Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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20b). GENITÁLIA. Pênis. Como nas outras famílias de Samooidea, possuem um
par de condutores rígidos e uma capsula interna reversível. Lamina apicalis
pequena. Pars distalis bem separada da pars basalis por um sulco (Fig. 20f,
ausente só nas três espécies de Escadabius), com uma lamina apicalis que pode
ser armada com espinhos laterais pequenos (Fig. 20g). Pars distalis com uma
constrição ventral em forma de quilha (Fig. 20h). Um par de condutores rígidos
bem desenvolvidos que não penetram profundamente no soquete da glande, os
condutores são vestigiais em espécies de Escadabius. Estilo muito grande e
apicalmente cercado por um bem desenvolvido colarinho paraestilar em forma de
chifre (Fig. 20f). PADRÃO DE COR. Fundo marrom claro a escuro, com
marmoreado amarelo mais ou menos intenso, as pernas podem ser aneladas. Os
espécimes preservados de Escadabius são amarelados. Corpo e apêndices são
amarelo pálido nas espécies troglóbias. OBSERVAÇÃO. Podem ser reconhecidos
dois grupos morfológicos de espécies em Escadabiidae. (1) o grupo formado pelas
espécies de Escadabius é caracterizado através de escudo dorsal claramente
campaniforme e fortemente convexo, fêmur IV fortemente incrassado e esternitos
com enormes projeções laterais falciformes em machos. Pênis sem cerdas e
condutores muito pequenos (vestigiais). Pars distalis não separada da pars
ventralis por um sulco. Lamina apicalis da pars distalis fracamente desenvolvida.
(2) o outro grupo inclui o resto dos gêneros e espécies. Eles são caracterizados
através da forma do corpo mais variável (de ampulheta a campanifome), esternitos
pobremente armados ou inermes e fêmur IV não aumentado em machos, mas com
tíbia I ou II (ou ambas) modificadas formando um montículo verrucoso ou em
forma de sela. Pênis com cerdas pequenas e condutores bem desenvolvidos, pars
distalis separada da pars ventralis por um sulco. Lamina apicalis da pars distalis
bem desenvolvida. Comentário: a genitália do holótipo de Recifesius
pernambucanus sofreu danos durante seu estudo pela autora original, de forma
que a estrutura fina foi destruída, não permitindo sua interpretação detalhada. É
incluída no grupo 2 pela divisão clara da pars distalis e pars basalis.
Distribuição.— Originalmente, a família foi registrada no litoral dos
Estados brasileiros de Pernambuco e da Bahia, mas com todos os registros inéditos
(inclusive Spaeleoleptes) a distribuição também deve incluir a costa do Ceará e
Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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cavernas na parte central seca do Estado de Minas Gerais onde os escadabiídeos
cavernícolas poderiam representar um exemplo de distribuição relictual.
5.2.1.3.-
Kimulidae
Introdução.— Os Kimulidae nome novo durante longo tempo foram
conhecidos como Minuidae (veja abaixo as razões para essa mudança
nomenclatural). Essa é uma pequena família de Laniatores espinhosos
neotropicais de tamanho médio (3-6 mm). Ocorrem tipicamente na Venezuela,
também chegando às Índias Ocidentais. A definição original de Sørensen (1932)
era tão vaga que espécies sem conexões (que depois foram transferidas a outras
famílias) foram descritas de muitos lugares. Muitos autores que trataram sobre
Laniatores neotropicais não reconheceram a família. Os Kimulidae são bem
sustentados por caracteres da genitália masculina. Externamente, eles podem ser
diagnosticados pelo cômoro ocular com apófise ímpar procurva, prossoma muito
mais estreito do que o opistossoma, contorno do escudo abdominal em vista lateral
alto, de plateau reto, ao invés de arredondado convexo, fêmur IV sexualmente
dimórfico incrassado ou curvado nos machos e esternitos livres com apófises
medianas.
Subtáxons incluídos.— Não dividida em subfamílias. 10 gêneros e 36
espécies (KURY, 2003) o que deve ser mudado a cinco gêneros e 25 espécies. Há
uma espécie fóssil conservada em âmbar dominicano. † Kimula? sp.:
COKENDOLPHER & POINAR, 1992. Vários espécimes-tipo foram examinados em
museus europeus como parte da presente tese resultando em algumas mudanças
taxonômicas. Gêneros que devem ser removidos de Kimulidae– 1) para
Zalmoxidae: Acanthominua Sørensen, 1932, Euminua Sørensen, 1932,
Euminuoides Mello-Leitão, 1935, Minuides Sørensen, 1932 (levando o nome de
grupo familiar Minuidinae para Zalmoxidae) e Pseudominua Mello-Leitão, 1933;
2) para Grassatores incertae sedis: Microminua Sørensen, 1932. Uma sinopse dos
gêneros válidos incluídos em Kimulidae stricto sensu é como se segue: Kimula
Goodnight & Goodnight, 1942 (2 espécies), Fudeci González-Sponga, 1997
(monotípico), Metakimula Avram, 1973 (6 espécies), Minuella Roewer, 1949 (15
espécies, substituindo o nome inválido Minua Sørensen, 1932, veja abaixo),
Tegipiolus Roewer, 1949 nova alocação familiar (monotípico, aqui transferido
Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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de Zalmoxidae). Todas as cinco espécies de Kimula de Cuba devem ser transferidas
a Metakimula, atualmente monotípico, formando novas combinações, como segue:
Metakimula banksi (Šilhavý, 1969) nova combinação, Metakimula
goodnightorum (Šilhavý, 1969) nova combinação, Metakimula levii (Šilhavý,
1969) nova combinação, Metakimula tuberculata (Goodnight & Goodnight,
1943) nova combinação, Metakimula turquinensis (Šilhavý, 1969) nova
combinação.
Histórico sistemático.— Os Kimulidae eram completamente desconhecidos
até o trabalho póstumo de SØRENSEN (1932) onde a família Minuidae e muitos
gêneros (7) e espécies (12) foram propostos para a Venezuela. MELLO-LEITÃO
(1933; 1938) fez alguns reparos à classificação de Minuidae e a incluiu como uma
subfamília de Phalangodidae, criou a subfamília relacionada Minuidinae
removendo o gênero Minuides dos Minuidae de Sørensen e desmembrou o gênero
Euminua criando o gênero novo Pseudominua que também incluiu em
Minuidinae. MELLO-LEITÃO (1935) depois desmembrou mais ainda Euminua
criando o gênero novo Euminuoides. Todas as contribuições de Mello-Leitão foram
feitas sem examinar qualquer material da família e baseadas apenas na informação
dada por SØRENSEN (1932). GOODNIGHT & GOODNIGHT (1942a) descreveram
em Phalangodidae Phalangodinae o novo gênero Kimula de Porto Rico que depois
(GOODNIGHT & GOODNIGHT, 1943; ŠILHAVÝ, 1969b; AVRAM, 1973; PÉREZ &
ARMAS, 2000) recebeu algumas espécies novas de Cuba e da República
Dominicana. GONZÁLEZ-SPONGA (1987) descreveu 11 novas espécies
venezuelanas no nome genérico Minuella substituindo Minua, na suposição errada
de que ROEWER (1949a) tivesse substituído Minua Sørensen, 1932 com Minuella
Roewer, 1949. As espécies descritas como Minuella por González-Sponga foram
combinadas sob Minua por KURY (2003). A presença de um Minuidae no sul do
Brasil ( Phera Sørensen, 1932) era enigmática, até que KURY (1995) transferiu este
gênero para Gonyleptidae. Igualmente o gênero originalmente incluído Kalominua
Sørensen, 1932 da Venezuela hoje em dia pertence a Samoidae (KURY, 2003). Isto
demonstra que o conceito original de Sørensen era muito vago ao ponto de os
autores como Roewer e H. Soares erraram no conceito de Minuidae pelo que
descreveram espécies hoje incluídas em outras famílias. H. SOARES (1966) criou
os dois gêneros Pirassunungoleptes H. Soares, 1966 (agora em Zalmoxidae) e
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