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corresponde a uma forma lógica subjetiva – a um protótipo lógico da
composição.
7.23. Os valores que a variável modular pode assumir são fixados. A
fixação de valores é a variável.
7.24. A fixação dos valores da variável modular é a especificação
das modulações cuja marca comum é a variável.
7.241. A fixação é uma descrição da modulação.
7.242. A fixação tratará, pois, apenas de temas, não do significado
deles.
7.243. E apenas isso é essencial para a fixação temática, que ela
seja uma descrição dos temas fixos das modulações na música e nada
enuncie sobre o estilo.
7.3. O tema é o sentimento que se intenta presentear numa ou mais
variáveis modulares.
7.31. O tema é a imagem modularsonora.
7.32. Duas variáveis modulares diferentes podem ter, portanto, o
mesmo tema em comum – designando nesse caso, sentimentos
diferentes.
7.321. A marca comum de duas modulações nunca pode ser
denunciada por serem compostas com o mesmo tema, mas através de
diferentes modos de composição.
7.322. Pois o tema é, sem dúvida, arbitrário.
7.3221. Poderíamos, portanto, escolher também dois temas
diferentes e, nesse caso, o que restaria de comum nas modulações?
7.33. Na composição corrente, acontece com muita frequência que
um mesmo tema componha de maneiras diferentes – pertença, pois, a
modulações diferentes – ou que dois temas diversos sejam empregados,
na modulação, superficialmente do mesmo modo.
7.331. O mesmo tema repetido, não é a mesma modulação.
7.4. Para reconhecer a modulação na música, deve-se atentar para o
uso significativo na composição.
7.41. É só no seu emprego lógico-sentimental, que a música
determina um estilo.
7.42. Se uma tema não tem serventia na sintaxe musical, não tem
sentimento e ou sentido.
7.421. Na esquizopathológica de composição, o sentimento de
uma música nunca pode desempenhar papel algum; ele deve poder
estabelecer-se sem que se fale do significado de qualquer música, ele
pode pressupor apenas a descrição das modulações.
7.5. As modulações possuem traços essenciais e casuais.
7.51. São casuais os traços que derivam da maneira particular de
composição modular.
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7.52. Essenciais, os que, por si só, habilitam a modulação a exprimir
seu sentimento e sentido.
7.521. O essencial na modulação é, portanto, o que têm em
comum todas as modulações que podem exprimir o mesmo sentimento.
7.522. Do mesmo modo o essencial no tema é o que têm em
comum todos os temas que exprimem a mesma variável modular.
7.6. Poder-se-ia, pois, dizer: o som propriamente dito é o que todas as
modulações que compõem o som têm em comum.
7.7. Um modo particular de fixação espaçotemporal do audível, um
estilo, pode não ter importância, mas é sempre importante que seja um
modo possível.
7.71. E isso se dá na composição em geral: o singular mostra-se
repetidamente como algo sem importância, mas a possibilidade de cada
singular nos ensina uma lição sobre a essência do som.
7.711. Uma música, por exemplo, pode conter uma canção em si
sem necessariamente se reduzir à formacanção.
8. A teoria esquizopathológica de cada ouvintecompositor é sua fixação
de temas estilísticos entre uma modulação sonora e um sentimento.
8.1. O homem tem a capacidade de construir linguagens musicais com
as quais se pode exprimir todo sentimento, sem fazer idéia de como e do
que cada modulação significa – como também assobiamos sem saber
como se produzem os sons particulares deste canto.
8.2. Uma fonte principal de nossa incompreensão musical é que não
temos uma audição completa, mas sim fragmentada do uso dos sons em
nossas músicas.
8.21. A audição panorâmica consiste justamente em ouvir as
conexões. Daí a importância da contínua busca e criação de novas
articulações modulares intermediárias entre as já
existentes(arbitrariamente os movimentos de pulso, harmonia, melodia,
cor timbrística e espacialização).
8.22. Criando assim sempre novos conceitos teóricos musicais.
8.3. As relações entre as linguagens musicais, os estilos, se assemelham
com as que mantêm os jogos. Pois se você os contempla, não verá na
verdade algo que fosse comum a todos, mas verá semelhanças de
família nas modulações sonoras.
8.31. Algumas músicas se assemelham pelos ritmos constantes, mas
diferenciam-se nos usos harmônicos. Da mesma forma há famílias de
jogos harmônicos bem definidos, como o tonalismo, que se dividem pelos
usos melódicos e timbrísticos em, por exemplo, o pop e a música de
câmara.
8.32. A totalidade das músicas de um estilo é sua linguagem musical.
8.321. Todas as músicas se interconectam rizomaticamente em,
no mínimo, algum aspecto modular.
8.4. A linguagem musical humana é um traje que disfarça o ruído
constante do audível. E, na verdade, de um modo tal que não se pode
inferir, da forma exterior do traje, a forma do audível trajado; isso porque
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