Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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−
Dois feixes musculares (esse tipo de pênis é restrito às famílias
Nemastomatidae, Trogulidae, Dicranolasmatidae e Nipponopsalididae
(Dyspnoi));
−
Com um feixe muscular (Phalangiinae, Leiobuninae, Gagrellinae,
Sclerosomatinae, Gyantinae, Ischyropsalididae, Erebomastridae,
Travuniidae e Triaenonychidae )
Sem Músculos:
−
Porção distal do tronco membranosa, inflada ou esticada pela pressão da
hemolinfa; sem glande stricto sensu (Phalangodidae).
−
Porção distal do tronco definida como glande pelo artículo e móvel por
pressão de hemolinfa, em geral erétil, sobretudo no eixo longitudinal do
tronco (Phalangodidae, Gonyleptidae e Cosmetidae).
−
Glande complexa na porção subapical do tronco, guarnecida de escleritos e
membranas; ela é evertida pela pressão da hemolinfa e daí orientada em
direção diferente do eixo do tronco. O canal seminal é liberado
principalmente por essa expansão. A esse grupo pertencem a maioria das
famílias dos Laniatores (Assamiidae, Biantidae, Oncopodidae e
Phalangodidae).
Como se pode observar nesta divisão a definição da glande foi um dos
problemas apresentados. O pênis dividia-se em tronco e glande tendo como glande
a porção distal que se reconhecia já seja por uma clara separação como pela
presença de setas sensoriais. Porém a diferenciação não era sempre evidente.
MARTENS (1976) destacou: “O termo "glande" não é de fácil definição... como
denominar os pênis que se dividem em tronco e glande, quando estes não possuem
uma glande típica definida por articulação? Propõe-se essa terminologia porque a
parte distal do pênis na grande maioria dos casos se diferencia do tronco uniforme
e é armada com cerdas sensoriais”. Martens não foi coerente com seu conceito de
glande ao interpretar os pênis sem musculatura, nesse grupo ele chama de glande
ao complexo aqui chamado de capsula externa + capsula interna (ver definição
desses termos abaixo) deixando de fora a porção distal do tronco, portadora das
cerdas sensoriais, a qual estava incluída na definição de glande nos outros grupos
Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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(exceto em Cyphophthalmi). A porção do pênis que porta as cerdas sensoriais,
ainda que em alguns táxons se mostre dividida (p.ex. Escadabiidae, Kimulidae,
Travuniidae Absolon & Kratochvíl, 1932), corresponde a uma continuação do
tronco com quem tem a mesma consistência quitinosa. O estilo e o complexo
capsula externa + capsula interna estão relacionados com o ductus ejaculatorius
e se apresentam em forma de escleritos poucos quitinizados que adquirem
turgescência ou se desdobram pela ação da pressão hidráulica, eles conformam o
conceito de glande adotado no presente trabalho.
Contrario aos planos genitais mais conservativos (p.ex Gonyleptoidea) os
Grassatores possuem uma grande variabilidade de formas e planos genitais
masculinos (Figs. 7-17). O estudo comparativo de numerosas morfologias genitais
masculinas permite comprovar que o pênis divide-se em tronco + glande (Fig.
10a), sendo o tronco dividido em pars basalis + pars distalis (Fig. 12a) e a
glande em capsula externa + capsula interna (Figs. 11b, 12b). Esta divisão é
válida para Eupnoi, Dyspnoi e Laniatores, sendo que em Eupnoi e Dyspnoi a
glande está reduzida à presença de um estilo localizado no ápice da pars distalis.
Pars basalis + Pars distalis
A demarcação entre pars basalis e pars distalis não é sempre evidente. O
reconhecimento mais fácil se dá quando aparece um sulco divisório completo
(p.ex. Kimula elongata Goodnight & Goodnight, 1942, Fig. 14h) ou incompleto
(p.ex. Baculigerus sp., Fig. 15d). O limite distal da zona rugosa da pars basalis
também demarca esta divisão (p.ex. Kimula cokendolpheri Pérez & Armas, 2000,
Fig. 14a). Às vezes dentro de uma mesma família existem táxons com pars basalis
e pars distalis bem dividida e pobremente demarcada (p.ex. Stygnommatidae:
Stygnomma bonaldoi sp. nova vs Z ygobunus barronus Chamberlin, 1925, Figs. 47
vs 83). A vesicula (Figs. 10j e 12a) e o atrium (Figs. 8e, 10i, 12a) ficam na pars
distalis e também podem ser utilizados como demarcação entre pars basalis e
distalis (Fig. 12a).
5.1.2.1.-
Pars basalis
Geralmente é cilíndrica, porém em alguns grupos poder apresentar diversas
morfologias. A porção distal pode ser globulosa e alargada (p.ex. Stygnomma
bonaldoi, Fig. 47 e Minuella sp., Fig. 14e) ou apresentar modificações ventrais
Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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como projeções de formas diversas, balcões e apófises quitinosas (p.ex.
Fissiphalliidae: Fissiphallius chicoi Tourinho & Pérez, 2006 e Fissiphallius tucupi
Tourinho & Pérez, 2006, Fig. 15h-i) e basalmente pode também apresentar
balcões, áreas sanfonadas (Fissiphalliidae: Fissiphallius chicoi, Fig. 15h), projeções
e alargamentos (p.ex. Zalmoxidae, Fig. 16c, d, g). Em alguns grupos pode ser
observada distalmente uma zona rugosa (Fig. 14a).
5.1.2.2.-
Pars distalis
A pars distalis porta a glande (Fig. 10a) e apresenta uma notável
diversidade de formas entre e dentro das diferentes famílias (Figs. 7-17). Na pars
distalis dos Biantinae asiáticos existe um saco inflável ventral chamado de
Schwellkörper (Fig. 12d) (MARTENS, 1986). Em espécies de Kimulidae e
Escadabiidae a pars distalis pode apresentar uma quilha ventral (Fig. 14a, 15a) e
em Metakimula está presente um processo dorsal. Nos Gonyleptoidea a pars
distalis adota a forma de uma placa ventral com vários grupos de cerdas. Nos
Podoctidae e Phalangodidae a placa ventral (Fig. 9e) pode apresentar uma fenda
medial ficando dividida em duas valvas (Figs. 7b, 9b). Nos Zalmoxidae e
Fissiphalliidae a placa ventral apresenta dois tagmas, um distal denominado
rutrum (do Latim rutrum, que significa “pá”) e um basal denominado pergula
(do Latim pergula que significa “balcão”) (Figs. 15e, 16a). O rutrum pode ter
formas muito variadas, desde uma comprida lâmina como em Fissiphalliidae (Figs.
15e-i) até uma forma de martelo em alguns Zalmoxidae e geralmente está armado
de quatro pequenas cerdas espiniformes (Fig. 16a). A pergula é menos variável
em forma podendo ser pequena e estreita como em Fissiphalliidae (Fig. 15h) ou
larga como na maioria dos Zalmoxidae (Fig. 16a, g). A pergula está armada de
cerdas espiniformes que podem chegar a alcançar um grande comprimento (p.ex.
Minuides milleri Šilhavý, 1978, Sphoeroforma sp.). Na família Kimulidae a porção
apical da pars distalis é muito alargada e rodeia por completo a glande (Figs. 14 a,
e, g, h).
Ao contrário da placa ventral típica de Gonyleptoidea, que ocupa a maior
parte da pars distalis, outros grupos apresentam uma modificação ventral de
menor tamanho que é denominada de lamina apicalis (p.ex. Figs. 8e, 10g, 12g-
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