Universidade Federal do Rio de Janeiro a relaçÃo literariedade, imagem e imaginários em



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surgem de antigos cuentos
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 rememorados também em estampas
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 elípticas que introduzem os 
contos-capítulos da obra.  
Dessa maneira, do acima exposto se extrai algo das estratégias utilizadas pelos autores 
do  corpus  componentes  da  presente  pesquisa  até  o  encontro  de  suas  obras  para  com  os 
imaginários acerca das conflituosas relações de alteridade sobre as quais se inclinam. Assim, a 
partir  do  trabalho  em  conjunto  com  os  dois  romances,  o  tema  de  minha  tese  é  a  relação 
literatura,  imagem  e  imaginários  na  abordagem  dos  conflitos  de  alteridade  entre  mexicanos, 
chicanos e anglo-americanos, tal como representados nos romances supracitados. 
No  tocante  à  originalidade  deste  trabalho,  muitos  estudos  foram  feitos  sobre  o 
romance  de  Tomás  Rivera.  Porém,  mesmo  nos  trabalhos  mais  recentes,  não  se  observou  a 
comparação do referido romance com a obra de Carlos Fuentes, tampouco uma análise crítica 
que  abordasse  a  proposta  de  vínculo  da  narrativa  de  Rivera  junto  ao  temário 
literatura/imagem/imaginários.  Acerca  dos  estudos  sobre  o romance  de  Fuentes,  mesmo  nos 
artigos  em  que  se  trata  da  questão  da  simbólica  na  obra  desse  autor
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,  não  se  observaram 
abordagens  ao  teor  imagético  de  La  frontera  agindo  com  e  na  construção  dos  imaginários 
sobre os quais debruço meus estudos nesta tese. 
relevância desta pesquisa está em pensar uma vez mais a literatura como fonte de 
atuação e composição de imaginários sociais, agindo não somente a partir do real com o qual 
se relaciona, mas, também, sobre, junto a este mesmo real que visa ficcionalizar. Está, ainda, 
em buscar, através do estudo crítico de obras de autores que se debruçaram sobre o tema do 
imaginário,  estabelecer  uma  definição,  ou  conceituação  teórica  mais  palpável  do  termo  que 
nos leva ao tema, para além do vocábulo “imaginário” qual uma palavra dada, quase um senso 
comum.  
As questões do sujeito migratório, e as consequências dos embates e entrecruzamentos 
culturais que surgem desse processo são outro ponto relevante a colocar a literatura dos livros 
em  tela  em  consonância  com  importantes  temas  do  homem  contemporâneo,  tal  qual  a 
                                                             
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  Cuento  entra  aqui  não  como  o  gênero  literário  escrito;  mas,  antes,  como  parte  dos  recuerdos,  das  histórias 
passadas  entre  as  gerações,  contadas  e  reinventadas  sob  as  asas  da  imaginação,  mais  propriamente  ligados  à 
tradição oral, ao desenvolvimento de uma literatura oral. No caso de ...y no se lo tragó la tierra, e das raízes de 
trabalhador rural de seu autor, um método de narrar que usava sua gente nos campos migratórios.  
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 Do termo “estampa” dou ênfase não somente ao seu aspecto de imagem que acompanha ou introduz um texto; 
mas, também, a sua sinonímia para com o termo anécdota, ou seja, um relato breve e ilustrativo ou simplesmente 
usado como exemplo e/ou entretenimento. Em  ...y no se lo tragó la tierra, as estampas (ou anécdotas) podem 
servir tanto como imagem que abre o conto-capítulo que precede quanto serem micro narrativas que trazem em 
si ressonâncias de um ou mais contos do todo da obra.    
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  A  este respeito, remeto  o  leitor  para  a  obra  de referência  Formação  da  simbólica erótica  na obra  de Carlos 
Fuentes, de 1995, onde a intelectual brasileira Maria Aparecida da Silva trabalha com pertinência a abordagem 
do simbólico em Fuentes.  


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migração  como  forma  de  sobrevivência  em  movimento,  geradora  de  relações  de 
subalternidade e, em contrapartida, atos de resistência carregados de contradições, dualidades, 
ambivalências  e,  por  conseguinte,  crises  identitárias,  aspectos (também  refletidos  na  escrita, 
composição  e  representação  levada  a  cabo  pelo  corpus  escolhido)  próprios  do  processo  de 
choques  entre  culturas,  das  relações  interculturais,  talvez  atualmente  ainda  mais  agudos  em 
regiões de fronteira.  
Ademais,
 
a  comparação  entre  ambos  os  romances  (e  os  resultados  dela  obtidos) 
permite  não  apenas  a  simples  aproximação  entre  as  literaturas  chicana,  mexicana  e 
estadunidense
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;  mas,  sobretudo,  o  papel  relevante  de  propor  o  pensar,  refletir  e  entender 
academicamente a literatura chicana como um verdadeiro sistema literário; e, não, como um 
mero, um reles subsistema de produção literária orbitando entre e dependente de dois outros 
sistemas literários mais “fortes”: o mexicano e o estadunidense.  
Com relação ao problema principal deste trabalho, ele se constituiu em identificar de 
que  modo  o  processo  migratório  no  entorno  fronteiriço  que  compartem  México  e  Estados 
Unidos  e  as  problemáticas  relações  entre  os  sujeitos  envolvidos  em  tal  processo  são 
representados  nas  obras  escolhidas.  E  de  que  modo  tal  tratamento  literário  trabalha  com 
imaginários  precedentes  sobre  esses  choques  interculturais,  além  de  agir  na  perpetuação  e 
renovação desses mesmos imaginários. A partir do reconhecimento deste problema principal, 
a ele agregadas se veem as seguintes questões: a) de que modo se desenvolve a relação entre 
literatura, imagem e imaginários nas obras em relevo? b) que elementos do imaginário sobre 
as  conflituosas  relações  de  alteridade  entre  mexicanos  e  estadunidenses  estão  presentes  em 
ambas as obras? Como se dá, nas narrativas em questão, a relação com estes imaginários? c) 
que  estratégias  literárias  são  utilizadas  por  cada  autor  na  inserção  de  seus  posicionamentos 
político-ideológicos  nos  romances  ora  estudados?  E,  por  fim:  d)  qual  o  ponto-chave 
observado  na  comparação  de  ambas  as  obras?  Qual  a  relação  estabelecida  entre  ambos  os 
romances e o imaginário sobre os conflitos de alteridade entre mexicanos e estadunidenses? 
                                                             
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 Sobre tal aproximação, remeto o leitor à tese Contextualización de la obra de Tomás Rivera, de Ignacio J. 
Esteban Giner (2005, p.73-4-5-6-7), na qual o autor menciona a influência e comparação estilística e formal que 
exerceriam no romance de Rivera autores que vão desde o mexicano Juan Rulfo, ao chicano Américo Paredes, 
passando  ainda  pelos  norte-americanos  William  Faulkner,  John  Steinbeck,  Sherwood  Anderson  e  Ernest 
Hemingway. No entanto, a meu ver, ao escrever também que o romance de Tomás Rivera encarna perfeitamente 
o modelo de Mexicanamerican literature, J. Esteban, ainda que bem intencionado pela utilização de um termo 
definidor  sem  o  uso  de  espaços  nem  hífens,  parece-me  cair na  armadilha  de  relegar-se  a  literatura  chicana  ao 
velho  esquema  de  subsistema  (ou  mesmo  modelo)  literário  relegado  a  vagar  indeciso  (inferior  que  seria), 
“perdido”  entre  dois  outros  sistemas  (ou  modelos)  “maiores”,  devidamente  explicitados  no  vocábulo  que 
antecede o inglês literature.      


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