Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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Famílias: Fissiphalliidae Martens, 1988; Guasiniidae González-Sponga,
1997; Icaleptidae Kury & Pérez, 2002 e Zalmoxidae Sørensen, 1886.
Claro que todas estas novas hipóteses deverão ser testadas
filogeneticamente no futuro e sobre todo como parte de uma ampla matriz de
dados morfológicos e se possível moleculares, a análise isolada da morfologia
peniana poderia dar uma visão errada da sistemática do grupo.
5.2.- Análise cladística
5.2.1.- Caracterização dos grupos externos
O conhecimento das famílias de Grassatores com capsula interna eversível
(Samooidea) nunca foi estudado de modo comparativo nem as homologias entre as
estruturas foram estabelecidas. Por isso uma caracterização dos grupos próximos a
Stygnommatidae se faz tão importante e deve ser incluída na seção de resultados e
discusão. Todos esses grupos de Samooidea estão representados como grupos
externos na análise cladística (etapas alfa e beta).
5.2.1.1.-
Biantidae
Em seu conceito atual Biantidae parece ser um grupo não natural.
Distribuídos mundialmente, os biantídeos eram reconhecidos por ser um grupo de
pequenos Laniatores (<2– 5 mm) que possuíam pedipalpos compridos terminados
em subquela (exceto em Zairebiantinae), olhos separados sem cômoro ocular
comum e o ultimo distitarso das pernas III e IV com escópula (exceto em
Zairebiantinae) e sem processo tarsal. MARTENS (1978) ofereceu um plano genital
para a família, e sugeriu a saída de alguns grupos, porém uma revisão e diagnose
da família sobre seus critérios não foi feita e continua com o conceito roeweriano.
O primeiro biantídeo foi descrito por KARSCH (1880), Hinzuanius Karsch, 1880,
das Ilhas Comoros, gênero que foi registrado posteriormente no continente
africano por PAVESI (1883) ao descrever Hinzuanius africanus da Etiópia. O
gênero tipo Biantes foi originalmente descrito da Índia e Madagascar (espécie tipo
Biantes longimanus Simon, 1885 da Índia). THORELL (1889) criou a família
Biantidae (como Biantoidæ) e adicionou Biantes vitellinus da Sumatra. LOMAN
(1898) descreveu duas novas espécies de Biantes da África do Sul e SØRENSEN
(1886) descreveu o enigmático gênero Lacurbs dos Camarões. Um grande impulso
Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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na taxonomia alfa foi dado a partir da publicação do artigo de ROEWER (1912a)
sobre Phalangodidae onde numerosos Laniatores foram agrupados com base em
caracteres não sinapomórficos. Sob este critério várias famílias (entre elas
Biantidae) foram relegadas a subfamílias de Phalangodidae. Henriksen em
SØRENSEN (1932: 224) foi o primeiro em propor modificações em parte do
sistema do Roewer e restituir o status familiar para Biantidae. Independentemente
MELLO-LEITÃO (1938) também considerou Biantidae como família. Esses
trabalhos receberam pouca atenção até que ŠILHAVÝ (1973), em um influente
trabalho, adereu-se a Mello-Leitão utilizando suas propostas de status familiar
para várias subfamílias de Phalangodidae. ROEWER (1949b) adicionou mais
gêneros e espécies. LAWRENCE (1931, 1938) enriqueceu o conhecimento dos
biantídeos da África do Sul e publicou um importante trabalho sobre os Opiliones
de Madagascar (LAWRENCE, 1959) onde criou, de soslaio, Lacurbsinae, descreveu
vários táxons e criticou a prática de Roewer de erigir numerosos gêneros
monotípicos que dificultava a compreensão das inter-relações entre as faunas.
KAURI (1961) publicou um excelente trabalho sobre os opiliões de África do Sul
onde se destaca o estudo da genitália dos Biantidae e seus detalhados desenhos,
porém, não utilizou satisfatoriamente a informação da genitália na definição dos
gêneros. Infelizmente Kauri, no seu trabalho posterior sobre os opiliões da África
central (KAURI, 1985), ofereceu desenhos da genitália masculina pouco
detalhados e de utilidade limitada. Nesse trabalho, Kauri criou a subfamília
Zairebiantinae a qual foi incluida junto a Dibuninae e Stygnommatinae em
Biantidae. MARTENS (1978) estudou em detalhes a fauna de biantídeos do
Himalaia (Nepal) oferecendo excelentes descrições das espécies e suas genitálias
masculinas. Este trabalho foi a base que MARTENS (1986) usou para estabelecer o
plano genital familiar de Biantidae e propor que os biantídeos da África do Sul, da
Ásia e do Caribe formam um grupo natural. Espécies de biantídeos do novo mundo
eram conhecidas desde o século XIX ( Stenostygnus pusio Simon, 1879), mas não
foram reconhecidas como um grupo de Biantidae até relativamente pouco tempo
quando ŠILHAVÝ (1973) criou Caribbiantinae com base em novos gêneros e
espécies provenientes de Cuba, Hispaniola e das Ilhas Virgens Americanas. Mesmo
sendo um dos pioneiros da utilização da genitália na sistemática dos opiliões,
Šilhavý somente a usou para separação das espécies e continuou aderido aos
Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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critérios tipológicos tradicionais do sistema roeweriano para separação supra-
especifica. Seguindo a mesma linha de Šilhavý, AVRAM (1977) contribuiu com mais
gêneros e espécies de Cuba. GONZÁLEZ-SPONGA (1992) citou pela primeira vez a
família Biantidae para Venezuela, mas não ofereceu nenhum registro genérico nem
especifico. PINTO-DA-ROCHA (1995) reconheceu após 116 anos que Stenostygnus
pusio é um biantídeo relacionado com a fauna descrita das Antilhas e considerou
Caribbiantinae Šilhavý, 1973, como sinônimo júnior de Stenostygninae Roewer, 1913.
Subtáxons incluídos.— 27 gêneros e 124 espécies agrupadas em quatro
subfamílias:
1) Biantinae Thorell, 1889 (= Hinzuanidae Pocock, 1903). São os Biantidae
típicos, se encontram distribuídos pelo SE da Ásia, Índia, Madagascar, Seicheles,
África Central e África do Sul. Descrições modernas, que incluem bons desenhos e
descrições da genitália masculina, podem ser encontradas em MARTENS (1978)
para biantídeos do Nepal e em KAURI (1961) para África do Sul. As espécies
apresentam uma marcada homogeneidade da morfologia externa (Fig. 19c).
Subtáxons incluídos: 13 gêneros e 97 espécies: Biantella Roewer, 1927 (uma
espécie), Biantes Simon, 1885 (30 espécies), Biantessus Roewer, 1949 (dois
espécies), Biantomma Roewer, 1942 (uma espécie), Clinobiantes Roewer, 1927
(uma espécie), Cryptobiantes Kauri, 1962 (uma espécie), Eubiantes Roewer, 1915
(uma espécie), Fageibiantes Roewer, 1949 (duas espécies), Hinzuanius Karsch,
1880 (14 espécies), Ivobiantes Lawrence, 1965 (uma espécie), Metabiantes
Roewer, 1915 (41 espécies), Monobiantes Lawrence, 1962 (uma espécie) e
Probiantes Roewer, 1927 (uma espécie).
2) Lacurbsinae Lawrence, 1959, táxon endêmico da África Central, possue
caracteristicamente a tíbia IV dos machos engrossada distalmente e armada de
fileiras de apófises espiniformes (Fig. 18c) e a genitália masculina se afasta do
plano genital de Biantidae (Fig. 12e-f). O follis modificado e a forma do ápice
ventral da pars distalis se aproximam aos de Zalmoxidae. A subfamília foi
provavelmente incluída em Biantidae pela ausência de cômoro ocular comum e
presença de pedipalpo raptorial, caracteres que aparecem independentemente
várias vezes dentro de Grassatores (p.ex. Stygnidae, Gonyleptidae). Táxons
incluídos: cinco gêneros e nove espécies — Eulacurbs Roewer, 1949 (uma espécie),
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