Esquizofonia



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Will Eisner, o mais aclamado quadrinista de todos os tempos, falecido em 
3 de janeiro de 2005, em entrevista ao site Universo HQ afirmou: 
Universo HQ: Em alguns de seus trabalhos, quase podemos ouvir o som 
saindo das páginas. Qual é o papel da música no seu trabalho? 
Will Eisner: Música e sentimento estão muito próximos. Uma coisa que 
devemos prestar muita atenção é o que eu chamo de "internalização", a 
habilidade de desenhar uma figura capaz de comunicar o que ela está 
sentindo por dentro. Seus sentimentos. Suas emoções. Emoções e sons são 
muito difíceis de transmitir. Não há uma fórmula pronta, infelizmente. Por 
isso, você tem que aprender como fazê-lo, observando as pessoas, 
aprendendo que tipo de linguagem corporal elas estão utilizando. A 
emoção não é transmitida só pelo rosto. É necessário o corpo todo para 
transmitir uma emoção. 
(
http://www.universohq.com/quadrinhos/entrevista_eisner.cfm
). 
Eisner foi um autor que procurava utilizar elementos do cinema em suas 
obras (quadrinhos e novelas gráficas). Nos quadrinhos o som é 
representado com formas visuais e verbais e recebe o nome de 
onomatopéia. O autor sempre se preocupou com a questão da emoção e 
podemos dizer que esse era o elemento utilizado por ele para conectar 
seus leitores às suas obras. Neste caso, podemos dizer que a emoção é a 
interface. 
O som, aplicado a hipermídia, pode ter o mesmo efeito que no cinema, 
provocando sensações e despertando emoções. Além de uma simples 
trilha sonora, numa hipermídia podemos utilizar recursos que em 
nenhuma outra mídia pode ser explorado. Sons aleatórios e randômicos, 
marcações de interação, escolhas de trilhas sonoras (muito comum em 
games de esporte), possibilidade de retornos a determinados nós... 
Essas utilizações podem sim, alterar a emoção dos usuários. Por exemplo, 
um loop costuma causar monotonia, mas também efeito de tensão, pois 
sua ruptura causa também expectativa. Uma música pode alterar o 
sentido de uma mensagem visual e verbal, transmitindo alegria, tristeza, 
apreensão... além de permitir a contração ou a distensão do tempo das 
imagens. Sons irregulares nos colocam em estado de alerta. 
O som pode funcionar como interface, pois exerce alterações de sentido 
que ajuda na construção da narrativa. Além das imagens e textos contidos 
num trabalho hipermidiático, o som pode ser a ponte para nos conectar a 
obra. O som, despertando sentimentos e percepções, pode ser parte 
significativa de uma interface. 
---- 
Bibliografia 
MURRAY, Janet H. Hamlet no Holodeck. O futuro da narrativa no 
ciberespaço. São Paulo: Editora Unesp, 2003 
SHUM, Lawrence Rocha. Pesquisa e produção de áudio para sistemas 
hipermediáticos e a criação e a sistematizaçãoo de elementos sonoros em 
estruturas de navegaçãoo não-lineares. São Paulo: Dissertação de 
Mestrado defendida na PUC-SP, 2003. 
SANTAELLA, Alexandre Braga. Design de Interface - As origens do design e 
sua influência na produção da hipermídia. São Paulo: Dissertação de 
Mestrado defendida na PUC-SP, 2003 
SCHAFER, R. Murray. A afinação do mundo. São Paulo: Editora Unesp, 
2001 


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HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de 
Janeiro: Objetiva, 2001 
LIMA, Fernando e Marreiro, JJ. A maior “lenda viva” dos quadrinhos. 
Entrevista de Will Eisner concedida ao site UniversoHQ em maio de 2001. 
http://www.universohq.com
  
Enciclopédia livre Wikipédia. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Som
  
Fonte : Dolemes.org (
http://dolemes.blogspot.com/
). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SOM POLÍTICO DE MATTHEW HERBERT 
Guilherme Werneck  
 
 
 
O produtor e DJ inglês revitaliza a música eletrônica com boas idéias e 
engajamento 
............................................ 
 
Num cenário em que a música eletrônica foi massificada e, diluída, passou 
a sofrer de falta aguda de idéias, o produtor e DJ inglês Matthew Herbert 
é um antídoto para esse marasmo criativo. 
  
Assim como uma série de produtores que se afastam da obrigatoriedade 
de compor para a pista de dança, Herbert chega à maturidade flertando 
com a música eletrônica produzida pelas vanguardas dos anos 60 e 70, 
mostrando preocupação não só em criar uma música original, mas 
também em usar suas idéias musicais politicamente. 


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Quem presenciou a sua apresentação com a Matthew Herbert Big Band, 
no último dia 8 de setembro em São Paulo, na abertura da versão 
brasileira do festival espanhol de arte eletrônica Sónar, pôde atestar esse 
lado político, além de ouvir uma das misturas mais bem feitas de 
eletrônica com jazz. 
 
Herbert sampleava em tempo real a banda composta de uma seção 
rítmica tradicional (piano, baixo e bateria), mais cinco saxofones, quatro 
trombones e quatro trompetes. Os arranjos cristalinos da banda, que 
lembram os de Gil Evans para discos clássicos de jazz orquestrado, como 
"Miles Ahead", de Miles Davis, eram desfigurados pelas mãos de Herbert, 
que alternava momentos de transparência com outros de dissonância 
completa. 
 
No plano político, atacou o primeiro-ministro britânico Tony Blair em duas 
projeções de vídeo, e a imprensa americana ao distribuir cópias do "USA 
Today" para serem rasgadas e amassadas pela banda. O som dos jornais 
rasgados eram sampleados e mixados ao som da orquestra. 
 
Mas nem sempre as músicas de Herbert tiveram esse viés político. Seus 
primeiros lançamentos eram de música para pista, misturas de house e 
electro, sempre com uma mistura jazzy. O jazz, inclusive, é algo natural 
em Herbert, que estudou piano e aos 16 anos já tocava em uma big band 
inglesa. 
 
Há alguns anos tive contato com algumas das faixas de Herbert para pista, 
mas me converti ao seu credo eletrônico após comprar o excelente 
"Bodily Functions", em 2001. O disco chamou a minha atenção pelo seu 
conceito. 
 
Seguindo as regras que ele próprio criou para não "trapacear" como 
produtor, explicadas no manifesto PCCOM (Contrato Pessoal para a 
Composição de Música, na sigla em inglês), que não admite o uso de 
samples de músicas preexistentes e de baterias eletrônicas, "Bodily 
Funcitons" é composto usando samples de sons produzidos pelo corpo 
humano e tem lindas composições vocais cantadas por Dani Siciliano, hoje 
mulher de Herbert, que também se apresentou em São Paulo. 
 
A internet me possibilitou ir atrás das outras músicas do produtor, 
lançadas sob diferentes heterônimos, como Doctor Rockit, Wishmountain 
e Radioboy, alguns deles já devidamente enterrados. Meu preferido é 
Radioboy, que encarna uma cruzada contra a globalização. 
 
Seu único álbum, "The Mechanics of Destruction", é distribuído de graça 
na internet no site 
www.themechanicsofdestruction.com
 e traz faixas 
como "Nike", McDonald’s", "Hollywood", "Coca Cola", "Rupert Murdoch e 
Vivendi", entre outras. Nessas faixas ele cria uma música esquisita, 
usando samples relacionados com cada um dos temas, como o som 
produzido ao usar canudinhos para tomar refrigerante, no caso de 
"McDonald’s" ou discursos políticos, como em "Henry Kissinger". 
 
A política volta a ser tema de Herbert em seu disco mais recente, 
"Goodbye Swingtime" (2003), o mesmo que foi apresentado com a 
orquestra na abertura do Sónar. Conversei com Herbert, por telefone, 
pouco antes de ele vir a São Paulo. 
 
Falamos sobre a orquestra, sobre o estado atual de música eletrônica, de 
seu engajamento político e de seu novo trabalho, que deve ser lançado 
ainda neste ano, e tem como tema a dieta alimentar. Leia abaixo a 
entrevista, que teve trechos publicados na “Folha de S. Paulo”. 
 
Você tem tocado o repertório do disco “Goodbye Swingtime" com a big 


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