A ameaça pagã Velhas heresias para uma nova era



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A Ameaça Pagã
Ecletismo: escolhendo à vontade
O que eles mesmos não escreveram eles “tomaram empresta-
do” de outras fontes, portanto escolhendo à vontade. O gnosticismo,
observa Rudolf, “freqüentemente toma seu material das mais variadas
tradições existentes, conecta-se a ele, e ao mesmo tempo organiza
tudo em uma nova estrutura (...) a visão gnóstica do mundo (...) se
acomoda (...) à imagens das religiões antigas, quase como um parasita
prospera no solo das “religiões hospedeiras, ele pode também ser
descrito como parasítico. Nessa medida o gnosticismo, estritamente
falando, não tem uma tradição própria”, continua Rudolf, “mas
somente uma tradição emprestada. A sua mitologia é uma tradição
conscientemente criada a partir de um material que lhe é estranho”.
24
Se a verdade deve ser encontrada no interior, ela pode ser
encontrada em qualquer lugar, desde que concorde com a
experiência subjetiva da gnose. “O Cristianismo”, diz Rudolf,
“inclinou-se em direção à unidade doutrinária enquanto os
pensadores gnósticos aparentemente preferiram seus modos
independentes. Eles parecem ter procurado e incorporado nos seus
sistemas qualquer pedaço de ‘verdade’ ou ‘conhecimento’ que
encontraram, sem se importar com a fonte.”
25
A questão em pauta é o tratamento gnóstico do material do
Evangelho, especialmente como colocado no Evangelho Gnóstico de
Tomás, já discutido anteriormente. Não há real interesse na História.
Os evangelhos gnósticos foram somente veículos para expres-
sar seus pensamentos, tomando o que pudesse ser superficial-
mente apropriado e acrescentando ao sistema deles, deixando o
resto como uma casca.
Tertuliano rejeita a constante busca ilegítima pela verdade
dos gnósticos:
Fora com a pessoa que está procurando onde nunca encontrará;
pois está procurando onde nada pode ser encontrado. Fora com
ele que está sempre batendo à porta, pois nunca lhe será aberta a
ele, pois ele bate onde não há ninguém para abrir. Fora com
aquele que está sempre pedindo, porque ele nunca será ouvido,
pois ele pede a quem não pode ouvir.
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A Hermenêutica Antiga da Resposta do Leitor
Rudolf chama o método exegético gnóstico de uma


ESTUDO BÍBLICO GNÓSTICO
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prática mestra (...) de extrair o máximo possível (...) [via] método
interpretativo da alegoria e do simbolismo (...) uma afirmação
do texto que recebe um significado mais profundo ou mesmo
vários significados, para provar a própria doutrina ou mostrar a
sua riqueza interior. Esse método de exegese é na gnose um modo
principal de produzir as idéias de alguém sob a capa da literatura
antiga – acima de toda literatura sagrada e canônica.
27
Esse mesmo estudioso, que em sua própria teologia não é
inteiramente oposto ao pensamento gnóstico, apesar disso fala de
“truques acrobáticos” e “exegese de oposição”.
28
A respeito da abordagem que fazem a Gênesis, Filoramo, o
erudito gnóstico italiano observa que os “editores gnósticos
manipulam o texto sagrado para torná-lo apropriado aos seus
propósitos (...) ao retocá-lo, acrescentar uma frase ou escolher uma
tradução diferente”.
29
 O pai da igreja, Clemente de Alexandria (150-
215 d.C.) dá um exemplo da exegese da resposta do leitor. Ele
menciona Epifânio, filho de Carpocrates, que cria no compartilhamento
de todas as coisas, incluindo marido e mulher , e que argumentou que
a imposição mosaica sobre não cobiçar os bens ou a mulher do próximo
“tornou o que [originalmente] era comum em propriedade privada”.
30
Novamente Irineu é direto em sua denúncia do método deles: “Eles
violentam as boas palavras [da Escritura] ao adaptá-las às suas
maquinações malignas”. Ele também despreza a distorção
inteligente dos textos deles. Em “alegorias [que] foram faladas e
podem ser feitas para significar muitas coisas, o que é ambíguo eles
inteligente e maldosamente adaptam às suas invenções por meio
de explicações estranhas”. Finalmente, Irineu observa que, para
ajeitar suas próprias questões teológicas e respostas, “eles dividem
as profecias em várias classes: eles crêem que uma parte foi feita
pela Mãe, uma outra pelo filhote e uma outra pelo Demiurgo”.
31
A interpretação da Comunidade
As comunidades gnósticas desenvolvidas se reuniam em volta
de mestres e de programas determinados. Epifânio (315-403 d.C.)
queixa-se: “os líderes da gnose, falsamente assim chamados,
começaram seu crescimento maligno sobre o mundo, nominalmente
chamados de gnósticos (...). Pois cada um destes (líderes) inventou
sua própria seita para que adaptasse às suas paixões e desenvolveu


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milhares de maneiras de mal”.
32
 Cada grupo tinha seu próprio ângulo
sobre a “verdade” e produzia variações sem-fim dela. Elaine Pagels,
historiadora moderna,
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 ela mesma uma teóloga liberal, afirma que
os gnósticos mostram algo do espírito liberal do pluralismo dos dias
modernos, isto é, a tolerância para com todos os tipos de expressões
religiosas. Há muito tempo, Tertuliano observou que a tolerância foi
muito longe: “eles não se importam quão diferentemente eles tratam
os assuntos”, contanto que eles se aproximem da “cidade da verdade
única”, isto é, a versão gnóstica do círculo monístico. A ortodoxia foi
rejeitada como um erro tóxico. As suas “verdades” eram “aproximações”.
Pagels observa que esse compromisso com a verdade não é o mesmo
que o da ortodoxia. “Os gnósticos se inclinaram a considerar todas as
doutrinas, todas a especulações e todos os mitos – seus próprios assim
como os de outros – como somente aproximação a verdade.”
34
Para os gnósticos, a verdade somente poderia ser encontrada
em comunidade: ninguém pode conhecer a verdade em um sentido
absoluto, mas cada comunidade deve encontrar sua própria. Assim
como no multiculturalismo moderno, os antigos gnósticos estavam
absolutamente certos de que não havia uma verdade absoluta.
Com essa noção de verdade particular e comunal segue a idéia
de iniciação e segredo. A revelação é secreta, reservada para o
iniciado. Irineu observa a consciência comunal dos grupos gnósticos,
que funcionavam como sociedades secretas. Como sempre, todos
tinham seu preço.
eles não [estão] desejosos de ensinar estas coisas para todos em
público, mas somente àqueles que podem pagar muito por tais
mistérios! (...) são mistérios ocultos, impressionantes e profundos,
adquiridos com muito sofrimento pelos amantes da falsidade.
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A Hermenêutica da Suspeita Gnóstica
Alguns especialistas dos dias modernos concordam em que a
interpretação gnóstica da Bíblia é um exercício de subterfúgio e uma
reinterpretação para auto-satisfação. Um deles diz:
Se o ponto de partida do mito gnóstico é a exegese do Livro de
Gênesis, não é uma exegese inocente. Ao contrário, a exegese
muda, constante e sistematicamente, as interpretações aceitas da
Bíblia. Uma “exegese invertida” pode ser destacada como o
princípio hermenêutico principal dos gnósticos.
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