliação formativa como na somativa, os critérios adotados devem ser apresentados e discutidos com os alunos.

Delfim Martins/Pulsar

Portanto, cabe ao professor pensar na avaliação como um processo que vai além de sua mera aplicação, que precisa ser cuidadosamente elaborado. O resultado dessa avaliação, por sua vez, deve ser devolvido e revisado com os alunos, para perceberem o ensino como um processo, o que implica em rever os motivos de seus erros a fim de avançar na aprendizagem. O planejamento do processo de avaliação deve incluir conteúdos trabalhados em sala de aula de maneira situada e reflexiva, levando em consideração o processo de aprendizagem do aluno. Deve, ainda, na medida do possível, conter atividades que valorizem diferentes tipos de conhecimento do aluno, como exercícios objetivos, dissertativos, trabalhos em grupo, debates e assim por diante.

Em caso de testes ou provas escritas, após a sua aplicação, é importante que o professor explique novamente aos alunos quais foram seus critérios avaliativos, releia as questões, discuta as respostas e retome o que foi visto e discutido em sala de aula, para, então, a avaliação fazer sentido.

Quando elaborada, aplicada e revisada corretamente, a avaliação perde seu caráter punitivo e excludente e passa a avaliar o aluno de maneira formativa e continuada, além de possibilitar que o professor reveja sua prática pedagógica.



A autoavaliação

A autoavaliação tem papel fundamental na democratização da avaliação. A utilização dessa ferramenta possibilita tanto a alunos quanto a professores avaliarem seu desempenho em sala de aula.

[...] Para o aluno autoavaliar-se é altamente favorável o desafio do professor, provocando-o a refletir sobre o que está fazendo, retomar passo a passo seus processos, tomar consciência das estratégias de pensamento utilizadas. Mas não é tarefa simples. Para tal, ele precisará ajustar suas perguntas e desafios às possibilidades de cada um, às etapas do processo em que se encontra, priorizando uns e outros aspectos, decidindo sobre o quê, como e quando falar, refletindo sobre o seu papel frente à possível vulnerabilidade do aprendiz. Nesse sentido, o caráter intuitivo e ético do educador faz-se fortemente presente, porque ele precisará promover tal reflexão a partir do papel que lhe cumpre e da forma de relacionamento que deseja estabelecer com seus alunos. [...]

HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2001. p. 54.


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Portanto, ao desafiar os alunos, o professor também passa a refletir sobre a sua atuação nos processos didáticos, adequando-se às necessidades do dia a dia em sala de aula e tomando consciência de seu papel diante dos desafios do processo de ensino-aprendizagem.

A pesquisadora Jussara Hoffmann defende a ideia de que a autoavaliação não deve ser caracterizada como um processo de autojulgamento de atitudes e relações pessoais. Questionamentos atitudinais, como: “O que penso sobre minhas atitudes na escola? O que penso sobre minha relação com colegas e professores? Que notas me atribuiria sobre o que aprendi nesse período?”, podem atingir a autoestima dos alunos de maneira negativa e criar conflitos entre estes e os professores, uma vez que geralmente as respostas dos alunos são levadas em conselhos de classe ou mesmo apresentadas aos pais ou responsáveis.

Para Hoffmann, a autoavaliação deve ser um instrumento que favoreça a reflexão e a construção do conhecimento.

[...] Um processo de autoavaliação só tem significado enquanto reflexão do educando, tomada de consciência individual sobre as aprendizagens e condutas cotidianas, de forma natural e espontânea como aspecto intrínseco ao seu desenvolvimento, e para ampliar o âmbito de suas possibilidades iniciais, favorecendo a sua superação em termos intelectuais. [...]

HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2006. p. 53.

Veja algumas questões que podem ser propostas aos alunos como forma de promover a autoavaliação entre eles.

O que estou aprendendo?

O que eu aprendi?

Como se aprende/se convive?

De que forma poderia aprender melhor?

Como poderia agir/participar para aprender mais?

Que tarefas e atividades foram realizadas?

O que aprendi com elas? O que mais poderia aprender?

O que eu aprendi com meus colegas e professores a ser e fazer?

De que forma contribuí para que todos aprendessem mais?

Além disso, é necessária a atenção em situações do dia a dia em sala de aula que podem indicar exemplos de autoavaliação:

[...] a ajuda às tarefas que pedem; a solicitação de textos complementares ou novas explicações para noções sobre as quais ainda têm dúvidas; a insistência em explicações sobre os porquês dos seus erros em tarefas; o auxílio em classe e extraclasse solicitado a outros colegas; a reivindicação de tempo e espaço para conversarem sobre questões de ensino e relacionamento com professores e colegas.

[...]

HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2006. p. 55.


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Objetivos, comentários e sugestões

capítulo 1 Construindo a História

Objetivos

• Compreender que a noção de tempo é fundamental para os estudos históricos.

• Entender que os historiadores interpretam os fatos e constroem o conhecimento histórico com base na análise das fontes.

• Perceber que o conhecimento histórico se transforma no decorrer do tempo.

• Estudar alguns conceitos importantes para a História.

• Reconhecer a historicidade dos conceitos.



Interpretando o passado

Se o conhecimento histórico é relativo, o mesmo não ocorre com os fatos. Acontecido há cinco minutos ou 5 000 anos, um fato não pode ser alterado. Só que os fatos em si não constituem a História; eles são referências que orientam a interpretação histórica, mas não são a História.

Sabemos, é claro, que há realidades e contextos históricos semelhantes, mas ser semelhante não significa ser igual. Os fatos e, em última instância, a própria História são únicos e irreversíveis. O que muda são as interpretações e versões sobre os fatos. [...]

Um equívoco que deve ser evitado a todo custo no estudo da História é o de interpretar uma realidade passada com conceitos da realidade atual. É o que se chama de anacronismo. Vale repetir: estudar História não é simplesmente recuar no tempo. Para estudar o passado é preciso [...] colocar-se no lugar dos que viveram noutras épocas e lugares e, a partir daí, interpretar. Por isso estudar História é uma via de duas mãos: presente-passado e passado-presente.

BOSCHI, Caio César. Por que estudar história? São Paulo: Ática, 2007. p. 31-2.

Abertura do capítulo páginas 14 e 15

• As imagens de abertura permitem que sejam identificados alguns aspectos relacionados às condições de vida da população da França, no século XVIII. É possível estabelecer uma relação entre essas duas imagens, pois cada uma delas mostra um grupo social específico. Questione os alunos se eles conseguem identificar cada um desses segmentos sociais. Comente com eles que a cerimônia representada na página 14 mostra um casamento, ocorrido em fevereiro de 1745, entre o filho de Luís XV, Luís de Bourbon, e a princesa Maria Teresa da Espanha. Além de ser uma festividade matrimonial, esse evento foi também um baile.



Figura 43

1

capítulo 14



Construindo a História

Nobreza francesa reunida em 1745 na Galeria dos Espelhos, no Palácio de Versalhes, França.

Aquarela de Charles-Nicolas

Cochin, século XVIII.
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Na imagem da página 15, as mulheres aparecem portando armas (além de um canhão, carregam lanças, baionetas, espadas, um tridente e um machado). Comente com os alunos que esse episódio, conhecido como Marcha sobre Versalhes, foi promovido pelas mulheres pobres de Paris, que protestavam contra a escassez de alimentos e o alto preço do pão. Incentive os alunos a compararem as duas imagens e a refletirem sobre as diferentes condições de vida em uma mesma sociedade. Comente também sobre a importância das fontes históricas para o estudo e a análise das sociedades humanas.



Respostas

a) A nobreza foi representada em um ambiente de riqueza e luxo. O espaço em que o casamento acontece é bastante amplo, com adornos e diversos lustres. Outro aspecto que demonstra o luxo e a riqueza dos nobres representados são suas vestes de gala. Dessa forma, é possível perceber que as condições de vida desse segmento social eram marcadas pela riqueza e pela ostentação.

b) As mulheres foram representadas portando armas, em meio a uma marcha e com trajes típicos camponeses.

c) Ao compararmos as duas imagens é possível perceber a desigualdade social que marcava a sociedade francesa durante o século XVIII.

Páginas 18 e 19

• Comente com os alunos que, ao analisar uma fonte, o historiador já tem seu próprio ponto de vista sobre a História, com base em sua formação teórico-metodológica, suas vivências e seu entendimento de mundo. É por essa razão que a análise de uma mesma fonte histórica feita por historiadores diferentes pode resultar em conclusões diversas. Caso julgue conveniente, apresente-lhes o texto a seguir, que versa sobre os cuidados que os historiadores devem ter ao analisar fontes históricas.

[...] Cabe [ao historiador] distinguir os contextos, as funções, os estilos, os argumentos, os pontos de vista e as intenções do autor [da fonte]. Ou, colocando de outra forma, compete ao estudioso da História realizar a leitura crítica [...] do documento.

[...] O documento não pode ser entendido como a realidade histórica em si, mas trazendo porções dessa realidade. Além disso, as fontes históricas são sempre lidas e exploradas com os filtros do presente, de acordo com os valores, as preocupações, os conflitos, os medos, os projetos e os gostos de cada observador. Em seguida, [o historiador] sugere as perguntas fundamentais que devem dar início a todo o trabalho e a todas as reflexões: Quando? Onde? Quem? Para quem? Para quê? Por quê? Como? E, ainda, propõe questionamentos sobre os silêncios, as ausências e os vazios que sempre fazem parte do conjunto e que, por não serem tão facilmente detectáveis nas fontes, são, por vezes, ignorados. [...]

SAMARA, Eni de Mesquita; TUPY, Ismênia S. Silveira. História & Documento e metodologia de pesquisa. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. p. 123-4.

• As novas abordagens dos historiadores em relação às fontes históricas tiveram início, principalmente, nas primeiras décadas do século XX. Foi nesse período que se desenvolveu na França um movimento conhecido como Escola dos Annales, que buscou valorizar outros tipos de fontes históricas, além de documentos escritos e oficiais. Assim, passou-se a considerar como fonte histórica diversos tipos de objetos, documentos e materiais. Leia o texto a seguir, que comenta sobre a Escola dos Annales.


Página 367

Em um plano global, o grupo se distingue dos historiadores anteriores por algumas características centrais: percepção do social em detrimento do individual; inserção em novos e diferentes campos — além do político, o econômico, o social e o cultural; pressuposto de uma história problema, em substituição à tradicional história narrativa, dos acontecimentos. Comumente, os historiadores dos Annales foram classificados em três gerações. A primeira liga-se aos fundadores da revista, Febvre e Bloch, a segunda principalmente a Fernand Braudel e a terceira já a um conjunto de historiadores.

A mudança aí [, com a Escola dos Annales,] é não só na concepção de documento, mas também na constituição de corpus documental, cujo objetivo final é alcançar o homem. [...]

Os homens são objetos da história. Tomados, em sentido mais amplo, não apenas os textos, mas todos os documentos, e sobretudo os que “o feliz esforço de disciplinas novas proporciona” [...].

FUNARI, Pedro Paulo A.; SILVA, Glaydson José da. Teoria da História. São Paulo: Brasiliense, 2008. p. 58-60. (Tudo é história).

Investigando na prática páginas 20 e 21

• As fontes histórias analisadas nessa seção são anúncios publicitários. Por meio deles, é possível caracterizar alguns aspectos sobre a sociedade da época, saber quais produtos e serviços estavam presentes no mercado, como era a relação entre consumidor e empresas, como se estabeleciam os padrões de abordagem ao consumidor, entre outras informações. Contudo, é necessário um cuidado metodológico no trato desse tipo de fonte histórica para que seja possível identificar qual o seu público-alvo, qual é a empresa por trás do anúncio, qual sua intenção etc. Leia o texto a seguir, que comenta sobre a análise de publicidade no campo da pesquisa histórica.



O século do ego
Direção de Adam Curtis, 2002. (240 min).
Esse documentário, dividido em quatro episódios, apresenta uma reflexão interessante sobre consumismo, marketing, publicidade, psicanálise e manipulação das massas.

[...] Devemos observar que, no nosso entender, [a publicidade] não funciona como mero espelho da sociedade, refletindo mecanicamente a “realidade” social, pois não é uma força estanque, absolutamente condicionada por fatores externos a ela. Ao contrário, a publicidade apresenta uma dinâmica, [ela] se produz como prática social e, por conseguinte, também age sobre a sociedade, influenciando-a. [...]

Dessa forma, ao analisar os anúncios veiculados pela mídia, temos a oportunidade de apreender o imaginário em movimento, como algo que se transforma a partir deste jogo entre as ideias e representações que a sociedade faz de si mesma, e as que o sistema esforça-se por valorizar e reforçar nela.

FIGUEIREDO, Anna Cristina Camargo Moraes. “Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada”: publicidade, cultura de consumo e comportamento político no Brasil (1954-1964). São Paulo: Hucitec História Social USP, 1998. p. 21.



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