Universidade Federal do Rio de Janeiro a relaçÃo literariedade, imagem e imaginários em



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formal,  muy  lector, muy  dado  a  refugiarse  en  el  rancho  a  leer  día  y  noche,  ya  era 
tiempo  de  que  saliera  un  poco,  ya  había  cumplido  los  veintiún  años,  esa  misma 
noche la capitalina y el provinciano, la ahijada y el hijo, podrían irse a bailar del otro 
lado de la frontera, en los Estados Unidos, a media hora de aquí, bailar, conocerse, 
congeniar, cómo no, no faltaba más… (FUENTES, [1995] 2007, p. 16) 
 
 
Contudo, se serve para de  fato dar-lhe  mais  carne ao personagem,  melhor constituir-
lhe, como no caso de Mariano, cuja personalidade triste é bem explorada e bastante trabalhada 
pela  narrativa,  as  repetições  destinadas  a  Michelina  terminam  por  constituir  um  tipo,  um 
personagem tipificado, quase transformado em  figura, algo bem  evidente na constituição do 
apelido que lhe dá o narrador, “la capitalina”, epíteto que traz em si características que seriam 
(pela enganosa impressão de todo que dão) próprias para moças ricas, ou viajadas e vividas, 
da capital, para todas as  moças da ou de uma sociedade  capitalina, dando  margem, assim,  à 
transformação da personagem em um tipo representativo, ou que sugere a representação, com 
tendência a ser pejorativa, de uma totalidade. 
Isto  posto,  explorada  levemente  essa  caracterização  (à  qual  darei  mais  ênfase  no 
próximo  tópico)  que  aproxima  o  tratamento  das  imagens  levantadas,  sugeridas  pela  obra  à 
constituição  de  imaginários,  e  podemos,  enfim,  avançar  para  algo  que  tem  a  ver  com  as 
dimensões  da  metáfora  ampla.  A  primeira  característica  para  que  se  entenda  a  metáfora 
ampla, principalmente no tangente a sua existência a partir da leitura de La frontera de cristal
é a de que ela  faz parte de e entremetida está em  um  amplo processo  literário  imagético  no 
qual metaforizações várias são a preferência de transmissão desse mesmo teor, desse mesmo 
caráter  imagético  da  obra.  Apesar  disso,  pode  e  deve  haver  uma  metáfora  chave,  uma 
metáfora  âncora,  metáfora  principal  que  terá  mais  destaque,  maior  importância  do  que  as 
demais  trabalhadas,  sendo  essa  a  escolhida  para  ser  a  mais  bem  desenvolvida,  de  fato,  a 
metáfora ampla do enredo, tornando-se, em uma  obra que se  apoie  no  imagético, a  imagem 
principal, o principal recurso de imagem da obra artística que a enverga, nela investindo.  
Em  La  frontera  de  cristal,  como  os  contos  que  dão  forma  ao  romance  não  são 
capitulitos,  não  entrando,  pois,  no  rol  classificatório,  por  exemplo,  dos  minicontos,  a  ampla 
metaforização ali dada e a metáfora principal em seu seio desenvolvida ao longo de capítulos-
contos que variam de dezenove a até quarenta e nove páginas na obra, dão margem a que se 
possa falar, a partir mesmo dessa questão atrelada entre forma e quantidade, da existência de 
metáforas amplas como resultado de todo o desenvolvimento das metáforas-chave plantadas. 
Sim,  outras  metáforas  amplas  ganham  vez  na  obra,  estando,  porém,  “restritas”,  por 
assim  dizer,  aos  contos  determinados  em  que  cada  uma  delas  ocorre.  Outros  exemplos  da 
metáfora  ampla  ocorrendo  em  outros  contos  do  romance  ora  trabalhado  serão  abordados, 


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porém, no desenvolver do próximo capítulo, onde interessará abordar, no que toca ao recorte 
proposto,  sua  ligação  estrita  para  com  outro  tropo  de  imagem,  a  metonímia.  No  tangente, 
porém,  à  metáfora  que  transfere  significados  próprios  do  significante  cristal  para  o 
significante  fronteira  México-EUA,  é  preciso  informar  que  as  características  dadas  pelo 
enredo como caras dessa mesma fronteira ganham contornos e dimensões imagéticas as mais 
distintas  em  outros  contos  da  obra.  No  entanto,  é  de  plena  compreensão  que  a  metáfora 
principal explícita no título do romance merecesse da parte de Fuentes um capítulo especial a 
lhe  proporcionar  uma  consequente  e  necessária,  portanto,  ampliação,  amplificação  ainda 
maior. Ao sétimo conto, então! Ao “La frontera de cristal” e o fechamento da ampla metáfora 
contida em seu título, plantada como pista já no primeiro capítulo da obra, tal qual demonstrei 
até aqui no presente tópico. 
É  em  “La  frontera  de  cristal”  que  a  imagem  plantada  no  primeiro  capítulo  –  a 
associação do cristal contido na ideia da fronteira como membrana ilusória de vidro a separar 
México  e  Estados  Unidos  (Cf.  FUENTES,  [1995]  2007,  p.  31-2)  –  ganha  força  e  status  de 
imagem  principal  do  enredo,  acoplada,  ainda,  à  ideia,  ao  sentido  principal  de 
FRAGILIDADE, conectada, por sua vez, ao frágil do que é ilusório e ao frágil que sugere o 
pensar em uma membrana. Trabalha também com a força e o translúcido que  pode revelar-se 
de um cristal, como um espelho, mas é em sua fragilidade, na fragilidade de suas relações, na 
fragilidade possível dos sujeitos expostos a relações fronteiriças que está mais bem (re)velada 
a ideia que emerge da e se justapõe à imagem da metáfora no termo.  
No  conto,  um  encontro  pouco  provável  é  primeiramente  suscitado,  para  logo  depois 
pouco  a  pouco  ser  preparado  até,  enfim,  ser  mostrado  a  partir  da  importação  de  trabalho 
braçal  mexicano  para  limpar  as  vitrines,  as  vidraças,  para  deixarem  limpo,  translúcido, 
revelador o cristal das janelas de um arranha-céu estadunidense. É justamente neste trabalho 
que  se  encontram,  separados  por  uma  fronteira  de  cristal,  Lisandro  Chávez,  um  bracero 
mexicano, e uma executiva publicitária norte-americana. Esse encontro não se dá, entretanto, 
sem que antes a narrativa explore as variantes metafóricas e mesmo literais dos sentidos dados 
à fronteira.  
O serviço de limpeza do qual se fala foi exportado, vendido pelo poderoso empresário 
mexicano Leonardo Barroso para seus sócios estadunidenses. Todavia, antes Barroso teve de 
costurar  acordos  para  que  seus  argumentos  se  transformassem  em  negócios.  Assim, 
atravessando-a a leve ironia de seu narrador coiote, conta a narrativa que 
 
En Washington y en México, el dinámico promotor  y hombre de negocios explicó 
que la principal exportación de México no eran productos agrícolas o industriales, ni 


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