Novas diretrizes para a educaçÃo infantil



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A CONTINUIDADE DA 
EXPERIÊNCIA
A experiência exige tempo. Por isso, a ter-
ceira condição da experiência educativa é a 
continuidade
. Pensar sobre critérios de con-
tinuidade impõe, necessariamente, refletir 
sobre o uso do tempo no planejamento pe-
dagógico do professor.
A exploração de uma enorme diversidade de 
materiais e situações, em si, não promove 
a experiência, se a criança não tiver o tem-
po necessário para retomar uma atividade 
iniciada em outro momento, apropriar-se de 
procedimentos, testar novos usos dos mes-
mos materiais, sistematizar conhecimentos. 
É necessário interrogar-se sobre como as 
crianças vivenciam os aspectos dinâmi-
cos do contexto educativo e que são de-


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terminados pela sucessão dos episódios, 
pela sua recorrência no decorrer do dia, 
pelo ritmo geral, pelas modulações das 
várias dimensões; aspectos dinâmicos 
do contexto educativo que, em um jogo 
de oscilações entre a continuidade e a 
descontinuidade, se traduzem em uma 
vivência que se articula entre o polo do 
familiar, do habitual e do previsível, e o 
polo do inédito, do inesperado e do esti-
mulante (Nigito, 2004, p.44).
Muitas instituições de Educação Infantil 
costumam planejar em função da diversida-
de, prioritariamente, porque muitos profes-
sores pensam que as crianças gostam de no-
vidades. No entanto, análises de percursos 
criativos de crianças mostram o contrário: a 
novidade não está na atividade aplicada pela 
professora, mas sim nas novas descobertas 
resultantes da atividade da própria criança e 
do sentido que ela constrói para o que está 
fazendo (Augusto, 2009). A diversidade de 
experiências é pano de fundo para as elabo-
rações das crianças, mas é a continuidade 
que promove a exploração, a investigação, 
a sistematização de conhecimentos e a atri-
buição de sentido. 
Estudos mais específicos no campo da di-
dática já sistematizaram formas de gestão 
desse tempo e trouxeram pistas que podem 
ser interessantes para a Educação Infantil 
(Lerner, 2002). Uma das formas é a institui-
ção de tempos mais estáveis e permanen-
tes para as atividades, o que propõe uma 
aproximação com vistas à construção de 
familiaridade com determinadas práticas, 
que exigem o desenvolvimento de hábitos e 
comportamentos específicos. É o caso, por 
exemplo, da roda para conversar, da roda 
para ler e contar histórias, dos momentos 
de alimentação. É possível, ainda, propor se-
quências didaticamente pensadas para pro-
por graus crescentes de desafios às crianças, 
sempre baseadas em avaliações das apren-
dizagens e na projeção de novos objetivos. 
Outra maneira é a organização de projetos 
coletivos que permitem à criança aprender 
com seus pares e ser apoiada na pesquisa, 
investigação, sistematização e comunicação 
de novos conhecimentos, utilizando seus 
próprios recursos, além de outros que ela 
pode ter acesso no ambiente da Educação 
Infantil, tais como livros, vídeos, instrumen-
tos e materiais específicos etc.
O problema da gestão pedagógica está no 
fato de que o tempo de elaboração das crian-
ças, subjetivo, não obedece a relógios. Nas 
atividades individuais, por exemplo, é co-
mum que algumas crianças concluam suas 
produções em menor tempo. Outras demo-
ram mais. Às vezes, encontram dificuldades 
técnicas em solucionar seus problemas, em 
outras se entretêm com o que observam na 
mesa ao lado, pensam, alimentam novas 
ideias, iniciam novos projetos quando já de-
viam estar encerrando o programado. Por 
isso, construir uma experiência que respeite 


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os tempos de criação de cada um é um de-
safio para o professor, mas necessário à Edu-
cação Infantil, já que aprender a reconhecer 
e lidar com seus próprios tempos, o interno 
e o externo, é também objeto de aprendiza-
gem das crianças. 
Do ponto de vista prático, o professor 
deve pensar: como será feita a proposta às 
crianças? Será um tempo de apropriação 
individual ou um tempo de compartilhar 
experiências? Por que todos/as precisam 
sempre fazer tudo juntos? Isso é mesmo 
necessário? E é o melhor para as crianças? 
E no caso de propostas coletivas, como 
conciliar os tempos individuais e o tempo 
do grupo? Que alternativas ou opções ofe-
recer aos que já concluíram o que estavam 
fazendo? No seu planejamento diário, o 
professor deve destinar tempo às propos-
tas que ele fará ao grupo e também tem-
po para que as próprias crianças inventem 
seus problemas, coloquem-se desafios de 
criação, desenvolvam seus projetos pesso-
ais em qualquer situação, seja em ateliês 
de arte, no parque etc. A criança tem mui-
to que aprender sobre seu tempo de pro-
dução e o professor, consequentemente, 
deve organizar modos de apoiar essa im-
portante aprendizagem. Observando aten-
tamente como as crianças vivem o tempo 
de criação, será possível criar alternativas 
à gestão da sala, para que não haja homo-
geneização desnecessária. 

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