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flash mobs, shows espontâneos e outras formas de entretenimento auto-
organizado continuem a aparecer", disse.
Fonte: Wired News (
http://br.wired.com/
).
SILVER APPLES
Web Ed Eu e Alexandre Matias (Trabalho Sujo)
Web Ed Eu é um pseudônimo. Ele entrou em contato comigo através de
um conhecido que me indicou a ele numa de minhas caças a MP3 pela
internet. Depois de trocar alguns arquivos, o cara me conta que era hacker
(e enfatiza ao dizer que "ex-hacker é que nem ex-viado") e que, depois de
uns problemas, decidiu abandonar essa vida de crimes. Hoje ele usa seus
poderes para o bem, tentando conversar com figurões da música
internacional que perambulam anônimos pela internet. Bolamos um
pseudônimo qualquer (que mistura Zé Bedeu com "a Web é d’eu" - tá, o
nome é ruim, mas foi o melhor que saiu) e sempre que o sujeito tiver
alguém grande na linha, sai no Trabalho Sujo. Pra estrear, o segredo mais
bem guardado dos anos 60: Silver Apples.
...................................................................................................
A segunda metade dos anos 60 moldou tudo que acontece até hoje.
Pense bem: Velvet Underground, Beatles, Stones, Barrett, Miles Davis,
Nuggets... e os Silver Apples. Silver Apples? Em 66, dois sujeitos chamados
Danny e Simeon resolveram juntar forças para montar a banda pioneira
na fusão rock e música eletrônica (ainda mais outsiders, o United States of
America fica para o próximo capítulo). Danny era uma máquina de loops e
Simeon, o geniozinho dos osciladores, teclados e outros instrumentos que
faziam parte do cardápio sonoro dos Silver Apples. Enquanto a banda
existiu, lançaram dois discos que são clássicos absolutos e influência
evidente tanto para o pessoal da música eletrônica como para os
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crossovers de gente de como Stereolab e NEU!. Com vocês o simpático
Simeon que começou a entrevista assim: "As luzes estão baixas, a música
pulsando e um copo de vinho repousa em minha mão: estou pronto para
a primeira questão".
Trabalho Sujo - Como você conheceu o Dan? Você já tinha o conceito do
Silver Apples na sua mente antes mesmo de conhecer ele?
Simeon - Danny era o baterista em uma destas bandas de bar, eu era o
cantor em outra. Quando minha banda acabou, nosso agente me colocou
na banda do Danny, porque eles estavam precisando de um vocalista. Foi
assim que nós nos conhecemos. Fazia um tempo que eu estava brincando
com a idéia de usar osciladores como um instrumento de uma banda de
rock, e quando eu mostrei a idéia para a banda do Danny, eles acharam
legal eu tentar algo durante os longos improvisos deles, que rolavam no
final dos shows. Todo mundo na banda odiou, menos o Danny. Todos
caíram fora, deixando só eu e o Danny, dai nós decidimos mudar o nome
da banda para Silver Apples após notarmos um poema do W. B. Yeats
chamado The Song of the Wandering Angus, que estava pregado na
minha parede, neste poema Yeats fala sobre às maçãs douradas do sol e
as maçãs prateadas da lua. A música se desenvolveu organicamente, de
maneira que minha voz e meus osciladores se integraram com a bateria
de Danny. Nós não tínhamos idéias preconcebidas de como a música
deveria ser.
Trabalho Sujo - Você estudou algo relacionado com eletrônica? Como
você descobriu todo o lance do oscilador?
Simeon - Eu nunca estudei eletrônica. Eu tinha um amigo que era um
compositor "sério" que possuía um oscilador em sua sala, ligado no seu
aparelho de som. Toda noite ele tomava uma vodka e tentava tocar este
oscilador junto com músicas do Beethoven e do Bartok. Eu pensei: por
que não com NOSSO tipo de música? Então depois de assistir ele tocando,
eu passei lá, tomei uma vodka junto com ele e coloquei um disco do
Wilson Pickett para rolar. Quando o sol raiou, eu ainda estava lidando
com aquilo. Eu não acreditava em como era divertido fazer aquilo... E
mesmo quando eu tinha algum problema com a afinação, eu pensei que
era como no violino: você tem que praticar. Então eu perguntei onde
poderia comprar um oscilador, então ele virou e disse: "pode pegar este,
já estou de saco cheio disso".
Trabalho Sujo - Vocês estavam em contato com a cena de vanguarda de
NY daquela época?
Simeon - Nós éramos uma banda que tocava regularmente no Max’s
Kansas City. Por um bom tempo, fomos a única banda que podia tocar no
andar de cima do Max’s (depois que nós acabamos o Blondie e o Dylan
com a The Band tocaram lá em cima, mas nós fomos os primeiros), e
como você sabe, o Max's era o lugar onde todo este pessoal da vanguarda
ficava. O Velvet e aquela turma do Warhol pintava por lá, assim como
artistas como Chamberlain e Bob Rauschenberg... uma turma bem legal.
Trabalho Sujo - Como a Kapp Records entrou em contato com vocês para
lançar o primeiro disco?
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Simeon - Nosso agente estava tentando encontrar aqueles executivos de
gravadoras em bares e convidando eles para assistirem nossos ensaios e
escutar algo "realmente diferente". A maioria correu, tampando seus
ouvidos, mas este cara da Kapp voltou. Finalmente ele nos ofereceu um
contrato, e desde que era o único que nós tínhamos, nós acertamos com
ele. Acho que nós éramos a única banda de "rock" do selo, o resto era
basicamente piano de bar e gospel.
Trabalho Sujo - Foi difícil gravar o primeiro disco? Acho que poucas
pessoas daquela época tinham conhecimento do tipo de música que
vocês estavam tentando desenvolver.
Simeon - O maior problema foi gravar sem que "tonalidades extras"
atrapalhassem o resultado. Sem falar em termos técnicos, quando você
toca uma corda de guitarra ou de piano, você não somente consegue a
nota que você queria, como outras notas que são criadas pelas vibrações
da corda, todas estas "tonalidades extras". O engenheiro de som pode
manipular estes tons para dar mais graves, mais riqueza, mais presença,
maiores agudos, etc. Mas com um oscilador você só tem a nota pura.
Quando você pode para ele colocar mais definição na faixa do baixo, ele
diz: "mas aqui não tem nada!". Eu passei a maior parte do tempo, nestas
primeiras gravações, tentando todos os tipos de filtros e efeitos para
gerar "tonalidades extras" para que os engenheiros tivessem com o que
trabalhar.
Trabalho Sujo - Ao mesmo tempo que os Silver Apples começavam toda
esta experimentação envolvendo música eletrônica, a cena alemã, que
todos nós conhecemos como Krautrock, também estava trabalhando com
similares propostas. Você conhecia estas bandas, como Faust e Can?
Quando eu escuto o NEU!, eu sempre penso que eles tiraram muito
daquilo do background dos Silver Apples.
Simeon - Nós estávamos em outro vibe naquela época. Nós estávamos
tentando fazer rock e não música experimental eletrônica, nossas maiores
influências eram Fats Domino, Wilson Pickett, Sam and Dave e claro coisas
tipo Beatles e Stones, porque eles estavam no rádio o tempo todo. Eu
comecei a prestar atenção no som alemão alguns anos atrás... um dia o
Holger Czukai (do Can) estava fazendo um show em NY e eu fui até o
backstage para falar com ele, depois de me apresentar e falar o quanto eu
apreciava a sua música, ele simplesmente saiu andando! Durante minha
apresentação ele me disse que não conhecia o Silver Apples.... então após
isso, eu simplesmente sai.
Trabalho Sujo - Quando o segundo disco Contact foi lançado, vocês
começaram uma tour. Como as pessoas reagiam?
Simeon - Dependia de onde nós estávamos. Nos arredores de NY, nós
tínhamos um grande público, assim como nas cidades do meio-oeste
como Detroit, Chicago e Cincinatti. Mas na costa oeste, as pessoas
estavam todas naquele vibe do psicodelismo e do hippie, de maneira que
ninguém entendia nada. Nós fizemos um show no Fillmore em São
Francisco e o público foi basicamente umas vinte pessoas chapadas de
ácido com suas roupas floridas, rodopiando na pista. Nós ficamos um
verão inteiro na costa oeste tocando nos mais variados lugares,
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