Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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21.- Bulla dorsal com uma forte apófise espiniforme. Genitália masculina como na Figura
79 com um grupo de 4 cerdas pontudas nas bordas apicais ventrais do calyx e
fenda do velum larga ...................................... Zygobunus armatus (Petrunkevitch
1925).
.- Bulla dorsal com duas fortes apófises espiniformes. Genitália masculina como na
Figura 87 com um grupo de 2 cerdas pontudas nas bordas apicais ventrais do calyx
e fenda do velum estreita ............................... Zygobunus rufus (Petrunkevitch,
1925)
5.6.- Distribuição geográfica de Stygnommatidae
Um resultado interessante é a relação de grupo-irmão entre o grupo
asiático-africano Podoctidae como o neotropical Stygnommatidae. Essa relação
espelha a relação existente entre o grupo asiático-africano Assamiidae versus o
neotropical Gonyleptoidea. As localizações detalhadas das espécies por países
podem ser vistas na Fig. 97.
Em contraponto com a distribuição gondwânica trans-pacífica do conceito
prévio de Stygnommatidae, no atual conceito esse clado mostra-se endêmico do
neotrópico continental e restrito às áreas de floresta latifoliada úmida (bioma 01
da WWF) (Fig. 96). Nenhum dos grupos caribenhos permaneceu em
Stygnommatidae.
A distribuição dos gêneros (obtidos a partir da análise beta) se mostra quase
sempre alopátrida com exceção de Stygnomma e Stygnoquitus que são
simpátridas nos Andes (Fig. 98). Além disso, a distribuição dos gêneros é
fortemente endêmica ao longo de tracks de poucas centenas de quilômetros, com
exceção de Stygnomma, que ocupa uma imensa área de baixada amazônica +
Andes da Colômbia/ Equador com um imenso hiato no meio (Fig. 98).
Provavelmente um refinamento do conhecimento das espécies, preenchendo esse
hiato, forneça subsídios para uma separação em nível genérico dos Stygnomma
andinos (Grupo fuhrmanni) versus os Stygnomma amazônicos (Grupo bonaldoi).
Um indício dessa separação são os altos índices de Bremer/ bootstrap desses dois
grupos.
Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
189
A primeira grande dicotomia de Stygnommatidae é dos clados Zygobunus+
versus Stygnomma+. A maioria das espécies sem posição sistemática certa
( incertae sedis) pode ser pelo menos alocada a um desses dois clados. Quando se
acrescentam no mapa os pontos dessas espécies (Fig. 99), podem-se observar duas
grandes áreas largamente alopátridas com um pequeno nó de interseção nos
Andes da Venezuela. A área de Stygnomma+ ocupa uma ampla área da Amazônia
chegando aos Andes da Colômbia/ Equador. A área de Zygobunus+ é muito mais
estreita, ocupando uma franja no sentido Leste-Oeste no norte da Venezuela,
chegando à América Central e com previsão de ocorrência na região intermediária
(norte da Colômbia). Pode-se hipotetizar que Stygnommatidae é um clado sul-
americano que se dispersou rumo ao noroeste para o Panamá e Costa Rica a partir
da reunião das duas Américas no Terciário.
Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
190
6.- C
ONCLUSÕES
Uma análise filogenética de parcimônia com base em um levantamento
exaustivo de caracteres (principalmente estabelecendo homologias na morfologia
genital) que formam conjuntos imbricados ( nested sets) de sinapomorfias,
permitiu estabelecer neste trabalho novas hipóteses de parentesco para uma série
de espécies e táxons supra-específicos na infra-ordem Grassatores de Opiliones
com foco na família Stygnommatidae. Um grande número de hipóteses prévias da
literatura foi testado aqui, e grande parte delas foi refutada. Diagnoses
comparativas incluindo informação sobre o status sinapomórfico de caracteres
puderam ser fornecidas.
6.1.- Conclusões de morfologia
A genitália masculina mostrou-se de grande utilidade em quase todos os
níveis na sistemática e taxonomia e apesar de usada há décadas, continua
fortemente sub-utilizada, principalmente pela falta de estabelecimento de
homologias de suas partes constituentes. No caso específico de Stygnommatidae a
genitália masculina serve para caracterizar espécies, grupos de espécies, gêneros e
grupos de gêneros, sendo um forte indicador de afinidades filogenéticas.
Extrapolando-se a morfologia genital dos grandes grupos de Grassatores, pode-se
estabelecer seu plano básico: Pênis= tronco + glande; Tronco= pars basalis + par
distalis; pars distalis= capsula externa + capsula interna.
6.2.- Conclusões de sistemática
A alocação em grupos supra-genéricos por autores passados é deficiente,
quase ao ponto de ser aleatória. A utilização de exemplares imaturos ou fêmeas
para estabelecer espécies cria grandes problemas pela impossibilidade de se
obterem caracteres que informem sobre o seu posicionamento sistemático. Mesmo
quando existem exemplares machos, um tratamento superficial, não leva em conta
caracteres importantes e na indisponibilidade dos tipos (em alguns casos
depositados em coleções particulares ou supostamente depositados em museus),
impede um conhecimento suficiente dessas espécies.
Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
191
A superfamília Samooidea Sørensen, 1886, novo status é diagnosticada
como um grupo pantropical de famílias de Grassatores intimamente aparentadas
— Biantidae, Escadabiidae, Kimulidae nome novo, Podoctidae e Samoidae. Para
cada uma dessas famílias é dada uma diagnose, um histórico e uma caracterização.
Um nome novo — Kimulidae — é criado por razões nomenclaturais e uma nova
subfamília com espécies do Oceano Índico — Mitraceratinae — é proposta em
Biantidae.
Se bem que a análise alfa apresentada não tem como objetivo se aprofundar
nas relações internas de Samooidea, oferece indícios de que o conceito atual de
Biantidae não corresponde a um grupo natural e há necessidade de ampliar os
conceitos de Samoidae, Lacurbsinae e Stenostygninae.
O conceito prévio de Stygnommatidae corresponde a um grupo polifilético.
Foram refutadas as hipóteses prévias de inclusão em Stygnommatidae de um total
de 18 espécies neotropicais e duas espécies Indo-malaias.
Stygnommatidae é um nome disponível que pode ser aplicado a um grupo
monofilético de Samooidea. Aparentemente a manutenção de Stygnommatidae
não torna nenhum outro grupo parafilético, embora esse possa ser o caso em seu
grupo-irmão do Velho Mundo, Podoctidae, a informação presente é insuficiente
para dizer isso.
6.3.- Conclusões de taxonomia
Um total de 23 espécies válidas pertencem a Stygnommatidae em seu novo
conceito ( stricto sensu). 20 foram organizadas em 5 gêneros que correspondem a
clados e cuja definição está de acordo com critérios explícitos. As outras 3 foram
consideradas incertae sedis.
Um grande número de atos nomenclaturais é aqui proposto, não apenas em
Stygnommatidae, mas também nas famílias próximas, incluindo sinonímias,
revalidações, mudanças de status, atribuição de status de species inquirenda e
incertae sedis. Dentro de Stygnommatidae stricto sensu as sinonímias excessivas
da literatura escondiam a variabilidade das espécies. Todas as espécies
sinonimizadas dentro foram revalidadas. Foram descobertas 6 espécies novas e
propostos 3 gêneros novos.
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