Esquizofonia



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mais lentamente, mas infinitamente mais rico em movimentos do que nós 
imaginamos” (fragmento M3-11 (302)-1881-82). 
 
O homem integral, o homem sintético é aquele que agita o novo futuro 
das forças, o artista: o homem das vibrações e das oscilações: todos nós 
nos tornamos seres ondulatórios e eletrônicos. O techno eletrônico e 
sintético, o riso do cérebro e as lágrimas de silício. As crianças do puro 
simultaneísmo e das sincronicidades. 
Tempo de concluir: se o silêncio é auto-afirmação do tempo como 
instante (presente vivo) e simultaneismo, imensidade e expressão maior 
do Eterno, ele é então avaliador e criador. Ao mesmo tempo 
simultaneidade e expressão maior do Eterno Retorno, ele se alia ao duplo 
silêncio na dança mágica da criação dos mundos: os mundos do real e os 
mundos sonoros. 
Paris, 28 de Outubro de 2002 
Richard Pinhas é músico eletrônico, amigo de Gilles Deleuze com quem 
realizou gravações para sua banda eletrônica Heldon nos anos 70. 
 
Fonte (em francês) : Web Deleuze (
www.webdeleuze.com
). 
 
 
 
“EL NOMBRE DEL HOMBRE ES PUEBLO”: 
AS REPRESENTAÇÕES DE CHE GUEVARA NA CANÇÃO 
LATINOAMERICANA 
Mariana Martins Villaça 
Doutoranda em História – FFLCH-USP 
marimavi@hotmail.com
 
 
 
O mito de Che Guevara está fortemente arraigado no imaginário social 
dos povos latino-americanos e é especialmente recuperado em momentos 
históricos de luta política, como apelo ideológico à mobilização popular e 
à ação revolucionária. Principalmente a partir de 1967, ano de sua morte 
na Bolívia, Che converteu-se em inspiração e objeto de homenagens em 
um sem-número de poemas e canções assinados por uma gama de 


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renomados literatos e compositores. Nessa comunicação pretendemos 
analisar várias representações e significados atribuídos à figura de Che em 
canções latino-americanas, focando as imagens mais recorrentes (o 
homem novo, o guerrilheiro heróico, o mártir eternizado, dentre outras) e 
sua circulação em determinados meios sociais. 
................................. 
 
A morte de Che Guevara, em 8 de outubro de l967 e a mitificação 
subsequente do  guerrilheiro como herói e mártir transformou-o no 
próprio modelo do homem novo por ele preconizado: ideal de homem 
voluntarioso, solidário, militante disposto a qualquer sacrifício, consciente 
politicamente de seu papel de cidadão e, principalmente, de seu 
compromisso com a manutenção das conquistas obtidas com a 
revolução(1) . 
O ideal do homem novo foi bastante apregoado por Che, que endossava a 
importância da conscientização política do povo, a fim de que Cuba, 
contando com uma massa de indivíduos plenamente inseridos no 
processo revolucionário, pudesse saltar etapas históricas e chegar 
rapidamente ao comunismo. Segundo Florestan Fernandes, o conceito de 
homem novo estava fortemente relacionado à concepção de revolução 
como “permanente transformação”, a qual, por essa característica 
intrínseca, deveria tornar-se orgânica, penetrando o pensamento e a 
consciência dos indivíduos, assim como a organização e o funcionamento 
das instituições (Fernandes, 1979:44).  
Che Guevara conclamava os artistas a abraçarem a missão de formação 
dos homens novos e pressagiava: “Ya vendrán los revolucionários que 
entoen el canto del hombre nuevo con la auténtica voz del pueblo” (Che 
Guevara, 1970: 248). O entusiasmo político do guerrilheiro causara 
enorme impacto na juventude, e os compositores assumiam o papel e a 
tarefa designada pelo líder: “El Che (...) encarnaba todas las virtudes que 
uno quería tener(...) En ese espíritu comenzamos a hacer canciones, 
soñando quizás un poco que sería la canción del hombre nuevo, o mejor 
dicho, la canción para el hombre nuevo, para un mundo nuevo.” (2) 
É preciso esclarecer que o conceito de homem novo é amplo, flexível e 
comum a muitos regimes políticos, além do socialismo, que é nossa 
referência no caso cubano (3). Apesar de diferentes usos e adaptações do 
conceito, o ponto comum entre as variações é a personificação deste no 
líder e o princípio básico da necessidade do sacrifício pela pátria. Em 
Cuba, esse princípio foi incorporado pelo discurso político oficial e 
transparece em documentos oficiais, como o publicado pelo Ministério da 
Cultura, em 1983, no qual se define que “la cultura debe ser una actividad 
dirigida a la formación del hombre nuevo en la sociedad nueva”(4). 
Na difusão do ideal do homem novo e das mensagens políticas, a canção 
sempre foi veículo privilegiado. Nesse sentido, visando maior interação 
com os países sul-americanos, o governo cubano criou, em 1967, o Centro 
de la Canción Protesta da Casa de las Américas, durante o Congresso da 
OLAS – Organização Latino-americana de Solideariedade, que prestava 
apoio às organizações de esquerda empenhadas na luta armada e no 
guevarismo. O Centro tinha a função de promover e aglutinar em Cuba as 
composições que se inseriam no padrão da chamada Nova Canção Latino-
americana, expressão que se estabelecera como um importante 
fenômeno de aproximação política e cultural entre Cuba e os países da 
América do Sul. 
A comoção internacional causada pela morte de Che, cujas circunstâncias 
contribuíram para elevá- lo à condição de mártir, endossada pela força 
das imagens de seu cadáver, à semelhança de Cristo, e pelas notícias de 
seu sofrimento de enfermo, estimulou um enorme número de canções e 


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