A ameaça pagã Velhas heresias para uma nova era



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ESTUDO BÍBLICO GNÓSTICO
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On The Origin of The World [Sobre a origem do mundo], um
outro texto da biblioteca Nag Hammadi, tem uma interpretação
invertida similar de Gênesis. O autor desse texto afirma revelar
o que existiu “antes do Caos”.
10
 Essa é talvez uma referência ao
“caos” de Gênesis 1.2, “e a terra estava sem forma e vazia”. Assim
como todo sistema gnóstico que especula sobre a época antes da
criação, esta introduz um complicado conto de emancipação
divina do “Pai de Todos”. Em um ponto no processo Sofia, a qual
“os hebreus chamam (...) Eva da Vida, isto é, a mestra da vida”
dá à luz a um ser andrógino a quem as autoridades chamaram “a
besta” mas que realmente é o “senhor” e “o Mestre” pois “ele era
mais sábio do que todos eles”.
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“Então, aquele que é mais sábio do que todos eles, este que é
chamado ‘a besta’ veio” e revelou a verdade sobre a árvore do
conhecimento, que era na verdade boa, e que “deus” os havia
proibido de comer de seu fruto por ciúmes. Quando “Eva teve
certeza a respeito da palavra do mestre (...) a mente deles foi aberta.
Pois quando eles comeram, a luz do conhecimento (gnose) os
iluminou”. Tendo ganhado essa gnose, Adão e Eva desprezaram a
“deus”. “Quando eles contemplaram seus criadores (Deus Criador
e seus anjos), eles os odiaram pois eram formas bestiais. Eles
entenderam muito bem.”
12
 Em uma afirmação posterior de ódio, o
texto continua a descrever Deus como impotente, já que a única
coisa que ele podia fazer era amaldiçoar o mestre (serpente), bem
como amaldiçoar tudo que haviam criado. Sobre o Deus Criador é
dito: “Não há bênção para eles. O bem não pode vir do mal”.
13
 Aqui
está a reversão total. O bem se tornou mal, e o mal se tornou bem.
O Método Gnóstico
Como os gnósticos conseguiram escapar impunes com esta
exegese, presente em todos os seus escritos?
14
 Da mesma forma que
os eruditos modernos adaptam o significado óbvio aos seus
pensamentos pessoais e comunais. Sem o aparato técnico e jargões
intelectuais sofisticados de seus primos modernos, os gnósticos
criaram uma justificação similar para sua abordagem da “resposta
do leitor” da Santa Escritura. A explosão contemporânea na
produção de técnicas interpretativas não nos deve surpreender.
Quando quer que a teologia “cristã” olha para o politeísmo pagão


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A Ameaça Pagã
para inspiração – como estão fazendo agora e como fez no passado
– descobre um variedade impressionante de técnicas de leitura, sem
as quais as Escrituras do Deus único seriam estritamente inúteis.
Imaginação
O “reavivamento” gnóstico cristão, assim como sua contraparte
contemporânea, apostou muito na imaginação. Assim como outros
monistas e panteístas, eles criam que Deus é “o Deus desconhecido”,
totalmente distinto e intocável pela criação, mas mesmo assim
confundido com cada parte dela. Os gnósticos concluíram que não
há uma comunicação especial, direta, de Deus para conosco. Assim,
onde se encontra a verdade? Eles olharam para uma centelha da
divindade no interior de cada um. A imaginação, parte da centelha
divina, ajuda na descoberta da verdade renovadora e expandidora.
Nos textos gnósticos, outros que olharam para o interior compartilham
suas experiências de gnose. Mesmo a Escritura autoritativa é útil na
medida em que serve ao entendimento monístico da vida.
Se a verdade é fundamentalmente pessoal, dependendo da
experiência da iluminação interior do divino na pessoa, o que se
conclui é que a experiência deve ser preferível ao discurso racional.
Será a imaginação liberada da razão. Assim o Apócrifo de Tiago 4.19-
20 exorta os crentes gnósticos: “enchei-vos do Espírito, mas
esvaziai-vos da razão”. O Primeiro Apocalipse de Tiago 27:1-5 afirma:
“até que você se lance fora do entendimento cego de si mesmo,
desta corrente de carne que te cobre. E só aí você entenderá Aquele
Que Existe. E nunca mais você será Tiago, mas você mesmo como
Aquele Que Existe”. Esta inclinação anti-racional reaparece na
espiritualidade da nova era: “as condições necessárias para a nova
fé, esperança e amor (...) [são que] você tem que ser flexível, aberto,
ter uma energia alta, e não ser linear ou intuitivo”.
15
 A mesma
bruxa feminista espiritual, Mary Daly, critica o uso contemporâneo
da razão (masculina) para tentar destruir o contato intuitivo com
os espíritos:
Essa distância do empreendimento filosófico da razão
intuitiva/imaginativa sobre os anjos (que alguns identificam
como “Espíritos Elementares”) está associada com a tédio-
cratização da filosofia. Está conectado (...) com o descrédito e
a erradicação “filosófica” da “causalidade final” (...) [, a saber,]
a força do espírito.
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ESTUDO BÍBLICO GNÓSTICO
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A história do grande “retorno” de nossa era é o retorno dos
“espíritos”. O mundo antigo estava cheio deles, como observa Plutarco,
um historiador grego do século 1º. Ele descreveu a cultura greco-romana
do Mediterrâneo como “uma taça borbulhando com mitos”.
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 Os
mestres gnósticos “cristãos” estavam somente seguindo a cultura.
Giovanni Filoramo, um entendido em gnosticismo, fala a respeito do
“reavivamento mitológico” gnóstico.
18
 Sem se preocupar com a situação
atual, ele observa que depois de um período de racionalismo e da crítica
dos  velhos mitos gregos – muthos de Platão e Aristóteles usando logos (a
razão), o mito é redescoberto e recebe um novo significado. O
gnosticismo não está mais interessado nas histórias dos deuses per se, mas
somente na maneira como eles se relacionam com a experiência
humana.
19
 Uma nova espiritualidade centrada na pessoa nasceu. Paralelos
com o tempo presente são fascinantes. Chegando ao final do século 20
depois do assim chamado Iluminismo ou Idade da Razão, as pessoas
estão redescobrindo os deuses, as deusas, os mitos e a espiritualidade,
às vezes sob a aparência de um cristianismo revitalizado.
Foi assim no mundo antigo. Os gnósticos afirmaram um novo
entendimento dos mitos. Os evangelhos gnósticos parecem ter sido
escritos assim. O “Jesus vivo” revela uma sabedoria eterna que
não está amarrada a qualquer momento histórico, assim dando
discernimento profético e uma imaginação livre em seu curso. Irineu
observa: “eles fornecem como prova uma montanha de escritos
apócrifos e espúrios, os quais eles compuseram”.
20
 “Nenhum limite”,
diz um comentarista moderno, “foi colocado para uma livre
representação e uma especulação teológica”.
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Aqui estão dois dos muitos exemplos possíveis registrados
pelo pai da Igreja, Hipólito:
u Valentino
cria que o “Criador [agiu] baseado no medo [e] isto é o que a
Escritura afirma: ‘O temor do Senhor é o começo da sabedoria’. Pois
isto é o começo das afeições de Sofia”.
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u Marcus
usando o místico sistema de numérico de Pitágoras, encontra
“cada detalhe da Escritura de acordo com os números supramencio-
nados”.  Eles assim tentam, diz Hipólito, “incriminar Moisés e os
Profetas, alegando que falaram alegoricamente a respeito das
medidas de Éons”.
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