Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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5.2.3.- Análise alfa
O
rationale da divisão da análise cladística em duas análises separadas é o
seguinte:
1) neste estudo existe um grande número de espécies que visivelmente não
devem continuar em Stygnommatidae, ou seja, existe uma hipótese
de trabalho de
não-monofilia da família;
2) a inclusão de tão expressiva fração das espécies em uma análise só
serviria para inflar desnecessariamente o número de terminais e de células;
A análise da matriz alfa pelo Pee-Wee (com
concavidade default e
explorando saltos e réplicas) produziu duas árvores (Figs. 24 e 25) de máxima
parcimônia (fit= 409.4), que diferem apenas na posição relativa das espécies
dentro de
Stygnoquitus. O valor de bootstrap é um critério que indica a escolha da
árvore 1 sobre a 2 (Fig. 26). Analisando a mesma matriz pelo NONA se produziram
16 árvores mais parcimoniosas (l= 336; ci= 47; ri= 72). Uma delas é idêntica à
árvore 1 do Pee-Wee enquanto nenhuma equivale à árvore 2. Isso serve como um
segundo critério de escolha da árvore 1 como melhor representação da hipótese de
filogenia para a matriz alfa.
O resultado obtido não recupera Stygnommatidae
no sentido corrente como
um grupo monofilético e sim polifilético. Em contraste, um
Stygnommatidae
monofilético de menor abrangência é recuperado. Podoctidae surge como grupo-
irmão desse Stygnommatidae
stricto sensu.
5.2.3.1.-
Sinapomorfias para Stygnommatidae
O ponto de corte de Stygnommatidae foi definido como o grupo-irmão
neotropical de uma família do Velho Mundo — Podoctidae (Fig. 27). Vários táxons
agora em Stygnommatidae devem ser portanto transferidos para outras famílias
(ver seção Taxonomia).
As sinapomorfias listadas abaixo se referem aos nós da árvore escolhida
(Figs. 24 e 26) excluindo-se os terminais. Os números entre parênteses indicam o
estado do caráter no nó considerado. Em negrito as sinapomorfias não-ambíguas,
precedidas de um círculo negro (●) as
sinapomorfias únicas (não-
homoplásticas) e de um círculo branco (
○)
as homoplásticas (convergentes ou
Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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revertidas). Em tipo normal as sinapomorfias presentes apenas nas otimizações
ACCTRAN ou DELTRAN (ausentes do mapeamento da Fig. 24), precedidas de um
quadrado negro quando são únicas (■) e de um quadrado vazio (□) quando são
homoplásticas.
Stygnommatidae
● 2(1).— Carapaça levemente convexa e mesotergo levemente
convexo, dando um aspecto geral levemente convexo.
○
6(2).— Borda anterior da carapaça com fortes soquetes quelicerais.
□
11(0).—
Áreas do mesotergo com
sulcos vestigiais (DELTRAN).
● 24(1).— Hipertelia queliceral em machos e fêmeas.
□
37(1).—
Armação dorsal do fêmur do pedipalpo com grânulos ou
tubérculos baixos (ACCTRAN).
○
43(0).— Tíbia do pedipalpo dois tubérculos setíferos ectais e dois
mesais.
● 46(1).— Pedipalpo com tíbia comprida e tarso reduzido.
□
48(4).—
Basitarso I com quatro (4) tarsômeros (ACCTRAN e DELTRAN).
● 53(1).— Metatarso III dimórfico sexualmente com calcaneus
curto ligeiramente engrossado.
○
69(1).— Pênis com
lamina apicalis.
5.2.3.2.-
Outros resultados da análise alfa
Grande parte das espécies tradicionalmente incluídas no gênero
Stygnomma (mas que formam parte de gêneros caídos em sinonímia)
surge em
outras famílias de Samooidea.
O conceito de Samoidae deve ser expandido para incluir alguns
“
Stygnomma”.
S. belizense,
S. toledense e
S. granulosum da América Central são
incluídas em um clado que contém o Samoidae
Pellobunus do Caribe (que é
idêntico aos Samoidae típicos do Pacífico).
Neoscotolemon forma um clado
Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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puramente Neotrópico em Samoidae.
S. fiskei e
S. spinipalpis aparecem
na base de
Samoidae.
Biantidae no conceito tradicional parece ser um grupo parafilético. Espécies
de “
Stygnomma” (aqui incluídas no gênero revalidado
Flaccus) se agrupam com os
Biantidae Stenostygninae do Caribe. Um resultado interessante é a inclusão de
S.
spinula (aqui incluída no gênero revalidado
Antagona) formando um clado com o
grupo africano Lacurbsinae.
5.2.4.- Análise beta
A análise da matriz beta pelo Pee-Wee (com concavidade default e
explorando saltos e réplicas) produziu duas árvores (Figs. 28 e 29) de máxima
parcimônia (fit= 378.9), que diferem apenas na posição dos 3 terminais mais
distais. O valor de bootstrap é um critério que indica a escolha da árvore 1 sobre a
2 (Fig. 30). O valor de bootstrap para
S.
solisitiens +
S.
santuario é de 22,
enquanto para
S.
larensis +
S.
santuario é de apenas 8. Analisando a mesma
matriz pelo NONA se produziram 7 árvores mais parcimoniosas (l= 126; ci= 59; ri=
79). Uma delas é idêntica à árvore 1 do Pee-Wee enquanto nenhuma equivale à
árvore 2. Isso serve como um segundo critério de escolha da árvore 1
como melhor
representação da hipótese de filogenia para a matriz beta.
5.2.4.1.-
Cortes genéricos
A reunião de espécies formando gêneros é arbitrária. Um ponto de
equilíbrio é procurar combinar um hiato morfológico com os cortes tradicionais de
décadas de literatura. Neste trabalho procurou-se definir critérios objetivos para o
reconhecimento de gêneros (veja uma representação gráfica dos gêneros na Fig.
31:
1) ser um grupo monofilético;
2) não ser um gênero monotípico;
3) possuir um hiato morfológico considerável para com os gêneros
próximos, caracterizando um
facies;