Jobson da silva santana


– ANÁLISES DAS REPORTAGENS DE O GLOBO DE 02.01.2007 A 26.02.2007



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4 – ANÁLISES DAS REPORTAGENS DE O GLOBO DE 02.01.2007 A 26.02.2007

4.1 – “Campos assume prometendo contas abertas” (anexo K)

Letícia Lins publica, na edição de O Globo de 02 de janeiro de 2007, uma reportagem factual (SODRÉ, 1986) de lide de citação. O texto traz em destaque a frase de Eduardo Campos: Novos Governadores “Vamos abrir as contas do estado para que a sociedade possa acompanhar e ajudar a reduzir o custeio, para que sobre dinheiro com o qual possamos investir em segurança, na educação e na saúde do povo” Eduardo Campos.

A jornalista trabalha com a palavra no seu dia a dia. O uso das estratégias da linguagem tem o poder de formar um leitor mais crítico e mais participativo, consciente de que a mensagem recebida, pelos vários meios de comunicação, é apenas um das direções possíveis de se construir o sentido de um texto. Aperfeiçoar-se no estudo da linguagem como fator de interação social representa capacitar-se para atuar socialmente como profissional e como cidadão, reconhecendo que nas mensagens existem muito além do que é dito explicitamente:

Segundo Koch (1995, p. 26):

Nenhum texto apresenta de forma explícita toda a informação necessária à sua compreensão: há sempre elementos implícitos que necessitam ser recuperados pelo ouvinte/leitor por ocasião da atividade de produção do sentido. Para tanto, ele produz inferência: isto é, a partir dos elementos que o texto contém, vai estabelecer relação com aquilo que o texto implícita.

Esta matéria analisada explica sobre as contas do estado e obedece ao propósito de discutir o acompanhamento da sociedade com a intenção clara de ajudar na redução de custeio para que se obtenha um saldo positivo com o qual se possa investir em segurança, educação e na saúde do povo.

O texto faz referência a um compromisso de campanha de Eduardo Campos que promete contas abertas, conforme ratificou o discurso dos palanques: “Assumimos a tarefa de escrever, com serenidade e determinação, uma história diferente que inaugure um novo tempo para Pernambuco” [...].

A jornalista cita um discurso de dez páginas, onde o governador critica o modelo econômico adotado por seus antecessores, onde, diz que o desenvolvimento só faz sentido quando beneficia a maioria da população.

O texto aborda a então promessa de campanha de Campos: criar um grupo de trabalho para formatar um modelo que permita à população ter acesso, via internet, à movimentação financeira até o estado.

A autora da matéria resumiu os principais pontos da posse de Campos e suas promessas de campanha. De acordo com a matéria jornalística Campos citou o avô inúmeras vezes, o qual se tornou inspiração para seu governo em Pernambuco. Na assembléia um incidente que culminou em quatro pessoas presas (três estudantes e um lavrador), onde os quais abriram uma faixa preta pedindo liberdade para dez trabalhadores rurais sem terra que estariam detidos sob acusação de terem matado um policial em um assentamento do MST. A matéria jornalística esclarece que, após o incidente, Campos fez um discurso da sacada do palácio para populares que se aglomeravam na Praça da República, repetindo um gesto do avô, dispensando os microfones internos ao se dirigir à multidão no discurso de posse.

Neste texto a constituição do sentido é socialmente construída. A aparente monossemia de uma palavra ou enunciado é fruto de um processo de sedimentação ou cristalização que apaga ou silencia a disputa que houve para dicionarizá-la. “O sentido não existe em si mesmo. Ele é determinado pelas posições ideológicas colocadas em jogo no processo histórico nos quais as palavras são produzidas” (PECHÊUX, apud BRANDÃO, 1993, p. 62).

A jornalista utiliza em seu texto um discurso direto, destacando a personalidade dos personagens e o cenário, pode-se destacar a visibilidade das marcas persuasivas, em alguns trechos a aparente imparcialidade e a impessoalidade são marcadamente intencionais, tentando orientar a visão do receptor sem que ele perceba. Uma disfarçada persuasão encontrada na legenda da foto: “Campos cumprimenta o ex-ministro Humberto Costa: envolvido em escândalo na saúde virou secretário”, onde se entende como um aconselhamento ao receptor de uma dada verdade, porém essa verdade pode não ser uma verdade propriamente dita. A jornalista, dessa forma, cria lógica para sua verdade, a essa prática denomina-se verossimilhança. Apesar da inverdade a lógica estruturada leva o receptor a aceitá-la como verdade, é o poder do convencimento.



4.2 – “Agora, falta o homem trabalhar” (anexo L)

O artigo de Elio Gaspari, publicado no O Globo de 03 de janeiro de 2007, tem o propósito de debater os problemas relacionados às reformas institucionais nacionais que deram início há 43 anos no governo de João Goulart.

O texto se refere às mudanças que as reformas foram trazendo lentamente no decorrer de todos esses anos. O jornalista cita como exemplo o caso de um garoto que esperou por 10 anos seu habeas corpus e por 29 anos para poder votar para presidente. Observa-se o tempo que o garoto esperou para que seus direitos constitucionais fossem aprovados por essas reformas, onde a falta de iniciativa e trabalho do homem adiaram por anos medidas tão importantes para o povo brasileiro.

O artigo aborda o governo Lula no caso do Bolsa Família e do Pro-Uni, que mesmo sem as reformas obteve empenho e muito trabalho para que fossem colocados em prática essas ideias, mesmo sem acontecer reforma alguma. Foi mostrado que quando há trabalho, há resultado.

Elio Gaspari é claro ao citar que muitas vezes a falta de reformas no governo, implica em interesses políticos que gera benefícios para os envolvidos, não havendo empenho e trabalho para que soluções e resultados imediatos tenham prioridade em relação aos problemas de nosso país.

O governo Lula, segundo o autor, é um governo que possui muitas ideias que não saem do papel, pois falta seriedade e trabalho árduo na busca de executar e colocar em prática todas as reformas políticas. Não basta que se tenha ideias, é fundamental o trabalho árduo, é necessário disposição para resolver os problemas, onde os discursos nem sempre são suficientes.

O governo Lula quando fala de “terrorismo”, apenas fala, pois nada é feito em busca de soluções e justiça, sendo que, em relação à segurança pública deveria haver urgência nas reformas, onde a defesa da lei e da ordem teria que ter prioridade, em defesa de um povo que paga impostos e que possui seus direitos.

O tom do discurso contido na matéria é irônico ao descrever em suas palavras que o governo Lula fala em trabalho e reformas, mas que ainda não acordou para a necessidade que algumas reformas políticas precisam ser feitas em nosso país, onde é necessário trabalhar de verdade.

Elio Gaspari é enfático no seu discurso ao afirmar que um governo que afirma que seu slogan é “trabalho”, precisa terminar suas férias e começar a trabalhar com vontade...

4.3 – “Serviço Público” (anexo M)

O artigo publicado em 04 de janeiro de 2007 no O Globo aborda os serviços públicos, cita o termo “curral de empregos” que significa a ocupação de militantes ligados a partidos políticos na ocupação de cargos públicos de confiança do atual governo. Neste sentido o autor comenta o atual governo Lula, que ocupa grande parte dos cargos públicos de sua confiança com militantes petistas.

O termo “aparelhamento” utilizado pelo autor enfatiza o inchaço dos órgãos públicos na ocupação de pessoas da confiança do governo em cargos públicos, sem ao mesmo serem concursados.

O aparelhamento nos órgãos públicos atinge até grandes estatais como a Petrobrás que vem apoiando ONGs petistas. O aparelhamento dos cargos públicos demonstra ineficiência do poder público, o que representa prejuízos para os cofres públicos, colocando em risco a liberdade democrática de toda uma sociedade.

Em contrapartida Henrique Fontana (Líder do PT), defende que mesmo com todas as críticas sofridas pelo governo do PT em relação ao “aparelhamento” dos cargos públicos, o percentual de ocupação dos cargos públicos do Governo FHC se equipara em relação ao atual governo, defendendo assim, a ocupação desses cargos por ocupantes do partido em cargos de confiança do governo e que interferem diretamente na sua administração.

O que se defende neste texto é que se no governo FHC não aconteceu o aparelhamento, como haveria agora no governo Lula, se o índice de ocupação nos cargos públicos é praticamente o mesmo, não seria apenas uma munição para que se trave uma guerra política?

Lula em discurso afirmou que “é importante o governo ter uma base aliada no Congresso e os partidos terem compromisso com o governo. Ao falar sobre o preenchimento de cargos pelos aliados, o presidente disse que não conhece nenhum governo que ao ganhar as eleições nomeou inimigos para os cargos de confiança”.

4.4 - “MST reduziu número de invasões de terras durante a campanha eleitoral” (anexo N)

Esta é uma das poucas reportagens documentais (SODRÉ, 1986) publicadas em O Globo. O lide é de enunciação. O texto saiu na edição do dia 06 de janeiro de 2007 e aborda o termo “invasão”, o que demonstra os resultados apresentados pelas ocupações feitas pelo MST em período eleitoral do governo Lula. No entanto, o autor mostra no texto que em quatro anos de governo Lula, foi apresentado através do Relatório da Ouvidoria Agrária Nacional o menor número de invasões feitas pelo MST, mostrando ainda que no período de 2003 a 2005 as invasões do MST foram significativamente e estranhamente menores em relação aos anos anteriores. Observando ainda que João Pedro Stédile e João Paulo Rodrigues, líderes do MST, trabalharam em prol da campanha do governo Lula, que apóia incondicionalmente o governo do Presidente Lula.

O texto do Jornal O Globo deixa claro que a reforma agrária de Lula ficou apenas na memória. Não existiram praticamente desapropriações de terras improdutivas em seu governo. As terras destinadas aos Sem Terra vieram do próprio governo ou foram compradas. Nada de índice de produtividade rural. Nada de respeito à função social da propriedade consagrada na Constituição.

O autor da reportagem chama a atenção para o MSLT (Movimento pela libertação dos sem Terra) liderado por Bruno Maranhão, que também não pressionou o governo. O termo “pressionar” foi utilizado pelo autor pelo fato da falta de interesse desses líderes em ignorar seus próprios interesses em prol do governo de Lula.

Por fim o autor da ênfase que as pesquisas apontam que o número das invasões no governo Lula foi reduzido significativamente em relação ao governo FHC, que apresentou índices extremamente maiores em relação ao atual governo.

4.5 – “MST invadiu mais no governo Lula”. (anexo O)

A edição de O Globo de 09 de janeiro de 2007 traz mais uma reportagem documental (SODRÉ, 1986), com lide de enunciação, na qual o jornalista faz uma comparação entre os governos Lula e FHC, em relação ao MST. Para falar de Lula, o jornal usa a palavra “invasão” e, para falar de FHC, a palavra é “ocupação”. O termo “superam” significa dentro do texto um crescimento das invasões do MST no primeiro mandato do governo Lula em relação à segunda gestão FHC.

O jornal apresenta no texto uma comparação das invasões do MST entre o governo FHC x Lula.

O texto destaca a promessa feita em 2003, pelo governo Lula de reduzir a violência no campo, criando o Plano Nacional de Reforma Agrária.

O Jornal O Globo é claro ao afirmar neste texto que o governo muitas vezes faz promessas que não consegue cumprir, e que geralmente contradiz com suas promessas de campanha.

O veículo de comunicação faz ainda uma crítica à política Agrária que, segundo se depreende da reportagem, não avançou nos últimos anos, apoiando-se nas palavras de Marina Santos, da direção do MST, a qual afirma que em comparação com a administração anterior ao governo Lula, foi adotado um comportamento muito tolerante na questão da ocupação das terras.

Segundo Jornal O Globo, o que ainda diferenciava o governo Lula dos demais era a sua postura em relação aos movimentos sociais e que, no poder, nem isso. Sua política é inócua ao latifúndio. Não atinge o monopólio da terra. A análise dos dados disponíveis confirma a crítica ao governo.

De acordo com Linhares e Silva (1999, p.17):

Assim, a história da Questão Agrária surge, entre nós, como um longo processo - entranhado em nossas origens - pela busca de mais igualdade e liberdade. Num país dominado pelo latifúndio, com um profundo desprezo votado por suas elites aos homens humildes, tal busca será necessária e muitas vezes violenta. Desta forma, procuraremos mostrar que a construção do Brasil como nação democrática e republicana, com a superação de uma imensa dívida social deverá passar pela mudança do sistema de propriedade da terra.
4.6 – “Governo Lula não cumpre meta de assentamento no primeiro mandado” (anexo P)

Evandro Éboli assina a reportagem documental (SODRÉ, 1986), de lide de enunciação, publicada no dia 31 de julho de 2007, no O Globo. O jornalista chama atenção de cara para uma evidente decepção com o Presidente mais “Povo” do Brasil. Após, subtítulo chama mais atenção e como um binômio contradiz o primeiro, “Ministério comemorou, no entanto, resultado de 381 mil famílias beneficiadas”. A palavra “meta” foi repetida inúmeras vezes, deixando clara a tentativa do autor de colocar em evidência o “não cumprimento da meta de assentamentos” ao invés de focar nos resultados em que 381 mil famílias foram beneficiadas com o assentamento. O autor faz também referência ao Governo FHC (1995), comparando-o ao Governo petista atual.

Por não existir texto neutro, sempre há interesses em torno de uma questão. Neste caso, ao autor revela o interesse em diminuir os resultados do Governo Lula, mais do que o claramente anunciado.

Segundo Pêcheux (1975, p.41):

O discurso não surge no vazio, mas remete à formação discursiva que o originou e que forneceu condições para sua existência. Esta formação, por sua vez também é marcada por uma ideologia ali embutida.

Conforme Brandão (1994, p. 45), “O sujeito passa a ocupar uma posição privilegiada, e a linguagem passa a ser considerada o lugar da constituição da subjetividade”. Neste caso a intencionalidade do discurso pode ser vista a partir dos elementos linguísticos que compõem o texto estudado.



4.7 – “MST e CUT se unem e invadem doze fazendas num só dia em SP” (anexo Q)

Como na maioria dos textos analisados, esta é mais uma reportagem factual (SODRÉ, 1986) e com lide clássico. Assinada pelo jornalista Germano Oliveira, da edição de 19 de fevereiro de 2007 de O Globo, traz matéria que usa o termo “invadem”, utilizado para abordar as ações do MST e CUT. A expressão “carnaval da ocupação de terra” foi utilizada no texto para explorar o assunto das invasões de terras que durou todo o carnaval.

O jornalista que assina o texto chama a ação dos invasores de “movimento”, o que significa que as lutas sociais se transformam com o tempo, onde acabam criando novos parâmetros de vida em sociedade que vão sendo criadas com estes movimentos. Sendo também uma participação da luta que politiza os sem terra.

O movimento dos trabalhadores rurais fez as invasões no período de carnaval por achar que seria o momento ideal, em vista dos proprietários das terras estarem curtindo os seus dias de carnaval.

O MST e a CUT a partir dessa manifestação torna conhecido a necessidade de fazer valer seus direitos, em ocuparem terras improdutivas de pessoas que visam apenas à posse da terra.

Segundo Simone Weil, (1996)

A natureza da luta pela terra, que mistura a luta pelo direito ao trabalho diretamente com a vida que a própria terra simboliza, parece predispor para esta sensibilidade. Mas nem todas as lutas pela terra que aconteceram na história foram capazes de produzir sujeitos sociais, identidades políticas e culturais que fossem elos de um processo histórico mais amplo.

Num momento de “luta” como este o único objetivo dos líderes desse movimento é chamar a atenção do governo para a reforma agrária, que ainda se encontra estacionada.


4.8 – “CUT apóia invasões do MST em São Paulo: Entidade diz que pode oferecer infra-estrutura material aos sem-terra e preocupa ruralistas” (anexo R)
A edição do dia 22 de fevereiro de 2008 de O Globo, traz reportagem factual (SODRÉ, 1986) assinada por Soraya Agege de Carvalho, com lide clássico. Neste texto, o termo “apoio” foi utilizado diversas vezes. Além desta a palavra “invasão”, é repetidamente colocada em evidência, deixando transparecer que o autor também “apóia” estas “conquistas”, palavra esta que poderia ter sido colocada no lugar de “invasão”.

Já no título do artigo “CUT apóia invasão do MST em São Paulo”, percebe-se a simpatia à causa dos sem terra.

Prezia (2002) é autor do livro “Terra a vista: Descobrimento ou Invasão?” é uma história baseada na carta que o escrivão oficial da expedição de Pedro Álvares Cabral, Pero Vaz de Caminha mandou ao rei de Portugal. Nela, dá detalhes de como chegaram à nova terra e como foi o primeiro encontro com seus moradores. Pode-se observar que terras ociosas, ou aparentemente “vazias” sempre foram alvo de descobridores, palavra esta que poderia substituir “invasores”.

Por isto, ao analisar um texto, é preciso mais do que ler a notícia, tentar uma imparcialidade, ou seja, ler a notícia sem sucumbir totalmente a verdade do autor. Tentar traçar a nossa própria verdade ou interpretar de forma pessoal.

Segundo Koch (1995, p.26):

Nenhum texto apresenta de forma explícita toda a informação necessária à sua compreensão: há sempre elementos implícitos que necessitam ser recuperados pelo ouvinte/leitor por ocasião da atividade de produção do sentido. Para tanto, ele produz inferência: isto é, a partir dos elementos que o texto contém, vai estabelecer relação com aquilo que o texto implicita.


Neste mesmo artigo, o autor diz “O apoio ao sem terra preocupa os ruralistas”, pode-se finalizar com uma citação do Jornal dos Trabalhadores Rurais, onde lemos: “PASSADOS MAIS de 120 anos da promulgação da lei áurea, o Brasil continua mantendo trabalhadores e trabalhadoras em regime de escravidão. Se naquela época e foram “libertados” os escravos, manteve-se o cativeiro: a terra”.

Não existe texto sem imparcialidade!


4.9 – “MST e CUT invadem mais uma fazenda no interior de São Paulo” (anexo S)

O jornalista Germano Oliveira assina a reportagem factual (SODRÉ, 1986), da edição de O Globo de 25 de fevereiro de 2007, com lide clássico, na qual faz uma clara analogia quando aproveita a festa “carnaval” no país, para narrar “o carnaval da ocupação” do MST e CUT. Mesmo, sendo verdadeiramente batizada como “Carnaval da ocupação”, a palavra em foco “carnaval” foi muitas vezes repetida, parecendo que o autor gostaria de dizer “festa”, “bagunça”.

Mesmo existindo a alusão a terras “improdutivas”, o que mais chama atenção neste texto, são evidentemente a palavra “carnaval” ela soma uma força de evidente expressão em comparação a outras palavras por ele narradas.

Segundo Larrosa (2004):

Palavra é um poder que se estabelece através da produção do discurso e, como o homem, está em constante mudança. Submete-o ininterruptamente à produção de novos discursos e novas verdades, modificáveis e em perpétuo deslocamento.

O poder do discurso subjaz em mecanismos quase que imperceptíveis e penetra o mais fundo possível no sujeito que sequer se dá conta da imposição deste dispositivo anônimo de normatização. É a norma; é normal. É este mecanismo que as faz revelar publicamente suas intimidades. São os mesmos meios de poder sobre a palavra da reprimida sociedade vitoriana que, agora diretamente oposta, impõe a obrigação de falar de sexo.

Estamos submetidos a este poder midiático, também no sentido em que ele é lei e produz o discurso que decide, transmite e reproduz os efeitos de “verdade”. Somos julgados, condenados, classificados, obrigados a desempenhar papéis e destinados a um determinado modo de viver, de desfrutar a sexualidade e de morrer em função dos discursos que trazem consigo efeitos específicos do poder. Expôr o indivíduo, explicitar e banalizar sua intimidade: são as palavras de ordem na atual Idade Mídia.

Conhecendo as marcas linguísticas utilizadas na argumentação, técnicas de relação interpessoal e ter a sensibilidade de perceber a manipulação, o ouvinte pode proteger-se dessa prática e utilizá-las contra quem as aplica.

Segundo ainda Larrosa, que ainda usa a nomenclatura “emissor-receptor” (2004, p.215):

O destinador endereça uma mensagem ao destinatário. Para ser operante, a mensagem requer em primeiro lugar um contexto para o qual remete (é o que também se chama, numa terminologia um pouco ambígua, o referente), contexto apreensível pelo destinatário, e que é ora verbal ora suscetível de ser verbalizado, depois, a mensagem requer um código, comum, no todo ou pelo menos em parte, ao destinador e ao destinatário (ou, por outras palavras, ao codificador e ao decodificador da mensagem); enfim, a mensagem requer um contacto, um canal físico e uma conexão psicológica entre o destinador e o destinatário, contacto que lhe permite estabelecer e manter a comunicação. Estes diferentes fatores inalienáveis da comunicação verbal podem ser esquematicamente representados do seguinte modo.


4.10 – “MST e CUT decidem dar trégua em invasões no interior de São Paulo” (anexo T)
Foi publicada dia 26 de fevereiro de 2008, a reportagem factual (SODRÉ, 1986) de lide clássico, assinada pela jornalista Soraya Agege de Carvalho. O termo “ocupação” é a palavra motriz. O que muito chama atenção neste artigo é a frase destacada, por estar solitária, principalmente no texto: “Fazendeiros são acusados de trabalho semi-escravo”, mostrando claramente a indignação da jornalista com o tratamento dado aos sem terra.

Palavras como “delinquente”, “extrema direita neo-facista”, confirmam que o autor não relata apenas a notícia, mas sim que com suas palavras, tenciona conquistar a simpatia do leitor para o assunto tratado neste artigo.

Persuadir é aconselhar o receptor de uma dada verdade, porém essa verdade pode não ser uma verdade propriamente dita. O persuasor dessa forma cria lógica para sua verdade, a essa prática denomina-se verossimilhança. Apesar da inverdade a lógica estruturada leva o receptor a aceitá-la como verdade, é o poder do convencimento.

No final do século XIX o conceito de retórica foi confundido com “embelezamento” do texto. Suas técnicas foram utilizadas para esconder com subterfúgios a falta de consistência das ideias, são as chamadas “muletas linguísticas”, que são utilizadas na falta do que dizer ou por não saber como dizer. Citelli (1989) considera o parnasianismo seu principal representante e Olavo Bilac, como os maiores exemplos do artesanato no Brasil.


5 – ANÁLISE COMPARATIVA DO MOVIMENTO DOS SEM TERRA NOS JORNAIS A TARDE E O GLOBO
Ambos os jornais online analisados publicam reportagens com uma média de oito parágrafos, sem, contudo, apresentar links para outras reportagens ou assuntos similares. Não há aprofundamento nos textos, nem pesquisas a respeito do tema publicado. O que se tem são dez matérias factuais no A Tarde online. No O Globo online, temos cinco reportagens factuais, duas documentais e dois artigos. O tema MST, pelo que se observou, não entrou na pauta sem que tivesse acontecido um evento ligado a ocupação de terra.

Observa-se o uso de um vocabulário específico quando se trata do Movimento dos Sem Terra: “desocupados”, “os sem-terra”, “bagunceiros”, “invasão” (mais comum no O Globo online) e “ocupação” (predominante no A Tarde online), “aloprados do PT”, “rebeldia” e também “militantes” e “trabalhadores rurais”. O A Tarde online é mais comedido no uso dessas palavras, ao contrário de O Globo online, que faz uso sem discrição. Os textos de ambos revelam uma tendência a noticiar o MST negativamente, sendo que no O Globo se observa uma campanha ferrenha contra o governo Lula. As reportagens envolvendo o MST são escritas de forma que demonstrem que o governo não cumpre o prometido em campanha:


O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cumpriu a meta de assentar 400 mil famílias nos quatro anos de seu primeiro mandato. O Ministério do Desenvolvimento Agrário anunciou ontem que foram assentadas 381.419 famílias de 2003 a 2006, quase 19 mil famílias a menos do que o previsto no Plano Nacional de Reforma Agrária, anunciado por Lula. Diante disso, o governo pode não estabelecer número de famílias a serem assentadas no segundo mandato. (O Globo, 31.01.2007).
Não há qualquer tipo de contextualização nas matérias analisadas. Os fatos são apresentados como relatos dos jornalistas, acompanhados de depoimentos de representantes oficiais do INCRA, integrantes do MST, mas não há, como dito acima, informações sobre as condições sociais e econômicas das pessoas envolvidas com as ocupações. Não se observou, também, qualquer citação referente à história do MST ou indicações de sites jornalísticos ou do próprio Movimento dos Sem Terra, onde o internauta pudesse aprofundar conhecimentos sobre o assunto. Em relação à falta de aprofundamento, podemos compreendê-la como um “esquecimento”.

Podem-se distinguir duas formas de esquecimento no discurso (PÊCHEUX, 1975, apud ORLANDI, 2009). O esquecimento número dois, na enunciação: falamos de uma maneira e não de outra, e o dizer sempre podia ser dito de outra forma, de acordo com Orlandi. Falamos e escrevemos através de paráfrases, mas nem sempre temos consciência desse processo de substituição de uma palavra por outra. Para Orlandi, este “esquecimento” nos dá a impressão da realidade do pensamento, também chamada de ilusão referencial, a qual “nos faz acreditar que há uma relação entre o pensamento, a linguagem e o mundo, de tal modo que pensamos que o que dizermos só pode ser dito com aquelas palavras e não com outras” (ORLANDI, 2009, p. 35).

O outro “esquecimento”, classificado por Orlandi como número um, é o chamado esquecimento ideológico: “é a instância do inconsciente e resulta do modo pelo qual somos afetados pela ideologia” (ORLANDI, 2009, p. 35). Através desse esquecimento, acreditamos que somos a origem daquilo que dizemos quando, em verdade, estamos retomando (reproduzindo) pensamentos já existentes. Para Orlandi, embora os sentidos se realizem em nós, eles, os sentidos, “apenas se representam como se originando em nós: eles são determinados pela maneira como nos inscrevemos na língua e na história e é por isto que significam e não pela nossa vontade” (ORLANDI, 2009, p. 35).

E completa Orlandi, explicando que os discursos já existem antes mesmo de nós. Quando nascemos, os discursos já estão circulando e, quando discursamos, reproduzimos os discursos circulantes. Esses discursos são chamados, por Orlandi, de “esquecimento estruturante”, ou seja, palavras já existentes que são retomadas com “sentidos e sujeitos que estão sempre em movimento, significando sempre de muitas e variadas maneiras. Sempre as mesmas mas, ao mesmo tempo, sempre outras” (ORLANDI, 2009, p. 36).

Ensina Orlandi que o sujeito, a situação e a memória fazem parte da produção do discurso. Podem-se considerar as condições de produção em sentido estrito e as circunstâncias da enunciação, ou contexto imediato, para Orlandi. Podem-se considerar as condições de produção em sentido amplo, aí incluindo o contexto sócio-histórico e o ideológico, ainda de acordo com Orlandi.

No caso dos jornais online analisados, o contexto estrito seria o suporte onde foram publicadas as matérias. E o contexto amplo, a situação política do país no momento da publicação dos textos, a ideologia dos veículos que assinam as matérias, a linha editorial, o interesse econômico dos detentores dos jornais etc.

O tipo de lead utilizado em doze das vinte reportagens analisadas é o clássico, que responde às perguntas básicas de uma matéria jornalística já no primeiro parágrafo. Este tipo de disposição das informações é mais apropriado para textos de jornais impressos, mas para a internet é recomendado o uso da pirâmide deitada, de acordo com Canavilhas (2006).

A sociedade por ter o papel de mantenedora social possui a função de conter impulsos biológicos e sociais que possam contrapor com a ordem social. A censura por sua vez não está limitada unicamente às leis criadas pelos homens, mas é também estabelecida pela linguagem. No campo jornalístico, as palavras ganham poder através do discurso, trazendo assim, um jogo de interesses através do código linguístico, de maneira que se cria uma censura estrutural onde, por intermédio de sanções do campo, operam de formas de diferentes modalidades de expressão. (BOURDIEU, 1982, p. 132)

Buscou-se debater a questão do poder das palavras com as quais os jornais O Globo e A Tarde constroem a imagem do Movimento dos Trabalhadores Rurais. Embora a censura perpasse pelo código linguístico, as sanções das leis são importantes para o estabelecimento da censura. Saber-se-á que esta foi realizada com sucesso quando não houver mais quaisquer posicionamentos contrários ao que a mesma estabeleceu. A exclusão de agentes de comunicação costuma ser um tipo de censura eficaz, pois poda o acesso de determinado grupo às informações e, portanto, o impede de posicionar-se de maneira contrária ao que foi estabelecido.

Segundo Bourdieu há metalinguagem denotando um determinado comportamento pela censura, de maneira implícita. Exemplo: as artes, através de sua linguagem própria, impõem um ponto de vista. Esta imposição é uma forma de violência expressa que um determinado ponto de vista. No entanto, são mostradas pela forma e pelo conteúdo que a censura permite. Em outras palavras, a censura determina a forma, o conteúdo e a forma de recepção. Na maioria das vezes a imprensa usa a palavra invasão, em vez de ocupação, para designar a entrada e o acampamento dos sem-terra dentro de uma fazenda. É preciso que fique claro que a área ocupada pelos sem-terra é sempre, por principio, terra grilada, latifúndio por exploração, fazenda improdutiva ou área devoluta.

Quando o MST ocupou as sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, outros acontecimentos também mobilizavam a grande imprensa nacional e internacional e não tiveram tanta repercussão. Enquanto a imprensa nacional relatava notícias sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais, do outro lado do continente os Estados Unidos e Inglaterra faziam gestões junto ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), no sentido de conseguir autorização para atacar e ocupar o Iraque e destituir o então ditador Saddam Hussein.

O Governo Federal criou a medida provisória 1.577/97, com a qual impõe a não desapropriação das terras ocupadas. Mas nem por isso os sem-terra deixaram de utilizar esse seu instrumento de pressão mais importante.

No Brasil, o ex-senador Antônio Carlos Magalhães (do Partido da Frente Liberal – PFL, hoje Democratas - DEM) estava sendo acusado de envolvimento em esquema de grampos telefônicos no estado da Bahia, enquanto, no Rio de Janeiro, o Carnaval chegava ao fim sob a vigilância das Forças Armadas, que foram acionadas para garantir a ordem no Estado, ameaçada pela violência do tráfico de drogas e entorpecentes. Esses acontecimentos não deixaram de estar presentes nas páginas dos jornais selecionados, mas ganharam tratamento diferenciado.
6 – CONCLUSÃO

Os pesquisadores desta monografia reconhecem que a linguagem tem grande interferência no desenvolvimento do sujeito na sociedade. A partir de estudos sobre análise crítica do discurso, este trabalho analisou e comparou o uso do discurso pelo Jornal A Tarde online e pelo Jornal O Globo online, como ambos abordam o MST, questões econômicas e como atingem seu público alvo.

É importante neste estudo a análise da relação entre a produção do discurso e a construção de identidades, que neste caso é o leitor. A mídia gerencia as informações e muitas vezes conseguem “editar” a realidade, passando ao leitor “o tom” que acredita, e convencendo que a verdade é de todos e não apenas do discurso.

É preciso identificar de que maneira se dá a construção da imagem do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra do Brasil (MST). A base teórica é composta por dados e obras referentes ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, à questão agrária e à concentração fundiária no Brasil. As análises foram baseadas nas posturas de Michel Foucault e Eni Orlandi (Análise do Discurso francesa) e a imprensa como formadora de opinião pública foi apresentada pelas abordagens de Noam Chomsky e Edward Herman.

Os formandos em jornalismo analisaram o posicionamento discursivo do Jornal A Tarde e do Jornal O Globo, e chegaram a algumas conclusões:

Pode-se perceber que os próprios jornalistas são influenciados pelo idealismo da profissão, possuindo a objetividade como um valor importante em sua carreira. O objetivo da retórica é instigar e aumentar uma intimidade do público com o emitente da mensagem. Referente ao convencimento basta para alguns fazer relatos de experiências pessoais em seus discursos, mencionar fatos antigos em comparação ou enumerar algumas provas que confirmem seus argumentos.

Desta forma, a idealização do receptor da mensagem também influencia o texto, pois imaginando um determinado leitor o emissor também vai adequar seu discurso da maneira que ele acha coerente, ou seja, sua argumentação será baseada nos conceitos que são pertinentes para ele e para aquele público alvo. Neste fragmento da reportagem do A Tarde online, publicada dia 27.06.2007, percebe-se o esforço do jornalista para colocar uma frase de efeito do prefeito Eudes Cavalcanti:

Irritado com a ocupação, o prefeito de Cabrobó, Eudes José Caldas Cavalcanti (PTB), acusa os movimentos sociais de usarem os manifestantes como “massa de manobra para atrapalhar a chegada da modernidade na região. (A TARDE, 2007)

E como afirma Perelman, o argumento do jornalista foi reforçado:

Numa perspectiva assim, a argumentação, tal como a concebemos, já não tem razão de ser. Os fatos, as verdades ou, pelo menos as verossimilhanças submetidas ao cálculo das probabilidades triunfam por si sós. Quem os apresenta não desempenha nenhum papel essencial, suas demonstrações são intemporais e não há motivos para distinguir os auditórios a que se dirige, uma vez que se presume que todos se inclinam diante do que é objetivamente válido. (PERELMAN, 1996, pág. 51)

“O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Brasil é “o maior movimento social campesino da América Latina” (BRINGEL, B. & FALERO, 2008, p. 281) e, concordando com Noam Chomsky, “o maior e mais importante movimento social do mundo” (CHOMSKY apud GALINDO, 2009).

Das analises das reportagens publicadas no Jornal A Tarde online e o Globo online pode-se perceber o comportamento tendencioso dos veículos. O A Tarde online publica muitos textos de agências tais como: Estadão e Folha. Já o Globo tem suas próprias fontes de informação, pois há envio de repórteres para acompanhar o caso, que passam diretamente para o veiculo em questão; no “A Tarde” só há informações exclusiva quando os fatos acontecem em Juazeiro ou no Extremo Sul, onde o veículo mantém correspondentes. Ambos os jornais dão destaque ao MST quando há uma repercussão muito grande na sociedade como caminhadas, greve de fome, ocupações, confronto com a polícia - como foi o caso do Bispo D. Luiz Flávio Cappio, que fez greve de fome por uma luta contra a transposição do Rio São Francisco. Este fato obteve repercussão nacional e internacional, porém o pano de fundo era a questão agrária, cuja discussão não ganhou aprofundamento pela mídia.

Tanto o jornal A Tarde online quanto O Globo online utilizam os verbos ocupar e invadir como se fossem sinônimos, e tratam o tema relativo ao Movimento dos Sem Terra de forma tendenciosa e parcial, criando uma imagem estereotipada e repetindo o discurso dominante, taxando o MST como baderneiro, composto por pessoas desocupadas, quando as ideias desse movimento é protestar por uma reforma agrária justa.

No O Globo há um jogo de desvalorização do MST, CUT e Governo Lula. É clara a tentativa de desmoralizar tanto o governo Lula quanto as ações do MST, bem como de jogar o MST contra o governo, como se percebe da manchete do anexo P: “Governo Lula não cumpre meta de assentamentos no primeiro mandato” e do anexo O: “MST invadiu mais no governo Lula”.

Os discursos dos jornais se assemelham na medida em que colocam os movimentos sociais como baderneiros, desordeiros e que trabalham contra a legalidade. Um bom exemplo vem de uma matéria escrita pelo jornalista Germano Oliveira (2007) do Jornal O Globo: “MST e CUT se unem e invadem doze fazendas num só dia em SP”. Neste texto o termo “invadem” é utilizado para abordar as ações do movimento do MST e CUT. O repórter destaca a expressão “carnaval da ocupação de terra”, fazendo crer que as ocupações não passavam de uma festa ou baderna, numa clara alusão à imagem de descompromisso total com regras, típicas da festa momesca. Na verdade, a frase foi usada de forma infeliz.

O autor chama a ação dos invasores de “movimento”, o que significa que as lutas sociais se transformam com o tempo, quando acabam criando novos parâmetros de vida em sociedade que vão sendo criadas com estes movimentos, sendo também uma participação da luta que politiza os sem terra.

O movimento dos trabalhadores rurais fez as ocupações no período de carnaval por achar que seria o momento ideal, em vista de os proprietários das terras terem viajado para curtir os seus dias de carnaval. Saliente-se que José Rainha Junior, líder do MST então, frisou que a ocupação seria “de terras improdutivas e de terras devolutas que pertencem ao governo e estão ocupadas ilegalmente” (O Globo, 19.02.2007).

O MST e a CUT a partir dessa manifestação torna conhecida a necessidade de fazer valer seus direitos, em ocuparem terras improdutivas de pessoas que visam apenas a posse da terra.

Segundo Simone Weil, (1996)

A natureza da luta pela terra, que mistura a luta pelo direito ao trabalho diretamente com a vida que a própria terra simboliza, parece predispor para esta sensibilidade. Mas nem todas as lutas pela terra que aconteceram na história foram capazes de produzir sujeitos sociais, identidades políticas e culturais que fossem elos de um processo histórico mais amplo.

Num momento de “luta” como este o único objetivo dos líderes desse movimento é chamar a atenção do governo para a reforma agrária, que ainda se encontra estacionada. Aliás, a política diretriz do MST, conforme informações contidas no site oficial do movimento é, justamente, forçar negociações com vistas a desapropriações de terras improdutivas. A política do Movimento dos Sem Terras, ainda de acordo com o site oficial, é a ocupação de terras públicas ou griladas – ocupadas indevidamente por fazendeiros - a fim de dar uma função social e produtiva a estas propriedades.

Mais uma vez, fica clara a intenção do repórter em mostrar os sem terra como “meros invasores” e desocupados, esquecendo-se de contextualizar o texto, das questões sociais e agrárias envolvidas que, se fossem abordadas, mudaria todo o significado do seu discurso.

Uma das maiores dificuldades que enfrenta a rotina da realidade do senso comum é a naturalização, é não conseguir ir além, isto significa não viver uma nova realidade, olhar com os olhos alheios, quebrar paradigmas, o que – ao contrário – é princípio fundamental na antropologia e nas ciências sociais, a percepção, transição e construção de novas realidades. E isto é motivado, na maioria das vezes, por quem exerce o poder, quem domina o discurso.

Assim, nesta linha de raciocínio, a linguagem é grande contribuinte no desenvolvimento do senso comum, um instrumento que dá sentido, significação e transformações diversas ao mundo. É onde a realidade do cotidiano se materializa. Os textos jornalísticos de ambos os jornais aqui estudados, não são declaradamente cobertos de ideologias, apenas mostram ao seu leitor o caminho para uma interpretação ideológica, na forma de naturalização.

Esta é a essência da ideologia. Fairclough afirma que “a naturalização é a mais formidável arma do poder e consequentemente um foco importante de luta”. (FAIRCLOUGH, 2001, pág. 92). A ideologia vira senso comum, quando o discurso é estereotipado e naturalizado, isso revela o efeito de poder que este representa em um texto. Assim, o senso comum ideológico através da linguagem interfere na construção de identidades dos sujeitos sociais.

Norman Fairclough aplica o conceito de “rotinas interacionais”, ao perceber as formas como acontece a interação entre os sujeitos no discurso e a forma como são separados ou misturados no texto, concluindo que a naturalização dos fatos contribui para uma afirmação da imagem dos sujeitos sociais a partir do senso comum.

A prática discursiva é constitutiva tanto de maneira convencional como criativa: contribui para reproduzir a sociedade (identidades sociais, relações sociais, sistemas de conhecimento e crença) como é, mas também contribui para transformá-la. (FAIRCLOUGH, 2001, pág. 105)

Neste sentido, a naturalização, juntamente com a falta de aceitação do diferente e daquilo que é contraditório, como diz Geertz, “é mais do que uma surpresa empírica, é um desafio cultural, no mundo onde o aceitável é o sexo masculino e o feminino, por exemplo, e de repente aparece a intersexualidade, os filhos de Hermes e Afrodite”. A voz da maldição, da feitiçaria, é imediatamente usada para compreensão da nova realidade, para não enfrentar e superar a contradição.

A imersão num determinado cotidiano pode nos cegar justamente por causa de sua familiaridade. Para que alguma coisa possa se tornar objeto de pesquisa, é preciso torná-la estranha de início para poder retraduzi-la no final: do familiar ao estranho e vice-versa, sucessivamente. (AMORIM, 2001, pág. 26)

A falta de contextualização permite que o olhar do leitor seja direcionado em apenas uma direção, ou seja, aquela que o texto publicado lhe permite. Para contextualizar, é necessário pesquisar, conhecer a realidade da qual se fala, o que nem sempre é possível, dada a urgência da própria prática jornalística e as condições de produção nas redações. Entretanto, para Orlandi, a produtividade banaliza a criatividade, sujeitando o jornalista a sempre se valer das mesmas fontes. Na produção de sentidos, o que se vê na mídia, com mais frequência, de acordo com Orlandi (2009), é “a “mesma” novela contada muitas e muitas vezes, com algumas variações”.

Portanto, o olhar do jornalista deve ser o mesmo do pesquisador, que a todo momento é transformado pelo outro, seu olhar é alterado. A alteridade é imprescindível na construção do discurso, o olhar de estranheza como aprendemos na Antropologia Cultural, concebe à dialética o seu mais puro objetivo, em meio à contradição fazer com que as pessoas tirem suas próprias conclusões a respeito dos fatos. Pois, como já vimos, a naturalização rompe com o procedimento crítico.

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