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NO WAVE, INCONFORMISMO À FLOR DA PELE
Fernando Naporano
Em meio à afirmação da new wave americana, por volta de 78,
começaram a pintar sonoridades despidas dos laços popsters e até então
incatalogáveis. Com a compilação No New York (Antilles, 78) com o Mars,
DNA, Contortions e Teenage Jesus & The Jerks, a imprensa americana
resolveu batizar a natureza anti-conformista dessas novas bandas com o
rótulo No Wave que até 82 viveu momentos de glória.
A diferenciação e a não-rotulação era o objetivo máximo dessa turma,
mas haviam muitos pontos em comum. A profanação dos formatos
convencionais, a intenção de provocar um sensacionismo heterogêneo, o
gosto pelo erudito/eletrônico (Pierre Boulez, Stockhausen, Terry Riley
entre os favoritos), o uso de ressonâncias e distorções, as melodias
dissonantes e atonais, a (re)descoberta do jazz (Miles Davis e John
Coltrane, os evidentes) e o (ab)uso do noise eram freqüentes fantasmas
que povoavam seus discos despidos de caráter comercial.
A onda de recusa que, ao contrário de suas aspirações, inevitavelmente
se tornou uma mini-moda também apareceu ligada ao consumo de
drogas. Por isso não é de se espantar que o saxofonista James White dos
Contortions se picasse ao vivo ou Lydia Lunch do Teenage Jesus falasse
abertamente de seu amor pela heroína. Como em todas as tendências,
grupos de padrões não identificáveis foram inclusos na No Wave.
Assim sendo, estão presentes o claustrofóbico pós-Beefheart art-rock
do Pere Ubu; os orgânicos fragmentos de formas tradicionais espalhados
em atmosferas surreais do Stew Lane & The Untouchables; o inovativo
uso de percussões eletrônicas e as (re)leituras de música de câmara do
Tuxedomoon; o darkismo de vozes dilaceradas e barulhos traumatizantes
do Chrome; o extremismo confrontante na catarse experimentalista do
Suicide e a genialidade bizarra dos Residents, um grupo que até hoje em
mais de vinte álbuns percorreu praticamente todas as mansões e porões
da música, indo desde trabalhos conceituais a ensaios sobre vinhetas de
música popular.
Quanto aos primeiros expoentes da no wave, não podemos omitir a
trajetória de James White que, por vezes, resolveu se chamar Black e
Chance. O saxofonista tocava free jazz de uma maneira punk mesclado ao
chamado white funk e desordenadas acepções de dance music.
A poetisa Lydia Lunch, antes de suas trips dark-noise-pós-industriais ao
lado do Teenage Jesus, rolava no chão berrando o que ela mesma
apelidou de aura de terror. Sua antimúsica ladeada por uma muralha de
estridências sonoras foi aclamada nos círculos vanguardistas que
enalteciam também os expressionistas jogos de timbres e
experimentalismo do DNA, o trio noise que incluía o brasileiro Arto
Lindsay.
Fonte: Senhor F (
www.senhorf.com.br
).
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enalteciam também os expressionistas jogos de timbres e
experimentalismo do DNA, o trio noise que incluía o brasileiro Arto
O SOM COMO INTERFACE
David de Oliveira Lemes
Segundo o Dicionário Houaiss, o termo interface significa: elemento que
proporciona uma ligação física ou lógica entre dois sistemas ou partes de
um sistema que não poderiam estar conectados diretamente. Meio pelo
qual um usuário interage com um programa ou sistema operacional que
emprega ou não recursos gráficos.
Com o advento das novas tecnologias, o significado do termo interface foi
muito ampliado, desde os computadores pessoais até os mais recentes
telefones móveis que integram a tecnologia de armazenamento de dados,
Segundo o Dicionário Houaiss, o termo interface significa: elemento que
proporciona uma ligação física ou lógica entre dois sistemas ou partes de
um sistema que não poderiam estar conectados diretamente. Meio pelo
interage com um programa ou sistema operacional que
Com o advento das novas tecnologias, o significado do termo interface foi
muito ampliado, desde os computadores pessoais até os mais recentes
m a tecnologia de armazenamento de dados,
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mesclando o celular e os PDAs (Personal Digital Assistant, como o Palm-
OS) em um único aparelho.
O som, segundo a enciclopédia livre Wikipédia
(
http://pt.wikipedia.org/wiki/Som
) é:
Uma compressão mecânica ou onda longitudinal que se propaga através
de um meio sólido, líquido ou gasoso. Os sons naturais são, na sua maior
parte, combinações de sinais, mas um som puro possui uma velocidade de
oscilação ou freqüência que se mede em hertz (Hz) e uma amplitude ou
energia que se mede em decibéis. Os sons audíveis pelo ouvido humano
têm uma freqüência entre 20 Hz e 20 Khz. Acima e abaixo desta faixa são
ultra-som e infra-som, respectivamente.
Seres humanos e vários animais percebem sons com o sentido da audição,
com seus ouvidos, porém sons de baixa freqüência também podem ser
sentidos por outras partes do corpo.
Sons são usados de várias maneiras, muito especialmente para
comunicação através da fala ou, por exemplo, música. A percepção do
som também pode ser usada para adquirir informações sobre ambiente
em propriedades como características espaciais (forma, topografia) e
presença de outros animais ou objetos. Por exemplo, morcegos usam um
tipo de eco-localização para voar. Navios e submarinos usam o sonar,
seres humanos recebem e usam informações espaciais percebidas em
sons.
O som como interface é possível? Como o som pode fazer uma ligação
entre dois sistemas, sendo de um lado uma máquina, e de outro, o
homem?
Para tentar responder a essa questão, o ideal é partimos de uma mídia
que nasceu muda (sem som) e evoluiu com o decorrer dos tempos. O
cinema é a técnica de projetar fotogramas de forma rápida e sucessiva.
Nasceu como técnica pura e hoje é arte.
E como foi sua evolução do cinema (técnica) para a arte? Como acontece
com todas as criações onde artista tem acesso, a introdução da narrativa
e da arte de contar e documentar histórias fez com que o cinema
evoluísse. E o ponto alto em contar histórias dispondo de signos sonoros,
verbais e visuais é mexer com os sentimos humanos. As imagens,
mostradas na ordem e com a função de contar histórias podem despertar
alegria, raiva, medo, angustia... em suma, pode alterar as emoções
humanas. Contudo, só conseguem fazer isso os melhores profissionais da
chamada sétima arte.
Com a emergência da evolução tecnológica convergente, surge uma nova
linguagem na cultura digital: a hipermídia. Por meio da hipermídia, visual,
sonoro e verbal se fundem criando novas significações para aplicações
que antes eram separadas pelo suporte (papel, película, filme).
Em uma hipermídia, o usuário, estando em uma estrutura reticular, tem a
capacidade de se conectar a vários tipos de documentos. Esses
documentos podem estar conectados a outros. Estas interconexões criam
um mundo emergente de significações.
Sendo a hipermídia uma nova linguagem que suporta o sonoro, visual e
verbal, poderia a mesma despertar emoções, assim como o cinema?
O signo sonoro adquire significado e estimula nossa percepção quando
associado a signos verbais e visuais. É também um elemento unificador
capaz de juntar diferentes imagens.
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