Sífilis: Diagnóstico, tratamento e controle
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An Bras Dermatol. 2006;81(2):111-26.
PERÍODO NEONATAL
A - Nos RN de mães com sífilis não tratada, ou inadequadamente tratada, independente do resultado do VDRL do RN,
realizar: radiografia de ossos longos, punção lombar(na impossibilidade de realizar esse exame, tratar o caso como neu-
rossífilis) e outros exames, quando clinicamente indicados. E tratar de acordo com os seguintes critérios:
A1 – Se houver alterações clínicas e/ou sorológicas e/ou radiológicas, o tratamento deverá ser com penicilina cristalina
50.000UI/kg/dose, EV, duas vezes ao dia se tiver menos de uma semana de vida e três vezes ao dia se tiver mais de uma
semana de vida, por 10 dias; ou penicilina G procaína 50.000UI/kg, IM, por 10 dias.
A2 – Se houver alteração liquórica, o tratamento deverá ser feito com penicilina G cristalina, 50.000UI/kg/ dose, EV, duas
vezes por dia se tiver menos de uma semana de vida e três vezes ao dia se tiver mais de uma semana de vida, por 14 dias.
A3 – Se não houver alterações clínicas, radiológicas e/ou liquóricas, e a sorologia do RN for negativa, deve-se proceder o
tratamento com penicilina G benzatina, IM, na dose única de 50.000UI/kg. O acompanhamento é obrigatório; sendo
impossível o acompanhamento, o RN deve ser tratado com o esquema A1.
B - Nos RN de mães adequadamente tratadas: realizar VDRL em amostra de sangue periférico do RN; se for reagente com
titulação maior que a materna e na presença de alterações clínicas, realizar radiografias de ossos longos e análise do LCR.
E ainda:
B1 – Se houver alterações radiológicas, sem alterações liquóricas, o tratamento deverá ser feito com penicilina G cristali
na, 50.000UI/kg/dose, duas a três vezes ao dia dependendo da idade, por 10 dias; ou penicilina G procaína
50.000UI/kg, IM, por 10 dias (esquema A1).
B2 – Se houver alteração liquórica o tratamento deverá ser o esquema A2.
C - Se o RN não for reagente ou for reagente com titulação menor ou igual à materna e também for assintomático e com
radiografia de ossos longos sem alterações, fazer apenas seguimento ambulatorial.
Fonte: Diretrizes para o controle da sífilis congênita. Brasília: MS/PN de DST/Aids, 2005.
Fonte: Diretrizes para o controle da sífilis congênita. Brasília: MS/PN de DST/Aids, 2005.
Q
UADRO
4: Algoritmo para o diagnóstico laboratorial e tratamento da sífilis congênita
Mãe com sífilis
RN sintomático
RN assintomático
Adequadamente
tratada
Raios-X ossos,
punção lombar e
hemograma
Raios-X ossos,
punção lombar e
hemograma
Seguimento
ou
Tratar - C1
(benzatina)
Tratar - A 1
(cristalina/
procaína)
Tratar - A 2
(cristalina)
Tratar - A 1
(crist/ proc)
Tratar - A 2
(cristalina)
Tratar - A 3
(benzatina)
LCR alterado
(Neurossífilis)
Exames
normais
e VDRL
negativo
RN sintomático
RN assintomático
Raios-X ossos, punção
lombar e hemograma
LCR
normal
Tratar - A 1
(cristalina/
procaína)
Tratar - A 2
(cristalina)
Tratar - A 3
(benzatina)
≤ materno
> materno
negativo
Exames
normais
LCR normal
Exames
alterados
LCR normal
LCR alterado
(Neurossífilis)
LCR alterado
(Neurossífilis)
VDRL
Não tratada ou inade-
quadamente tratada
LCR normal
Q
UADRO
3: Esquema de tratamento da sífilis congênita
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Avelleira JCR, Bottino G.
An Bras Dermatol. 2006;81(2):111-26.
REAÇÃO DE JARISCH-HERXHEIMER
A reação foi descrita por Jarish e Herxheimer
com compostos de mercúrio antes da descoberta da
penicilina e pode ocorrer após o tratamento de
pacientes em todos os estágios da sífilis. A freqüência
da reação varia de 30% a 70% nos casos de sífilis pri-
mária e secundária.
18
A etiopatogenia é atribuída a antígenos lipo-
protéicos da parede do
T. pallidum com atividade
inflamatória, liberados após a morte dos treponemas.
A reação foi relatada em doenças causadas por
espiroquetas como leptospirose
63
e borrelioses.
64
Clinicamente consiste na exacerbação das lesões, sin-
tomatologia sistêmica (febre, calafrios, cefaléia, mial-
gias, artralgias) e alterações laboratoriais (leucocito-
se com linfopenia). Inicia-se entre quatro e 12 horas
após o tratamento. A reação, além da penicilina, foi
descrita com eritromicina, amoxacilina, tetraciclina e
quinolonas.
18,65
O quadro reacional regride em perío-
do que varia de seis a 12 horas. O tratamento é sin-
tomático com analgésicos e antitérmicos. É discutido
se o uso prévio dos corticoesteróides pode evitar a
reação. Em gestantes a reação pode ter como conse-
qüência a prematuridade e morte fetal, principal-
mente quando o feto estiver infectado.
18,66,67
PREVENÇÃO E CONTROLE
O objetivo do controle da sífilis é a interrupção
da cadeia de transmissão e a prevenção de novos
casos.
Evitar a transmissão da doença consiste na detec-
ção e no tratamento precoce e adequado do paciente e
do parceiro, ou parceiros. Na detecção de casos, a intro-
dução do teste rápido em parceiros de pacientes ou de
gestantes poderá ser muito importante. O tratamento
adequado consiste no emprego da penicilina como pri-
meira escolha e nas doses adequadas. Em situações
especiais, como aumento localizado do número de
casos, o tratamento profilático poderá ser avaliado.
A prevenção de novos casos deverá ter como
estratégia a informação para a população geral e,
especialmente, para as populações mais vulneráveis
(prostitutas, usuários de drogas intravenosas, etc.)
sobre a doença e as formas de evitá-la. É importante
o aconselhamento ao paciente procurando mostrar a
necessidade da comunicação ao parceiro e o estímu-
lo ao uso dos preservativos na relação sexual. A reci-
clagem constante e continuada das equipes de saúde
integra esse conjunto de medidas para prevenção e
controle da sífilis.
16,68
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