História 8º ano



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. Acesso em: 10 abr. 2015.

Respostas

a) De acordo com o relato, os colonizadores se apossavam dos territórios e, quando encontravam alguma resistência, travavam sangrentas guerras para dominá-los.

b) Espera-se que os alunos reconheçam o direito da população nativa às terras em que tradicionalmente vivem e que lhes foram tomadas pelos colonizadores.
Página 398

capítulo 5 A Revolução Francesa e o Império Napoleônico

Objetivos

• Conhecer o contexto político, social e econômico francês antes da Revolução.

• Estudar o processo revolucionário francês.

• Reconhecer a importância da participação popular na luta por melhores condições de vida.

• Perceber a importância da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

• Entender os elementos do calendário revolucionário francês.

• Identificar os principais aspectos do Império Napoleônico.

• Compreender o que foi o Bloqueio Continental e suas principais consequências.



O significado da Revolução Francesa

A Revolução Francesa foi um período decisivo na formação do Ocidente moderno. Ela implementou o pensamento dos filósofos, destruiu a sociedade hierárquica e corporativa do Antigo Regime, promoveu os interesses da burguesia e acelerou o crescimento do Estado moderno.

Assim, a Revolução Francesa enfraqueceu a aristocracia. Eliminados seus direitos e privilégios feudais, os nobres tornaram-se simplesmente cidadãos comuns [...]. Transformou o Estado dinástico do Antigo Regime no Estado moderno: nacional, liberal, secular e racional. Quando a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão afirmou que “a fonte de toda soberania reside essencialmente em uma Nação”, o conceito de Estado assumiu um significado novo. O Estado já não era apenas um território ou federação de províncias; não era apenas a posse privada de reis que se diriam delegados de Deus na Terra. De acordo com a nova concepção, o Estado pertencia ao povo como um todo, e o indivíduo, antes súdito, era agora cidadão com direitos e deveres, governado por leis que não estabeleciam distinções baseadas na ascendência. [...]

Negando qualquer justificativa divina para o poder do monarca e privando a Igreja de sua posição especial, a revolução acelerou a secularização da vida política europeia [...]. A revolução aboliu as obrigações senhoriais dos camponeses, que embaraçavam a agricultura, e eliminou as barreiras à expansão da economia; baseou os impostos na renda e simplificou sua coleta. O fim dos remanescentes feudais, das tarifas internas e das guildas acelerou a expansão de uma economia competitiva de mercado [...].

A Revolução Francesa também liberou duas forças potencialmente destrutivas, identificadas com o Estado moderno: a guerra total e o nacionalismo. Elas contrariavam os objetivos racionais e universais dos reformadores, tal como expressos pela Declaração dos Direitos do Homem [...] [A] Revolução Francesa criou o recrutamento e a mobilização de todos os recursos do Estado para o conflito armado [...] [e] também deu origem ao nacionalismo moderno. A lealdade era dirigida para toda a nação, e não a uma aldeia ou província, ou à pessoa do rei.

PERRY, Marvin. Civilização Ocidental: uma história concisa. 3. ed. Trad. Waltensir Dutra; Silvana Vieira. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 348-9.


Página 399

Abertura do capítulo páginas 100 e 101

Figura 57

• As análises das imagens de abertura favorecem uma discussão inicial sobre um dos temas do capítulo: a Revolução Francesa. A cena da execução de Luís XVI, por exemplo, simboliza um dos ideais propagados pelos revolucionários: o fim do Antigo Regime e dos privilégios da monarquia e da nobreza. Observe com os alunos como a cerimônia de execução foi representada, verificando o instrumento que era utilizado, a quantidade de pessoas presentes, quem eram essas pessoas, seus uniformes etc. Já a charge da página 101 traz a representação dos três grupos sociais que compunham a França absolutista até o momento da eclosão da Revolução Francesa e da queda da Bastilha. O terceiro estado, representado pelo personagem deitado, é mostrado pegando em armas e os outros dois personagens (um representante da nobreza e outro do clero) estão com um expressão de pavor diante dessa atitude.



Respostas

a) Resposta pessoal. Se julgar necessário, auxilie os alunos com a resposta, explicando-lhes que o rei foi morto porque foi condenado pelos crimes de tirania e traição à nação. Ele apoiava os outros monarcas absolutistas e foi pego tentando fugir do país em colaboração com movimentos contrarrevolucionários.

b) Os três personagens da charge representam, da esquerda para a direita: a nobreza (o segundo estado), o clero (o primeiro estado) e o restante da população, composta por burgueses, artesãos, trabalhadores rurais e urbanos (o terceiro estado). Esse último personagem é representado se desprendendo dos grilhões para pegar em armas. Com base na análise dessa fonte, nota-se que o terceiro estado, ou seja, a maior parte da população, estava se rebelando contra os clérigos e nobres, representando o contexto que desencadeou na Revolução Francesa.

c) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos compartilhem seus conhecimentos prévios a respeito do movimento revolucionário em questão.

Página 104

• Os eventos ligados à convocação dos Estados Gerais, combinados com o contexto socioeconômico que era vivido pela França na segunda metade do século XVIII, tiveram grande influência no início do movimento revolucionário. Leia o comentário a seguir, do historiador Eric J. Hobsbawm.

O Terceiro Estado tinha lutado acirradamente, e com sucesso, para obter uma representação tão grande quanto a da nobreza e a do clero juntas, uma ambição moderada para um grupo que oficialmente representava 95% do povo. E agora lutava com igual determinação pelo direito de explorar sua maioria potencial de votos, transformando os Estados Gerais numa assembleia de deputados que votariam individualmente, ao contrário do corpo feudal tradicional que deliberava e votava por “ordens” ou “estados”, uma situação em que a nobreza e o clero poderiam sempre derrotar o Terceiro Estado. Foi aí que se deu a primeira vitória revolucionária. [...]

O Terceiro Estado obteve sucesso, contra a resistência unificada do rei e das ordens privilegiadas, porque representava não apenas as opiniões de uma minoria militante e instruída, mas também as de forças bem mais poderosas: os trabalhadores pobres das cidades, especialmente de Paris, e em suma, também, o campesinato revolucionário.

HOBSBAWM, Eric J. A era das Revoluções. 20. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006. p. 92-3.
Página 400

Figura 58

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Multidão de parisienses durante a tomada da Bastilha. Pintura de autor desconhecido, 1789.



Autor desconhecido. 1789. Óleo sobre painel. Museu Carnavalet, Paris (França). Foto: Art Images Archive/Glow Images

Explorando a imagem página 105

a) O prédio da Bastilha está situado ao fundo na imagem (1). Ele foi representado como uma fortaleza, com muros resistentes e altos.

b) O povo está atacando os portões do prédio e bombardeando a construção (2). As armas representadas na imagem são de diversos tipos, como bombas (3), pedaços de madeira, lanças (4) etc.

c) Porque a Bastilha era um dos símbolos do poder absoluto do rei, pois nela eram presas as pessoas que se opunham ao governo.

Página 106

• A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que havia sido aprovada pela Assembleia Nacional em 1789, só foi publicada em 1791, como um preâmbulo para a Constituição da monarquia francesa. Leia a seguir alguns artigos dessa declaração.

I - Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos; as distinções sociais não podem ser baseadas senão na utilidade comum.

II - O objetivo de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem; esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.

III - O princípio de toda a soberania reside essencialmente na nação; nenhuma corporação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.

IV - A liberdade consiste em poder fazer tudo aquilo que não prejudique a outrem. Assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem outros limites senão os que assegurem aos outros membros da sociedade o gozo desses mesmos direitos; esses limites não podem ser determinados senão pela lei.

V - A lei não tem senão o direito de proibir as ações prejudiciais à sociedade. Tudo que não seja proibido pela lei não pode ser impedido e ninguém pode ser obrigado a fazer o que ela não ordene. [...]

IX - [...] Todo [acusado é] considerado inocente até que seja declarado culpado. [...]

X - Ninguém deve ser molestado por suas opiniões, mesmo religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei. [...]

XV - A sociedade tem o direito de pedir a todo agente público contas pela sua administração. [...]

XVII - Sendo a propriedade um direito inviolável e sagrado, ninguém [dela] pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública, legalmente [comprovada], o exigir [...] e sob condição de justa [...] e prévia indenização.

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. In: MONDAINI, Marco. Direitos Humanos. São Paulo: Contexto, 2006. p. 66-7.


Página 401

Página 107

• Comente com os alunos sobre a participação ativa de mulheres durante a Revolução Francesa. Essa participação foi marcada tanto pela presença feminina nos confrontos armados como pela formação de clubes políticos, que divulgavam manifestos em prol da emancipação das mulheres. Foram escritos textos abordando os problemas do cotidiano das mulheres na época, como o trabalho excessivo e marginalizado, os maus-tratos, o tratamento jurídico desigual, a impossibilidade de participação na política do Estado etc. Olympe de Gouges dizia, por exemplo, que se à mulher delegava-se o direito de subir no cadafalso, também poderia ela subir em uma tribuna para discursar e declarar suas ideias em público. A ampla participação das mulheres francesas no processo revolucionário prosseguiu até 1795. Nesse ano, elas se organizaram em uma insurreição contra a fome pela qual passava a população, gritando o lema “Pão e Constituição”. Após a manifestação, elas foram proibidas, pela Convenção Nacional, de se reunir em público. Mas o legado por elas deixado foi retomado pelo movimento feminista que despontou na segunda metade do século XIX, principalmente nos Estados Unidos.

• Comente com os alunos que o Tribunal Revolucionário que julgou e condenou à morte Olympe de Gouges foi instituído em 1793 pela Convenção Nacional. Um de seus principais criadores foi o advogado e político francês Georges-Jacques Danton. Caso queira aprofundar o tema com os alunos, apresente-lhes as seguintes informações.

Em 16 de março de 1793, Danton solicitou a aprovação de uma taxa a ser paga pelos ricos e a criação do Tribunal Revolucionário: “Sejamos terríveis para dispensar o povo de sê-lo, organizemos um tribunal, não o melhor — é impossível — porém o menos mal que se puder, para que a clava da lei atinja a cabeça de todos os seus inimigos”. [...]

O decreto de 10 de março de 1793 dispusera que este só podia julgar os crimes de conspiração e delitos nacionais por meio de decreto e acusação apresentado pela Convenção. Doravante o promotor público pode mandar prender e julgar todos os réus desses crimes, com exceção dos deputados, ministros e generais, a partir de simples denúncia das autoridades constituídas. [...]

Em Paris, o Tribunal Revolucionário foi reforçado: dezesseis juízes em vez de cinco, sessenta jurados em lugar de doze, cinco substitutos para o promotor público. O pessoal era nomeado pelos Comitês de Salvação Pública e de segurança geral. [...] Os julgamentos deviam ser executados em 24 horas, sem possibilidade de recurso. Os tribunais criminais ordinários podiam remeter-lhe os assuntos que pareciam ser de sua alçada. Foram implantados tribunais revolucionários em Estrasburgo, Brest e Nancy, segundo o modelo do de Paris.

TULARD, Jean. História da Revolução Francesa (1789-1799). Trad. Sieni Maria Campos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. p. 168; 174; 198.

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• Aproveite para explorar a imagem dessa página com alunos e identifique com eles alguns dos símbolos da Revolução Francesa. A árvore da liberdade (1) representa o espírito de liberdade da República francesa. O barrete frígio vermelho (2) era utilizado pela população mais pobre e até hoje está presente em símbolos republicanos franceses. As cores da bandeira francesa (3) estão representadas em diversos adornos e simbolizam o Poder Legislativo (azul), o Poder Executivo (branca) e o povo (vermelha). Comente também que entre a população há pessoas de diversas idades (4). Além disso, podem-se observar alguns músicos (5).


Página 402

Figura 59

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População de Paris planta a “árvore da liberdade”, que simboliza a Revolução Francesa. Gravura dos irmãos Lesueur, cerca de 1792.



Irmãos Lesueur. c. 1792. Guache sobre cartão. Museu Carnavalet, Paris (França). Foto: Akg-Images/Latinstock

História em construção página 111

• Desde a Revolução Francesa, os termos “ esquerda ” e “ direita ” sofreram algumas alterações e adaptações, de acordo com cada contexto em que eram utilizados. Sobre o uso desses termos na atualidade, leia o texto a seguir, e comente com os alunos sobre a importância de verificarmos a historicidade desses conceitos.

A distinção original entre defesa da ordem ou da mudança correspondia a uma disposição espacial e ao longo do século XIX na Europa a distinção entre esquerda e direita passa a ser associada com a distinção entre liberalismo e conservadorismo.

Com a expansão do movimento operário e a difusão da perspectiva marxista o conteúdo da posição de esquerda passa a incorporar a defesa dos interesses da classe proletária. Com os debates da social-democracia no final do século XIX e a revolução russa de 1917, a defesa do capitalismo desloca a burguesia para a direita.

A emergência do keynesianismo a partir da década de 1930, por sua vez, e dos estados de bem-estar social com suas políticas redistributivas, reforçaram a oposição entre a liberdade de mercado e o Estado interventor, deslocando também o liberalismo para a direita.

Esse rápido histórico pretendeu mostrar que o conteúdo das categorias de esquerda e direita mudou consideravelmente ao longo do tempo. Entretanto, o significado que vincula a defesa da igualdade social, herdeira de princípios socialistas, com a esquerda, e a defesa do livre mercado capitalista com a direita parece ter sobrevivido aos rearranjos mundiais do final do século XX. [...]

Esse significado de esquerda e direita, entretanto, não está isento de controvérsias. Contribuem para a polêmica a distinção entre liberalismo econômico e liberalismo político, a frequente confusão com a dimensão progressista-conservador, os partidos religiosos na Europa, as peculiaridades do sistema partidário norte-americano, o fundamentalismo, o fascismo, o esmorecimento das fronteiras entre as bases sociais de classe dos partidos, e, mais recentemente, o neoconservadorismo e a dificuldade de enquadrar as chamadas questões pós-materialistas, tais como a questão ambiental e as questões étnicas e de nacionalidades, por exemplo.

TAROUCO, Gabriela da Silva; MADEIRA, Rafael Machado. Partidos, programas e o debate sobre esquerda e direita no Brasil. Revista de Sociologia e Política. v. 21, n. 45, 2013. Extraído do site: . Acesso em: 13 abr. 2015.


Página 403

Respostas

a) Os termos são derivados da localização em que os grupos políticos sentavam-se em relação ao presidente da Convenção, durante o contexto da Revolução Francesa.

b) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos já tenham escutado em veículos de informação ou em casa esses termos. Estimule-os a comentar sobre essas experiências com os colegas.

Página 113

• Sobre a independência do Haiti, comente com os alunos que, enquanto os franceses passavam pelo chamado período do Terror, os africanos escravizados da colônia francesa de Santo Domingo, localizada nas Antilhas, lutavam por sua liberdade. Desde o final do século XVIII, essa colônia era uma grande produtora e exportadora de açúcar para a Europa. Sua economia era baseada no sistema escravista de plantation, gerando muitos lucros para as elites. Os africanos escravizados sofriam muitos maus-tratos, o que acabou criando um forte sentimento de revolta contra a elite local.

• Aproveitando-se da crise política na França, provocada pela Revolução Francesa, os africanos escravizados de Santo Domingo organizaram levantes em toda a colônia. Em 1793, o governo revolucionário francês declarou o fim da escravidão, exaltando os ânimos em Santo Domingo. Em 1794, o ex-escravo Toussaint L’Ouverture organizou um amplo movimento pela reivindicação da independência da colônia. Além de divulgar ideais iluministas, ele preparou militarmente os insurgentes, comandando-os em uma série de guerras contra os latifundiários locais e o exército francês. Vitorioso, Toussaint L’Ouverture se tornou governador da colônia. Porém, acabou sendo preso em 1803 pelo exército francês. Com isso, seu aliado, Jean-Jacques Dessalines, assumiu o poder e, em janeiro de 1804, a colônia conquistou sua independência. A partir de então, a colônia francesa de Santo Domingo passou a se chamar Haiti. A notícia da independência da ex-colônia francesa logo se espalhou pela América. No Brasil, virou assunto conhecido pelos africanos escravizados e por seus proprietários, que temiam que as premissas da revolução haitiana fossem difundidas entre os cativos.

• Na atualidade, os mitos em torno do Haiti ainda existem. Em 2010, um grande terremoto devastou o país, dificultando a sobrevivência de milhões de haitianos. Em decorrência do desastre, nos anos seguintes, muitos haitianos migraram para o Brasil em busca de trabalho. Nesse episódio, autoridades brasileiras tentaram restringir a entrada desses imigrantes no país. Segundo alguns historiadores, muito desse temor relacionado aos haitianos provém do Brasil do século XIX, momento em que a influência do Haiti com seus ideais de liberdade provocavam preocupação e medo na elite formada pelos senhores dos africanos escravizados.

Do mesmo modo, mitificou-se a ideia de que o Haiti só produz pobreza. No entanto, a partir de novas pesquisas, alguns historiadores afirmam que, logo após a sua independência, o Haiti desenvolveu um sistema de pequenas propriedades rurais e que a economia foi descentralizada, formando uma espécie de agricultura sustentável, com o cultivo alternado de frutos e raízes.

Figura 60

Após o terremoto que devastou a região do Haiti, a população busca se reerguer. Investimentos em saúde e educação, por exemplo, são fundamentais. Fotografia de sala de aula no Haiti, em 2014.

glenda/Shutterstock/Glow Images
Página 404

Esse sistema tornou-se uma alternativa ao sistema de plantation, no qual muitos escravos trabalharam. Essas alternativas propiciaram uma melhor condição de vida aos habitantes do Haiti, se comparada com a situação dos africanos e afrodescendentes que viviam em outros países da América.



Página 114

• Jornalista da região da Picardia, François-Noël Babeuf acompanhou a Revolução Francesa desde o princípio, e percebeu os rumos conservadores que esta vinha tomando. Mesmo com as conquistas da Revolução, os indivíduos pobres continuavam oprimidos, porém agora por uma classe diferente: a alta burguesia. Babeuf acreditava que a única maneira de alcançar a igualdade seria por meio de uma divisão igualitária das terras e também por meio da abolição da propriedade privada. Seus ideais de igualdade foram primeiramente difundidos no Le Correspondant Picard (1789), jornal de sua autoria, que lhe rendeu sua primeira condenação. Em 1794, fundou um novo periódico, Le Tribun du Peuple. Nesse veículo, propôs a criação de um fundo nacional que garantisse a subsistência dos pobres, a educação gratuita e a contratação de médicos pelo governo, para que a saúde também pudesse ser gratuita e para todos.

• Por defender ideais de distribuição de terras e riquezas similares aos do estadista romano Caio Graco, adotou o pseudônimo de Graco Babeuf. Sob essa assinatura, em 1795, criou e liderou a Conspiração dos Iguais, movimento que defendia o retorno da Constituição de 1791 e a instauração dos princípios de igualdade. O movimento, também chamado de babovista, foi sufocado pelo governo do Diretório e seu líder foi preso e condenado à morte na guilhotina em 1797.

Página 115

• Os 12 meses do Calendário Revolucionário ficaram assim classificados.



Outono

Vendemiário

22 de setembro a 21 de outubro




Brumário

22 de outubro a 20 de novembro




Frimário

21 de novembro a 19 de dezembro

Inverno

Nevoso

20 de dezembro a 19 de janeiro




Pluvioso

20 de janeiro a 18 de fevereiro




Ventoso

19 de fevereiro a 20 de março

Primavera

Germinal

21 de março a 19 de abril




Floreal

20 de abril a 19 de maio




Prairial

20 de maio a 18 de junho

Verão

Messidor

19 de junho a 18 de julho




Termidor

19 de julho a 17 de agosto




Frutidor

18 de agosto a 21 de setembro


Página 405

História em construção página 116

• As Revoluções Americana (1776) e Francesa (1789), embora ocorridas em continentes diferentes, foram movimentos políticos com características semelhantes. Ambas lutaram contra um regime monárquico e hierárquico para instituir o republicanismo. Igualmente, ambas acreditavam na emancipação do indivíduo, privilegiando a ascensão social. Além disso, os movimentos geraram importantes documentos que versavam sobre direitos humanos. Embora muito próximas, as duas Revoluções se distinguem no que tange sobretudo à participação e ao conhecimento da classe média em relação às coisas públicas. Essa diferença deu à Revolução Americana um caráter prático e êxito nas lutas. O texto a seguir discorre acerca dessas revoluções. Caso julgue conveniente, leia-o para os alunos.

Entre 1789 e 1791, surgem mais duas importantes declarações de direitos [...]. Uma é a francesa, votada em 1789, um mês após a queda de Bastilha. A outra é a dos recém-fundados Estados Unidos da América, ratificada em dezembro de 1791.

[...] O importante é que a declaração de 1789 é a primeira a tratar do ser humano em geral, e não só de um povo só. Tem alcance mundial. Aliás, o título “declaração” é da francesa (e será retomado em 1948, no documento da ONU).

Uma assembleia decreta pelo povo; normalmente, a lei deve sua eficácia a essa aprovação do órgão legislativo. Mas, quando a assembleia declara, ela reconhece uma lei independente de sua vontade. Nesse caso, o voto é reconhecimento, não causa da lei. Nenhuma assembleia dá direitos humanos. Tudo o que ela pode fazer é dizer que eles existem, sendo maiores que ela e que a própria política.

Se os direitos de 1789 são universais, ao declará-los a França se coloca no diapasão da humanidade. Isso aponta uma diferença da política anglo-saxônica para a francesa ou europeia continental.

A Inglaterra, no século 17, e suas colônias norte-americanas, cem anos depois, contam com longa experiência de autogoverno. Desde 1265, os reis ingleses reúnem Parlamentos. Assim, o povo inglês, ou ao menos sua classe média, tem conhecimento prático do que é fazer leis, administrar cidades e aldeias, julgar suspeitos e querelas. E as colônias da América do Norte elegem suas assembleias, enfrentando os governadores que o rei nomeia. A Revolução Inglesa e a Americana são a reação de homens versados nos negócios públicos aos esforços da Coroa por liquidar seus direitos. Os revolucionários de língua inglesa sabem lidar com a coisa pública.

Já a França, ao começar a revolução, carece de uma classe ilustrada capaz de tomar em mãos os assuntos públicos. Quem se ocupa deles gravita à volta do rei. Há ótimos ministros e funcionários, mas não existe nada como a vasta massa crítica inglesa, que nas aldeias forma a base política para os deputados que votam as leis, para os juízes que as aplicam e para a administração local.

Ora, a França terá um contingente de intelectuais afastados do poder, vários de primeira linha — os Philosophes e [Jean-Jacques] Rousseau — e muitos de segunda ou terceira categoria. Uns geram e outros difundem as novas ideias sobre o homem e a sociedade. Enquanto na Inglaterra a ampla participação política dá experiência à classe média, que talvez por isso mesmo não se intelectualiza tanto quanto a francesa, na
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França o absolutismo e a decorrente falta de participação política levam uma categoria média da sociedade a não ver saída, fora da teorização, para a vida social e política.

A Inglaterra terá uma política prática, a França, uma teórica. [...]

Podemos preferir uma cultura ou outra. Ultimamente, com a derrota do comunismo — que de certo modo retomava o modelo “continental”, de uma teoria pura aplicada à realidade —, valorizou-se muito o modelo anglo-saxônico. Ele é menos otimista, promete menos, mas conta com a vantagem de realizar-se melhor (dizem seus defensores).

Em compensação, a mensagem da Revolução Francesa teve maior difusão mundo afora. A Revolução Inglesa e a Americana foram menos exportáveis – a não ser em seus primeiros tempos e, sobretudo, para a França. Já a Francesa se globalizou melhor. Certamente se deve isso a se basear em ideais, em teorias, que levam pouco em conta a experiência histórica de cada país. A história passada e presente é vista como sinônimo de injustiça; já a revolução promete um futuro justo, zerando o passado. Por isso a história não serve de medida. O que conta é a proposta, a utopia, o plano de mudar. [...]

Justamente o que dá força aos anglo-saxões, sua experiência histórica, é o que a linha francesa contesta. A revolução no estilo francês é mais radical que no modelo inglês ou norte-americano. [...]

RIBEIRO, Renato Janine. A democracia. 3. ed. São Paulo: Publifolha, 2008. p. 19-21. (Folha Explica).

Respostas

a) O termo se refere às revoluções (ocorridas entre os séculos XVII e XVIII) que tiveram a burguesia como liderança principal ou como participante expressivo.

b) Após os dois movimentos citados, a burguesia passou a ter uma maior participação na política e passou a usufruir de condições que lhe garantiam um desenvolvimento econômico e social.

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Sugestão de atividade Análise de filme

Objetivos

• Perceber que as produções cinematográficas com temas históricos devem ser analisadas levando em consideração seu contexto de produção e não devem ser entendidas como retrato fiel do passado.

• Conhecer de forma mais detalhada o governo de Napoleão Bonaparte.

Napoleão é uma adaptação do romance do escritor e historiador francês Max

Gallo, lançado na década de 1980. O filme é uma versão condensada de uma minissérie produzida para a televisão francesa. Ambientado nas próprias regiões onde viveu e pelas quais o imperador passou, Napoleão ganhou várias premiações, tanto pela qualidade técnica como pelo desempenho dos atores.

O filme mostra a ascensão, o domínio e a queda de Napoleão Bonaparte, aborda os eventos históricos relacionados à sua trajetória militar, suas principais conquistas militares, e sua trajetória política, como a autocoroação como imperador da França,
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e mostra o cenário político e as intrigas palacianas em que Napoleão estava envolvido, além de importantes momentos da vida pessoal do imperador.

Ficha Técnica

Título — Napoleão

Diretor — Yves Simoneau

Atores principais – Christian

Clavier, Isabella Rossellini, Gérard Depardieu, John Malkovich

Ano — 2002

Duração — 180 minutos

Origem — França



Figura 61

Filme de Yves Simoneau. Napoleão. França. 2002



Explorando o tema páginas 120 e 121

• Sobre a importância da Revolução Francesa, leia o texto a seguir.

Se a economia do mundo do século XIX foi formada principalmente sob a influência da revolução industrial britânica, sua política e ideologia foram formadas fundamentalmente pela Revolução Francesa. [...] A França forneceu o vocabulário e os temas da política liberal e radical-democrática para a maior parte do mundo. A França deu o primeiro grande exemplo, o conceito e o vocabulário do nacionalismo. A

França forneceu os códigos legais, o modelo de organização técnica e científica e o sistema métrico de medidas para a maioria dos países. A ideologia do mundo moderno atingiu as antigas civilizações que tinham até então resistido as ideias europeias inicialmente através da influência francesa. Esta foi a obra da Revolução Francesa. [...]

A Revolução Francesa pode não ter sido um fenômeno isolado, mas foi muito mais fundamental do que os outros fenômenos contemporâneos e suas consequências foram portanto mais profundas. [...]

HOBSBAWM, Eric J. A era das Revoluções. 20. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006. p. 83-5.

• Indique aos alunos o site ao lado, que contém a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU e inspirada no documento escrito durante a Revolução Francesa. Se julgar interessante, realize uma dinâmica de leitura conjunta desse documento com os alunos, dando destaque ao princípio de igualdade jurídica e de direitos, instituída desde a Revolução Francesa.

Unesco – Declaração Universal dos Direitos Humanos O documento, proclamado em 1948, contém 30 artigos relacionados aos direitos dos indivíduos.



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