História 8º ano


Página 424 capítulo 8 A independência do Brasil



Yüklə 0,59 Mb.
səhifə36/42
tarix09.08.2018
ölçüsü0,59 Mb.
#62162
1   ...   32   33   34   35   36   37   38   39   ...   42
. Acesso em: 5 maio 2015.
Página 424

capítulo 8 A independência do Brasil

• Compreender o processo de independência do Brasil.

• Entender os principais fatores que levaram à crise do sistema colonial no Brasil.

• Estudar os principais aspectos das relações entre Brasil e Europa no início do século XIX.

• Analisar algumas transformações provocadas no Rio de Janeiro com a instalação da Corte portuguesa no Brasil.

• Perceber como a Revolução do Porto, em Portugal, refletiu nas decisões políticas brasileiras.



Objetivos

Uma transição sem abalos

É lugar-comum na historiografia brasileira contrastar a relativa facilidade da consolidação da independência do Brasil com o complicado processo de emancipação da América espanhola. Ressalta-se ainda que, enquanto o Brasil permaneceu unificado, a América espanhola se fragmentou em várias nações. [...]

Não faltam objeções à tese segundo a qual a consolidação da independência foi fácil. Seus críticos salientam que a independência sob a forma de união em torno do Rio de Janeiro resultou de uma luta e não de um consenso geral. Nessa luta foram vencidos nas províncias os movimentos autonomistas e os que sustentavam a permanência da união com Portugal [...]. As objeções têm o mérito de chamar a atenção para o fato de que a independência não correspondeu a uma passagem pacífica. Mas elas não invalidam a constatação de que, admitido o uso da força e as mortes daí resultantes, a consolidação da independência se fez em poucos anos, sem grandes desgastes. Mais do que isso, a emancipação do Brasil não resultou em maiores alterações da ordem social e econômica, ou da forma de governo. Exemplo único na história da América Latina, o Brasil ficou sendo uma Monarquia entre Repúblicas.

Uma das principais razões dessa continuidade se encontra na vinda da família real para o Brasil e na forma como se deu o processo de independência. A abertura dos portos por parte de Dom João VI estabeleceu [...] uma ponte entre a Coroa portuguesa e os setores dominantes da Colônia, especialmente os que se concentravam no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. [...] Por certo, muitos descontentamentos com a Corte permaneceram. [No entanto,] a elite política promotora da independência não tinha interesse em favorecer rupturas que pudessem pôr em risco a estabilidade da antiga Colônia. [...]

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2. ed. São Paulo: Edusp; Fundação do Desenvolvimento da Educação, 1995. p. 146. (Didática).
Página 425

Abertura do capítulo páginas 174 e 175

Figura 71

• As obras de arte das páginas de abertura tratam sobre o processo de independência do Brasil e seus antecedentes. Sobre a partida da família real portuguesa, o pintor Jean-Baptiste Debret comenta que:

[...] Pelas quatro horas da tarde do dia 21 de abril de 1821, a rainha dirigiu-se ao Paço da cidade, para receber as despedidas dos corpos constituídos e os protestos de fidelidade dos portugueses, impacientes por juntarem-se a Suas Majestades na mãe pátria. Após essa última formalidade, a rainha e suas filhas desceram a rampa do palácio (A), onde aguardava a galeota da Corte (B) para conduzi-las a bordo do navio real (C).

Figura 72

A

B



D

C

Jean-Baptiste Debret. Séc. XIX. Aquarela. 24 x 35 cm. Museus Castro Maya, Rio de Janeiro (RJ)



Viam-se os parapeitos e uma parte da praça ocupados por curiosos estrangeiros e brasileiros, cujo silêncio com a viva emoção dos portugueses, os quais abanavam o lenço (D) em sinal de dedicação à Corte, que ousava se afastar sem remorsos desta terra hospitaleira e tão generosa. Ingratidão inaudita, muito bem expressa pela rainha, no seu último adeus, que exclamou ironicamente em tom de delírio: “Vou enfim encontrar uma terra habitada por homens”. Mas, cruel decepção!

Desde esse momento tudo também estava mudado para ela, na Europa.

DEBRET, Jean-Baptiste. In: ALENCASTRO, Luiz Felipe de et al. Rio de Janeiro, cidade mestiça: nascimento da imagem de uma nação. Trad. Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 50.

• Realize a leitura do trecho escrito por Debret para os alunos enquanto eles observam a imagem da página 174. Algumas referências do texto estão identificadas na imagem acima. Comente sobre esses elementos com os alunos, se julgar interessante. Já a imagem da página 175 representa a aclamação de D. Pedro como imperador do Brasil, em outubro de 1822. Também produzida por Jean-Baptiste Debret, a pintura apresenta elementos que representam a aclamação pelo povo. No centro da imagem, destaca-se D. Pedro, vestido com trajes reais, acompanhado por membros da Corte, homens e mulheres, com roupas semelhantes à da nobreza europeia da época. Alguns usam perucas, outros acenam com um lenço. Do lado esquerdo de D. Pedro, um padre faz a benção da bandeira do Império, hasteada por outro personagem. Abaixo da sacada do Palácio Imperial, uma multidão acena para D. Pedro, aclamando-o imperador do Brasil.



Respostas

a) Resposta pessoal. Comente com os alunos que o regresso da família real portuguesa, em 1821, ocorreu em um momento de crise política em Portugal. Ao partir, o rei D. João VI deixou seu filho D. Pedro como príncipe regente. Este último, apoiado pela elite conservadora brasileira, proclamou a independência em 1822.
Página 426

b) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos comentem sobre o tema, sobre livros que tenham lido, pinturas que possivelmente já tenham visto, filmes, representações etc.

Páginas 176 e 177

• Comente com os alunos que a medida tomada por Napoleão Bonaparte repercutiu de maneira negativa em sua imagem em Portugal, e consequentemente no Brasil, com a vinda da família real. Leia o texto.

[...] Com a vinda da corte portuguesa para o Brasil, em 1808, a má fama de Napoleão desembarcou nos trópicos. Afinal, D. João deixou Portugal escapando dos invasores franceses. Na Gazeta do Rio de Janeiro (1808-1822), primeiro periódico da América portuguesa, o príncipe regente fez circular o discurso antinapoleônico. Um levantamento estatístico das palavras mais utilizadas no jornal para se referir a Bonaparte indica os termos “tirano”, “usurpador” e “corso”. Recebia ainda outras caracterizações nada lisonjeiras, como louco, megalomaníaco ou o próprio anticristo. Enfim, era a soma de todos os males, uma ameaça que parecia estar à espreita e precisava ser combatida. O que se explica não apenas pelo trauma da invasão a Portugal: a intensa propaganda antinapoleônica atendia aos interesses do governo de D. João, justificando uma série de medidas de vigilância na nova sede do Império.

STOIANI, Raquel. Retrato Inacabado. Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro: Sabin, ano 5, n. 55, abr. 2010. p. 20.

• Sobre a abertura dos portos, leia o texto a seguir.

Assim que desembarcou em Salvador, com a família real e a Corte portuguesa, [...]

D. João foi recebido por uma comitiva de comerciantes. Eles pediam a liberação do comércio com portos não portugueses porque os armazéns estavam repletos de caixas e caixas de açúcar, rolos de tabaco e muitos produtos encalhados desde o fechamento dos portos de Lisboa e Porto, com o bloqueio imposto por Napoleão Bonaparte. [...]

A carta foi assinada no dia 28 de janeiro de 1808, uma semana após a chegada do príncipe regente. E a ausência dos conselheiros provocou o aspecto mais curioso do texto, que é o seu teor “interino e provisório”: talvez uma alternativa para D. João voltar atrás em sua decisão, já que o impacto provocado pelo documento seria grande. Apesar de seu caráter provisório, a carta jamais foi revogada, nem mesmo após a retirada dos franceses de Portugal, em 1811.

As medidas aprovadas regulavam, basicamente, as entradas e saídas de produtos das capitanias brasileiras. A partir de então, quaisquer mercadorias transportadas em navios de países em paz com Portugal — que pagassem uma taxa de 24% sobre o valor dos produtos — eram admitidas nas alfândegas. E súditos portugueses ou comerciantes estrangeiros poderiam também exportar suas mercadorias para qualquer porto.

A abertura dos portos às Nações amigas, ou seja, aquelas que não haviam declarado guerra a Portugal, além de evitar conturbações sociais diante da dificuldade de escoar a produção, também traduziu as tentativas, por parte da Coroa portuguesa, de racionalizar uma política administrativa e econômica que adotasse princípios como os da liberdade de comércio. [...]

FIGUEIREDO, Luciano (Ed.). Medida provisória... até hoje. Nossa História. São Paulo: Vera Cruz, ano 1, n. 3, jan. 2004. p. 12-3.
Página 427

• A possibilidade de transferir a Corte portuguesa para o Brasil, reforçada com o Bloqueio Continental, já era aventada desde meados do século XVIII, principalmente após o ano de 1775, quando um grande terremoto seguido de incêndio praticamente destruiu Lisboa.



Página 179

• Leia o texto a seguir, que trata da importância do haitianismo no Brasil.

A repercussão da revolução do [Haiti] foi gigantesca para a luta contra a escravidão. Ainda maior era o temor dos escravocratas de que a revolta influenciasse toda a América. O historiador John Hope Franklin escreveu, em Da escravidão à liberdade, que os [estadunidenses] ficaram horrorizados diante das notícias do que acontecia no Haiti. A partir de 1791, “muitos preocuparam-se mais com os acontecimentos no Haiti do que com a luta de vida ou morte que se desenvolvia entre França e Inglaterra”. No Brasil, muitos comentaristas nativos e estrangeiros escreveram sobre os perigos da revolta em terras tupiniquins, embora a influência tenha sido limitada. Alguns milicianos mulatos no Rio de Janeiro usavam retratos de Dessalines, [líder revolucionário que proclamou a independência do Haiti]. [...] “No período da Regência (1831-40), o termo haitianismo foi usado como um epíteto contra jornais que supostamente representavam os interesses da população de cor livre e abordavam persistentemente a questão racial”, diz Stuart Schwartz, em Segredos internos — Engenhos e escravos na sociedade colonial.

MILANI, Aloísio. Revolução Negra. História Viva. Extraído do site: . Acesso em: 11 fev. 2012.



Explorando a imagem página 179

a) Veja abaixo a figura de D. João (A) em destaque. Ele foi representado com roupas reais, sobre um tapete vermelho, recebendo um gesto de reverência de uma pessoa ajoelhada.

b) Algumas pessoas representadas na imagem fazem parte dos seguintes grupos: elite brasileira (B), escravos (C) e clérigos (D).

Figura 73

A

B D



C

Chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808. Pintura de Armando Martins Viana, 1937.

Armando Martins Viana. 1937. Óleo sobre tela. Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro (RJ). Foto: Gilson Ribeiro
Página 428

Página 182

• Comente com os alunos que a criação da Imprensa Régia tinha como finalidade divulgar atos do governo. Nesse sentido, a Gazeta do Rio de Janeiro, primeiro jornal oficial do país, publicava assuntos relacionados à Corte, à legislação, a ações do Banco do Brasil etc. Contudo, o primeiro jornal brasileiro de caráter não oficial teve sua primeira edição em 1808. Era o Correio Braziliense, editado em Londres por Hipólito José da Costa. Por meio de seu jornal, Hipólito defendia ideais liberais, inclusive dando cobertura aos acontecimentos que levariam à independência do país. O Correio era remetido ao Brasil clandestinamente. O jornal circulava à revelia da censura régia, que atuava proibindo títulos independentes no país. A última edição do Correio Braziliense foi publicada em 1822.

Comente com os alunos sobre as chamadas do jornal, que indicam os locais de onde vinham muitas das notícias.

Figura 74

Londres


França

Amsterdã


Gotemburgo (Suécia)

Fac-símile da primeira edição do jornal Gazeta do Rio de Janeiro, de 10/9/1808.

Gazeta do Rio de Janeiro. 10/09/1808. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (RJ)

• O texto a seguir trata dos conteúdos publicados pela Imprensa Régia. Caso julgue conveniente, apresente-o aos alunos.

Somente após a chegada [de D. João] as instituições educacionais, científicas, políticas e comerciais de toda ordem foram autorizadas a existir. Inclui-se, nessa liberação, a tipografia. A política cultural imposta pela Coroa portuguesa no Brasil nos três séculos anteriores produziu um círculo vicioso que somente pôde ser rompido à beira do século XX. A falta de escolas não produzia público leitor; a falta de tipografias não produzia material de leitura ou estudo, e a falta de agremiações científicas e cursos superiores dificultava a existência de produtores e consumidores de ciência. [...]

A Impressão Régia foi, até 1821, a maior tipografia brasileira, tanto por monopólio da publicação dos atos oficiais quanto pela existência da censura oficial, que afastava


Página 429

do ramo muitos possíveis interessados. Imprimia um pouco de tudo: atos institucionais — leis, alvarás, decretos, cartas régias, editais — apólices e ações do Banco do Brasil, passaportes, guias de passagens, papéis timbrados, guias, recibos, livros de escrituração, livros, folhetos, folhas avulsas, listas de navios, regimentos de preços de medicamentos, efemérides náuticas, relações de despachos, folhinhas, almanaques, calendários eclesiásticos, coletâneas de legislação, balanços e balancetes [...].

As publicações periódicas da Impressão Régia são inauguradas com o jornal Gazeta do Rio de Janeiro, em 1808, que funcionava, praticamente, como um diário oficial.

FREITAS, Maria Helena. Considerações acerca dos primeiros periódicos científicos brasileiros. Ciência da Informação. Brasília, v. 35, n. 3, set./dez. 2006. Extraído do site: . Acesso em: 14 fev. 2015.



Página 183

• A chegada da Corte portuguesa ao Brasil instaurou novos costumes na população. Para diferenciarem-se do povo, os membros da realeza passaram a investir em seus hábitos e aparência, a fim de demarcarem suas posições sociais. Nesse sentido, as indumentárias e acessórios utilizados eram símbolos de prestígio, afirmando a superioridade social do grupo. Se julgar conveniente, comente isso com os alunos e apresente o texto a seguir. Aproveite a discussão e incentive-os a pensar sobre como a moda age em nosso cotidiano atualmente. Pergunte aos alunos se a maneira de se vestir e de se portar de uma pessoa ou de um determinado grupo social ainda é vista como um símbolo de prestígio.

Na Corte de um príncipe absolutista, a rígida etiqueta deveria ser seguida por todos. Não se tratava apenas de ostentar boas maneiras, mas de tornar visível a hierarquia social. Assim, a forma de trajar-se e de apresentar-se em público, os hábitos e comportamentos indicavam o lugar ocupado pelo indivíduo, sua qualidade e posição. Entretanto, os cortesãos portugueses, com seus cetins, mesuras e formalidades, estavam inseridos numa sociedade escravista, cujo setor mais abastado da elite dedicava-se às atividades mercantis. [...]

Os habitantes da América esforçavam-se por incorporar as regras de civilidade trazidas de Lisboa, daí os cumprimentos reverenciais e a imponência com que exibiam uniformes e insígnias, numa tentativa de assemelhar-se aos recém-chegados. Introduzir-se na Corte, seguindo corretamente seu cerimonial, representava um passo importante para aqueles que desejavam favores, distinções ou os cobiçados títulos de nobreza, obtidos em função de generosas contribuições financeiras aos cofres públicos.

A obsessão com a aparência e com a opinião dos outros aliava-se à necessidade de seguir a moda, de receber condignamente em casa e de ser visto nas missas e procissões. Também era importante comparecer e comportar-se adequadamente no Real Teatro São João, inaugurado em 1813, ou nas comemorações festivas promovidas pela Família Real e pela nobreza: cortejos; bailes; recepções e banquetes. As formas de convívio social foram sendo lentamente redefinidas e os antigos costumes, adjetivados de rústicos e incivilizados.

A procura por produtos de luxo expandiu-se, assim como por serviços de modistas, chapeleiros, cabeleireiros e professores de danças, línguas e piano, instrumento cada vez mais frequente nas salas abastadas.


Página 430

Em anúncio publicado na Gazeta do Rio de Janeiro, em 2/3/1816, Girard, ostentando o pomposo título de “Cabeleireiro de sua Alteza Real, a Senhora D. Carlota, Princesa do Brasil” e de outras nobres cabeças, informava que penteia as senhoras na última moda de Paris e Londres; corta o cabelo aos homens e às senhoras, faz cabeleiras de homens e senhoras e tudo o que consiste na sua arte; tinge com a última perfeição o cabelo, as sobrancelhas e as suíças, sem causar dano algum à pele nem à roupa; e tem uma pomada que faz crescer e aumentar cabelo; água maravilhosa de Madame Martim de Paris, para fazer a pele da cara branca.

JAF, Ivan. A Corte portuguesa no Rio de Janeiro. São Paulo: Ática, 2008. p. 38. (História do Brasil através dos viajantes).

Sugestão de atividade Análise do texto

Objetivos

• Ler e interpretar o texto de forma coerente.

• Perceber aspectos sobre os hábitos alimentares brasileiros no período colonial.

Conhecer os hábitos alimentares dos brasileiros que viveram na época da chegada da família real é importante para entendermos as raízes de muitos dos hábitos alimentares da atual sociedade brasileira. Apresente aos alunos o texto a seguir, que trata desse assunto. Após o texto, apresentamos sugestões de questionamentos.

No comecinho do século XIX, quando D. João chegou ao Brasil com sua família, o dia dos habitantes da Colônia portuguesa começava cedo, por volta das oito da manhã, com uma refeição chamada... almoço. O jantar era servido lá pelas duas da tarde e, por volta das seis horas, tinha a ceia. [...] Naquela época, ainda não existia energia elétrica, portanto, as atividades tinham de ser realizadas antes de a noite chegar, quando ainda havia luz. Escravos e pessoas pobres (mestiços, ex-escravos e indivíduos vindos de Portugal) formavam a maior parte da população. Algo que não faltava em suas refeições era a farinha de mandioca — usada desde o início da colonização, por influência dos índios — e, também, a banana. Ambas eram consumidas tanto com alimentos doces quanto salgados. Um hábito, aliás, que permanece vivo até hoje entre muitos brasileiros, especialmente no Norte e no Nordeste.

No prato — de barro — da população pobre do Brasil colônia, também marcavam presença o peixe e a carne de caça, além de legumes como a abóbora ou raízes como o inhame [...].

As pessoas costumavam fazer as refeições agachadas, usando geralmente as mãos ou, então, colheres feitas de madeira de lei. Facas estavam sempre presentes e, como os pratos, as panelas eram feitas de barro. Talheres de metal — como garfos — só eram usados pelos mais ricos, que tiveram a oportunidade de estudar na Europa e, lá, conheceram as regras de boa educação à mesa. Mesmo assim, existiam em pouca quantidade nas casas: cerca de dois ou três [...].

FARIA, Sheila de Castro. Isso aqui ô ô é um pouquinho de Brasil colonial ia ia. Ciência Hoje das Crianças. Rio de Janeiro: SBPC, ano 21, n. 190, maio 2008. p. 15.



a) Quais eram os nomes das refeições dos habitantes do Brasil colonial e a que horas elas eram servidas?
Página 431

b) Como era formada a maior parte da população brasileira naquela época?

c) Cite um costume do Brasil colonial que ainda está presente no cotidiano dos brasileiros.

d) Quais eram os principais alimentos da população pobre brasileira no período colonial?

e) De que forma as pessoas costumavam fazer as refeições?

Respostas

a) No começo do século XIX, os habitantes da Colônia portuguesa almoçavam por volta das oito da manhã, jantavam lá pelas duas da tarde e, por volta das seis horas, faziam a ceia.

b) A maior parte da população brasileira era formada por escravos e pessoas pobres (mestiços, ex-escravos e indivíduos vindos de Portugal).

c) Ainda é muito comum, em várias regiões do país, que as pessoas complementem a alimentação com farinha de mandioca e comam banana com alimentos doces e salgados.

d) Os principais alimentos eram: farinha de mandioca, banana, peixe, carne de caça, legumes como a abóbora, e raízes como o inhame.

e) As pessoas costumavam fazer as refeições agachadas, usando geralmente as mãos ou, então, colheres feitas de madeira. Facas estavam sempre presentes e, como os pratos, as panelas eram feitas de barro. Talheres de metal, como garfos, só eram usados pelos mais ricos.

Investigando na prática páginas 184 e 185

• Sobre as concepções de Jean-Baptiste Debret ao representar os escravos, leia o texto a seguir.

Neste início do século XXI, os desenhos de Debret são encontrados nos mais diversos lugares: em escolas, bibliotecas e museus, na decoração de cinemas, teatros e lojas, em livros, revistas e em programas de televisão. [...]

As obras criadas pelo artista francês passaram a fazer parte da memória nacional [...]. Essas imagens constituem fontes a partir das quais é possível elaborar a história do Brasil no início do século XIX, um período extremamente criativo da sociedade brasileira em que se encerrava a etapa colonial. [...]

O artista francês, bem como Rugendas e Thomas Ender, retratou principalmente a escravidão tal como a viu no interior fluminense e nas ruas do Rio de Janeiro. Os escravos do sexo masculino predominam nas cenas pintadas e desenhadas, mas as mulheres negras também aparecem em grande número. Raros desenhos mostram o trabalho dos brancos livres, os quais exerciam atividades e profissões ligadas a comércio, transportes, artesanato e serviços, e eram padres, soldados, pequenos funcionários, capatazes, comerciantes e artesãos. [...]

Em face do escravismo e de acordo com sua visão do negro, Debret apresentou inúmeras contradições. Como liberal e ex-revolucionário, ele era contra a escravidão, mas afirmava que no Brasil ela era um mal necessário. [...]

CAMPOS, Raimundo. Debret: cenas de uma sociedade escravista. São Paulo: Atual, 2001. p. 30-4. (O olhar estrangeiro).
Página 432

Respostas

a) Os trabalhadores representados nas duas aquarelas são de origem africana, contudo, na obra Loja de barbeiros, dois deles são livres e na obra Negros vendedores de carvão e vendedoras de milho, todos parecem ser escravizados.

b) 1 – Um escravo, todo carregado, sai para a cidade.

2 – O outro, parado, e já trazendo os cestos vazios.

3 – Segura na mão a sua marimba.

4 – O milho, colhido nas roças das redondezas e trazido ainda verde para a cidade, torna-se a delícia dos escravos e de seus filhos.

5 – Compram nas praças e nas ruas, seja assado (sobre carvão em brasa), seja em [...]

grãos cozidos.



c) A aquarela nos permite verificar com mais detalhes o local em que os vendedores de carvão e de milho estão. Há várias barracas, com animais nas proximidades, como galinhas, porcos e um macaco. É possível perceber também que os escravizados foram representados sem sapatos e com roupas bastante coloridas.

d) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos escrevam sobre as informações da questão c em um formato parecido com o texto de Debret. Auxilie-os a compor um parágrafo coerente, que aborde as vestimentas das pessoas escravizadas, os animais ou a representação das mulheres na cena, por exemplo.

Página 189

• O documento a seguir é uma Ata de vereação — ato de administrar como legislador ou vereador —, escrita por José Martins da Rocha, escrivão do Senado da Câmara. Manifesta o pedido de permanência do príncipe D. Pedro dando origem ao Movimento do Fico. Se julgar conveniente, apresente-o aos alunos.

Aos 9 de janeiro do ano de 1822, nesta cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro e paços do conselho, onde se achavam reunidos em ato de vereação, na forma do seu regimento, o juiz de fora, presidente, vereadores e procurador do Senado da Câmara, abaixo assinados, por parte do povo desta cidade foram apresentadas ao mesmo Senado várias representações, que todas se dirigem a requerer que este leve a considerações de sua alteza real, que deseja que suspenda a sua saída para Portugal, por assim o exigir a salvação da pátria, que está ameaçada do iminente perigo de divisão pelos partidos, que se temem de uma independência absoluta, até que o soberano Congresso possa ser informado destas novas circunstâncias e a vista dela sacuda a este reino com um remédio pronto, que seja capaz de salvar a pátria, como tudo melhor consta das mesmas representações, que se mandaram registrar. E sendo vistas estas representações, estando presentes os homens bons desta cidade, que têm andado na governança dela, para este ato convocados, por todos foi unanimemente acordado, que elas continham a vontade dominante de todo o povo, e que urgia que fossem imediatamente apresentados a sua alteza real.

Para este fim saiu imediatamente o procurador do Senado da Câmara, encarregado de anunciar ao mesmo senhor esta deliberação e de lhe pedir uma audiência para o sobredito efeito. Voltando com a resposta de que sua alteza real tinha designado a hora do meio-dia para receber o Senado da Câmara no paço desta cidade, para ali saiu o mesmo Senado às onze horas. Sendo apresentadas a sua alteza real as


Página 433

sobreditas representações pela voz do presidente do Senado da Câmara, que lhe dirigiu a fala; depois dele o coronel do Estado-Maior às ordens do governo do Rio Grande, Manuel Carneiro da Silva e Fontoura, que tinha pedido licença ao Senado da Câmara para se unir a ele, dirigiu a fala ao mesmo senhor, protestando-lhe que os sentimentos da província do Rio Grande de São Pedro do Sul eram absolutamente conformes aos desta província. No mesmo ato, João Pedro Carvalho de Morais apresentou a sua alteza real uma carta das câmaras de Santo Antônio de Sá e de Magé, contendo iguais sentimentos.

Sua alteza real dignou-se responder com as expressões seguintes “Como é para bem de todos, e felicidade geral da nação, estou pronto, diga ao povo que fico”. E logo chegando sua alteza real às varandas do paço, disse ao povo: “Agora só tenho a recomendar-vos união e tranquilidade”. Foi a resposta de sua alteza real seguida de vivas da maior satisfação, levantados das janelas do paço pelo presidente do Senado da Câmara, e repetidos pelo imenso povo que estava reunido no largo do mesmo paço, pela ordem seguinte — Viva a religião — Viva a Constituição — Vivam as Cortes — Viva el-rei constitucional — Viva o príncipe constitucional — Viva a união de Portugal com o Brasil. Findo este ato, se recolheu o Senado da Câmara aos paços do Conselho, com os cidadãos, e os mestres do povo, que acompanharam, e o sobredito coronel da província do Rio Grande do Sul. E de tudo para constar se mandou lavrar este termo, que todos sobreditos assinaram comigo, José Martins Rocha, escrivão do Senado da Câmara, que a escrevi.

CALDEIRA, Jorge (Org.). Brasil: a história contada por quem viu. São Paulo: Mameluco, 2008. p. 316-7.



Páginas 190 e 191

• Caso julgue conveniente obter mais informações sobre a chegada da Maçonaria ao Brasil, leia o texto a seguir. Se necessário, leia-o para os alunos.

A chegada da Maçonaria ao Brasil, no final do século XVIII, pode ser entendida como um dos sinais do processo de modernização do país. A instituição foi o mais importante espaço de divulgação do ideário moderno (mesmo que mesclado com um mais tradicional) e conseguiu atrair uma parcela significativa da elite para dialogar, à sua maneira, com os ideais iluministas emergentes no período.

A atividade maçônica formou, a partir do início do século XIX, uma rede de lojas por todo o território brasileiro e organizou o que, provavelmente, foi a primeira atuação política articulada (nacional e internacionalmente) de uma instituição civil de que temos notícia no nosso país. Funcionava como uma espécie de arena para discussões voltadas ao processo de modernização, a Independência, a abdicação de Dom Pedro I, o abolicionismo, a questão religiosa, a separação da Igreja do Estado, o movimento republicano e outros assuntos menos comentados. [...]

RAMALHO, José Rodorval. A Maçonaria no século XXI. Revista de História da Biblioteca Nacional. Extraído do site: . Acesso em: 8 jun. 2015.

Página 192

• O texto a seguir trata das continuidades e permanências das estruturas coloniais no Brasil depois da independência.


Página 434

A transição da colônia para império independente caracterizou-se por um grau extraordinário de continuidade política, econômica e social. Dom Pedro I e a classe dominante brasileira assumiram o aparelho do Estado português existente, que, de fato, nunca deixou de funcionar. A economia não sofreu grandes desarranjos: os padrões de comércio e investimento se alteraram (em particular, a Inglaterra tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil e fonte de capital), mas tanto o modo “colonial” de produção quanto o papel do Brasil na divisão internacional do trabalho não foram grandemente afetados.

Não houve rebeliões sociais de maior importância: as forças populares, que de qualquer forma eram fracas — e divididas por classe, cor e posição legal — foram contidas com sucesso; nenhuma concessão relevante foi feita aos grupos menos privilegiados da sociedade; sobretudo, a instituição da escravidão sobreviveu (embora o tráfico de escravos estivesse agora sob ameaça). Fora feita uma revolução conservadora. E se considerarmos que o liberalismo radical (e o republicanismo) de 1789, 1798, 1817, 1821-1823 e 1824 fora enfrentado e derrotado, pode-se dizer que se tratou de uma contrarrevolução.

No entanto, em 1822/1823, podia-se afirmar que a independência brasileira estava incompleta. O imperador Dom Pedro I logo se tornou objeto de desconfiança dos brasileiros, sobretudo quando se recusou a romper os laços com a facção portuguesa no Brasil e, na verdade, com Portugal. Apenas com sua abdicação em favor de seu filho de cinco anos de idade, o futuro Dom Pedro II, em 7 de abril de 1831, é que finalmente se completou o processo pelo qual o Brasil se separou de Portugal. [...]

BETHELL, Leslie. História da América Latina: da Independência a 1870. São Paulo: Edusp, 2004. v. 3. p. 229-30.

Encontro com... Arte páginas 194 e 195

• As histórias em quadrinhos apresentam uma linguagem bastante peculiar. Veja o texto a seguir, que sugere algumas orientações sobre como abordar esse tipo de recurso em sala de aula.

O primeiro desafio ao utilizar as histórias em quadrinhos na sala de aula é trabalhar com uma dupla linguagem: texto e imagem. Por isso, ao propor a leitura e análise de uma história em quadrinhos, devemos construir alguns procedimentos que facilitem a análise do conjunto da produção escolhida. Sugerimos que dois aspectos sejam observados pelos alunos ao analisar uma história em quadrinhos.

• Quanto à forma: analisar a expressão dos personagens, como se vestem, os cenários e os recursos gráficos utilizados.

• Quanto ao conteúdo: analisar a caracterização psicológica dos personagens, qualidade do texto, vocabulário empregado, sentimentos que despertam, se há estereótipos ou preconceitos.

Os alunos devem também mostrar o domínio do enredo da história. Precisam saber recontar essa história e explicar se há alguma mensagem ou conclusão embutida


Página 435

no que foi lido. Por fim, opinar sobre a história fazendo alguma relação com algum conteúdo estudado ou construindo uma interpretação crítica do que foi estudado.

CATELLI JUNIOR, Roberto. Temas e linguagens da história: ferramentas para sala de aula no ensino médio. São Paulo: Scipione, 2009. p. 81-2. (Pensamento e ação na sala de aula).

Resposta

a) Os quatro pontos controversos indicados pelo professor são: o fato de a comitiva de D. Pedro estar vestindo trajes luxuosos em uma viagem longa; a utilização de cavalos e não de mulas em viagens desse tipo; a presença do riacho do Ipiranga que, na verdade, estava longe de onde a comitiva se encontrava; e a espada na mão de D. Pedro.

b) Resposta pessoal. Se julgar necessário, retome com os alunos as discussões da página 22 do capítulo 1 sobre análise de fontes históricas.

Explorando o tema páginas 196 e 197

• Para explorar melhor o tema dessa importante instituição brasileira, a Biblioteca Nacional, realize com os alunos uma dinâmica de acordo com as orientações que seguem. Será necessário acessar um computador com internet na sala de aula ou na sala de informática da escola. Caso não seja possível a realização da atividade na escola, solicite aos alunos que realizem em casa, discutindo os tópicos finais da dinâmica em conjunto com a turma.



- Visite o site da instituição com os alunos: < http://eba.im/gti5nu >. Acesso em: 21 maio 2015.

- Vocês podem conhecê-lo melhor clicando nos seguintes tópicos:

1. Missão

2. Histórico

3. BN Digital

4. Acervo – Cartografia

5. Acervo – Iconografia

6. Acervo – Manuscritos

7. Acervo – Música e acervo sonoro



- Divida a turma em 8 grupos.

- Solicite a cada grupo que escolha um tópico do site para acessar.

- Cada grupo deverá compor um resumo sobre o tópico escolhido, contando do que ele trata, quais as informações ali apresentadas, se há alguma imagem ou orientação etc.

- Por fim, os grupos deverão apresentar para o restante da turma tudo o que descobriram sobre a Biblioteca Nacional.

Respostas

• Resposta pessoal. Se julgar necessário, auxilie os alunos a obterem informações sobre a biblioteca de seu bairro ou cidade, ou a mais próxima na região.


Página 436

capítulo 9 A consolidação da independência brasileira

Objetivos

• Conhecer os principais aspectos políticos, econômicos e sociais do Brasil pós-independência.

• Analisar a formação do Estado nacional brasileiro.

• Compreender o contexto brasileiro na época da elaboração da primeira Constituição do país.

• Entender os fatores que provocaram a abdicação do imperador D. Pedro I.

• Estudar o período Regencial no Brasil.

• Identificar as principais revoltas populares que ocorreram no Brasil durante o Período Regencial.

• Perceber a diversidade étnica dos africanos que vieram para o Brasil.



7 de abril de 1831: abdicação de D. Pedro I

A surpresa decorrente da [abdicação] do imperador [D. Pedro I em 1831] exigia ação redobrada. Os frágeis compromissos que viabilizaram o processo de independência caíram por terra. Sob os ombros da geração da independência recaiu a responsabilidade de remontar o pacto político. Coube à Regência, portanto, a primazia da constituição de uma ordem política nacional, sem a mediação direta do passado representado pela figura do imperador deposto. Entretanto, esse passado ainda se fazia presente, orientando as ações políticas: para os homens que conduziram a nação após 1831, a Monarquia representava um porto seguro, enquanto a República assemelhava-se ao desvario, à desordem. Não por acaso, o povo e a tropa aclamaram o príncipe imperial ainda menino na mesma madrugada em que o imperador assinou a abdicação. [...] O interregno da menoridade exigiu da Regência capacidade de reconduzir a nação ao entendimento. Tarefa hercúlea e complexa, cujo resultado nem sempre foi profícuo. A explosão dos movimentos insurrecionais nos quatro cantos do país indicava a fragilidade do novo pacto político. A reordenação política que se impôs ao país foi batizada de “Regresso”: o retorno à política de centralização que conduziu o príncipe D. Pedro ao trono em 1840, com 15 anos incompletos (Golpe da Maioridade).

SANDES, Noé Freire. 7 de abril de 1831: abdicação de D. Pedro I. In: BITTENCOURT, Circe (Org.). Dicionário de datas da história do Brasil. São Paulo: Contexto, 2007. p. 80-1.

Abertura do capítulo páginas 202 e 203

Figura 75

• As imagens de abertura representam aspectos do contexto brasileiro após a independência, em 1822. A obra de Debret, apresentada na página 202, possibilita que sejam analisadas, por exemplo, as relações de trabalho que se mantiveram após a proclamação. Observe-a com os alunos e destaque alguns elementos, como a roupa da senhora, seus adornos de cabelo, a Igreja localizada do lado esquerdo,


Página 437

Respostas

as pessoas que aparecem em segundo plano do lado direito e os produtos que estão sendo vendidos. A imagem da página 203, por sua vez, representa a bandeira do Império do Brasil. Na imagem, é possível observar alguns símbolos: a coroa imperial, a esfera armilar e os ramos de café e de tabaco, que representam as riquezas agrícolas do país. A bandeira é composta também de um retângulo verde (cor da família real portuguesa, a Casa de Bragança), um losango amarelo (representa os Habsburgos, a família da imperatriz Leopoldina, que era austríaca) e estrelas, que representam as províncias do país naquela época. Diga ainda aos alunos que as cores da bandeira brasileira foram ressignificadas posteriormente. Leia o trecho a seguir, que comenta sobre a criação da bandeira.

É sobretudo em Debret que Pedro I irá buscar a argamassa para cimentar a identidade brasileira, pois é o francês quem fornece o símbolo primígeno da nova nação: sua bandeira.

BANDEIRA, Julio; XEXÉO, Pedro M. C.; CONDURU, Roberto. A Missão Francesa. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. p. 57.



a) As pessoas representadas são: vendedor de flores e de fatias de coco (A), uma senhora da elite (B), sua criança (C) e suas criadas (D). A imagem indica que a independência não trouxe muitas mudanças no que se refere às relações de trabalho e às desigualdades sociais entre as camadas da população.

Figura 76

A

B



D

C

Vendedor de flores e de fatias de coco. Aquarela de Jean-Baptiste Debret, 1829.

Jean-Baptiste Debret. 1829. Aquarela. 17,5 x 23,2 cm. Museus Castro Maya, Rio de Janeiro (RJ)

b) Sim. A cor verde de fundo e o losango amarelo. Explique aos alunos que o verde da bandeira representava a casa de Bragança, da qual D. Pedro I descendia, e o amarelo representava a casa de Habsburgo, da qual a rainha Leopoldina, mulher de D. Pedro I, descendia.

c) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos conheçam a figura de D. Pedro I e algumas de suas ações, por exemplo, a proclamação da independência, abordada no capítulo 8.
Página 438

Páginas 204 e 205

• A imagem intitulada Funcionário do governo saindo com sua família, apresentada na página 204, foi produzida por Jean-Baptiste Debret, no início do século XIX. A seguir, o comentário do próprio Debret sobre a cena retratada.



Figura 77

Aquarela feita por Debret representando um membro da elite brasileira saindo a passeio com sua família e escravos.

Jean-Baptiste Debret. Séc. XIX. Aquarela. 19,2 x 24,5 cm. Museus Castro Maya, Rio de Janeiro (RJ)

A cena aqui desenhada representa a saída a passeio de uma família de fortuna média cujo chefe é funcionário do governo. Segundo o antigo hábito ainda observado nessa classe, o chefe de família vai à frente, seguido imediatamente de seus filhos, enfileirados por ordem de idade, o mais moço sempre em primeiro; em seguida, vem a mãe, ainda grávida; atrás dela, sua criada de quarto, escrava mulata, infinitamente mais apreciada no serviço do que uma negra; em seguida a ama de leite negra, a escrava da ama de leite, o negro doméstico do senhor, um jovem escravo que está aprendendo o serviço; segue-se o novo negro, recém-comprado, escravo de todos os outros [...].

Há alguns anos, por imitação dos hábitos franceses, passou a ser de bom-tom que os cavalheiros, no passeio, deem o braço às senhoras casadas ou viúvas, e as senhoritas, caminhando duas a duas, se deem o braço mutuamente, maneira infinitamente mais cômoda de manter uma conversa antes travada sem se olharem: dissimulação exigida ou garantia inútil do silêncio que gostavam de chamar decência.

DEBRET, Jean-Baptiste. In: ALENCASTRO, Luiz Felipe de et al. Rio de Janeiro, cidade mestiça: nascimento da imagem de uma nação. Trad. Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 36.

• O texto a seguir trata da sociedade brasileira no período pós-independência. Caso julgue conveniente, apresente-o aos alunos.

[...] Quando da emancipação política do país em 1822, o Brasil comportava uma das maiores populações escravas das Américas, juntamente com a maior população livre afrodescendente do continente.

Naquela ocasião, quando o Brasil surgia como nação moderna no mundo ocidental, a opção por uma monarquia constitucional de base liberal teoricamente considerava todos os homens cidadãos livres e iguais. Apesar disso, a instituição da escravidão permaneceu inalterada, garantida que era pelo direito de propriedade reconhecido na nova Constituição. Frequentemente esta tem sido apontada como uma distorção típica do processo de emancipação política do Brasil, que teria se feito sob a égide do Príncipe português e sob o controle de proprietários de escravos. Nesse contexto, a manutenção da escravidão se tornaria o principal limite do pensamento liberal no Brasil, na chamada geração de Independência. Em algumas interpretações mais radicais, o liberalismo no Brasil monárquico seria considerado até mesmo como uma simples importação artificial de ideias europeias, que para além da defesa do livre comércio, pouco se adequavam à realidade brasileira.

MATTOS, Hebe Maria. Escravidão e cidadania no Brasil monárquico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. p. 7-8.


Página 439

Página 206

• Comente com os alunos que, para que a independência do Brasil tivesse um significado jurídico, era necessário seu reconhecimento no quadro diplomático internacional. Os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil, em 1824. Portugal só a reconheceu em 1825, depois de uma série de negociações entre o governo brasileiro e os políticos portugueses, intermediada pela Inglaterra. Nessa ocasião, o Brasil teve de pagar uma indenização altíssima para Portugal e, para tanto, emprestou dinheiro da Inglaterra.

• Sobre a imagem da Batalha do Jenipapo, utilize as informações a seguir para explorá-la com os alunos.

Figura 78

• Obra produzida em 2003 por Francisco Paz, conhecido como Artes Paz, artista plástico da cidade de Campo Maior, no Piauí. Nela, foram representadas populações do Piauí, do Maranhão e do Ceará enfrentando tropas leais à Coroa portuguesa.

• As tropas oficiais pretendiam marchar até a cidade de Oeiras (capital do Piauí, na época) para, a partir dessa cidade, criar o foco de resistência que lutaria contra a região ao sul do país, já dominado pelos revolucionários da Independência.

• Mesmo sem perder a batalha, as tropas leais a Portugal ficaram sem mantimentos e tiveram que se refugiar na cidade de São Luís, Maranhão, onde acabaram sendo cercadas e obrigadas a se render.

• Observando a imagem, é possível perceber a diferença de armamentos entre os dois exércitos: enquanto os revolucionários lutam com facões, machados e algumas espingardas, os legalistas disparam um tiro de canhão.

• Historiadores apontam que, caso as tropas legalistas continuassem avançando até Oeiras, elas acabariam por se fortalecer e prolongar a Guerra de Independência por mais alguns anos.

Pintura que representa a Batalha do Jenipapo, ocorrida no Piauí em 1822.

Artes Paz. 2003. Óleo sobre tela. 140 x 300 cm. Museu do Monumento do Jenipapo, Campo Maior (PI)


Página 440

História em construção página 208

• A respeito da participação das diversas regiões do Brasil nas lutas de independência, leia o trecho de uma entrevista do historiador João Paulo Garrido Pimenta, citado na seção e que tem dado importantes contribuições para o estudo desse tema.

Quanto à permanência de alguns cânones da historiografia do tema, isso é verdadeiro, e cria zonas nebulosas para a sua devida compreensão. Tomemos, mais especificamente, a independência: felizmente, ela vem sendo descortinada cada vez mais por investigadores de alto nível e em seus muitos quadrantes espaciais, embora conheçamos muito mais sobre o “centro-sul” do que as demais partes envolvidas no processo. A formação de identidades coletivas em relação a ela ainda é pouquíssimo estudada, embora haja bons trabalhos sobre Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Já a luta política e a participação de diversos grupos sociais vêm merecendo cada vez mais estudos. Eu sou otimista, porque os estudos são cada vez mais numerosos, e de melhor qualidade. [...]

Não é uma situação negativa continuar estudando o Rio de Janeiro, Minas Gerais ou São Paulo, mas sim fazê-lo ignorando-se as realidades de outras partes. Assim como não adianta estudar Pernambuco, Pará ou Maranhão sem considerar os centros políticos do centro-sul, isso seria uma simples inversão de sinais em uma equação cujo resultado seguiria idêntico. Recomendo muito cuidado com essa crítica aos estudos focados nos principais centros políticos de composição e gestação do estado nacional brasileiro porque há que se pensar uma totalidade diversa, dinâmica e muito difícil de ser aprendida nos seus devidos termos, da qual esses centros são... centros! Uma parte precisa da outra. Eis o desafio. Muita coisa ainda precisa ser feita nessa direção.

PIMENTA, João Paulo Garrido. In: Independências, Nação e Historiografia: uma entrevista com João Paulo Garrido Pimenta. Revista Eletrônica Cadernos de História, v. 8, ano 4, n. 2, dez. 2009. p. 143-4. Extraído do site: . Acesso em: 6 maio 2015.

Respostas

a) Os estudos mais recentes indicam que houve participação popular nos movimentos de independência do Brasil.

b) O monumento tem sido criticado porque ele indica que a independência foi uma simples “doação” de D. Pedro I ao povo brasileiro. Espera-se que os alunos exponham sua opinião sobre o tema.

Página 209

• Comente com os alunos que a Constituição de 1824 instituiu a eleição em duas etapas, que funcionava da seguinte maneira: primeiro, os votantes escolhiam aqueles que elegeriam os deputados e senadores, ou seja, escolhiam os eleitores. Os eleitores, por sua vez, escolhiam os deputados e senadores.

• O texto a seguir trata da legislação eleitoral brasileira estabelecida com a Constituição de 1824. Leia-o.
Página 441

[...] Com todo o seu liberalismo, a Constituição [de 1824] ignorou a escravidão, como se ela não existisse. [...] Assim, apesar de constituir um avanço no que se refere aos direitos políticos, a independência, feita com a manutenção da escravidão, trazia em si grandes limitações aos direitos civis. [...]

A Constituição outorgada de 1824, que regeu o país até o fim da Monarquia, combinando ideias de Constituições europeias, como a francesa de 1791 e a espanhola de 1812, [...] regulou os direitos políticos, definiu quem teria direito de votar e ser votado. Para os padrões da época, a legislação brasileira era muito liberal. Podiam votar todos os homens de 25 anos ou mais que tivessem renda mínima de 100 mil réis. Todos os cidadãos qualificados eram obrigados a votar. As mulheres não votavam, e os escravos, naturalmente, não eram considerados cidadãos. Os libertos podiam votar na eleição primária. A limitação de idade comportava exceções. O limite caía para 21 anos nos casos dos chefes de família, dos oficiais militares, bacharéis, clérigos, empregados públicos, em geral de todos os que tivessem independência econômica. A limitação de renda era de pouca importância. A maioria da população trabalhadora ganhava mais de 100 mil réis por ano. [...] O critério de renda não excluía a população pobre do direito do voto. [...] A lei brasileira permitia ainda que os analfabetos votassem. Talvez nenhum país europeu da época tivesse legislação tão liberal.

A eleição era indireta, feita em dois turnos. No primeiro, os votantes escolhiam os eleitores, na proporção de um eleitor para cada 100 domicílios. Os eleitores, que deviam ter renda de 200 mil réis, elegiam os deputados e senadores. [...]

Esta legislação permaneceu quase sem alteração até 1881. Em tese, ela permitia que quase toda a população adulta masculina participasse da formação do governo. Na prática, o número de pessoas que votavam também era grande, se levados em conta os padrões dos países europeus. De acordo com o censo de 1872, 13% da população total, excluídos os escravos, votavam. [...] Para efeito de comparação, observe-se que em torno de 1870 a participação eleitoral na Inglaterra era de 7% da população total; na Itália, de 2%; em Portugal, de 9%; na Holanda, de 2,5%. O sufrágio universal masculino existia apenas na França e na Suíça, onde só foi introduzido em 1848. [...]

CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. p. 28-31.

Para explorá-lo com os alunos, você pode realizar as seguintes questões e estabelecer uma conversa sobre o tema.

- Por que a Constituição brasileira de 1824, apesar de ser considerada avançada em relação aos direitos políticos, trazia limitações aos direitos civis?

- Como era a eleição naquela época? Quem podia votar? Quem não podia?

- De acordo com o texto, qual era a porcentagem da população brasileira livre que podia votar? E em outros países, qual porcentagem da população votava?

- De acordo com os padrões da época, como o autor do texto define a legislação eleitoral brasileira?

Página 210

• Explique aos alunos que as palavras inscritas na bandeira da Confederação do Equador representavam alguns dos ideais dos partidários do movimento. Explore a imagem com os alunos, de acordo com as informações a seguir.


Página 442

Figura 79

A Religião indica a participação de membros da Igreja na revolta, como frei Caneca.

No centro da mão é possível notar o olho da Providência.

Acima do quadrado da bandeira, vemos uma mão simbolizando a justiça.

Em volta do quadrado, os ramos representam as riquezas do Nordeste: a cana-de-açúcar e o algodão.

Com a revolta, eles pretendiam ter a Independência, Liberdade e União dos quatro estados, representados pelas estrelas dispostas no centro da bandeira: Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.

Séc. XIX. Coleção particular

Página 211

• Comente com os alunos que, mesmo com o nascimento e a independência da República Oriental do Uruguai, a sua Constituição ficou submetida à prévia aprovação do Brasil e da Argentina. A medida visava evitar a criação de artigos que pudessem pôr em risco a segurança dos países vizinhos dessa república.



Páginas 214 e 215

• Comente com os alunos que, além dos escravos e ex-escravos, outros grupos sociais participaram do Levante dos Malês, ocorrido na Bahia em 1835. Alguns historiadores afirmam que provavelmente o movimento pretendia unir os afro-brasileiros que habitavam a cidade de Salvador com os que habitavam as regiões rurais do Recôncavo Baiano. Esse levante possui grande valor histórico, pois a análise dos relatórios feitos pela polícia para punir os culpados constitui uma das principais fontes sobre a escravidão urbana e a cultura de origem africana na América.


Página 443

Páginas 216 e 217

• Uma das importâncias de se estudar a história da África está em conhecer mais a fundo esses povos que contribuíram de forma essencial na formação da cultura brasileira. Apresente aos alunos o texto a seguir, que aborda os elementos herdados das tradições e culturas africanas. Após o texto, veja as questões que seguem e realize as discussões sugeridas com os alunos.



A formação da cultura afro-brasileira*

[...] Africanos vindos de diferentes regiões emprestavam uns aos outros crenças e ritos religiosos, lendas, conhecimentos práticos e iam formando uma cultura africana no Brasil diferente das que existiam na África, pois misturava elementos de várias delas.

[...] As tradições afro-brasileiras continuaram sendo cultivadas, como ainda hoje são, como forma de afirmação de identidades das comunidades negras e mestiças. É na cultura popular, menos exposta a influências do mundo moderno, que as tradições são mantidas com mais intensidade. Assim, muitos continuaram vivendo sua vida de forma parecida com a de seus pais. [...]

Nos cultos religiosos afro-brasileiros reverenciavam espíritos e ancestrais africanos. [...] Nos jongos e batuques se divertiam e aproveitavam a companhia de amigos, [...] além das danças, e da solução de enigmas lançados pelas letras de músicas. [...] Nas congadas e nos maracatus festejavam seus reis, dançavam para os santos católicos dos quais eram devotos, representavam episódios nos quais contavam suas histórias de forma teatral e idealizada. Nas rodas de capoeira mostravam sua flexibilidade, sua ginga, seu ritmo, brincando e entretendo os que assistiam. E tudo isso continua sendo feito hoje em dia Brasil afora. [...]

Se passarmos dos ritos religiosos, festas, danças e músicas — alimentos do espírito — para esferas mais materiais, veremos a influência africana na culinária brasileira [...]. Ainda no que toca aos aspectos materiais da vida, é bom lembrar que muitas técnicas de produção e confecção de objetos foram trazidas para o Brasil por africanos, que além da sua força de trabalho também nos deram alguns de seus conhecimentos. [...] Artesãos e especialistas trouxeram não só suas técnicas, mas também seus padrões estéticos, presentes nas formas, nas decorações, nas cores das coisas que faziam. [...]

SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006. p. 90-1; 125-6; 135-6.

*Título dado pelos autores.

- De acordo com o texto, por que a cultura afro-brasileira é diferente das tradições que existiam na África? Comente que quando os africanos, vindos de diferentes regiões da África, chegaram ao Brasil, eles compartilharam entre si suas crenças, ritos religiosos, lendas e conhecimentos práticos, específicos de cada lugar. Esses elementos somados constituíram a cultura afro-brasileira, bem diferente das culturas que existiam na África.

- Ainda hoje as tradições afro-brasileiras se mantêm vivas? Explique que essas tradições se mantêm vivas como forma de afirmação de identidades das comunidades negras e mestiças. Além disso, a cultura popular, por ser menos exposta a influências do mundo moderno, acaba preservando com mais intensidade essas tradições.

- Quais foram os legados técnicos deixados pela presença africana no Brasil?
Página 444

Comente que o legado técnico africano no Brasil pode ser verificado nas técnicas de produção e de confecção de objetos utilizados por profissionais brasileiros. Muitos africanos trazidos para o Brasil eram artesãos e especialistas que trouxeram para cá seus próprios padrões estéticos e decorativos.



- Discuta alguns elementos da cultura afro-brasileira com os alunos, como os cultos religiosos afro-brasileiros, os jongos e os batuques, a congada e o maracatu, a capoeira, além da influência na culinária.

- Após a discussão dos diversos fatores elencados acima, promova uma conversa em sala de aula que aborde a importância da valorização da influência africana na composição da cultura brasileira.

• Sobre as representações feitas por Johann Moritz Rugendas, apresentadas nas páginas 216 e 217, leia o texto a seguir.

Em um artigo fascinante, Robert Slenes, professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), relata como Rugendas argutamente observou que muitos daqueles escravos africanos, angolas, congos, benguelas, monjolos, cabindas, rebolos, moçambiques, vindos das regiões mais variadas da África, rapidamente podiam conversar entre si.

De volta à Europa em 1825, Rugendas passou essas informações a estudiosos, incluindo um geógrafo e etnólogo italiano chamado Adriano Balbi (1782-1848). No seu tratado Atlas ethnographique du globe (‘Atlas etnográfico do globo’), Balbi proclamara a existência de uma grande família linguística ao sul do Equador na África [...].

Em seu artigo, Slenes cita Balbi: “No momento de soltar esta folha para ser impressa, um feliz acidente nos levou a conhecer o Sr. Maurice (Johann Moritz) Rugendas, chegado há pouco do Brasil”, onde “tivera a perspicácia de interrogar os numerosos africanos que o abominável comércio de escravos ainda leva a esse império do Novo Mundo”.

Somente em 1860 essa família linguística (que sabemos hoje conter 87 línguas) receberia o nome de Bantu, palavra que significa “homem” na grande maioria desses idiomas. Como diz Slenes, “pode-se dizer, portanto, sem exagero, que através de Rugendas a Europa descobriu no Brasil uma parte importante da África”.

PENA, Sergio. Descobrindo a África no Brasil. Ciência Hoje, 10 out. 2008. Extraído do site:


Yüklə 0,59 Mb.

Dostları ilə paylaş:
1   ...   32   33   34   35   36   37   38   39   ...   42




Verilənlər bazası müəlliflik hüququ ilə müdafiə olunur ©genderi.org 2024
rəhbərliyinə müraciət

    Ana səhifə