Mestrado em Sociologia Relações de poder no campo família empresária
Jorge
Rodrigues
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e)
Um ramo não financeiro, onde se integravam as empresas com atividades em
domínios tão diversos como a gestão imobiliária, construção, energia, agicultura,
pecuária, energia, construção, saúde ou turismo.
Era, portanto, uma estrutura complexa, com teias e cascatas de relações entre empresas,
dentro de um vasto conglomerado misto, onde se efetuavam sofisticadas operações de
engenharia financeira, em constante adaptação, com presença em diversos países,
envolvidos por enquadramentos regulamentares diversos, diferentes entidades de
supervisão e modos de concretização das funções de auditoria, além de nalguns casos
existir particular opacidade no acesso à informação (Saraiva 2015, 13). Em suma, o
GES nasceu no século XIX, cresceu durante o Estado Novo e resistiu a guerras,
revoluções, nacionalizações, até colapsar em 2014.
A família Espírito Santo, com mais de 400 membros (Taborda
et al. 2014), não pode
imputar a responsabilidade da derrocada só a Ricardo Salgado, porque no Conselho
Superior do GES, na
holding ES Control, votavam todos os representantes, e sem os
seus votos nada aconteceria.
6.3.3 Ramos da família empresária Espírito
Santo
Na caraterização dos ramos da família empresária Espírito Santo foram considerados os
líderes atuais dos ramos originais e os seus descendentes diretos em primeiro grau.
Ramo E1: Maria do Carmo Alzira Moniz Galvão Espírito Santo Silva (1933), viúva de
Manuel Ricardo Pinheiro do Espírito Santo Silva (1933-1991), quatro filhos
(Mafalda, Madalena, Manuel, Fernando). Mafalda (15/05/1955), casada e divorciada
duas vezes, três filhos (Marta, Filipa, Vera), dois licenciados, um a viver no
estrangeiro. Madalena (18/03/1957), casada três vezes, viúva, quatro filhos (Cristina,
Ricardo, Carolina, Catarina), um licenciado, todos a viverem em Portugal. Manuel
(20/07/1958), divorciado, três filhos (Eduardo, Isabel, Ricardo), dois licenciados,
todos a viverem no estrangeiro. Fernando (03/01/1963), casado pela terceira vez,
dois filhos (Filipe, Carolina), a viverem em Portugal.
Com assento no Conselho Superior do GES, Maria do Carmo controlava a maior
posição da família empresária (19,37 %) através da sociedade Veldant Investments
Limited. Após a morte do marido, em 1991, os filhos assumiriam a gestão dos
negócios: Manuel Fernando lidera as áreas não financeiras do grupo, Fernando
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Manuel ficou responsável pela Santogal. Mafalda e Madalena estão afastadas dos
negócios, na tradição da família. Todos os netos exercem profissões independentes.
Ramo E2: José Manuel Pinheiro Espírito Santo Silva (02/05/1945), apesar de não ser o
filho mais velho de Manuel Ribeiro (1908-1973), o fundador
do ramo mais numeroso
da família, era o líder do mesmo e o número dois do BES (Taborda
et al. 2014, 69).
Casado, quatro filhos (Joana, Marta, Carolina, Martim). Marta e Martim trabalhavam
no BES. Martim vivia fora de Portugal. Não existem só banqueiros neste ramo; há
atores, modelos, decoradores, artistas plásticos, golfistas, cavaleiros, pilotos de
automobilismo (Taborda
et al. 2014, 73). Este ramo controlava 18,53 % da
holding
ES Control, através da sociedade Raimul Holdings.
Ramo E3:
António Luís Roquette Ricciardi (06/04/1919). Viúvo, sete filhos (Ricardo, Luís,
António, Vera, José, Filomena, Eduardo). Ricardo (1947-2013), casado, um filho a viver no
estrangeiro. Luís (22/09/1948), casado, quatro filhos, dois trabalham no GES e três deles
vivem fora de Portugal. António (24/05/1950), casado, um divórcio, um filho a trabalhar no
GES e a viver no estrangeiro. Vera (1952-2003), divorciada, uma filha a viver em Portugal.
José (27/10/1958), casado, uma filha a viver em Portugal. Filomena (17/09/1958), casada,
um divórcio, três filhos; dois deles a trabalhar no GES e dois a viverem fora de Portugal.
Eduardo (1960), dois divórcios, dois filhos a viverem em Portugal. O patriarca,
Presidente
do
Conselho Superior do GES, controlava 17,84 % da
holding ES Control, através da
sociedade ALR International Investments. A partir de Londres, num escritório
emprestado pelo Citibank, ajudou a reestruturar o grupo (Garcia
et al. 2013). O
dinheiro não abundava, mas havia amizades antigas e o respeito pela família
mantinha-se intacto em todo o mundo (Garcia
et al. 2013).
Ramo E4: Ricardo Espírito Santo Silva Salgado (25/06/1944) é neto de Ricardo Ribeiro
do Espírito Santo Silva (1900-1955). Casado, três filhos (Catarina, Ricardo, José),
licenciados, casados e todos trabalhavam na área financeira do GES (Taborda
et al.
2014, 58). Catarina (08/01/1971) e Ricardo (24/03/1772) têm três filhos cada um.
Dois viviam fora de Portugal. Este ramo controlava 17,50 % da
holding ES Control,
através da sociedade Quintus Rospine.
Ramo E5: Mário Mosqueira do Amaral (14/11/1932 – 04/03/2014). Acionista de
referência da
holding ES Control, era um dos cinco elementos do núcleo duro que
controlava o GES e o único sem relações de parentesco com a família Espírito Santo.
Faleceu aos 81 anos. Um dos filhos trabalha no BES e residia no estrangeiro. Este
ramo controlava 15,57 % da
holding ES Control, através da sociedade Penaforte.