Ministério público federal procuradoria da república no estado do rio de janeiro



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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Núcleo de Combate à Corrupção – Força Tarefa

reunião estavam presentes além dele e de SERGIO CABRAL, ALBERTO

QUINTAES e WILSON CARLOS; QUE WILSON CARLOS era definido

pelo então governador como gestor das obras do estado do Rio de Janeiro;

(...) QUE após ter voltado da reunião com o então governador SERGIO

CABRAL, CLÓVIS PRIMO entrou em contato com BENEDITO JÚNIOR

para   fechar   a   parceria;   QUE   não   conversaram   com   a   DELTA  ou   com

CAVENDISH;  QUE   o   processo   licitatório   destinado   a   determinar   a



composição   do   consórcio  responsável   pelas   obras   no   Maracanã   foi

simulado, tendo tudo sido acertado de antemão; QUE não se recorda de

quem   eram   os   outros   participantes   da   licitação;  QUE   a   simulação   foi



operacionalizada a partir de orientação de que o consórcio formado por

CNO, AG e DELTA deveria ser o vencedor por questões de qualificação

e   de   porte;   QUE   era   o   governo   do   estado   do   Rio   de   Janeiro   que

previamente   definia   que   empresas,   consórcios   ganhariam   cada   obra

pública,  QUE  sabe  que   a  AG tomou  conhecimento   de  que  as   obras  do

Maracanã seriam da CNO e da DELTA por meio de WILSON CARLOS,

embora   não   tenha   presenciado   o   momento   em   que   tal   informação   foi

recebida,   posto   que   esta   atribuição   era   da   área   comercial,   mas

especificamente   de   ALBERTO   QUINTAES   que   então,   repassou   a

informação para CLÓVIS PRIMO”

ALBERTO   QUINTAES,   também   presente   na   reunião   com  o  então

governador  SÉRGIO CABRAL, nos termos de seu depoimento de colaboração premiada,

confirma a existência do cartel de empreiteiras atuando em nível nacional para controlar as

obras públicas de reforma e construção de estádios para a Copa de 2014, bem como a reunião

com SÉRGIO CABRAL em que foi negociada a participação da ANDRADE GUTIERREZ

no consórcio já pré-determinado como vencedor da futura licitação

“QUE com relação à obra do MARACANàpara a COPA de 2014 teve

conhecimento que havia um acordo nacional e que o depoente foi chamado

para uma reunião com ROGÉRIO NORA e SERGIO CABRAL no Palácio

das Laranjeiras, onde foi pedido a SERGIO CABRAL permissão para a AG

entrar no consórcio CNO/DELTA que ficaria com a obra do MARACANÃ;

QUE nesta oportunidade SERGIO CABRAL informou que a AG deveria

negociar com a CNO parte de sua participação no consórcio, não devendo

ser alterado o percentual da Delta;

Por fim, o também colaborador CLÓVIS PRIMO confirma o cartel de

empreiteiras tendo como objeto as obras de estádios para a Copa do Mundo, no que toca à

obra do Maracanã, embora não estivesse presente na reunião com SÉRGIO CABRAL, relata

Documento eletrônico assinado digitalmente por JAVagos, em 19/04/2017 17:40:27.

Documento eletrônico assinado digitalmente por JOSE AUGUSTO SIMOES VAGOS, em 19/04/2017 17:42:12.




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Núcleo de Combate à Corrupção – Força Tarefa

ter sabido do ajuste. Além disso – como, aliás, já havia informado ROGÉRIO NORA – coube

a CLÓVIS PRIMO a incumbência de reunir-se com BENEDICTO JUNIOR, vice-presidente

da   área   de   infraestrutura   da   ODEBRECHT,   para   negociar   a   participação   da  ANDRADE

GUTIERREZ no consórcio que viria a vencer a licitação:

“EM  RELAÇÃO  À  OBRA  DO  MARACANA,  NO  RIO  DE   JANEIRO

disse QUE soube por Rogerio Nora que ele tinha ido ao Governador Sergio

Cabral pedindo para participar do consórcio da obra; QUE, mesmo antes da

licitação já havia essa decisão de contemplar o consórcio a ser formado pela

Delta e Odebrecht; QUE o governador orientou que a AG se acertasse com

a Odebrecht, uma vez que, para Sergio Cabral, o percentual estabelecido

para a Delta no consórcio deveria ser mantido (30%), mesmo avaliando o

depoente   que   a   Delta   não   tinha   capacidade   técnica;   QUE   Rogerio

mencionou ter dito ao governador sobre essa preocupação quanto à aptidão

técnica da Delta; QUE então  Rogério  orientou  o depoente a  procurar a

Odebrecht; QUE o depoente reuniu-se com Benedito Junior, então vice-

presidente da área de infraestrutura da Odebrecht; QUE então o depoente

acertou com Benedito que a AG comporia o consórcio com 30% dos 70%

que caberia à Odebrecht, perfazendo um percentual de 21 % do total; QUE

a contrapartida seria a AG ceder parte do consórcio a ser formado com a

Odebrecht para o Minerão, intuito que acabou não se concretizando; QUE

Rogério Nora então complementou informando ao depoente Sergio Cabral

solicitara 5% do valor da obra como propina sem o que não se viabilizaria a

participação da AG;”

Nos   mesmos   termos,   as   declarações   complementares   prestadas   pelo

colaborador em um segundo momento:

“Que   indagado   a   respeito   das   informações   contidas   em   seu   Termo   de

Colaboração a respeito dos Estádios da Copa, homologado perante o STF ,

acrescenta Que, quando o Brasil foi selecionado para sediar a Copa a AG

fez   um   planejamento   estratégico   para   selecionar   as   obras   que   tinha

interesse; Que era de interesse da AG participar da obra do Maracanã; que

em determinado momento, a AG soube que a obra do Maracanã seria feita

pela CNO [Construtora Norberto Oderbrecht] e pela Delta; Que pediu ao

Rogério Nora de Sá que fo sse ao Governador SERGIO CABRAL para que

a AG ingressasse na obra; Que o Governador SERGIO CABRAL afirmou

que as empresas escolhidas pelo Estado tinham sido a CNO e Delta; Que

para ingressar na obram de acordo com o SERGIO CABRAL a AG teria

que procurar a Oderbrecht, que tinha uma cota de 70% e que seria líder;

Que a cota da Delta de 30% não poderia ser mexida; Que Rogério teria

estranhado o fato de a Delta ser escolhida, pois não teria capacidade técnica

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