Universidade Federal do Rio de Janeiro a relaçÃo literariedade, imagem e imaginários em



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No  segundo  tópico  do  capítulo  3  busquei  destacar  o  trabalho  literário  de  Carlos 
Fuentes  com  a  figura  de  imagem  verbal  metáfora.  Em  referência  a  sua  importância  para  a 
composição  com  imaginários,  pereceu-me  fundamental  ressaltar  a  metáfora  em  Fuentes  em 
ação  de  distanciamento  para  com  a  alegoria  (existente,  sim,  na  obra;  mas,  fora  da 
possibilidade  de  agregação  por  imaginários)  e  de  proximidade  para  com  a  metonímia.  E  é 
desse  trabalho  orquestrado  em  conjunto  e  da  presença  do  que  chamo  de  metáfora  ampla 
(extensas metaforizações que atravessam contos e até mesmo a metáfora principal do enredo, 
a  de  cristal  para  a  fronteira  e  as  relações  frágeis  e  porosas  que  ali  se  dão)  que  resulta  a 
aproximação maior da obra ao contato com imaginários. 
O quarto capítulo é o responsável nesta tese de doutoramento por dar vez à realização 
da análise comparativa conjunta das obras que compõem este estudo. Tal capítulo funcionou 
mais  como  uma  recuperação  em  conjunto  dos  termos  apresentados  anteriormente  de  forma 
separada, razão pela qual realizei nele a consecução final de uma seção menor em número de 
páginas que as anteriores. 
Recuperada em um primeiro momento a questão da literariedade em ambos, evidenciei 
que  em  Rivera  ela  se  dá  principalmente  pela  potencialização  que  o  uso  literário  da  elipse 
proporciona  à  ficção  de  seu  romance.  Enquanto  isso,  em  Fuentes  a  literariedade  está, 
principalmente,  em  justapor  e  mesclar  registros  linguísticos  que  revelam  conhecimentos  de 
áreas as mais distintas por parte do narrador, sem perda da fluência de fraseos do e no que se 
conta.  
Em seguida, o passo comparativo é do que  há de  implícito na  linguagem  literária de 
Tomás Rivera ao que há de explícito na de Carlos Fuentes. Contribui abordar o papel inverso 
da imagem transluzida dos autores em seus narradores. Assim, ao contrário do  que levaria a 
crer,  a  ligação  que  uma  pesquisa  mais  atenta  aponta  para  o  forte  vínculo  entre  a  vida  de 
Rivera  e os eventos que conta em seu  romance  não se deixa transparecer tanto na  figura do 
narrador  criado  por  ele,  quem  traz  os  seus  implícitos  para  o  campo  da  invenção,  da  ficção, 
revelados  de  modo  prospectivo  nas  “respostas”  dadas  pelo  mesmo  Rivera  em  ensaios  seus 
posteriores.  Na  outra  ponta  da  linha  comparativa  que  estabeleço,  temos  um  Fuentes  cuja 
linguagem  literária  de  explícita  construção  de  imagens  verbais  acaba  por  revelar  facilmente 
uma  incrível proximidade da verbosidade e conseguintes “posicionamentos” de seu narrador 
para  com  seu  criador  fuentesiano.  Tal  correlação  se  mostra  em  Carlos  Fuentes  de  maneira 
retrospectiva, em análise voltada com seus argumentos expressados no anterior (em relação à 
ficção de La frontera) conjunto de ensaios El espejo enterrado


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Ainda  nesse  segundo  tópico  do  último  capítulo,  trato  sobre  a  imagem  da  fronteira 
alargando-se em ambos: um problema cultural na ficção de Rivera, para além da conceituação 
geopolítica; e, em Fuentes, para além de problema cultural também evidenciado em sua obra, 
a fronteira metaforizada, protagonista e espaço-ímã para onde a narrativa converge os demais 
personagens  da  obra.  Logo  após,  retornei  ao  termo  “imaginária”  para  contrapor  seu  uso 
literário nos dois romances. Analisados em conjunto, trechos de “El retrato” em  ...y no se lo 
tragó  la  tierra  e  de  “Las  amigas”  em  La  frontera  de  cristal  apontaram  para  a  conclusão  de 
que  a  imaginária  em  Rivera  se  vê  sempre  em  posição  de  questionamento  da  validade  de 
costumes  em  uma  cultura  hostil  a  tais  aspectos;  enquanto  que,  em  Fuentes,  a  abordagem 
literária  de  apego  mexicano  à  imaginária  tende  a  ser  o  mais  das  vezes  fomentadora  de  pré-
conceitos totalizadores. 
No  terceiro  tópico  desse  último  capítulo,  encerro  minha  abordagem  voltada  para 
imaginários,  em  consonância  com  sua  possibilidade  de  composição  com  a  literatura,  minha 
atenção  principal  no  presente  estudo.  Nesse  sentido,  volto  para  a  subversão  narradora  em 
relação a determinados  imaginários  no romance de Tomás Rivera,  não deixando, entretanto, 
de  reiterar  a  posição  adotada  de  potencialização, de  realce  de  uma  espécie  de  caló  chicano, 
advindo da oralidade e do registro de chicanismos na escrita. Nesse ínterim, Fuentes está em 
lugar entre a herança de uma visão intelectual mais pessimista para o sujeito mexicano e uma 
visão  algo  mais  atenta  para  a  miríade  de  imagens  advindas  dos  encontrazos  de  alteridades 
fronteiriças  entre  mexicanos,  estadunidenses  e  chicanos.  Assim,  realço  que  Fuentes  se 
aproxima  de  uma  linha  de  temas  bi-fronteiriços,  trabalhando  sua  ficção  de  maneira 
semelhante  à  qual  trabalharam  autores  chicanos  como  Tomás  Rivera  e  Ricardo  Aguilar 
Melantzón. As instâncias de formação intelectual de Fuentes, entretanto, parecem não deixar 
que  seus  posicionamentos  se  afastem  tanto,  ao  fim  e  ao  cabo,  de  autores  a  ele  precedentes 
como Samuel Ramos e Octavio Paz.     
Na relatividade de posicionamentos tomados, chama atenção que Tomás Rivera e toda 
uma  intelectualidade  chicana  também  tenham,  em  dado  momento,  demonstrado  grande 
admiração  por  Paz  e  muito  de  suas  argumentações,  com  destaque  para  a  tomada  de 
pachuquismos como marca assumida de diferença. Penso que, com um processo de formação 
de uma identidade chicana ainda em andamento à época do lançamento do romance riverano, 
é natural pensar em sua posta em  xeque  a  imaginários precedentes sobre  me(x)chicanidades 
como parte da postura compreensível de um autor com conhecimento de causa, o qual, assim 
como  Aguilar  Melantzón,  fala  desde  a  fronteira;  enquanto  as  mex-(anglo)-chicanidades 
extraídas  da  leitura  de  La  frontera  de  cristal  mostram  um  intelectual  interessado  em 


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