Universidade Federal do Rio de Janeiro a relaçÃo literariedade, imagem e imaginários em



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desahogó  maldiciendo  a  Dios.  Cuando  vio  a  su  hermanito  ya  no  se  le  hacía  tan 
enfermo.  
(…) 
Esa  noche  no  se  durmió  hasta  muy  tarde.  Tenía  una  paz  que  nunca  había  sentido 
antes.  (…)  para  cuando  amaneció  su  padre  estaba  mejor.  Ya  iba  de  alivio.  A  su 
hermanito también casi le fueron de encima los calambres  (Rivera, [1971] 2012, p. 
49). 
  
Assim sendo, se vai o leitor direto ao conto que dá título ao romance em busca de um 
resumo da obra, o único com o qual se depara é uma proposta (em elipse lacônica) de que leia 
mais do todo para encontrar seus nexos. E é essa proposição de movimento que nos impele, 
pois, que tornemos à elipse e sua relação com a imagem em ...y no se lo tragó.  
Conforme  adiantei  ainda  no  primeiro  capítulo,  a  elipse  em  Tomás  Rivera,  além  de 
figura de estilo, é também uma remissão à forma geométrica de mesmo nome. Em forma de 
elipse  matemática, a construção narrativa de  ...y no se lo  tragó  concede  ligação a pontos de 
aparente  descontinuidade,  ligados,  contudo,  entre  dois  outros  pontos  de  fixação.  Nessa 
configuração elíptica, os números 1 e 2 são essenciais  na organização estrutural da obra. Os 
doze (12) contos componentes do corpo de desenvolvimento do romance estão ladeados por 
dois  outros  colocados  entre  um  extremo  e  outro do  enredo.  Estas  duas  “extremidades”  têm 
fixidez variável e, ainda que desaconselhável, uma possível troca de posição entre ambas não 
alteraria  sua  função  de  Introdução  e  Conclusão  para  a  já  mencionada  “seção”  de 
Desenvolvimento. 
 Em tal construção narrativa do doze (12) ladeado por 1 (Introdução) e 2 (Conclusão) 
se  apoia  outra:  uma  estampa  introdutória  para  cada  um  desses  doze  contos  que  sucedem  o 
conto-introdução  e  que  precedem  o  conto-conclusão  (este  também  antecedido  por  uma 
estampa). Desse modo, como anunciei em meu primeiro capítulo, a estrutura 1 (12 e 12) (1) 2 
leva à  leitura de uma  introdução precedente a doze estampas  e doze contos antecedentes de 
uma  conclusão  (também  precedida  por  outra  estampa).  Esse  último  conto  é  um  capítulo 
conclusivo  em  possibilidade  de  troca  posicional  apenas  com  o  capítulo  introdutório,  sem 
prejuízo do que em ...y no se lo tragó la tierra pode ser chamado de ciclo narrativo elíptico-
romanesco,  uma  grande  elipse  que  encerra,  na  organização  variável  de  seus  elementos 
aparentemente  descontínuos,  uma  totalidade  romanesca  cujo  princípio  dramático  se  vê 
preservado  na  trama  de  rememoração  crítica  que  nos  é  oferecida  pelo  protagonista  do 
romance.  
A lembrança da elipse como figuração geométrica – ou seja, uma curva plana fechada 
na qual todos os pontos têm como propriedade comum a soma das suas distâncias em relação 
a  dois  eixos  fixos  no  interior  dessa  mesma  figura  –  estabelece  a  possibilidade  da  seguinte 


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analogia:  assim como na elipse  matemática, há também,  no romance de Tomás  Rivera, dois 
pontos  fixos,  dois  focos  que  são  os  contos  1,  de  abertura,  e  2,  de  encerramento; 
concomitantemente, todos os pontos que restam se veem reunidos no interior da curva elíptica 
narrativa,  por  intermédio  da  relação  1  e  1  (uma  estampa,  um  conto-capítulo),  repetida  doze 
vezes,  com  suas  distâncias  relacionadas  (não  de  forma  linear)  para  com  os  nexos  que  se 
estabelecem com os eixos “fixos” Introdução e Conclusão (esta também precedida por uma 
última  estampa).  A  figura  que  criei  e  insiro  abaixo  busca  ilustrar  algo  da  descrição  de 
construção elíptica operada pela narrativa de Rivera: 
 
 
 
 
 
Figura 1 – A elipse romanesca de Rivera em ...y no se lo tragó la tierra
 
A  visão  dessa  elipse  como  imagem  formadora  do  “desenho”  do  texto  é  importante, 
ainda,  para  anotar  de  que  modo  se  correlacionam  implícitos,  subentendidos,  omissão  de 
palavras (propriedades tanto da elipse sintática quanto do gênero conto) em ...y no se lo tragó
O laconismo das elipses no romance de Rivera parece convocar o leitor a pensar a partir dos 
espaços  deixados  “em  branco”,  esperando  desse  receptor  a  procura  de  elos  coesivos  que  a 
narrativa supostamente deixa em aberto. É quando chama a atenção o papel da estampa e da 
narrativa breve que vem logo em seguida, pois é do efeito de imagem alcançado por cada uma 
dessas  esferas  narratológicas  que  será  estabelecido o  vínculo  do  enredo  com  o  imagético  e, 
por conseguinte, com imaginários.   
O  vínculo  crítico  entre  parte  da  vida  de  Tomás  Rivera  e  o  enredo  de  seu  romance, 
apesar  de  perigoso,  acaba  por  fazer  com  que  se  possa  pensar  também  essa  obra  como  uma 
espécie  de  memorial  de  um  ano  de  repetidos  momentos  de  migração  rural  familiar  de  um 
menino,  seus  pais,  seus  irmãos  e  sua  gente.  Nesse  sentido,  estampas  e  contos  na  obra 
funcionam  como  a  representação  literária  de  fragmentos  de  memória  dispostos  em  aparente 
descontinuidade  que  remete  não  só  à  fragmentação  identitária  de  um  sujeito  entre  bi-
fronteiridades,  bem  como  à  ausência  de  linearidade  comum  à  irrupção  de  memórias  no 
indivíduo. Para a falta de linearidade em seus recuerdos, o “menino” narrador riverano deixa, 
porém, a disposição dos dois capítulos que, mesmo que trocados seus lugares entre si, abrem e 
fecham  em  elipse  uma  narrativa  a  qual  necessita  da  procura  leitora  por  elos  coesivos  nas 
1 [(1 e 1) + (1 e 1) + (1 e 1) + (1 e 1) + (1 e 1) + (1 e 1) + (1 e 1) + (1 e 1) + (1 e 1) + (1 e 1) + (1 e 1) + (1 e 1)] (1) 2
 


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