Mestrado em Sociologia Relações de poder no campo família empresária



Yüklə 1,66 Mb.
Pdf görüntüsü
səhifə50/64
tarix15.08.2018
ölçüsü1,66 Mb.
#62906
1   ...   46   47   48   49   50   51   52   53   ...   64

Mestrado em Sociologia                         Relações de poder no campo família empresária
 
 
Jorge Rodrigues  
Página 106 
 
Control, era composta por quatro ramos com origem no clã Espírito Santo e um ramo de 
fora  deste  clã  –  a  família  Mosqueira  do  Amaral.  Dos  descendentes  do  fundador,  59 
trabalhavam ou trabalharam no GES.          
 
6.3.2.1 Os primórdios 
 
O início do Grupo Espirito Santo (GES) começou pela mão de José Maria do Espírito 
Santo Silva, que a partir de 1869 se dedicou ao comércio de lotarias, câmbios e títulos 
de crédito nacionais e internacionais. Este negócio gerou diversas casas bancárias que, 
com  a  sua  morte,  em  1916,  foram  dissolvidas  e  deram  lugar  à  Casa  Bancária  Espírito 
Santo Silva & C.ª, gerida por José Ribeiro do Espírito Santo Silva.  
Em 1920, a casa bancária transformou-se no Banco Espírito Santo. 
Dezassete  anos  depois,  com  Ricardo  Ribeiro  do  Espírito  Santo  Silva  na  direção  da 
instituição, iniciou-se uma parceria de quase oitenta anos entre a família Espírito Santo 
e a família Queiroz Pereira, através da fusão do BES e do Banco Comercial de Lisboa. 
Nascia assim o BESCL (Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa).  
Com o 25 de Abril de 1974 este banco foi nacionalizado.  
Em  1986,  ano  de  entrada  de  Portugal  na  União  Europeia  (na  altura,  CEE),  a  família 
regressou  com  a  fundação  do  Banco  Internacional  de  Crédito  (BIC),  liderado  por 
Ricardo  Salgado  e  em  parceria com  o  Crédit  Agricole.  Foi  este  banco  francês  que  em 
1991  financiou  a  recompra  do  BESCL  pelo  Grupo  Espírito  Santo.  Em  1999,  o  banco 
retomou o nome inicial de BES e em 2005 o BIC foi absorvido por este. A família viveu 
um período de ouro a partir de 2000 e alargou a sua influência a quase todos os setores 
de  atividade  (Garcia  et  al.  2013).  Ricardo  Salgado  foi  o  mentor  da  expansão  do  BES, 
apostando  em  África,  Brasil  e  Espanha,  permitindo  uma  alavancagem  (muita  dívida  e 
pouco capital próprio) excessiva do risco no grupo GES e, aos primeiros sinais da crise 
económico-financeira com início em 2007, não terá invertido imediatamente a situação.  
Em resumo:  
O GES […] remonta, nas suas origens, a 1869, quando foi inaugurada uma casa de câmbios, em 
Lisboa,  por  José  Espírito  Santo  Silva,  acompanhado  de  outros  investidores,  dando  origem  mais 
tarde, em 1920, ao Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa (BESCL). Este viria a ser alvo de 
nacionalização em 1975. Em 1986, através da fundação do Banco Internacional de Crédito (BIC), 
se assistir  ao regresso do GES a Portugal, consolidado em 1991/1992  através da privatização do 
BESCL, que passa então a adotar a firma BES, ainda que o GES tivesse reiniciado atividades em 
Portugal em 1977, através do Banque Privée, com sede na Suíça (Saraiva 2015, 13). 
 
 


Mestrado em Sociologia                         Relações de poder no campo família empresária
 
 
Jorge Rodrigues  
Página 107 
 
6.3.2.2 A refundação 
 
Constituído por cerca de trezentas empresas, ligadas entre si por uma complexa rede de 
participações financeiras, o Grupo Espírito Santo era dominado e controlado a partir da 
sociedade gestora de participações sociais Espírito Santo Control (ES Control).  
Ao  comando  desta  posicionava-se  o  Conselho  Superior  do  Grupo  Espirito  Santo, 
constituído por quatro ramos do clã Espírito Santo mais o ramo Mosqueira do Amaral, o 
qual era considerado como família. O seu patriarca fora convidado, como ex-quadro do 
banco BESCL, a participar na refundação do grupo GES. O maior acionista da holding 
ES Control era o  ramo da família Maria do Carmo Moniz Galvão Espírito Santo Silva 
com (19,37 %), seguido pelo ramo José Manuel Ricardo Espírito Santo (18,53 %), pelo 
ramo  António  Luís  Roquette  Ricciardi  (17,84  %),  pelo  ramo  Ricardo  Espírito  Santo 
Silva  Salgado  (17,50  %)  e  o  ramo  da  família  Mosqueira  do  Amaral  (15,57  %).  Os 
restantes  11,19  %  estavam  dispersos  por  vários  acionistas.  A  Figura  6.1  mostra  esta 
realidade em 31/Dez/2013.   
 
                           Fonte: Elaboração própria. 
Figura 6.1 – Controlo acionista da ES Control 
 
O complexo universo GES (Figura 6.2) detinha atividades em quase cinquenta países e 
quatro  continentes,  através  de  sucursais,  escritórios  de  representação  ou  empresas 
participadas,  a  que  correspondiam  cerca  de  trinta  mil  postos  de  trabalho.  A  sua 
arquitetura, de forma simples, resume-se assim (Saraiva 2015, 248): 
a)
 
Na cúpula do grupo encontravam-se empresas que eram, essencialmente, holdings 
não  operacionais,  controladas  pelos  cinco  ramos  da  família  empresária  Espirito 
Santo (ES Control, Espírito Santo International (ESI) e Rio Forte, todas elas com 
sede no Luxemburgo). A ES Control distribuía o seu capital pela ESI e Rio Forte.   
19,37
18,53
17,84
17,50
15,57
11,19
Moniz Galvão
José Manuel 
Antonio Ricciardi
Ricardo Salgado
Mosqueira do Amaral
Outros


Mestrado em Sociologia                         Relações de poder no campo família empresária
 
 
Jorge Rodrigues  
Página 108 
 
b)
 
A  Espírito  Santo  International,  com  várias  centenas  de  acionistas,  esteve  na 
origem  da  implosão  de  todo  o  GES,  devido  à  espiral  de  endividamento  em  que 
mergulhou, contaminando mais tarde todo o Grupo.    
c)
 
Ainda  no  tronco  comum,  depois  de  uma  reorganização  efetuada  em  Dez/2013, 
encontra-se a Rioforte, que até então era a sociedade vocacionada para congregar 
as atividades do ramo não financeiro do GES. Geria participações diversificadas, 
com destaque para o setor agropecuário na América do Sul, cuidados de saúde em 
Portugal,  imobiliário  e  construção  civil  nos  continentes  americano,  asiático, 
africano e europeu e, ainda, hotelaria, turismo e energia na Europa e Brasil.   
 
 
           Fonte: Adaptado de Saraiva (2015, 249) 
 
Figura 6.2 – Estrutura do Grupo GES  
 
d)
 
Um  ramo  financeiro,  congregado  em  torno  da  holding  Espírito  Santo  Finantial 
Group (ESFG), onde se incluíam as atividades do BES – com cerca de 19,5 % de 
quota  de  mercado,  no  final  de  2013  (Esteves  et  Castro  2014,  62)  e  das  suas 
participadas, e que no seu conjunto constituiam o Grupo BES (GBES) – as contas 
consolidadas do BES apresentavam um valor de 80.608 milhões de euros (95,0 % 
do valor dos ativos da ESFG), cifrado em 84.850 milhões de euros à mesma data, 
face a um valor de apenas 4.350 milhões de euros para a Rioforte (Saraiva 2015, 
10)  –,  além  de  outras  entidades  financeiras  e  de  atividades  no  domínio  dos 
seguros. O banco viveu sobre a proteção de Salazar durante o seu meio século de 
poder  e  foi  organizando  a  sua  administração  através  de  relações  familiares  de 
confiança (Louçã et al. 2014, 28). O GBES era o coração de todo o GES.   


Yüklə 1,66 Mb.

Dostları ilə paylaş:
1   ...   46   47   48   49   50   51   52   53   ...   64




Verilənlər bazası müəlliflik hüququ ilə müdafiə olunur ©genderi.org 2024
rəhbərliyinə müraciət

    Ana səhifə