Mestrado em Sociologia Relações de poder no campo família empresária



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Mestrado em Sociologia                         Relações de poder no campo família empresária
 
 
Jorge Rodrigues  
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perspetiva  mais  humana,  um  maior  compromisso  ou  preferências  socio  emocionais 
(Romero et Ramirez 2016) e uma visão mais criativa, diversificada, ampla, generosa e 
tolerante com as diferenças pessoais, respeitadora das vocações e interesses de cada um.                  
 
1.2 Empresa familiar 
 
Não  existe  uma  definição  que  seja  consensual  para  definir  empresa  familiar,  tal  como 
existe a definição de pequena e média empresa, sendo frequente a confusão entre estas 
duas  diferentes  tipologias  de  empresas.  A  complexidade  do  estudo  das  empresas 
familiares, essas organizações enlouquecidamente complexas e elegantes (Gersick et al. 
1997,  283),  inicia-se  com  o  próprio  conceito.  As  definições  utilizadas  são  múltiplas  e 
heterogéneas  (Fayolle  et  Bégin  2009,  11),  com  base  no  conteúdo,  no  objetivo  ou  na 
forma da empresa familiar (Klein et al. 2005). Portanto, a empresa familiar pode variar 
em  dimensão,  idade,  posicionamento  no  ciclo  de  vida,  geração  que  a  controla,  a 
composição  da  família  (Gersick  et  al.  1997),  para  além  do  contexto  sociocultural  e 
institucional no qual ela se insere (Randerson et al. 2015, 144). Logo, o caráter familiar 
de uma empresa é uma  caraterística multidimensional, que varia de modo contínuo de 
mais  para  menos,  sendo  a  empresa  familiar,  em  linhas  gerais,  um  tipo  muito 
heterogéneo  de  empresa  – até  pelo  facto de  não  ser  possível  estabelecer  uma  fronteira 
nítida  entre  empresa  familiar  e  empresa  não  familiar  –  pelo  que  só  haverá  empresas 
menos  ou  mais  familiares  (Casillas  et al.  2005,  1-6),  com a  caraterística  familiar a  ser 
um estado provisório em determinado momento do seu ciclo de vida (Litz 2008).  
Esta complexidade de definição do conceito de empresa familiar parece derivar de:  
a)
 
Ser difícil delimitar o contexto e a amplitude do objeto de estudo, ao não existir 
um  construto  claro,  único  e  preciso  de  empresa  familiar,  que  seja  geralmente 
aceite (Casillas et al. 2005, 3); 
b)
 
As  diferenças  configuracionais  da  instituição  família  nas  diversas  culturas  e  no 
tempo tornarem difícil, ou mesmo impossível, a homogeneização e a comparação 
de critérios e das variáveis utilizadas (Fayolle et Bégin 2009, 12).    
 
A empresa familiar parece ter a sua origem e a sua história vinculadas a uma família ou 
estar perfeitamente identificada com uma família pelo menos há duas gerações no poder 
(Bernhoeft et Gallo 2003; Donnelley 1964), havendo congruência entre os interesses e 
os objetivos de ambas.  


Mestrado em Sociologia                         Relações de poder no campo família empresária
 
 
Jorge Rodrigues  
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Os  critérios  mais  utilizados  para  classificar  a  empresa  como  familiar  parecem  estar 
relacionados  com  a  propriedade  do  negócio,  com  a  tradição  e  valores  familiares  –  as 
formas  de estar  e  viver  com a  família  –, com  o controlo  familiar, com a  influência  da 
família  empresária  na  gestão  e  com  o  controlo  da  sucessão  (Gallo  1995;  Klein  et  al. 
2005;  Gersick  et  al.  1997;  Casillas  et  al.  2005,  4-5;  Dyer  2006;  Nordqvist  et  Melin 
2010). Em princípio, a empresa familiar, na sua identidade como empresa, apresenta as 
mesmas  caraterísticas que qualquer outra empresa. A diferença essencial reside na sua 
ligação  com  um  grupo  familiar  que  possui  uma  influência  direta  no  seu  governo  e  na 
sua  gestão.  Tal  desiderato  implica  que  para  falar  de  empresa  familiar  se  requeira  o 
cumprimento de quatro requisitos: 
a)
 
A  família  empresária  deve  possuir  a  propriedade  sobre  a  empresa,  podendo 
assumir a propriedade total, propriedade maioritária ou controlo minoritário;  
b)
 
A família empresária deve influenciar a gestão estratégica da empresa; 
c)
 
Os  valores  da  empresa  familiar  são  influenciados  ou  identificam-se  com  os 
valores da família empresária;  
d)
 
A família empresária determina o processo sucessório da empresa familiar. 
 
Contudo,  deve  acrescentar-se  às  dimensões  quantificáveis  um  argumento  qualitativo, 
que dota estas empresas de um caráter verdadeiramente familiar. Esse argumento reside 
na  garantia  da  continuidade  geracional como  objetivo  estratégico  da  empresa,  baseada 
no desejo conjunto de fundadores e sucessores de manterem o controlo da propriedade, 
o governo e a gestão da mesma nas mãos da família (Chua et al. 1999). É por isso que a 
propriedade  de  uma  empresa  familiar,  enquanto  comunidade  de  pessoas,  não  pode  ser 
transmitida; o que se transmite é a propriedade de participação no seu capital (Gallo  et 
al.  2009,  52).  A  empresa  familiar  é  hoje  um  elemento  fundamental  da  atividade 
económica,  como  o  demonstra  a  sua  importante  participação  em termos  de  criação  de 
riqueza  e  emprego  (Bhat  et  al.  2013,  60),  a  sua  capacidade  para  empreender  e  o  seu 
contributo  para  a  inovação  (Habbershon  et  al.  2010),  pelo  que  as  mesmas  parecem 
enfrentar, fundamentalmente, cinco desafios:  
a) Garantir a sua continuidade nas gerações seguintes;  
b) Incrementar a sua dimensão;  
c) Profissionalizar-se (ao nível da gestão); 
d) Melhorar a inovação tecnológica e industrial;   
e) Internacionalizar-se. 


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