Mestrado em Sociologia Relações de poder no campo família empresária



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Mestrado em Sociologia                         Relações de poder no campo família empresária
 
 
Jorge Rodrigues  
Página 81 
 
f)
 
Nepotismo na sucessão no negócio da família; 
g)
 
Emprego na empresa da família; 
h)
 
A família como instituição de caridade no sustento das famílias alargadas.                
 
Para  os  diferentes  grupos  identificados  de  públicos  da  família empresária,  sempre  que 
pertençam  a  todos  ou  a  algum  dos  âmbitos:  família,  propriedade,  negócio,  gestão  e 
sucessão  (Casillas  et  al.  2005,  27-33;  Suess  2014,  140),  os  impactos  sobre  a  empresa 
familiar far-se-ão sentir através de: 
a)
 
Sobreposição de papéis entre família empresária e empresa familiar; 
b)
 
Dificuldade para enfrentar a crescente internacionalização da empresa familiar
c)
 
Dificuldade para enfrentar uma renovação organizacional; 
d)
 
Dificuldade para planear antecipadamente a sucessão da propriedade e da gestão;  
e)
 
Gestão do património familiar e a ineficácia dos órgãos de governo da empresa
 
4.3.1 Mudanças nas caraterísticas da família empresária 
 
Em  geral,  no  final  da  segunda  geração  da  família  empresária  e  na  primeira  metade  da 
etapa  da  sua  vida  na  terceira  geração,  o  ambiente  na  família  torna-se  mais  complexo, 
graças  à  presença  de  um  número  maior  de  ramos  familiares,  à  entrada  de  cônjuges,  à 
existência de membros da família que podem ou não trabalhar na empresa familiar, ter 
diferentes  níveis  de  participação  no  capital  desta  e,  provavelmente,  diferentes 
esperanças e interesses postos na empresa familiar (Bernhoeft et Gallo 2003, 15-24).  
O crescimento da família em termos de dimensão faz com que nela aumente o número 
de  membros,  logo,  a  diversidade  de  preferências  e  talentos  pessoais.  Este  crescimento 
costuma  levar  à  diluição  da  propriedade  e  a  que  os  membros  da  família  empresária 
tenham  participações  diferentes  no  capital  da  empresa  familiar.  São  participações  que 
podem dar lugar a diferentes níveis de direitos, como o da maioria ou da minoria, o de 
poder pedir que se convoque uma assembleia-geral de acionistas ou outras.     
Na  terceira  geração,  é  rara  a  empresa  familiar  na  qual  não  haja  algum  membro  que 
deseje  ou  necessite  de  vender  parte  ou  a  totalidade  da  sua  participação  no  capital,  e 
poucas são aquelas que estabelecem formas práticas para tornar isto possível. Ou seja, 
tratar de modo justo as pessoas que querem partir, em lugar de dar origem a traumas que 
terminam em verdadeiras lutas, manter a unidade da família e, consequentemente, que a 
empresa familiar saia fortalecida.  


Mestrado em Sociologia                         Relações de poder no campo família empresária
 
 
Jorge Rodrigues  
Página 82 
 
As mudanças na família empresária afetarão a empresa familiar, seguramente; por isso, 
a continuidade da empresa familiar procura desenvolvimentos nos modos de informar, 
participar e de fazer com que as eventuais separações na família não sejam traumáticas, 
cuja reflexividade se verte na seção seguinte. 
 
4.3.2 Mobilidades e recomposição da família empresária  
 
Os  membros  da  família  empresária  com  origem  no  clã  ou  vindos  de  fora  da  mesma, 
com  ou  sem  competências  empreendedoras  estão  em  processo  competitivo,  como 
corolário  da  meritocracia,  onde  os  mais  aptos  deverão  ocupar  os  lugares  de  maior 
importância  funcional.  Esse  processo  competitivo  deverá  ser  aberto  e  imparcial, 
intransigente  com  nepotismos,  protecções  e  preconceitos,  devendo  assegurar  em  todos 
os casos a selecção dos que virão a ocupar lugares cimeiros. O empenho em concorrer a 
tais  lugares  decorre  de  lhes  estarem associados  rendimentos  superiores  –  em  dinheiro, 
em  poder,  em  prestígio  –  que  a  sociedade  lhes  atribui,  justamente  para  assegurar  o 
interesse  e a  competição.  Caso  isto  não  aconteça,  estamos  perante  um caso  de  disfun-
cionamento “inconsciente” (Almeida, 2013: 13-14) da família empresária.  
Estas competências empreendedoras são recursos intangíveis importantes, que poderão 
ser acrescentados pelos elementos da família com origem fora do clã. É o capital social 
(Bourdieu  1980b),  constituído  pelas  relações  de  interconhecimento  e  de  reconhe-
cimento, que permitem dispor de cumplicidades e de auxílios importantes na defesa de 
interesses  próprios.  Quanto  mais  numerosa  for  essa  rede  de  contatos,  quanto  mais 
recursos detiverem e quanto mais forte for o relacionamento dos indivíduos com os seus 
conhecimentos, mais robusto será o seu recurso em capital social  (Almeida, 2013: 38). 
Estas  atitudes  empreendedoras  são  desde  muito  cedo  socializadas  pelos  filhos  de  pais 
empreendedores, pela sua imersão num espaço familiar onde estão expostos a situações 
e problemas vivenciados pela família, levando-os a desenvolverem as suas perceções de 
auto-eficácia empresarial (Fayolle et Bégin 2009, 14), as quais se refletirão ao longo da 
sua  vida.  Com  o  objetivo  de  manter  a  perenidade  da  família  empresária,  recorre-se  a 
estruturas  de  governo,  à  assunção  de  responsabilidades  para  com  a  comunidade  e  ao 
comportamento  adequado  de  todos  os  membros  da  família empresária,  procedendo-se, 
se  for  caso  disso,  ao afastamento  dos  membros  da  família  que  não atuam  dessa  forma 
nem desejam mudar o seu comportamento (Gallo et al. 2009, 18).   
          


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