Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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Heterolacurbs Roewer, 1912 (uma espécie), Lacurbs Sørensen, 1896 (duas
espécies), Metalacurbs Roewer, 1914 (quatro espécies) e Prolacurbs Roewer, 1949
(uma espécie).
Comentário: LAWRENCE (1959: 86) criou Lacurbsinae de uma forma
muito críptica, erigindo o nome no meio do texto. Este fato passou despercebido e
o nome nunca mais foi usado, porém é válido segundo o artigo 11.7 do Código
Internacional de Nomenclatura Zoológica (ICZN, 1999). MARTENS (1978) fez
referencia a que o “grupo” Lacurbs de gêneros deveria ser excluído de Biantidae.
STARĘGA (1992) contrapus a sugestão de Martens e reintegrou o grupo Lacurbs à
sua posição original dentro de Biantidae.
3) Stenostygninae Roewer, 1913, é um endêmico neotropical distribuído
pelas Antilhas, Venezuela, Guiana Francesa, Colômbia, Equador e a Região
Amazônica do Brasil. Dentro da subfamília se agrupam vários gêneros monotípicos
aparentemente injustificados pelo que precisa de uma revisão. MARTENS (1978) e
SHEAR (1982) especularam sobre a possibilidade de que a subfamília não pertença
a Biantidae. Posteriormente MARTENS (1986) examinou material e mudou de
opinião voltando a considerar os Stenostygninae como Biantidae. Tipicamente
possuem um habitus retangular com as áreas mesotergais armadas de fortes
apófises espiniformes ou tubérculos (Fig. 18a), área I dividida em dois (menos em
Bidoma Šilhavý, 1973, Decuella cubaorientalis Avram, 1977 e Stenostygnus pusio
Simon, 1879). Os machos possuem quelíceras hipertélicas (menos em
Stenostygnus). As pernas e os pedipalpos são finos e compridos. O metatarso III
dos machos é alargado com o calcâneo invadindo o astrágalo ventralmente,
formando uma estrutura (Fig. 18d) de função desconhecida (ausente em
Stenostygnus) presumivelmente secretora. As pernas III e IV apresentam uma
densa scopula no tarsômero distal, o qual é bilobulado (Fig. 18e). Em Caribbiantes
(e gêneros afins) cada olho está situado em um cômoro ocular individual perto do
sulco I e a capsula externa é rígida em forma de stragulum. Em Stenostygnus a
capsula externa não está modificada em stragulum, os titiladores largos e a pars
distalis ventral convexa e fendida apicalmente se assemelha aos Biantidae da
África central (compare-se PINTO-DA-ROCHA, 1995 vs KAURI, 1961). Nove
gêneros e 17 espécies são reconhecidos: Bidoma Šilhavý, 1973 (1 espécie),
Caribbiantes Šilhavý, 1973 (1 espécie), Decuella Avram, 1977 (1 espécie),
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Galibrotus Šilhavý, 1973 (3 espécies), Manahunca Šilhavý, 1973 (3 espécies),
Martibianta Šilhavý, 1973 (1 espécie), Negreaella Avram, 1977 (5 espécies),
Stenostygnus Simon, 1879 (1 espécie) e Vestitecola Šilhavý, 1973 (1 espécie).
4) Zairebiantinae Kauri, 1985 constitui um táxon endêmico da África
central. Se conhece muito pouco sobre os zairebiantíneos e sua única espécie
precisa de uma redescrição detalhada. O habitus e o pedipalpo são peculiares e, da
mesma forma que a genitália masculina, se afastam do plano básico de Biantidae
(Fig. 18g).
Comentário: existe um grupo de “Samoidae” das Seicheles e Madagascar, de
afinidades obscuras e que pode ser mais aparentado com Biantidae. Benoitinus
Rambla, 1983, Hovanoceros Lawrence, 1959, Malgaceros Lawrence, 1959 e
Mitraceras Loman, 1902. A esse grupo é dado aqui o nome de Mitraceratinae
nova subfam.
Caracterização.— Os principais caracteres diagnósticos dos Biantidae
usados tradicionalmente são a ausência de um cômoro ocular comum, pedipalpos
compridos e finos, subquelados, com o fêmur muito comprido, quase desarmado
(com pequenos tubérculos espiníferos, geralmente só um ventro-basal) e a
armação concentrada na tíbia e o tarso (Fig. 19b). Outros caracteres são: presença
de escópula e ausência do processo tarsal no último distitarsito das pernas III e IV.
DIMENSÕES. Corpo de 1,5 até 5,5 mm de comprimento. Pernas I-IV: 3-12/4.3-
23/3-16/4.5-25 mm de comprimento. DORSO E VENTRE. Escudo dorsal
trapezoidal em Biantinae, em Stenostygninae quase retangular (Fig. 18a), em
Lacurbsinae apresenta os margens posteriores convergentes e a carapaça
marcadamente menor que o escudo dorsal (Figs. 18c, 19b). Borda frontal da
carapaça reta com pequenos soquetes quelicerais. Cômoro ocular comum ausente.
A posição dos olhos nos Biantinae e Stenostygninae é na metade posterior da
carapaça perto do sulco I (Fig. 18a). Em Lacurbsinae e Zairebiantinae estão
localizados perto da linha média (Figs. 18b-c, 19b). Os Biantidae possuem
tipicamente uma bossa frontal. Sulco I bem marcado, áreas abdominais
tipicamente desarmadas em Biantinae (exceto poucas espécies, p.ex. Fageibiantes
bispina Lawrence, 1959, Hovabiantes spp., Biantes parvulus (Hirst, 1911) e B.
albimanus (Loman, 1902) das Seicheles). Em Stenostygninae (exceto
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Stenostygnus) e Lacurbsinae, as áreas e os tergitos livres podem estar armados de
poderosas apófises espiniformes. Ventralmente sem caracteres destacáveis,
espiráculos não cobertos por pontes, mas podem-se apresentar escondidos em um
sulco formado entre a coxa IV e a área estigmática. QUELÍCERA. Com bulla
marcada. Nos machos de Stenostygninae podem ser hipertélicas. Pelo menos em
uma espécie não descrita de Caribbiantes a hipertelia pode estar presente e
ausente em diferentes machos (PÉREZ, 2000), isto poderia estar relacionado com
o fenômeno de pecilandria (p.ex. FORSTER, 1954; HUNT, 1985) que aparenta ser
muito mais freqüente dentro dos Laniatores do que está registrado (obs. pess.).
PEDIPALPO. Alongado, subquelado, tíbia + tarso armados com tubérculos
setíferos grandes, patela ventralmente com ou sem um tubérculo setífero
mesoventral, fêmur delgado e quase inerme, geralmente com só um tubérculo
setífero pequeno ventrobasal (Fig. 18e). Zairebiantinae (Fig. 18d) tem pedipalpo
armado em todos os segmentos. O pedipalpo é delgado, mas a morfologia é
diferente dos Biantidae "típicos" com um fêmur mais largo e mais armado e tíbia +
tarso que não formam uma subquela. A morfologia do pênis também é muito
distintiva, infelizmente os desenhos de KAURI (1985) não são detalhados o
bastante para uma compreensão de todas as partes (Fig. 18g). PERNAS.
Geralmente sem armação relevante (Fig. 11) exceto algumas espécies com forte
apófise espiniforme no fêmur IV de macho como Hovabiantes (Biantinae) e
Lacurbsinae com uma perna IV aumentada com tíbia incrassada portando forte
apófise espiniforme ventral. A tíbia IV dos machos engrossada distalmente e
armada de fileiras de apófises espiniformes que também estão presentes nos
metatarsos (Fig. 18c). Sem processo tarsal e escópula (exceto em Stenostygninae).
Metatarso III fusiforme (Fig. 19d) só em Stenostygninae.
GENITÁLIA. Biantinae: os genitais masculinos são bastante homogêneos
dentro dos gêneros e possuem tipicamente um follis reduzido a um par de
titiladores. Tipicamente, como em Biantinae nepaleses, pode ser distinguido por
ter uma capsula interna completamente retrátil. O follis está reduzido, modificado
em um par de titiladores macios que quase invertem sua posição quando a capsula
interna é evertida (Figs. 18 h, i). Capsula interna formada por um par de
condutores rígidos e tubulares, estilo simples (sem colarinho paraestilar). Tronco
sem uma placa ventral bem definida como em Gonyleptoidea, cilíndrico
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