Mestrado em Sociologia Relações de poder no campo família empresária



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Mestrado em Sociologia                         Relações de poder no campo família empresária
 
 
Jorge Rodrigues  
Página 11 
 
1.1.3 Estruturação do negócio de família   
 
As  famílias  e  empreendimentos  que  superem  as  crises  de  crescimento  e  conflitos 
passam  ao  estádio  de  empresa  familiar  tradicional,  quando  a  mesma  se  procura 
desenvolver  numa  perspetiva  intergeracional,  que  as  ajuda  a  projetar  no  tempo  e  nas 
mãos  de  uma  mesma  família.  Este  tipo  de  empresa  poderá  ter  êxito  durante  muito 
tempo,  seguindo  as  diretrizes  do  fundador.  O  que  marca  esta  etapa  é  a  eficácia  da 
gestão,  quer  da  empresa  familiar  em  si,  quer  como  uma  instituição  de  propriedade  e 
governo  familiares,  em  particular,  quando  coexistem  muitos  membros  da  família  com 
posições  minoritárias  no  capital,  que  não  trabalham  na  empresa  familiar  nem  são 
membros de órgãos de administração e gestão da mesma, e que se questionam sobre o 
seu  papel  no  negócio  da  família.  Por  parte  da  família  surge,  então,  a  necessidade  de 
acomodar  a  maior  variedade  possível  de  interesses,  capacidades  e  necessidades  que 
emergem com a maior quantidade de pessoas e de ramos da família que detêm graus de 
influência  variáveis,  de  acordo  com  o contexto  em  que  surgiram.  Nesta  etapa  prima  o 
conceito  de  não  haver  na  empresa  familiar  espaço  para  todos  mas  apenas  para  os 
melhores, sendo estes os que detêm competências que estejam em linha com as exigên-
cias  da  empresa  familiar.  Os  restantes  são  excluídos  e  o  foco  centra-se  na  empresa 
familiar. Começa aqui, se assim se puder afirmar, a gestação da família empresária.       
As  novas  tendências  da  conjugalidade  alteram  o  paradigma  de  família  normativa  e 
trazem  uma  maior  diversidade  de  estruturas  e  modelos  familiares  (Williams  2010),  o 
que  conduz  à  redefinição  do  conceito  de  família,  em  particular  da  sua  composição, 
idade e nome dos seus membros, estrutura e papéis de cada um deles, as obrigações que 
regem as relações de dependência entre si e entre as diferentes gerações, ou as relações 
de poder no seu seio e a autoridade do seu patriarca (Relvas  et Alarcão 2007; Williams 
2010).  Aquelas  obrigações  dos  membros  da  família,  de  uns  para  com  os  outros,  e  os 
seus respetivos papéis, variam de cultura para cultura, o que influencia, por exemplo, os 
valores, os objetivos e o modo de gestão da empresa familiar (Sharma et al. 2007). 
Estas  alterações  podem  trazer  uma  potencialização  dos  conflitos  no  seio  da  estrutura 
familiar, ao ampliar o direito de herança (natural ou adquirido), através dos resultados 
advindos das relações entre os seus membros e outros indivíduos – casamento, divórcio, 
filhos fora do casamento e outros (Floriani 2012, 56). O direito português, na tradição 
do  direito europeu,  atribui  a  herança  aos chamados  herdeiros  legítimos,  pessoas  que  à 
morte de uma outra têm o direito de receber uma parte do seu património.  


Mestrado em Sociologia                         Relações de poder no campo família empresária
 
 
Jorge Rodrigues  
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Estas alterações, eventualmente, poderão influenciar todos os seus membros, sejam eles 
originários da família nuclear ou sejam membros advindos por via da família alargada 
(Fayolle  et  Bégin  2009,  12).  Logo,  é  de  esperar  que  o  crescimento  da  família  traga 
também  um  aumento  dos  potenciais  conflitos  de  interesses  interpessoais  (Bienaymé 
2008,  5).  Estas  situações  de  conflito  também  podem  resultar  de  apenas  uma  parte  da 
família alargada
 
fazer parte da empresa familiar, no sentido em que, a família  alargada, 
enquanto  grupo,  não  faz  parte,  em  sentido  estrito,  da  mesma.  Contudo,  apesar  da  sua 
singularidade e complexidade, a família constitui um pilar dos mais significativos para a 
sobrevivência  da  empresa  familiar,  sendo-lhe  reconhecida  a  sua  importância  para  o 
negócio, as comunidades locais, a economia e a Sociedade (Heck et Mishra 2008, 314). 
Na  família,  estão  incluídos  todos  os  familiares  que  não  detêm  participação  no  capital 
nem exercem funções de direção na empresa familiar (Casillas et al. 2005, 75-76). Este 
envolvimento da família do empresário parece estar na origem do conceito de empresa 
familiar,  pela  necessidade  de  perpetuar  o  negócio,  com  o  objetivo  de  ampliar  o 
património  familiar  que  será  transmitido  de  geração  em  geração  através  de  herança 
(Floriani 2012, 56).  
 
1.1.4 Gestação da família empresária 
 
Como o raciocínio anterior tem implícito, nem todas as empresas familiares tradicionais 
darão origem a famílias empresárias. Só aquelas que  detiverem membros que possuam 
tendências  de  orientação  empreendedora  (OE)  e  o  desejo  comum  de  que  a  empresa 
familiar  e  a  família  empresária  se  sustentem  mutuamente  e  não  se  destruam, 
potencializando  as  forças  uma  da  outra,  e  tendo  juntas  mais  sucesso  do  que  teriam 
sozinhas o irão conseguir (Gersick et al. 1997, 283). A grande vantagem de evoluir para 
uma família empresária é o de, para além de acomodar os vários interesses de todos os 
membros  da  família  que  estejam  interessados  no  negóco  e  motivados,  lhes  dá  espaço 
para a criação de valor económico, financeiro e social, para si próprios e para o grupo 
que é a família empresária. Nesta, a diversidade associada à força de uma rede familiar 
converte-se  numa  vantagem  competitiva.  A  capacidade  para  potenciar  este  recurso 
estratégico é conhecida por familiness (Habbershon et Williams 1999) ou fator família 
(Habbershon et al. 2003, 460), o qual permite o êxito quer da família empresária quer da 
empresa familiar. Neste caso, o foco está centrado na família e distingue-se claramente 
o  objeto  (a  empresa  familiar)  do  sujeito  (a  família  empresária).  Ganha-se  uma 


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