Abel Pérez González — Revisão de Stygnommatidae
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separação de grandes grupos de opiliões. Isto
assentou as bases para poder
reavaliar os caracteres morfológicos diagnósticos dos grupos. A partir desse
momento uma das linhas atuais de pesquisa opilionológica é a definição e
revisão das famílias e grandes grupos de opiliões combinando caracteres
morfológicos externos e genitais (MARTENS, 1986; 1988, KURY & PÉREZ,
2002) assim como a realização de análises cladísticas que envolvam esta
combinação de caracteres (KURY, 1992; 1993; 1994 b e 1997 a-b, PINTO-DA-
ROCHA, 1997; 2002) e também caracteres moleculares (GIRIBET et al. 1999,
2002). O presente trabalho de tese forma parte desta ultima tendência.
A revisão sistemática e análise filogenética da pequena família
Stygnommatidae oferecem um excelente exemplo dos problemas que apresenta
a sistemática de opiliões, passando por etapas de proliferação tipológica até
etapas excessivamente reducionistas. Embora a família fosse restituída
recentemente, ela era portadora do conceito estabelecido por GOODNIGHT &
GOODNIGHT (1951) quando revisaram o gênero
Stygnomma. Para esta revisão
só se utilizaram caracteres morfológicos externos. Segundo a definição usada
por eles todo opilião “Phalangodidae” americano com cinco áreas, 2-3
distitarsos
nas patas I-II respectivamente, que não tinha cômoro ocular nem
escópula era um
Stygnomma. Hoje sabemos que esse conceito é completamente
artificial e que o conceito que Goodnight & Goodnight aplicavam a uma única
espécie,
Stygnomma fuhrmanni Roewer, 1912, corresponde ao conceito da
família Stygnommatidae derivado da presente revisão! Além disso, das espécies
conhecidas somente nove tinham desenhada a genitália masculina, porém, os
desenhos eram muito pouco detalhados e quase não-informativos.
Antes da
presente revisão não existia uma diagnose adequada da família, nem uma
hipótese de relação filogenética para o grupo e nenhuma das famílias próximas
(
sensu KURY, 1993), portanto o levantamento dos caracteres tinha que ser feito
pela primeira vez. Outro grande problema era o pobre estado de conhecimento
das famílias próximas, isso dificultava a realização da análise para determinar a
posição de Stygnommatidae dentro de Laniatores. Um dos problemas principais
foi que, embora se tenha trabalhado na caracterização
de planos genitais para
algumas famílias, não se havia estabelecido uma homologia satisfatória das
partes genitais entre os diferentes planos, isso dificultava a utilização da
informação derivada da genitália masculina em uma análise cladística, isso sem
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contar que planos básicos da morfologia genital de famílias próximas eram
completamente desconhecidos.
O estudo levado a cabo na presente tese atinge um grupo de famílias
próximas a Stygnommatidae, que aqui será chamado de
Samooidea (ver
detalhes na seção de Taxonomia). Aqui se oferece
pela primeira vez uma
diagnose baseada na avaliação de caracteres taxonômicos modernos (ex.
morfologia dos genitais masculinos) e sua análise comparativa estabelecendo
homologias que assentam as bases para um futuro estudo das relações dentro de
Samooidea.
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2.- O
BJETIVOS
1)
Avaliação do valor taxonômico dos caracteres morfológicos externos e
genitais e levantamento exaustivo de novos caracteres diagnósticos.
2)
Estudo comparativo da morfologia e funcionamento dos órgãos
reprodutores masculinos, caracterizando dos tipos genitais por família e
estabelecendo a nomenclatura das partes.
3)
Estabelecimento da homologia das partes da genitália
masculina entre os
táxons.
4)
Estabelecimento da primeira hipótese de relação filogenética para este
grupo de opiliões. Teste do monofiletismo de Stygnommatidae.
5)
Reconhecimento e definição dos táxons genéricos e específicos
pertencentes a Stygnommatidae e seus sinônimos, assim como
reconhecimento e definição de eventuais novos táxons.
6)
Oferecer mapas de distribuição dos gêneros e espécies da família.
7)
Oferecer uma chave dicotômica de identificação em nível genérico e
especifico.
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3.- H
ISTÓRICO
3.1.- Classificação dos grandes grupos de Laniatores
Para poder trabalhar no estabelecimento dos limites de uma família de
Grassatores é preciso primeiro conhecer a história da evolução do conceito
familiar dentro dos Laniatores e da sistemática
dos grandes grupos dentro da
subordem. As mudanças principais na sistemática de Opiliones Laniatores
foram feitas por um grande número de autores, escrevendo em idiomas
diversos, como latim, alemão, inglês, português e italiano em um período de 170
anos. A maioria dos nomes de família foi criada no século XIX, enquanto um
incremento da atividade pode ser detectado no fim do século XX. O
agrupamento de famílias em grupos maiores ainda não é estável.
Neste capítulo, são transcritas classificações mais antigas com as
convenções seguintes: conceitos e colocações novas são realçados em
negrito e
novos nomes introduzidos são indicados, além disso, pela palavra "novo.”.
3.1.1.- Sinopse cronológica
Em finais do século XVIII, quando o estudo sistemático
dos Opiliones era
restrito à Europa, só o gênero
Phalangium era reconhecido, sendo suficiente
para o esquema imediatamente pós-Lineano. LATREILLE (1802) reconheceu
uma família, Phalangides, que era em essência idêntica à ordem Opiliones de
hoje, mas que foi depois restrita só à família Phalangiidae (CRAWFORD, 1992).
KIRBY (1818) foi o primeiro a reconhecer os Laniatores, separando o
gênero novo
Gonyleptes (baseado em material brasileiro) de
Phalangium.
SUNDEVALL (1833) organizou os 5 gêneros conhecidos reconhecendo
três das quatro subordens atuais de Opiliones na classificação
seguinte que
incluía uma emenda injustificada para o nome de gênero
Gonyleptes:
Ordo Opiliones
Fam.
1.
Gonoleptides nova [ = Laniatores] – genera
Gonoleptes e
Mitobates
novo.
Fam. 2. Phalangides [ = Eupnoi] - genus
Phalangium.
Fam.
3.
Trogulides nova [ = Dyspnoi] - genera
Trogulus e
Caeculus.
PERTY (1833), estudando a fauna brasileira, descobriu muitos Laniatores
novos, erigiu 6 gêneros novos e ofereceu um esquema sistemático com duas