A ameaça pagã Velhas heresias para uma nova era



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UM NOVO MÉTODO DE ESTUDO BÍBLICO
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de fato uma suspeita radical.
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 Mesmo o mais civilizado e mais nobre
de todos os livros merece um exame detalhado. De acordo com esta
teoria, os homens da Bíblia foram tão ardilosos e sedentos pelo poder
como todos os outros e procuravam suprimir uma adoração original
a uma deusa e a liberação atual das mulheres que as culturas antigas
pré-bliblicas conheciam. Raiva e ira, poder e suspeição são novos
valores “cristãos” a serem lançados contra a própria fonte do
Cristianismo, as Escrituras Sagradas. De fato, a Bíblia se vira contra si
mesma, assim como o mito do “Êxodo” é usado para sair da
autoridade da Bíblia.
Uma Interpretação Libertadora do “Êxodo”
Essa “desconfiança” exigente é motivada por um novo
entendimento da verdade e da justiça, encontrado pelo coração
humano dentro da experiência e da convicção pessoal do que é
libertador. Ao chamar este método interpretativo de “hermenêutica
do Êxodo”
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 uma aura de pensamento bíblico é projetada. Na
verdade, devagar mas verdadeiramente a pessoa distancia-se da
própria bíblia. Assim como Israel se libertou da escravidão egípcia,
assim os intérpretes da libertação crêem que estão libertando a
mensagem liberativa essencial de sua casca patriarcal opressiva.
Alguns podem não perceber quão radical é este programa. O
êxodo do patriarcado e a desconfiança de seu poder opressivo são
propostos por Fewell e Gunn, ambos mestres protestantes bíblicos
e pais, que amam seus filhos o suficiente para perguntarem se
realmente querem que eles liam um livro tão reacionário como a
Bíblia.
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 A suspeita radical, convencida de que os textos foram
escritos para controle social, pergunta ao interesse de quem eles
servirão. Para o texto bíblico, a suspeição cai sobre o maior de todos
os machos, Deus. O Deus bíblico é portanto visto como uma
construção do patriarcado opressivo em controle quando os textos
foram compostos. Esses estudiosos radicais argumentam de forma
correta, eu creio, que “nem o Cristianismo nem o judaísmo chegaram
a um acordo ainda com o real desafio do pensamento feminista”.
Traduções gênero-inclusivas “somente mascaram a extensão do
problema”. O verdadeiro problema, afirmam eles, é a idolatria, a
adoração da idéia masculina do Deus da Bíblia. Pode-se sentir o
choque que a aplicação consistente do novo método produz. “Nós
não sabemos”, eles dizem, “onde nossa própria leitura nos leva. Os
problemas que a crítica feminista levanta para as noções tradicionais


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A Ameaça Pagã
de revelação e autoridade bíblica são imensos”.
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 A leitura honesta
deles através das lentes da suspeição feminista os leva junto com seus
filhos bem para fora do Cristianismo e para dentro do paganismo. Os
alarmes falsos e a imaginação são chamados para compor o projeto.
Imaginação
Se a Bíblia está cheia de textos androcêntricos, homens e
mulheres feministas tentam evitar que sejam usados pela igreja. Este
movimento teológico é levado a reimaginar a presença feminina na
Bíblia, portanto colocando as mulheres assim como os homens no
centro da história cristã antiga.
Tal método crítico feminista pode ser comparado ao serviço de
um detetive quando não confia somente nos “fatos” históricos
nem inventa sua evidência, mas se engaja em uma reconstrução
imaginativa da realidade histórica.
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Fiorenza, que é professora de Estudos do Novo Testamento e
Teologia na Universidade de Notre Dame, sugere uma autoria
feminina para escritos cristãos antigos. Ela faz isso não baseada
em evidencia concreta ou novos fatos, mas para desafiar o
dogmatismo androcêntrico que atribui autoridade apostólica
somente aos homens. “A questão agora não é se tais sugestões
sejam ou não verdade, mas quais das várias possibilidades é a mais
útil ao caso feminista”.
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 Fiorenza conclui que “a sugestão da
autoria feminina (...) tem um valor teológico-imaginativo muito
grande porque abre a possibilidade de atribuir a autoridade dos
escritos apostólicos às mulheres e de afirmar autoridade teológica
a mulheres”. Para “relativizar o impacto dos textos androcêntricos
e suas estruturas patriarcais não-articuladas” sobre seus alunos,
Fiorenza encoraja-os a escrever textos “apócrifos” tomando como
perspectiva mulheres líderes no Cristianismo antigo.
Muito desta imaginação nasce dentro das estruturas agradáveis
da espiritualidade da comunidade, assim como no caldeirão quente
da cólera de um grupo.
Comunidade
A desconstrução deixa o aspecto intelectual tão seco como o
deserto após uma explosão nuclear. Nenhuma verdade tem
significado algum, e nenhuma ação significativa. Se não há uma


UM NOVO MÉTODO DE ESTUDO BÍBLICO
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verdade então o que nos resta? Há o indivíduo e sua “verdade”,
mas do ponto de vista do poder, o indivíduo é insignificante. A
verdade deve surgir das comunidades.
Stanley Fish, o famoso desconstrucionista americano, explica
a importância das comunidades. “O ego não existe sem as categorias
comunais ou convencionais de pensamento que capacitam suas
operações (de pensar, ver, ler)”.
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 Mas nós podemos questionar como
as comunidades sobrevivem ao ceticismo da visão de mundo
desconstrucionista. Como alguém disse: “Aqueles que atacam a
objetividade de significado vivem a vida entendendo que este
[significado] é de fato possível”.
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 Um exemplo glorioso é a
afirmação de Marjorie Suchocki, vice-presidente dos Interesses
Acadêmicos da Escola de Teologia de Claremont, em defesa do
multiculturalismo na academia:
Noções de absolutos e universais abriram caminho para o
reconhecimento que o que nós chamamos de conhecimento está
condicionado por sua localização social ou cultural (...) a
educação que implicitamente ou explicitamente promove a
hegemonia de um modo de pensar e ser como se fosse
universalmente válido é falha.
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Nosso árbitro do intelecto nega absolutos, mas ao fazê-lo
propõe uma afirmativa absoluta sobre o modo como as coisas
deveriam ser. A sua afirmação, ao fazer uma defesa implícita da
universalidade, mostra suas próprias imperfeições sem esperança.
Vivendo com tal absurdidade pode ser mais fácil nas comunidades
porque elas dão uma aparência de “objetividade”, se é que alguém
ainda se interessa por isso.
Há uma enorme arbitrariedade aqui. Você se agrega a uma
comunidade e aceita a sua história como verdade e encorajamento
para você, se ela se encaixa no seu estilo de vida e sentido de justiça.
A Bíblia é usada, não para estabelecer a comunidade cristã, mas
para dar a várias comunidades uma afirmativa sobre a fé e a família
cristã onde quer que se encaixe. “Uma nova hermenêutica crítica”,
diz a feminista Fiorenza, “não se centraliza no texto, mas em pessoas
cuja história com Deus é lembrada nos textos da Bíblia”.
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Tal argumentação nega qualquer poder objetivo da Bíblia. Não
uma verdade geral, somente a “verdade” para mim e minha
comunidade. Nesta situação “pós-moderna” o debate e a troca


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