Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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registro para África Continental descrevendo o gênero Microconomma. No
conceito de ROEWER (1923), os Samoidae incluíam só Badessa, Feretrius,
Mitraceras e Samoa. No meio do século XX ROEWER (1949a) deu uma grande
contribuição, descrevendo gêneros e espécies da África, Austrália, Indonésia e
Venezuela. LAWRENCE (1959) criou os gêneros Hovanoceros e Malgaceros de
Madagascar. ŠILHAVÝ (1977; 1979) descreveu gêneros e espécies do México e
Caribe. STARĘGA (1992) foi o primeiro em restabelecer os Samoidae ao status
familiar (nesse momento considerada subfamília de Phalangodidae), embora sem
dar nenhuma justificativa. KURY (2003) transferiu três gêneros a Samoidae. A
maioria dos autores (p.ex. GOODNIGHT & GOODNIGHT, 1983) prestaram
marcada atenção à definição de uma característica variável como a presença da
escópula, ignorando muitas outras fontes de informação morfológica mais
informativas. Goodnight & Goodnight não viram nenhuma escópula em
Stygnomma maya (= Pellobunus granulosus, um verdadeiro samoídeo) e por
causa disso colocaram essa espécie em Stygnommatidae, causando uma comoção
(o primeiro Stygnomma com um cômoro ocular comum) que levou ao não
reconhecimento da família. Pellobunus mexicanus foi transferido de família para
Stygnopsidae sob uma nova combinação em Chinquipellobunus (Cokendolpher,
2004).
História natural.— Pouco é conhecido sobre a história natural das 23
espécies até hoje descritas. Foram achadas espécies de Kalominua debaixo de
raízes, nos riachos formados por erosão de chuva em solo calcário, em axilas de
Bromeliaceae epífitas, debaixo da grama, em folhiço, em desfiladeiros ao longo de
estradas, (GONZÁLEZ-SPONGA, 1987). Espécimes de Pellobunus insularis da
Costa Rica continental vêm de coletas usando batedores de folhagem (CARLOS
VÍQUEZ, com. pess.). Akdalima jamaicana Šilhavý, 1979, foi colecionada a mais
de 2000 metros de altitude nas Montanhas Azuis na Jamaica. GONZÁLEZ-
SPONGA (1987) achou espécimes de Kalominua tiarensis (González-Sponga,
1987) vivendo em axilas de Bromeliaceae epífitas jumto com espécimes de Tityus
discrepans (Karsch, 1879) (Scorpiones) e numerosas espécies de Araneae.
Caracterização.— DIAGNOSE. Corpo arredondado convexo (Fig. 23a-b),
bulla do basiquelicerito não bem marcada, em forma de funil (Fig. 23c). Tarsos III
e IV normalmente com escópula e metatarso III dos machos modificado com
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calcaneus inchado formando uma estrutura de função desconhecida,
aparentemente secretora (Fig. 23d). Pênis: p ars distalis com espinhos foliáceos e
terminando em um calyx unitario, normalmente com processo espiniforme ereto
mediano (Fig. 23h). Capsula interna eversível, com dois condutores fundidos ao
estilo formando uma peça única (Fig. 23g). Follis não visível externamente.
DORSAL E VENTRAL. Corpo como uma ampulheta assimétrica, metade anterior
mais curta, metade posterior arredondada, lateralmente convexo (Fig. 23a-b).
Cômoro ocular comum presente. Em Samoa, Badessa, Feretrius e Zalmoxista
baixo e largo, em Kalominua mais estreito e mais alto, em Akdalima e Reventula
largo e terminando em um espinho agudo, em Arganotus desenvolvido, elíptico,
projetado como um baixo cone que porta um espinho apical e em Pellobunus como
um cone muito baixo. Corpo quase liso ou densamente coberto com grânulos
arredondados (Fig. 23a-b). Mesotergo com quatro áreas pobremente definidas,
inerme (Fig. 23a-b) (exceto em Reventula amabilis Šilhavý, 1979). Tergitos livres
inermes. Alguns táxons possuem ventralmente um par de apófises medianas na
coxa IV. QUELÍCERA. O basiquelicerito é muito longo, liso, inerme e aumentado
sem uma bulla definida (Fig. 23c). Mão volumosa, com dedos curtos e fortemente
dentados, lisos, granulados ou com poucos tubérculos acuminados curtos.
PEDIPALPO (Fig. 23f). Não alongado nem inflado. Coxa bem desenvolvida, fêmur
geralmente grande, muito convexo dorsalmente, com dois tubérculos setíferos
baixos ventro-proximais e um tubérculo setífero mesal subdistal. Em algumas
espécies (como Akdalima jamaicana, Orsa daphne) o fêmur meso-distal e a patela
têm apófises cuticulares peculiares. Tíbia geralmente com três tubérculos setíferos
baixos ectais e dois mesais onde o pedestal dos dois mesais podem ser modificados
ou aumentados (p.ex. Samoa variabilis, Reventula amabilis). Tarso com fileiras
latero-ectal e latero-mesal de 2-3 tubérculos setíferos. Em algumas espécies o
fêmur dorsal tem uma fileira de grânulos e dorsalmente a patela-tíbia são
marcadamente granulosas (p.ex. Reventula amabilis). PERNAS. III-IV sem
processo tarsal. Escópula (Fig. 23e) geralmente presente, mas altamente variável
desde bem evidente em Samoa até quase imperceptível (ou ausente?) em
Kalominua. Em machos o metatarso III é incrassado com um alongamento ventral
do calcâneo que forma uma estrutura com função desconhecida (Fig. 23d). As
garras são lisas. Fórmula tarsal 4(2):6-9(3):4-5:5-6. GENITÁLIA MASCULINA
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(Fig. 23g-h). Tronco cilíndrico, sem um placa ventral bem definida como em
Gonyleptoidea, terminando em um calyx unitario. Pars distalis não diferenciada
da pars basalis por qualquer sulco ou constrição notável. Em Kalominua a pars
distalis é achatada dorso-ventralmente e o calyx reduzido. Interiormente ou
latero-apicalmente o calyx pode possuir espinhos pareados e um processo
espiniforme ereto medial (como em Samoa variabilis). Pars distalis latero-
ventralmente é armada com fortes espinhos foliares. Em alguns táxons há um
grupo de quatro espinhas ventro apical curtas acuminadas (Fig. 23h) (como em
Akdalima, Pellobunus, Reventula). A capsula interna é eversível e formada por
um par de condutores completamente fundidos com o estilo formando uma
estrutura única. O follis não é modificado e não é observável externamente.
Comentario: infelizmente a genitália de Kalominua foi ilustrada rudimentarmente
em GONZÁLEZ-SPONGA (1987, como Crosbyella Roewer, 1926). SOARES &
AVRAM (1981) forneceram o único desenho informativo publicado de uma
Kalominua quando eles descreveram Crosbyella inermichela — adotado aqui
como pênis típico de Kalominua. PADRÃO DE COR. Os samoídeos têm um fundo
marrom claro fosco a amarelo ou verde-amarelado com manchas mais escuras, às
vezes marrom escuro. Eles não têm as cores contrastantes, anéis nas perna,
desenhos brancos/amarelos ou a cor preta lustrosa de outras famílias.
DIMORFISMO SEXUAL. Aparece no metatarso da perna III que é inchado em
forma de fuso nos machos (Fig. 23d). O basiquelicerito e o pedipalpo são maiores
nos machos e as fêmeas não têm a apófise mediana ventral na coxa IV.
Distribuição.— Samoidae típicos ocorrem na Polinésia, Melanésia, Austrália
(só Badessa, não incluindo Badessania), México, Índias Ocidentais e Venezuela.
Em todas estas formas a morfologia externa e a genitália masculina são
notavelmente semelhantes. A família também foi citada na África Continental,
Madagascar, Seicheles, Indonésia, mas a maioria desses registros é duvidoso ou
claramente não Samoidae. Os "Samoidae" seichelanos ( Benoitinus, Mitraceras)
são tranferidos aqui para Biantidae formando a nova subfamília Mitraceratinae,
sua genitália não concorda com os Samoidae típicos da Polinésia e do Caribe.
Samoa sechellana Rambla só é conhecida por uma fêmea, por agora esse taxon é
incluído em Biantidae (Mitraceratinae) junto com os "samoídeos" malgaxes. O
"Samoidae" micronésio ( Parasamoa Goodnight & Goodnight, 1957) tem uma
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