Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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desenvolvimento e na armação de vários artículos (p.ex. Figs. 5c vs 5e; 22g-j).
O tarso culmina em uma garra (Fig. 2) quitinosa, curva, comprida e pontuda.
•
Quatro pares de apêndices ambulatoriais denominados de pernas. São
numeradas antero-posteriormente como Perna I, II, III e IV. Possuem sete
segmentos: coxa, trocânter, fêmur, patela, tíbia, metatarso e tarso. Cada
segmento pode ser identificado com o numero da perna a que pertence (p.ex.
fêmur IV). Os segmentos podem apresentar uma armação muito variada, de
grande importância taxonômica, também podem portar caracteres de
dimorfismo sexual como alargamentos e armação diferenciada entre os sexos.
O metatarso das pernas I-IV é dividido em um astragalus (em português
astrágalo) proximal e um calcaneus (em português calcâneo) distal, cujo
tegumento é menos quitinizado, e cuja cobertura de cerdas diferenciada
podendo se desenvolver um órgão de aparente função secretora como em
Samoidae e Biantidae (Figs. 5i, 19d, 23d). Os tarsos são pluri-segmentados e
estão divididos em duas ou três regiões que correspondem à segmentação tarsal
original dos juvenis. Nas pernas anteriores (I e II) são duas regiões: os
basitarsos e os distitarsos, nas posteriores (III e IV) são três regiões:
basitarso, mesotarso e distitarso (Fig. 5g). A quantidade de tarsômeros ou
segmentos tarsais (basitarso [+ mesotarso] + distitarso) de cada uma das
pernas pode ser representada pela formula tarsal, a qual se convenciona
apresentar ordenada da perna I a IV no seguinte esquema #tarsômeros perna I:
# tarsômeros perna II: # tarsômeros perna III: # tarsômeros perna IV (ex.
7:11:6:7). Mais comumente em outras superfamílias costuma-se além disso
discriminar os distitarsômeros entre parênteses. O distitarso das pernas III e IV
pode possuir uma scopula (em português escópula) (Figs. 5j, 19e) de
densidade variável e em raras ocasiões um processo tarsal.
Opistossoma dorsal
No opistossoma dorsal pode-se reconhecer o escudo abdominal (Fig.
3) o qual se compõe pelas áreas I, II, III e IV (= mesotergo), as bordas
laterais e a borda posterior (Fig. 3). O escudo abdominal + carapaça=
escudo dorsal (Fig. 3). As áreas estão delimitadas pelos sulcos (Fig. 3). O sulco
que separa a carapaça da área I é denominado sulco I e os sulcos que separam as
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áreas são denominados antero-posteriormente como sulco II, III, IV e o sulco
que separa a área IV da borda posterior é denominado de sulco V (Fig. 3). Os
sulcos podem ser marcados ou vestigiais e a armação das áreas é muito variada e
de grande importância taxonômica. Posteriormente ao mesotergo encontram-se os
tergitos livres I, II e III (Fig. 2c), que geralmente apresentam uma fileira
transversal de grânulos, porém em alguns grupos estão armados de fortes apófises
e tubérculos.
Opistossoma ventral
No opistossoma ventral encontram-se os esternitos livres I, II, III, IV, V
(Fig. 4) e o opérculo anal (Figs. 4, 2c). Os esternitos geralmente apresentam
uma fileira transversal de grânulos, porém em famílias como Kimulidae e
Escadabiidae, algumas espécies podem apresentar apófises medianas e laterais de
valor taxonômico. O opérculo genital possui ornamentação variada.
5.1.2.- Caracterização da morfologia genital de Samooidea
A caracterização das diferentes morfologias da genitália masculina constitui
um dos aspectos mais importantes da taxonomia moderna dos opiliões e vem
acarretando mudanças nos diversos níveis da sistemática do grupo (MARTENS,
1976, 1986; KURY, 1993; 2003). A utilização da genitália masculina na literatura
tem sido principalmente restrita à diferenciação especifica e genérica, sendo na
maioria das vezes somente desenhada e desacompanhada de qualquer tipo de
descrição (p.ex. GONZÁLEZ-SPONGA, 1987, 1992, SUZUKI, 1969).
Na atualidade não é concebível um trabalho taxonômico de opiliões que
não ofereça atenção detalhada à descrição da genitália masculina. Vários autores
têm incitado à comunidade aracnológica nesse sentido (p.ex. MARTENS, 1986),
porém ainda persistem trabalhos que não prestam devida atenção a esse aspecto e
oferecem desenhos quase inúteis. Através da literatura podemos destacar quatro
tipos de deficiências na hora de representar a genitália masculina:
1.
Ultra-Simplificação: onde se mostram os contornos da genitália sem
detalhes da sua morfologia (Figs. 6a, d).
2.
Esquematização: onde a genitália é apresentada muito esquematicamente
fazendo abuso de simetria e figuras geométricas que entorpecem a
Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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interpretação da morfologia, sobretudo nos grupos de Grassatores de glande
complexa como os “Phalangodidae” sensu Roewer (Fig. 6c).
3.
Miniaturização: onde os desenhos da genitália se apresentam em um
tamanho muito pequeno pelo qual carecem do detalhe necessário para uma
adequada interpretação da sua estrutura (Fig. 6e).
4.
Superposição de linhas: onde a genitália é representada como é observada
no microscópio, mostrando todas as linhas em um desenho 2D, neste caso
linhas de estruturas internas como o atrium e a vesícula se confundem com
linhas do contorno externo, dificultando a compreensão tridimensional da
estrutura e a sua correta interpretação (Fig. 6b).
Com os trabalhos de MARTENS (p.ex. 1976) começa um novo enfoque no
estudo dos caracteres genitais e sua utilização na taxonomia de grandes grupos de
opiliões. Martens realizou os primeiros trabalhos comparativos da genitália
masculina visando fundamentalmente em caracteres da musculatura e no
funcionamento das estruturas, porém oferecia pouca informação comparativa
sobre a homologia das partes genitais nos diferentes grupos de nível de família. A
primeira tentativa de um estudo detalhado da homologia das partes genitais nos
diferentes grupos de Laniatores foi feito por KURY (1993) porém não publicado.
Naquele momento a quantidade de informação disponível era muito pouca (menos
ainda nos Grassatores não Gonyleptoidea) e a genitália masculina de muitos
grupos era completamente desconhecida. A presente tese complementa o trabalho
de KURY (1993) aportando dados dos grupos de Grassatores de genitália complexa
que possuíam pouca informação.
Dentro dos Opiliões encontramos pênis com ou sem musculatura. Se bem
que a presença dos músculos do pênis e sua função na articulação tronco- glande já
fosse conhecida por autores antigos como de GRAAF (1882), POCOCK (1902a),
LOMAN (1903), HANSEN & SØRENSEN (1904). Foi MARTENS (1976; 1980) que
definiu vários tipos de pênis de acordo à sua musculatura:
Com músculos:
−
Três feixes musculares (exclusivo dos Sironidae);
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