A ameaça pagã Velhas heresias para uma nova era



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A Ameaça Pagã
Tanto Koester quanto Robinson estudaram com Rudolf
Bultmann, o erudito alemão que facilmente convenceu a ciência do
Novo Testamento a olhar para as culturas gnósticas e helênicas
como fontes importantes para o Cristianismo, à custa do Antigo
Testamento e do judaísmo.
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 Tanto Koester quanto Robinson
são ex-presidentes da Sociedade da Literatura Bíblica. Ambos tem
se comprometido com um programa claramente definido: o
“Desmantelamento e a Remontagem das Categorias de Erudição do
Novo Testamento”, como um dos artigos de Robinson é intitulado.
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Uma categoria que eles desmantelaram com sucesso é a da heresia e
da ortodoxia.
24
Ambos, juntos ou separadamente, Koester e Robinson
procuraram mostrar um pluralismo radical na igreja primitiva, o que
fez com que a teologia cristã se desenvolvesse em várias “trajetórias”.
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A ortodoxia era uma trajetória, mas não o único depósito do
verdadeiro evangelho, tornando os outros “heréticos”.
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 Koester
contesta que não há “um evangelho” como Paulo falou, mas no
mínimo “quatro”.
James Robinson põe conteúdo em seu manifesto. Ele fundou e
é diretor do Instituto Para a Antigüidade e Cristandade em Claremont,
Califórnia. Essa organização se dedica à recuperação dos textos e à
uma teologia que a igreja primitiva denunciou como heresia. Dentro
do Instituto, Robinson lançou o Projeto Biblioteca Cóptica Gnóstica,
que traduz, publica e promove os textos gnósticos. Uma grande obra
para o mundo erudito, é também uma ferramenta poderosa para o
programa teológico neo gnóstico. “Secretário de Estado” não é um
exagero. Robinson tem sido a força motriz por trás do Seminário Q
(cuja importância para o novo entendimento de Jesus nós discutiremos
abaixo). Ele é um membro ativo do Seminário de Jesus (fundado por
um colega, Robert Funk) e diretor do Projeto dos Textos Mágicos Coptas,
que recupera o “Cristianismo” mágico e gnóstico.
Robinson vai contra os “míopes caçadores de heresia” porque
ele crê que o futuro repousa na inclusão. O gnosticismo (heresia) e
a ortodoxia são duas “trajetórias” válidas do Cristianismo
primitivo. O que era uma posição marginal há uma geração, agora
é altamente recomendada como convicção majoritária. Robinson
encoraja a teologia moderna a extrair valores de ambas as trajetórias
para produzir uma nova formulação de Cristianismo para hoje.
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O manifesto de Robinson de 1985 explode o limite constrangedor
do cânon bíblico ortodoxo.


A NOVA BÍBLIA
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Helmut Koester, no epílogo de uma coleção de ensaios em
sua homenagem,
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 dá sua própria expectativa do campo do Novo
Testamento. O Cristianismo primitivo, diz ele, é
apenas uma das muitas religiões helenísticas de propaganda,
competindo com outras que seriamente crêem em seu deus e
que também impuseram padrões morais a seus seguidores.
29
Ele incita os estudiosos a abandonar o cânon do novo Testamento
“como parte de um livro especial que é diferente de outros escritos
cristãos antigos”. Koester faz esse apelo para permitir que outras
vozes cristãs antigas – ”hereges, marcionitas, gnósticos, cristãos
judeus, talvez também as mulheres (...) sejam ouvidos
novamente”.
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 Koester prontamente admite que esta não é uma
ciência livre de valores e objetiva. O antigo método crítico-histórico-
liberal era, ele afirma, “designado como ferramenta hermenêutica
para a liberação do preconceito conservador e do poder das instituições
eclesiásticas e políticas [ênfase minha]”.
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 Da mesma forma, estudos
futuros do Novo Testamento deveriam ter como objetivo “renovação
religiosa e política (...) inspirada pela busca por igualdade, liberdade
e justiça” na “perspectiva política compreensiva” de nosso mundo
moderno.
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 Para Koester, a visão de mundo igualitária, totalmente
inclusiva do pensamento da vanguarda contemporânea, torna-se o
critério da verdade.
Esses dois eruditos influentes aplicam o programa de seu
mentor, Rudolf Bultmann, a “desmitologização do Novo Testamento”.
Essa abordagem desmonta o entendimento teísta do Novo
Testamento em favor de um entendimento monístico e gnóstico
pagão.
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 Eles estão comprometidos com a destruição do cânon e,
conseqüentemente, com a destruição da ortodoxia.
Vítimas do Cânon: Molestados pela Verdade
Todos amam um perdedor, especialmente se os vencedores
são empresas patrocinadoras que tiranizam injustamente o
perdedor. Os heréticos de hoje usam o sentimentalismo, a postura
politicamente correta e poder político para defender a oprimida,
teológica “matéria-prima do cânon”.
Os liberais negam a possibilidade de verdade objetiva,
pintando a verdade como meramente um poder social. Mas essa
visão da verdade é como a moderna versão da regra de ouro: aqueles


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A Ameaça Pagã
que têm o ouro, fazem a regra. A verdade é o que aqueles no controle
definem ser a verdade. Em uma nova forma de miopia, a suspeita
tem substituído a nobre busca pela verdade.
Elaine Pagels, uma aluna de Koester e colega de Robinson,
lê a história da igreja primitiva dessa forma. O gnosticismo foi
suprimido porque os bispos ganharam, não porque o evangelho
cristão da proclamação ortodoxa respondeu às necessidades de
um império reprovado, ou porque era a verdadeira palavra de
Deus. “São os vencedores que escrevem a História – da maneira
que querem. Não é de admirar, então”, diz Pagels, “que o ponto de
vista da maioria bem-sucedida tem dominado todas as narrativas
tradicionais da origem do Cristianismo”.
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 “Será necessário”, declara
a erudita do Novo Testamento, Elizabeth Schüssler Fiorenza, “ir
além dos limites do cânon do Novo Testamento desde que este é o
produto da igreja patrística, isto é, é um documento teológico dos
‘vencedores históricos.’”
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Essa mesma ideologia de poder funciona no Seminário de Jesus.
Como um dos membros diz, ao buscar justificar sua inclusão dos
evangelhos heréticos:
É claro, a História é escrita pelos vitoriosos; neste caso, pelos
autores ortodoxos conhecidos como pais da igreja. De uma
perspectiva histórica objetiva, no entanto, “heresia” é um rótulo
para as correntes religiosas rivais que perderam; eles [os
gnósticos] finalmente cessaram de ser alternativas política, social
ou intelectualmente aceitáveis para a principal corrente do
Cristianismo popular.
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O autor chega ao ponto de chamar os evangelhos heréticos de
“perdedores”. “Eles perderam quando os círculos mais poderosos
no Cristianismo impuseram seus próprios limites de aceitabilidade
doutrinal.” Observe como essa afirmação é cheia de termos
carregados de idéias de valor. Textos heréticos recebem até o
cobiçado status de “vítimas”. O apelo emocional implícito diz: “Não
é hora de adotar esses órfãos literários socialmente atormentados e
finalmente lhes dar um lar em uma igreja de onde eles foram sem
cerimônia e impiedosamente tirados há tantos anos?” (Além disso,
eles seriam tão úteis para nosso programa da nova espiritualidade!)


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